quinta-feira, 30 de maio de 2013

MASLOW, BUDA E A UMBANDA !





"Um músico deve compor, um artista deve pintar, um poeta deve escrever, caso pretendam deixar seu coração em paz. O que um homem pode ser, ele deve ser. A essa necessidade podemos dar o nome de auto realização."

Abraham Harold Maslow (1908 - 1970)

A Umbanda é um caminho real para evolução espiritual!
Um dia ao se atravessar o grande portal, que a Umbanda abre para todas as consciências, fica muito difícil enveredar por outra estrada, ou realizar o caminho de volta para sair pela porta que entrou.
De certa forma é válido as palavras: "Quem está fora não queira entrar, quem está dentro não deseje sair."
Na sua essência, se deseja expressar, que a Umbanda é uma viagem sem retorno. Uma vez vivida a experiência, jamais seremos os mesmos novamente.
Não, amigo leitor, não são palavras que desejam atemorizar ao leigo e o neófito, não existe nada na Umbanda que se deva temer, nem tão pouco, algo que impeça alguém de sair. Qualquer coisa que indique o contrário, são mitos, lendas e superstições.
Na Umbanda existe sim, como religião, uma marcante experiência de "religare" e uma vivência transformadora.
Seu processo iniciático produz a abertura consciencial para apreensão de ensinamentos profundos e esses seus ensinamentos imprimem uma transmutação de valores transcendentes em todos os seus adeptos.
Na Umbanda, não se doutrina, se vive, não se acredita, tem fé, não se dogmatiza, se racionaliza, não se impõem, se apreende. Talvez, por isso, não seja ela uma religião codificada doutrinariamente, tendo em vista, que abarcadora de consciências, prefira trabalhar psico-espiritualmente com as diferenças para aglutiná-las pelas semelhanças de forma fraternal e cooperativa.
Eis o fundamento, que molda o movimento umbandista, com uma abrangência tão extensa de ecletismo e, por que não dizer, também de sincretismo. Eclética na diferenciação de suas diversas escolas e sincrética por absorver ritos e liturgias exteriores a si mesma, no intuito de que sirvam de adaptadores conscienciais as individualidades, que dela se aproximam. Como sempre lembramos, existe um terreiro adequado para todo e qualquer tipo de consciência.
Intrinsicamente universalista, a Umbanda, é dinâmica e aparentemente flexível ou maleável para as necessidades conscienciais das coletividades que a compõem. O objetivo principal é sempre, não devemos esquecer, a evolução espiritual do ser humano, independente da forma que a favoreça.
Procurada por muitos e apresentada por tantos outros, principalmente seus próprios adeptos, como uma religião de solução ou enfrentamento dos problemas de origem material, mesmo que com fundo espiritual, a Umbanda realmente trata estas necessidades básicas dos indivíduos, embora seja apenas uma faceta de sua área de atuação. Essa visão reducionista, somente trouxe prejuízos a imagem da religião, que geraram entre outros a pecha de "baixo espiritismo". Na verdade, a Umbanda, oferece todo um conjunto holístico de soluções para o ser humano e suas coletividades.
O seu processo de atendimento fraterno e espiritual, obedece a pirâmide das necessidades e desejos de Maslow.
Abraham Maslow, psicólogo, consultor norte americano, estudioso do campo das motivações, criou uma teoria segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e influenciação. Essa hierarquia de necessidades é representada e visualizada em uma pirâmide, em cuja base estão as necessidades mais baixas e no topo as mais elevadas. A necessidade fisiológica fica localizada na base e a necessidade de auto realização no cume desta pirâmide.







Um detalhe muito importante da Teoria de Maslow é que ela diz que a pessoa tem que ter a sua necessidade do nível inferior satisfeita, ou quase integralmente satisfeita, para sentir a necessidade do nível superior. Ou seja: a pessoa que não tem suas necessidades de segurança satisfeitas não sente ainda necessidades sociais. E assim por diante.
Nas palavras do próprio Maslow:
"... à medida que os aspectos básicos que formam a qualidade de vida são preenchidos, podem deslocar seu desejo para aspirações cada vez mais elevadas."
Consciente dessas necessidades e desejos do ser humano, a Umbanda inicia o seu contato pela base da pirâmide, sendo que, em todos os instantes o conjunto de suas soluções sempre possibilitam a antevisão ou a possibilidade de ascensão para os níveis superiores da hierarquia proposta na teoria de Maslow.
Como estamos falando de Umbanda e por consequência de espiritualidade, podemos acrescentar, na base da pirâmide, junto as necessidades fisiológicas (alimentação e sobrevivência), as dores e sofrimentos psicológicos, emocionais e espirituais dos indivíduos. Assim fazemos, pois embora largo o portal da Umbanda para todo tipo de consciência, o caminho, que leva as pessoas a religião é estreito, pontuado invariavelmente pela dor e o sofrimento. Os que entram, pela primeira vez, em um terreiro de Umbanda, buscam respostas para as necessidades da base da pirâmide de Maslow, raros são os que chegam a ela, querendo atender os desejos do cume (auto realização).
Ao conquistar a estabilidade das necessidades da base da pirâmide, o então consulente ou visitante, deseja manter de forma perene o estado alcançado e assim se torna adepto, resolvendo as necessidades do segundo nível hierárquico da pirâmide, Segurança.
Como adepto ele inicia uma troca e uma efetiva participação na coletividade e suas diversas atividades, realizando os desejos e necessidades do terceiro nível hierárquico, ou seja o Social. Plenamente adaptado a religião e sua coletividade, o próximo nível de satisfação se manifesta e Estima (Status), passa ser a palavra-chave para sua motivação.
Para o cume da pirâmide ser alcançado, depende exclusivamente do próprio adepto. Faz-se mister, ter apreendido uma visão da essência da Umbanda em detrimento da forma, conquistado evolução e aurido valores espirituais elevados. Parece simples, mas não é fácil.
A solução holística, como denomino o processo de atendimento, que a Umbanda realiza, as necessidades identificadas pela Teoria de Maslow, se consubstancia na integralidade intrínseca ao 'modus operandi' dos trabalhos em um terreiro.

