sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

QUEM NÃO FAZ CARIDADE ?


Era dia de sessão e como sempre Marcelo chegou na parte da manhã para fazer algo que amava, limpar o terreiro. O dia mal amanhecia e ele já pulava da cama, contente e feliz pela oportunidade de ser útil.

O silêncio do terreiro vazio o tranqüilizava. A empresa que ele trabalhava vinha atravessando sérios problemas e essa semana havia sido em especial desgastante, as demissões prometidas haviam começado. Ver colegas de trabalho, chefes de família serem demitidos o deixou muito tenso e entristecido, mas tal qual passe de mágica tudo isso ficou além do portão de entrada do terreiro. Era dia de gira e ele estava feliz novamente! Sabia que suas energias seriam repostas para enfrentar mais uma semana dura de trabalho. Ele não tinha obrigação de fazer isso, mas fazia porque sentia prazer e alegria, e gostava de ir cedo justamente para poder ficar sozinho e limpar tudo no seu ritmo. Não fazia isso para "aparecer", como alguns diziam e pensavam, mas porque gostava de trabalhar sozinho.

Começou a faxina. Lavou o chão, regou plantas, lavou banheiros, tirou poeira das imagens, limpou os ventiladores e enquanto fazia a limpeza, cantarolava pontos dos orixás. Conseguiu ficar com a mente vazia.

Quando estamos fazendo algo que gostamos nem sentimos o tempo passar e a hora corria célere. Deu-se conta disso quando seu estômago "roncou" de fome. Olhou para o relógio do terreiro e viu que já passava do meio dia. Triste por não ter dado tempo de limpar os vestiários pensou que algum irmão da corrente poderia fazê-lo quando chegasse.

Assim, trancou o terreiro e foi para casa.

Lá chegando tomou um bom banho, almoçou e deitou-se no sofá da sala para tirar uma soneca, pois sentiu que seu corpo precisava. Dormiu.

No terreiro a movimentação de pessoas se intensificava. Duas médiuns que chegaram mais cedo viram que o terreiro estava limpo, mas que os vestiários não estavam. Sem pronunciar palavra, pegaram vassouras e rodos e começaram a limpeza. Francisco chegou bem na hora em que isso acontecia. Olhou de rabo de olho e falou:

- É isso que eu vivo falando! Se não pode ou consegue fazer tudo é melhor não fazer nada, assim já sabendo disso chegamos com disposição prá limpar o terreiro. Agora que estou de banho tomado e pronto prá sessão vou ter que me sujar lavando banheiro de médium.

Catarina, uma das médiuns que estava limpando retrucou:

- Não precisa Francisco. Eu e Iolanda damos conta do recado. Eu trouxe toalha de banho e roupas limpas para trocar depois da faxina. Eu já imaginava que o Marcelo não iria conseguir limpar tudo na parte da manhã como ele gosta, até porque ninguém consegue sozinho, por isso chegamos cedo e trouxemos roupa.

- Mas ele podia ter avisado... Fala Francisco, contrariado com a disposição de Catarina.

- E você podia ter previsto! Solta Iolanda, já cansada das reclamações de Francisco.

Catarina faz um sinal para Iolanda, pedindo que fique quieta, mas Iolanda sacode a mão no ar em sinal de contrariedade.

Francisco tenta esboçar alguma reação, mas é interrompido com a chegada de outros médiuns. Assim resolve ir trocar sua roupa, resmungando em pensamento. Vai para o vestiário masculino. Ele está irritadíssimo. Começa a tirar a roupa profana. Ao pegar da sacola de roupa, deixa cair o jaleco no chão que ainda está molhado em função de recente limpeza. O sangue sobe e fica vermelho de raiva. Pega o jaleco no chão e vê o "estrago" e pensa: "Ainda por cima serei chamado atenção porque o jaleco ficou amarrotado e sujo, droga!"

Enquanto isso, Carolina e Iolanda terminam a limpeza. Quase todos os médiuns já chegaram e elas vão tomar banho e se prepararem para a sessão. O portão é aberto permitindo assim a entrada da assistência.

O Pai Pequeno percebe que o Francisco não está no seu posto que é junto ao portão recebendo e orientando as pessoas. Pede que outra médium tome o seu lugar e vai a procura de Francisco. O encontra dentro do vestiário, sentado no banco do seu preto velho, ainda roxo de raiva. Percebe ao seu lado uma companhia invisível sugando-lhe as energias e irradiando sentimentos de raiva e ciúme. A energia é tão densa que até quem não é médium vidente podia ver. Respira fundo, pois essa não é a primeira vez que acontece. Francisco olha para o Pai Pequeno Osmar com os olhos injetados e dispara:

- Não posso entrar para a sessão. Olha o estado do meu jaleco. Está imundo!

