terça-feira, 13 de novembro de 2012

VOVÓ BENTA E SUA MISSÃO


Esta negra velha, arqueada pelos percalços da caminhada,assim como todos vocês que se escondem dentro da carcaça física, já errou muito. Deus Pai magnânimo dá a todos diversas oportunidades, mas nem sempre sabemos usá-las adequadamente. Em épocas remotas, esta regra afundou-se no mar das ilusões, quando foi oportunizado subir um degrau na escala evolutiva pelo aprendizado da manipulação dos elementos. As mãos escureceram a magia e, a negra velha levou a dor. Foi preciso muita “chicotada” dos feitores da vida para reaprender que no Universo tudo reage de acordo com nossa ação.
Depois de admitir os erros e retornar à obediência às Leis Maiores, tornamo-nos mais maduros,pois queremos crer que o homem erra mais por ignorância que por maldade.
A maturidade mostrou à negra, no caminho de volta, que havia um mal a ser corrigido e que essa tarefa pertencia exclusivamente a ela. Deus colocou então a reencarnação, entre outras, (incluindo nelas uma escravidão negra) em que a orfandade levou-a um lar de freiras católicas, amorosas almas que, sem parir seus ventres, eram verdadeiras mães recebendo os filhos do mundo para criar, fazendo isso dando não só o pão para o sustento do corpo, mas também e sobretudo o maior alimento, que é o do espírito. Com elas foi possível aprender sobre o amor infindável do Pai, descrito por Nosso senhor Jesus Cristo, que elas passavam quando contavam as historinhas infantis. Assim, envolvida nessa aura de intensa luz do ambiente, seria impossível para uma criança que só recebe amor e bons ensinamentos não mudar as tendências negativas .
O tempo passou, e a negra se deparou curando doentes, sob a própria vontade e força mental. Fugiu disso enquanto pôde, pois sua inconsciência latejava o medo de errar novamente.
Um dia, enquanto o corpo dormia, a negra foi levada pelo benfeitor espiritual, em desdobramento consciente, até um local de muita luz. Lá, juntamente com antigos companheiros, assistiu cenas impressas na tela holográfica universal, onde eram mostrados episódios da passagem do Divino Mestre pela Terra. Salientando a sua maneira amorosa e sábia na manipulação  dos elementos em favor da cura e em beneficio aos homens de fé, era elucidada quanto ao compromisso de seguir seu passos, independentemente de ter se desviado da rota ao longo do caminho.
Desse dia em diante, a negra se comprometeu com ela mesma e com o Criador a usar a magia somente para o benefício da humanidade e para servir ensinando. Escolheu a roupagem de Preta Velha, imprimindo a transfiguração astral um pouco de cada encarnação onde obteve os maiores aprendizados, por entender que dentro dessa vibratória a caridade alcança maior abrangência.
Não importa a questão hierárquica ou a identificação de a qual escola ou fraternidade ela se liga hoje no astral. Importa sim a identificação como espírito necessitado de evolução e, para tanto, que busca o trabalho redentor da caridade como caminho. Assim, seja sentada no toco do terreiro fazendo benzeduras, para tanto arqueando o instrumento, seja exercendo a capacidade intelectual de ditar “causos” na modernidade da informática, é vontade da preta velha auxiliar os irmãos de caminhada e ela precisa disso.
O nome adotado não impressiona, pois não é esse o sentido.
O linguajar não é aprumado, pois o que importa é a essência da mensagem e o alcance que ela pode ter, não nos ouvidos dos filhos, mas em seus corações.


Que o Supremo Criador nos ampare a todos!
Salve os sagrados Orixás!
Saravá aos filhos de meu coração!

VoVó Benta





Texto extraído do livro  Causos de Umbanda
A psicologia dos pretos velhos
Leni W. Saviscki

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