Senão, vejamos:

a) No atendimento espiritual, as entidades sempre escutam e tentam apresentar soluções para os problemas enfrentados pelos consulentes e localizados na base da pirâmide (necessidades da vida material, emocional e psíquica);

b) A duração do tratamento e a assiduidade da frequência, imputam em atender os quesitos do nível de Segurança;

c) No âmbito do nível Social, podemos incluir os ensinamentos e orientações para vida que são repassados e a oportunidade do exercício desses valores espirituais, morais, éticos e de cidadania, dentro e fora da própria coletividade.

d) Os ritos, a liturgia, os trabalhos mediúnicos e a vivência ativa na religião, geram a satisfação das necessidades do nível Estima (Status), além de permitir ao adepto um posicionamento de umbandista consciente e cidadão planetário.

e) A Auto realização como, já explicitamos é pessoal e intransferível e consequência do auto aperfeiçoamento do adepto.

Coadjuvantes primordiais nesse processo e reverberadores para aplicação dessa solução holística em seus adeptos, consulentes e frequentadores de seus terreiros, os dirigentes (Pais/Mães-de-Santo) devem estar plenamente cônscios de seus papéis e responsabilidades de facilitadores e orientadores.
Antes deles, nós umbandistas (os filhos-de-santo), devemos estar sempre alertas e conscientes de como permitimos, que essa facilitação ocorra, na forma como vivemos este relacionamento com os facilitadores e o que entregamos, de nós mesmos, para que esses orientadores nos conduzam no caminho espiritual.
Desde de que o mundo é mundo e religião existe, os arquétipos farisaicos, o fundamentalismo e os mercadores da fé estão servindo de modelo e sendo copiados indiscriminadamente. Devemos sempre cuidar para não nos tornarmos nenhum deles e não deixarmos nos envolver por ninguém, que assim proceda.
No universo religioso e da espiritualidade institucionalizada, não podemos deixar de concordar, que infelizmente nos deparamos com realidades como as que estão bem definidas na entrevista fornecida por, um dos Mestres do Budismo Tibetano da atualidade, Lama Dzongsar Khyentse Rinpoche (trecho adaptado):
"Vivemos em um mundo onde somos atormentados pela constante insegurança. A espiritualidade tornou-se um negócio, então os dirigentes espirituais (...) sempre sentem a necessidade de gerar mais negócios. Dada esta insegurança, sabendo do ponto fraco das pessoas, é bem fácil vender espiritualidade. Todo homem ou mulher de negócios, estou certo, sabe o que leva a se vender coisas. Primeiro, você diz às pessoas que há algo que elas devem ter, algo que elas não têm. Então, você lhes diz que o lugar para comprar é aqui, de você. Nós temos tudo que você precisa. O Buddha disse: "Não confie na pessoa, mas confie nos ensinamentos. Não confie nas palavras, mas confie no significado." Este é um grande conselho. Quando entramos no caminho espiritual, é importante sermos muito cuidadosos".
Esses são realidades tristes e lamentáveis. Experiências que podemos nos poupar se estivermos vigilantes. Uma das vacinas para se detectar essas discrepâncias e não se tornar vítima desses modelos de pessoas é utilizar com os dirigentes espirituais o seguinte crivo, ou seja, estar atento para a manifestação das seguintes características:

1) Querer que a sua verdade, seja o certo incondicional para todos;
2) O seu certo, não pode ser contrariado de forma nenhuma.
3) Querer ganhar sempre;
4) Não querer perder nunca.
5) Agir na frente das pessoas de uma forma, por trás de outra;
6) Ter dois pesos e duas medidas em seus julgamentos.
7) Fomentar, de alguma forma, a idolatria, para si.
8) Propaganda exacerbada dos fatos e ocorrências, sempre maravilhosas de si mesmo, dos seus dons espirituais e da espiritualidade ao seu redor;
9) Não enfrentamento do que está errado.
10) Correção e ajustes apenas do que estiver de acordo com o seu interesse pessoal.

