quarta-feira, 21 de novembro de 2012

É IMPORTANTE ENXERGAR MAIS DO QUE O ÓBVIO


 Faltavam dez minutos para as vinte horas, quando um estranho alarido chamou-nos a atenção. Granjearam entrada para inúmeras entidades de aspecto sofredor e fisionomias amarguradas. Parecia que tinham recolhido todos os mendigos, abandonados e desfavorecidos de toda a sorte daquelas redondezas. Eles deixavam-se conduzir sem qualquer percepção do cuidado e carinho de que eram cercados; eram incapazes de reconhecer o local em que estavam entrando; suas mentes estariam, certamente, fixadas nas reminiscências desagradáveis que aquele estado tão desgraçado havia provocado.
A atmosfera balsamizante, que eu tanto havia admirado momentos antes, não os afetou de nenhuma forma.  Confusos, deprecantes, lamurientos, todos eles foram mantidos em local apropriado, limitados por largas faixas de barreiras magnéticas. Pouquíssimos, notando a existência dessas barreiras, exclamavam-se presos e rogavam por liberdade. As entidades tutelares que os acompanhavam, de semblante austero e lábios silenciosos, assumiram posição de vigilância, confundindo-nos quanto à sua intenção: se era evitar a saída de algum deles ou a entrada de outras entidades naquele local.
Até então os demais quatro espaços permaneceram vazios.
- É mínimo o número de visitantes encarnados, você não acha? Já está quase na hora de começar e vemos tão somente aquelas duas jovens senhoras – retruquei ao meu parceiro.
- Sim, Eusébio. Também noto alguma displicência no grupo de médiuns, pois daqui podemos ver aqueles outros quatro irmãos lá fora em jocosa conversação. Ah, se os “vivos” pudessem perceber a extensão dos trabalhos “neste lado”. Decerto ficariam envergonhados com tal procedimento se pudessem ver-nos. Como encarariam saber que as suas sessões, nem bem iniciadas, já contam com o esforço e a dedicação de mais de vinte entidades do nosso plano?  Como agiriam sabendo que dezenas de sofredores e mais outros tantos aprendizes, como nós mesmos, hoje estão a observar-lhes as atitudes, exprobrando-lhes ou vangloriando-lhes os méritos?  Pensam eles que o único trabalho levado a efeito é o da incorporação?
Os questionamentos de Cláudio têm razão de ser: a organização, a estrutura, os esforços e a dedicação de tantos espíritos esclarecidos demonstram que a Doutrina Espírita deve ser compreendida e praticada muito além do exercício de fenômenos e habilidades mediúnicos.
Nosso orientador, o assistente Jerônimo, repete-nos perseverantemente a importância de buscar e oferecer a renovação interior dos homens, para a construção de um mundo mais ditoso. Em última análise (e até sob certo ponto de vista uma análise egoísta) será nossa própria herança em reencarnações futuras.
Pontualmente às vinte horas, aquela que nos parecera ser a médium dirigente dos trabalhos rogou a atenção dos presentes – ao todo, quatorze médiuns, oito visitantes encarnados e mais de quarenta desencarnados – para a leitura de um texto do admirável Emmanuel, psicografado por Chico Xavier. Enfim, sentíamos a expectativa do início de um importante estudo, cujos objetivos, ainda incógnitos, pressentíamos que seriam inesquecíveis. E jamais poderemos olvidar nossa relutância em superar pequenos dois degraus.


Ééé… Como vimos os trabalhos não acontecem somente dentro do congá, com a gira aberta ou na frente do Guia; como vimos os consulentes de um Terreiro não são apenas os encarnados; como vimos uma gira não é algo simples. Só mesmo com muito respeito, orientação, determinação e boa conduta para se manter firme e forte na Umbanda.












Recanto de Luz
Obra mediúnica inspirada pelo espírito Eusébio
ao médium Luis Carlos Rapparini
Blog minha Umbanda

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