Por, outro lado, os umbandistas, devem aprender a separar a religião, o mundo espiritual, das pessoas, do ser humano, que são os dirigentes de um terreiro.
Iguais a nós, eles são cheios de defeitos, falhas e com as mesmas necessidades e desejos. Se nós erramos, eles também erram. Óbvio e elementar.
Idolatria, fé cega, obediência incondicional e dedicação exclusiva jamais devem ser atitudes adotadas pelo adepto.
As responsabilidades dos dirigentes de terreiro são grandes e as suas ações na orientação e direcionamento de almas, devem ser isentos de interesses pessoais e objetivos próprios, que não sejam, o de servirem a coletividade e seus integrantes, quer queiram ou não.
O movimento umbandista, não está livre do farisaísmo, do fundamentalismo e tão pouco dos mercadores da fé.
Por outro lado a Umbanda, nada tem haver com isso, a religião oferece todo um conjunto de oportunidades para o religare com o Divino e o Sagrado. O plano do mundo espiritual é aplicado, independente dessas discrepâncias e a falta de rumo de alguns, profundo e abrangente, este plano tem como objetivo, colaborar prioritariamente, com a evolução individual e coletiva, não só dos seus adeptos e dirigentes, mas do planeta.

Ao tratar a pirâmide das necessidades e desejos de forma integral e holística, fornecendo orientações seguras para um caminho espiritual profícuo e evolutivo, a Umbanda oferece a todos, as ferramentas necessárias para auto-realização e armas adequadas para uma vigilância permanente as possíveis armadilhas que se apresentem. Maslow e Buda que o digam.
















Umbanda sem mistério 


quarta-feira, 29 de maio de 2013

PENTAGRAMA SÍMBOLO






Por que em nosso Altar visualizamos o pentagrama no círculo ?


O círculo é uma figura geométrica que serve de escudo. Protege seu conteúdo. 

Também imanta forças positivas e repulsa forças negativas.

O pentagrama, ou estrela de cinco pontas, é um dos símbolos mais fortes da magia, embora seja completamente adulterado o seu sentido positivo e verdadeiro.

Seu verdadeiro sentido esotérico prende-se à imantação de forças sutis positivas, sendo um poderoso símbolo de proteção. Representa o homem perfeito.







    Representa a cabeça. Em sentido hierárquico, o conciencional, o campo mental, o Orixá – ou Senhor da cabeça.(A)

Representa em sentido hierárquico, o emocional, o afetivo, o campo astral  a situação mediúnica(CENTRO). (B)

Em sentido hierárquico, o corpo físico, a ação, a concretização.(C)

Representa o caminho que escolhemos, o caminho que nos levará a nossos objetivos.(D)

É óbvio que temos conceitos mais amplos, pois esses são apenas básicos em relação ao poder magistico do pentagrama.    








Informativo AELA - NOV 2010   

segunda-feira, 27 de maio de 2013

A MENSAGEM DOS PRETOS VELHOS



A figura do Preto-Velho é um símbolo magnífico. Ela representa o espírito de humildade, de serenidade e de paciência que devemos ter sempre em mente para que possamos evoluir espiritualmente.

Certa vez, em um centro do interior de Minas-Gerais, uma senhora consultando-se com um Preto-Velho comentou que ficava muito triste ao ver no terreiro pessoas unicamente interessadas em resolver seus problemas particulares de cunho material, usando os trabalhos de Umbanda sem pensar no próximo e só retornavam ao terreiro quando estavam com outros problemas.

O Preto-Velho deu uma baforada com seu cachimbo e respondeu tranquilamente:

“Sabe filha, essas pessoas preocupadas consigo próprias, são escravas do egoísmo. Procuramos ajudá-las, resolvendo seus problemas, mas, aquelas que podem ser aproveitadas, depois de algum tempo, sem que percebam, estarão vestidas de roupa branca, descalças, fazendo parte do terreiro. Muita pessoa vem aqui buscar lã e saem tosquiadas, acabam nos ajudando nos trabalhos de caridade”. Essa é a sabedoria dos Pretos-Velhos!

Os Pretos-Velhos levam a força de Deus (Zambi) a todos que queiram aprender e encontrar uma fé. Sem ver a quem, sem julgar, ou colocando pecados. Mostrando que o amor a Deus, o respeito ao próximo, o respeito a si mesmo, a força de vontade para encarar o ciclo da reencarnação pode aliviar os sofrimentos do karma e elevar o espírito para a luz divina, fazendo com que as pessoas entendam e encarem seus problemas procurando suas soluções da melhor maneira possível dentro da lei do dharma e da causa e efeito.

Eles aliviam o fardo espiritual de cada pessoa fazendo com que ela se fortaleça espiritualmente. Se a pessoa se fortalece, e cresce, consegue carregar mais comodamente o peso de seus sofrimentos.

Ao passo que se ela se entrega ao sofrimento e ao desespero, enfraquece e sucumbe por terra pelo peso que carrega. Então cada um pode fazer com que seu sofrimento diminua ou aumente de acordo como encare seu destino e os acontecimentos de sua vida.

Cada um colherá aquilo que plantou. Se tu plantaste vento colherás tempestade. Mas, se tu entenderes que com luta o sofrimento pode tornar-se alegria verá que deveis tomar consciência do que foi teu passado aprendendo com teus erros e visando o crescimento e a felicidade do futuro. Não seja egoísta, aquilo que te fores ensinado passai aos outros e aquilo que recebeste de graça, de graça tu darás. “Porque só no amor, na caridade e na fé, é que tu podes encontrar o teu caminho interior, a luz, e DEUS” .


(Pai Cipriano).
Texto colaboração  Lígia C. A. Pinotti  




domingo, 26 de maio de 2013

UMBANDA UM CAMINHO DE LUZ




De progresso espiritual é o que todos precisamos. Talvez tenhamos isso dentro de nós, no fundo das nossas necessidades cotidianas, mas não sei porque muitas vezes não despertamos dentro de nossas reais esperanças.

Talvez por comodismo ou por medo, às vezes por sentirmos “entraves sociais” que menosprezam tal virtude, enfim razões que a própria razão desconhece.

A solicitação que mensageiros espirituais nos fazem chamando-nos com um encontro real e verdadeiro para o mundo espiritual é frequência para melhorar a nós mesmos.

A vida espiritual está em cada um esperando para acontecer. A todo instante temos isso plausivelmente nas situações do dia-a-dia, e pensamos ser isso natural, normal, e que estava mesmo para acontecer.

A todo o passo dado em nossa jornada nos é mostrado um caminho de luz. E por mais simples que possa parecer a situação que nos envolvemos, ele traz um feixe de luminosidade em direção aos verdadeiros caminhos.

É desnecessário e perda de tempo pensar, analisar e impor que tudo é obra da coincidência, acaso, e que já estava para acontecer.

Isso é uma fuga da realidade estampada no fundo da sua essência, no âmago de seu espírito em busca da própria evolução.

Se a todo momento da nossa existência nos é mostrada a estrada de luz, então porque fugir dos caminhos que nos levam até ela?

A estrada longa de luz é de todos e para todos, feitas e dirigidas por Deus: e os caminhos que nos levam até ela também. Um dos caminhos de luz sinalizados por mensageiros espirituais é o da Umbanda, nem mais curto nem mais longo: é sim um bom caminho, desde que seguido com vontade, honestidade e verdade.

Esse caminho de luz é aberto à todos, iniciados e iniciantes nos desenvolvimento dos passos que damos em nossa jornada para a vida maior, que é o encontro de nós mesmos. Ele sem dúvida nos leva à paz interna, à boa intenção e ao amor verdadeiro.

Escolha e se encontre nos seu caminho de luz. Caso esteja perdido, eis sempre um presente: Umbanda de caridade e verdade a todo instante.












                                                                        
 (Caboclo 7 Flechas por Wilson T. Rivas.)

quinta-feira, 23 de maio de 2013

37 ANOS DE FÉ , AMOR E CARIDADE






Fiel aos princípios com os quais foi idealizada pelo Plano Astral desde a sua fundação, a AELA vem crescendo espiritualmente e materialmente ao longo dos tempos.

Nesse processo, fortemente ligado a toda a sua história vemos hoje, 23  de maio, que já se passaram 37 anos de sua fundação como instituição religiosa de caráter filantrópico.

A materialização daquilo que foi, em primeiro lugar idealizado pelo Plano Astral, e posteriormente por nós seres encarnados,  somente tornou-se  possível pela união de todos, num único propósito e objetivo.

O que hoje vemos concretizado a nível material, somente reforça o entendimento de que numa comunidade, se não houver a colaboração e dedicação de todos que a compõe nada se consegue.

Nesse período, muitos são e foram os confrades e colaboradores e a todos rendemos graças e nossa eterna gratidão.

Em se tratando de um núcleo espiritualista, de nada vale existir uma edificação bem estruturada e organizada, se não existirem pessoas de boa vontade, íntegras, honestas e de firmes propósitos, em primeiro lugar com elas mesmas, para que se pratique a Umbanda.

Se hoje, após decorridos 37 anos, contamos com uma Instituição e um Templo materialmente bem estruturado e organizado é porque nossos Mentores Espirituais depositaram confiança em todos os que por aqui passaram e, principalmente naqueles que, ao longo desse tempo, ainda permanecem trilharmos os caminhos da Umbanda com muito amor e fé, assumindo responsabilidades ainda maiores, pois maior tem sido o número de frequentadores a aportar na AELA na ânsia de obter ajuda.

Se as pessoas deixarem a instituição, sua missão mediúnica ou se vierem a ruir não existirá Templo, não existirá Instituição, não existirá Umbanda, porque não haverá pessoas para que haja o intercâmbio entre o plano material e o espiritual.

Durante todo esse período, muitos foram os que ingressaram e deixaram a AELA espontaneamente, optando por seguir outros caminhos.

Consciente da importância que muitas pessoas tiveram e tem na concretização da AELA, não posso negar que minha pessoa confunde-se com esta  casa de caridade.

Quando fui escolhido para ser o instrumento do Mentor Espiritual que dirige este Templo, sem que eu tivesse consciência plena, o Plano Astral foi  me induzido no desenvolvimento de ações materiais que viessem a concretizar o que estava planejado.

Sem lisonjear-me contar a história da AELA é contar a minha historia. São mais de 40 anos, sem interrupção, trilhando os caminhos da Umbanda.

Muitas foram as intempéries e ingratidões por mim enfrentadas em relação às questões materiais que envolvem uma instituição e, principalmente, em relação a um grupo de pessoas com diversos níveis de consciência e personalidades.

Se hoje somos uma instituição que completa 36 anos de fundação sem interrupção de suas atividades é porque, mesmo em meio a tantos dissabores e ingratidões, as Entidades sempre me deram forças para continuar desempenhando a tarefa que me foi confiada.

Isso talvez porque, nesse caminho, sempre me mantive firme na fé e confiante nas Entidades, sem nunca sequer deixar de cumprir com suas determinações e orientações pois, tenho consciência de que para a prática mediúnica e para a manutenção de um grupo espiritualista é necessário muita humildade, disciplina e dedicação.

Finalizando, não existiria um Templo, não existiria a AELA e não existiria uma corrente mediúnica, se não existisse seres astralizados que assumiram a responsabilidade de comandar nosso núcleo espiritualista.

Saravá nosso querido Preto-velho Nhô Benedito"!

Saravá nosso querido Caboclo “Pena Branca"!

Saravá nosso querido Tranca-rua “Mário"!

Sarava a Umbanda!


IVAN CROCETTI







E o povo vai chegando
Vindos de todos cantos
Como se fosse romaria

E o terreiro vai brotando
Tantos Joãos tantas Marias
Que na fé deixam seus prantos
Num giro de alegria

E a gira vai girando
Aumentando a cantoria
Da gente que ergue seu canto
Abençoando… o terreiro nosso de cada dia







Soneto de aniversário


Parabéns pra você que neste dia
Comemora mais um aniversário
Nesta data anotada ao calendário
Teu presente não cabe em poesia.

Que descubras o riso involuntário
No calor desta chama de alegria
E tua vida prossiga ao itinerário
Da cascata de luz em harmonia

Tu chegaste à manhã da primavera
Veja as flores, ao fim da longa espera,
No momento dos teus melhores planos

Segue em frente, que ali logo adiante
Terás sonhos jorrando numa fonte
Infindável de amor por longos anos...




PARABÉNS AELA QUERIDA

                                         OBRIGADO POR EXISTIR



















terça-feira, 21 de maio de 2013

MAUS PENSAMENTOS


 


            O pequeno Zeca entra em casa, após a aula, batendo forte os seus pés no assoalho da casa.
            Seu Pai, que estava indo para o quintal fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo chama o menino para uma conversa.
             Zeca, de oito anos de idade, o acompanha desconfiado.
            Antes que seu pai dissesse alguma coisa , fala irritado:
 --- Pai, estou com muita raiva. O Juca não devia ter feito aquilo comigo. Desejo tudo de ruim para ele.
            Seu pai, um homem simples mas cheio de sabedoria, escuta, calmamente, o filho que continua a reclamar:
            --- O Juca me humilhou na frente dos meus amigos; não aceito; gostaria que ele ficasse doente sem poder ir à escola.
             O pai escuta tudo calado enquanto caminha até o abrigo onde guardava um saco cheio de carvão. Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o acompanhou, calado.
            Zeca vê o saco aberto e antes mesmo que ele pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propõe algo:
             --- Filho, faz de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu amiguinho Juca e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele. Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto para ver como ficou.
             O menino achou que seria uma brincadeira divertida e pôs mãos à obra.
              O varal com a camisa estava longe do menino e poucos pedaços acertaram o alvo.
             Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa.
             O pai, que espiava tudo de longe, se aproxima do menino e lhe pergunta:
             --- Filho, como está se sentindo agora?
            --- Estou cansado mais estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa.
             O pai olha para o menino, que fica sem entender a razão daquela brincadeira, e carinhoso lhe fala:
             --- Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa.
            O filho acompanha o pai até o quarto e é colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo.
             Que susto! Só se conseguia enxergar seus dentes e os olhinhos.
             O pai, então, lhe diz ternamente:
--- Filho, você viu que a camisa quase não se sujou; mas, olhe só para você. O mau que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nós mesmos.
             Zeca teceu um sorriso envergonhado e falou feliz:
   --- Vou tomar um banho e depois lavar a camisa.




                                   (João Bonon Netto)

segunda-feira, 20 de maio de 2013

FAMÍLIA CARNAL





Realmente, a família carnal tanto é constituída por espíritos afins, assim como se compõe de almas adversas e de graves conflitos do passado! No seio do lar processa-se o adestramento espiritual orientado para a vida superior, em que o amor une os espíritos amigos e o ódio imanta os adversários. Por isso, a família tanto pode ser um ensejo abençoado, que entretém as almas amorosas numa preliminar do Paraíso, assim como gera conflitos, desafios e lutas emotivas, que podem terminar pela separação; e às vezes, conforme noticiam os jornais, até pelo crime de morte!
         A família humana é o fundamento ou a miniatura da família universal, pois os laços consanguíneos apenas delimitam as vestimentas físicas e transitórias numa existência humana, mas sem eliminar a autenticidade espiritual de cada membro ali conjugado. Sem dúvida, a ancestralidade biológica ou a herança genealógica própria da constituição carnal reúne os mais diversos temperamentos espirituais sob uma só configuração consanguínea, a fim de estabelecer uma contemporização amistosa. O lar terreno significa a hospedaria da boa-vontade, em que o homem e a mulher conjugam-se na divina tarefa de servir, amar e orientar os espíritos amigos ou adversos que, por Lei Sideral, se encarnam, buscando o amparo fraterno e dispostos a acertarem as contas pregressas! Acima do sentimento ególatra ou de "propriedade", que em geral domina os esposos na posse sobre os filhos, deve prevalecer o conceito elevado de irmandade universal, porquanto a realidade do espírito imortal não deve ser sacrificada às simpatias e posses do corpo carnal!
          A família humana é um conjunto de almas oriundas da mesma fonte divina; difere, apenas, em sua periferia, pela convenção terrena de cônjuges, filhos, pais ou parentes, cuja vestimenta consanguínea ancestral contemporiza a reunião de desafetos do passado, num treino afetivo e em direção à futura família universal!
            Os corpos carnais não passam de escafandros transitórios, que proporcionam aos espíritos encarnados o recurso de desempenharem as suas atividades na vida humana, enquanto também desenvolvem os sentimentos fraternos e avivam as demais virtudes latentes no âmago da alma. Os interesses egocêntricos, as ideias artísticas, preferências políticas, tendências científicas, ambições sociais ou entretenimentos religiosos, são os ensejos que proporcionam às almas a melhoria de sua graduação espiritual. As dissidências tão comuns no seio das famílias terrenas resultam da diferença de idade espiritual entre os seus componentes, em que os mais primários produzem aflições, sofrimentos e prejuízos aos mais evoluídos, em face do mesmo vínculo kármico do passado.
            Mas, no decorrer das sucessivas existências no mundo físico, os espíritos diversificados pelos mais opostos temperamentos aprimoram-Se e amenizam os seus conflitos pregressos através do sofrimento e serviços recíprocos, até alcançarem a compreensão espiritual definitiva. Lentamente, velhos adversários aproximam-se atraídos pelos laços da parentela humana e, louvavelmente, fazem as pazes e confraternizam-se para a ventura em comum. Embora a diferença de interesses, o choque de ambições, e a cobiça pelo melhor, possam atiçar velhos ódios e frustrações do pretérito, a vida em comum, no seio da família, ameniza os desentendimentos e os estigmas entre os espíritos fadados à mesma angelitude. É certo que os mais embrutecidos e escravos das paixões animais chegam a sacrificar o companheiro consanguíneo nas competições dos valores do mundo físico, pois no subjetivismo da alma pressentem a presença do algoz ou desafeto de outrora.
            Em consequência, a pilhagem, belicosidade e avareza ainda são consequências dessa feroz competição humana, em que litigam os espíritos na trajetória da vida física, entre acertos louváveis e equívocos censuráveis, porém jamais deserdados do amor do Cristo e impedidos de serem felizes! Assim prossegue a safra de vítimas e algozes, que retornam em sucessivas existências vinculadas à mesma roupagem carnal consanguínea para a organização das famílias humanas, no sentido de extinguir a personalidade humana e separatista do homem ciumento, egotista e impiedoso escravo dos instintos animais. Através do exercício afetivo no lar, na troca de favores e iniciativas dos membros da família, a individualidade espiritual vai externando os seus valores eternos de feição moral.








Ramatís : A Vida Humana e o Espírito Imortal

sábado, 18 de maio de 2013

ORIENTAÇÃO CONTÍNUA





Toda tenda de Umbanda, possui um ritual e embora estes rituais se modifiquem de terreiro a terreiro, é preciso que se norteiem estes modos de se realizar uma gira, uma disciplina, ou seja, deve haver normas conhecidas por todos os integrantes do Templo, desde o Dirigente até o Iniciado que acabou de ingressar na Umbanda.
Este deve ser orientado o máximo possível com relação a sua postura dentro do terreiro, bem como de suas obrigações e deveres para com seus irmãos e, claro, sobre as normas básicas de respeito, tratamento e conhecimento correto de quem são nossos mentores espirituais.
O primeiro a ter respeito  por tudo e por todos dentro de uma tenda de Umbanda não é o médium que se achega, que desconhece quase tudo o que acontece no interior de um terreiro. O maior respeito, atenção e firmeza de caráter deve vir, inicialmente, do Dirigente e dos filhos mais velhos.
Num terreiro de Umbanda, cada um deve ser o que é, não devem existir máscaras ou meias intenções. Aquele que acorre a um terreiro pela primeira vez, deve ser ele mesmo, pois só assim poderá sentir, de fato, as mudanças que se processarão para melhor em sua vida, à medida que for se autoconhecendo, é claro, pois não faz sentido existir um terreiro de Umbanda se não tiver por meta superior proporcionar a melhora de seus integrantes, bem como daqueles que acorrem às suas giras de caridade.
A Umbanda ensina que cada um é o que é. Cada pessoa, em seu íntimo, sabe perfeitamente quais são seus processos de ação e reação para com o mundo que o cerca. É verdade que existem pessoas que precisam de uma direção, precisam de alguém que lhes mostre o caminho.
Infelizmente, quase todos procuramos nos esconder de nós mesmos, pois falta-nos coragem para se olhar no espelho. Poucos de nós têm consciência plena de quem somos fisicamente, emocionalmente e em nível de pensamentos. Devemos nos esforçar para saber quem somos na realidade, assumindo nossos defeitos e assim darmos o primeiro passo para a mudança. Para isso, dentro de um terreiro de Umbanda, podemos contar com o auxílio fraterno das Entidades e também com os conselhos de irmãos mais experientes e sinceros.
Mas dar e mostrar uma alternativa melhor para se viver não quer dizer “modificar” atitudes e consciências à força, como se, alguém acostumado a determinados hábitos, repentinamente mudasse de opinião, ou passasse a acreditar em algo.
      
A Umbanda não agride consciências, não visa tornar ninguém infeliz ou vazio de religiosidade. Ela é grande o bastante para mostrar a que todos os caminhos levam ao mesmo destino, e que, na realidade, não são os caminhos que importam, mas antes o aprendizado que se tem quando anda por eles.
O verdadeiro Umbandista respeita todos os credos e todas as filosofias, e sabe, mesmo que interiormente, que a mesma fé que o faz amar seus Guias e Protetores, faz católico amar sua igreja ou um muçulmano amar a Alá. Se existem distorções desta fé, é porque existem distorções do que faz esta fé existir.
O que pretendemos dizer é que para o Caboclo, o Pai Velho, a Fé é o mais importante e para que esta fé seja pura, coerente e sincera, o indivíduo deve não mascará-la com intenções ou floreios.
A fé não deve ser superficializada, como se fosse um verniz, ela deve ser constantemente burilada com amor, paciência e sabedoria; sendo que tanto o médium chefe ou dirigente e o médium que acaba de entrar devem estar cônscios da eternidade desse burilamento, sendo o respeito, a compreensão e a tranquilidade, os temperos para que a fé mal direcionada se canalize e se transmute em vontade, ação e felicidade.








Apostila AELA 2010

quinta-feira, 16 de maio de 2013

HISTÓRIA DO MOVIMENTO UMBANDISTA NO BRASIL





O Movimento Umbandista é um movimento filo-religioso surgido no final do século XIX , no Brasil, quando entidades espirituais, integrantes da Confraria dos Espíritos Ancestrais, passaram a manifestar-se, pela mediunidade, em rituais de cultos praticados por Africanos e Indígenas, miscigenados com elementos do catolicismo introduzidos pela Raça Branca.

Na verdade, a eclosão do Movimento Umbandista foi decorrência das necessidades kármicas que fizeram reunir, no solo brasileiro, representantes das raças branca, amarela, negra e remanescentes da vermelha. Assim, o Brasil possibilitou o encontro de coletividades que alimentavam rivalidades entre si e, de alguma forma, mantinham em seus sistemas religiosos, fragmentos do Conhecimento Verdadeiro usurpado pela humanidade em sua odisseia terrena.

O Brasil, conhecido pelos índios pré-cabralinos como BARA – TZIL ( Terra da Cruz ou Terra da Luz) , deveria ser o local do surgimento do Movimento Umbandista porquê, originalmente, havia recebido a revelação do Aumbandan na época dos Lêmures, no apogeu da Raça Vermelha, no Tronco Tupy. Foi aqui também que a Tradição foi deturpada em sua essência, consubstanciando-se na Cisão do Tronco Tupy nos grupos Tupy-Nambá e Tupy-Guarany que defendiam, respectivamente, o Princípio Espiritual e o Princípio Natural. Embora os Tupys tenham, algum tempo depois, voltado ao seu caminho evolutivo original, os resultados de sua Cisão ainda se fazem sentir até hoje, persistindo na mentalidade humana o dilema entre o Espírito e a Matéria.

Aqueles seres do Tronco Tupy não mais encarnam no Planeta e mesmo poderiam partir para outros locais mais evoluídos do Universo, entretanto, optaram por trabalhar em prol da Humanidade, auxiliando-a a encontrar sua via justa de evolução, restabelecendo a Tradição-Una, o Aumbandan.

Para servir a este propósito, o Governo Oculto do Planeta, no momento adequado, lançou as sementes do Movimento Umbandista, visando inicialmente o Brasil, para futuramente revelar os aspectos cósmicos da Doutrina para todos os povos. E assim, por dentro dos cultos degenerados de várias raças existentes no Brasil, passaram então a manifestar-se pela incorporação, os Espíritos Ancestrais da Humanidade que se apresentavam, inicialmente, na forma de Índios e, depois, também na forma de Pretos-Velhos e Crianças. Apresentavam-se desta forma para atingir mais facilmente a coletividade brasileira, que se identificava, sincreticamente, com estes arquétipos da Simplicidade, da Humildade e da Pureza.

O aparecimento destas entidades veio a configurar as bases do Movimento Umbandista, que recebeu uma primeira organização ritualística a partir de 1908, com o médium Zélio Fernandino de Moraes, tomando o nome inicial de Alabanda e, depois, de Umbanda. Quase 50 anos transcorreram até que, em 1956, o famoso Médium W.W. da Matta e Silva revelou ao público os primeiros aspectos da Doutrina Esotérica de Umbanda marcando a história com o livro Umbanda de Todos Nós.

Atualmente o Movimento Umbandista conta com uma coletividade estimada em 70 milhões de adeptos e simpatizantes, entretanto, números mais precisos sobre esta população são de difícil aquisição devido à própria estrutura do Movimento Umbandista.

Esta estrutura comporta uma infinidade de Terreiros ou Templos com rituais diferentes entre si, consequentes de uma maior ou menor assimilação sincrética de elementos de outras culturas e sistemas filo-religiosos. Este sincretismo visa estabelecer uma ponte de ligação que permita a transição gradual de indivíduos oriundos de outros sistemas para a Umbanda.

Embora o panorama geral propiciado por estas variações ritualísticas possa parecer heterogêneo, esta foi uma estratégia utilizada pelos espíritos da Confraria Cósmica de Umbanda como forma de minimizar as desigualdades sociais e discriminações de qualquer origem. Portanto, o Movimento Umbandista é capaz de receber indivíduos com características e concepções sobre a espiritualidade muito variadas; para cada um deles haverá um Terreiro ou Templo que mais se adapte ao seu nível consciêncial.

Como elemento de ligação dos diversos templos, encontra-se a mediunidade através da incorporação de espíritos que se apresentam nas três formas arquetipais de “Caboclos”, “Pretos-Velhos” ( mais adequadamente chamados de Pais-Velhos ) e “Crianças”. Estas Entidades procuram impulsionar, paulatinamente, as pessoas que procuram os terreiros para patamares superiores de compreensão de si mesmos, do Mundo Material e do Mundo Espiritual. Obviamente, quanto mais sincrético for um terreiro, mais distanciado estará da Essência e mais preso estará à Forma. Mesmo naqueles templos onde predominam a busca da Essência e a verdadeira Iniciação de Umbanda, os rituais abertos ao público apresentam apenas uma ínfima parte da Doutrina, por respeito e caridade aos consulentes, guardando para o interior do Templo os fundamentos que esperam o momento certo para serem revelados.

A partir de 1989, com o lançamento da obra Umbanda – a Proto-Síntese Cósmica, que mostrou ângulos inéditos da Umbanda, foi inaugurada uma nova fase do Movimento Umbandista, revelando-se o caráter cósmico desta doutrina. Os rituais dos diversos templos vêm-se modificando, mais adequados à tendência da globalização, que certamente consolidará um Mundo sem fronteiras para os habitantes do Planeta Terra, estabelecendo seus laços de ligação não apenas pelo comércio de bens materiais, mas principalmente pela comunhão de valores espirituais.






terça-feira, 14 de maio de 2013

MALDADE : UMA DOENÇA DO ESPÍRITO



Impossível ignorar a existência do mal. Relatos de maldade e atos criminosos ocupam espaço na mídia escrita e falada, corriqueiramente, O assunto faz parte de estudos médicos, psicológicos, filosóficos e literários, do passado e do presente. A Ciência admite, inclusive, a existência de componente genético para a maldade.

O pensamento espírita, porém, é que o mal não é intrínseco, não faz parte da natureza íntima do Espírito, é, antes, uma anomalia, como o são as enfermidades. O bem, tal como a saúde, é o estado natural, é a condição visceralmente inerente ao Espírito. Um corpo doente constitui um caso de desequilíbrio, precisamente como um Espírito transviado, rebelde, viciado ou criminoso.

Em termos médicos, maldade ( do latim malus: mal) é o “desejo ou intenção de causar danos a alguém ou de verem outras pessoas sofrerem”. A psiquiatria considera a maldade como uma psicopatia que “não aparece de forma única e uniforme pois há graus variados “, afirma Ana Beatriz Barbosa Silva, professora brasileira de Psiquiatria e autora da instrutiva obra “Mentes Perigosas”: o psicopata mora ao lado ( Rio de Janeiro, Objetiva, 2008). Em linguagem compreensível ao grande público, o livro estuda a maldade, segundo critérios médicos, mais precisamente da Psiquiatria, oferece ao leitor oportunos esclarecimentos, pontua conceitos, indica os avanços da Ciência e, ao final, apresenta um “manual de sobrevivência”, que ensina como a pessoa pode se prevenir de ações ou situações que envolvam a maldade.

A doutora Ana Beatriz ensina que, como psicopatia, a maldade é um “transtorno da personalidade que apresenta dois elementos causais fundamentais; uma disfunção neurobiológica e o conjunto de influências sociais e educativas recebidas ao longo da vida”. Informa ainda que tais psicopatas são, em geral, indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio benefício. Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar do outro. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos. Em maior ou menor nível de gravidade e com formas diferentes de manifestarem seus atos transgressores, os psicopatas são verdadeiros “predadores sociais”, em cujas veias e artérias corre um sangue gélido”.

A maldade apresenta gradações que, no ponto máximo, é denominado perversão pelos psicanalistas. “Originada do latim perversione, a palavra designa o ato ou efeito de tornar-se mau, corromper, depravar ou desmoralizar.[...] Da mesma raiz de perversão deriva perversidade, que quer dizer “índole ferina ou ruim “.

Para a Doutrina Espírita “Deus não criou Espíritos maus; criou-os simples e ignorantes[...]. Os que são maus, assim se tornaram por sua vontade.” Neste contexto, a índole perversa ou as más tendências identificadas em certas pessoas refletem o somatório de ações infelizes, atentados contínuos à legislação divina, em razão do uso incorreto do livre- arbítrio, ao longo das reencarnações. Nestas condições instalam-se perturbações nos refolhos da alma que produzem desordens mentais, observáveis nas atitudes e comportamentos individuais, às vezes desde a mais tenra infância.

Se as manifestações de maldade não forem precocemente controladas ou tratadas, a pessoa pode se transformar em sociopata, praticando atos classificados como crimes hediondos.








Texto de Marta Antunes Moura – Revista Reformador- junho de 2010, p.26-28