A essa altura o jaleco já havia até secado no corpo de Francisco e nem parecia sujeira alguma, pois caíra em água limpa, só que em função da sua irritação e da companhia que estava agarrada ao seu perispírito ele não percebera isso.

Osmar olha o jaleco e diz:

- Do que você está falando Francisco? Não tem nada no seu jaleco. Ele está limpo!

Francisco olhou para o jaleco, mas a sua visão estava deturpada em função da atuação nefasta do trevoso que o sugava e sugestionava, assim, ele viu sujeira física onde tinha sujeira espiritual. Na sua visão o jaleco estava praticamente todo sujo amarronzado. Olhou novamente para o Pai Pequeno sem acreditar no que ouvira e dispara novamente, dessa feita já perdendo o respeito pelo Pai Pequeno:

- Será que você está cego? Se você considera isso limpo imagino como é a sua casa!

Percebendo o objetivo do espírito que acompanhava Francisco, Osmar respira fundo e usando de sua autoridade de Pai Pequeno diz com energia:

- Francisco! Tenha paciência! Você é médium antigo da Casa e me conhece muito bem. Se sua roupa estivesse suja eu seria o primeiro a dizer. Portanto, pare de palhaçada e entre já para o terreiro. Fique lá dentro e peça a Zambi, aos Orixás e entidades que tire do seu coração esse sentimento ruim. Firme seu Anjo da Guarda. Limpe-se interiormente, pois se tem alguma coisa suja aqui é o seu coração e pensamento.

Ao ouvir o tom de voz de comando de Osmar, Francisco se levanta em silêncio, lava o rosto, penteia os cabelos e vai para dentro do terreiro. Nesse instante, o espírito que o acompanhava afasta-se, e Francisco lembra-se que nem havia "batido cabeça" no gongá. Reza para o seu Anjo Guardião e sente um alívio no peito. Olha para o seu jaleco e vê que está limpo.

O Pai no Santo entra no terreiro e dá o sinal de que a sessão vai começar.
Percebe a ausência de Marcelo e pergunta a Osmar se ele sabe onde Marcelo está. Osmar que diz que Marcelo veio na parte da manhã limpar o terreiro, mas que não havia chegado ainda. Na verdade o cansaço e o estresse da semana havia tomado conta de Marcelo e a egrégora da Casa aproveitou a oportunidade do sono dele para reenergizá-lo durante a gira.

A sessão tem início e transcorre normalmente. Francisco não estava bem para trabalhar na consulta e foi orientado por Osmar para cambonar Pai Joaquim, o preto velho que trabalha com Osmar.

Ao final das consultas, Pai Joaquim dá um passe em Francisco e diz:

- Fio, cada gira, cada sessão, cada consulta é oportunidade única de trabalho, de elevação e de aprendizado. Suncê hoje desperdiçou a oportunidade de ser vibracionalmente abraçado pelo preto velho que trabalha com suncê... E sabe por que? Por que ao invés de vir pro terreiro com o pensamento voltado e aberto para o aprendizado, veio pensando num jeito de desfazer a imagem positiva que o menino Marcelo tem de todos aqui dentro.

Sem graça com a colocação do preto velho, Francisco retruca sem pensar muito:

- Que isso meu velho? Eu não preciso disso e nem estava pensando nisso. Ele nem veio a gira hoje. Por que eu me preocuparia com ele, se nem veio fazer caridade?

Calmamente o preto velho fala:

- Não veio fazer caridade, fio? Então escuta atentamente esse nêgo véio. Se todos nós hoje pudemos pisar num chão e chegar num ambiente fisicamente limpo, foi graças ao menino Marcelo. Isso é caridade fio! E suncê? Fez o que? Falou mal dele, se desequilibrou, permitiu a entrada de um espírito trevoso no templo sagrado do seu corpo, desacatou o pai pequeno e não trabalhou com seu preto velho incorporado. Então fio... Responde com sinceridade prá esse nêgo véio: Quem não fez caridade?















Vovó Maria Conga da Bahia
Em 30/05/2008 - Médium Mãe Iassan

Fonte: Livro: Umbanda - Mitos e Realidade

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

MEDIUNIDADE E DOENÇAS



A Umbanda, bem como outras práticas espiritualistas, tem como uma de suas finalidades a demonstração e a aplicação das verdades do mundo espiritual no mundo da matéria, ou seja, no nosso mundo, no mundo dos seres carnais, visando assim colaborar para nossa evolução. Para isso faz-se necessária a existência do fenômeno da mediunidade, ou seja, a existência de indivíduos dotados de qualidades especiais denominados médiuns.

Mas, afinal, o que é um médium?  Um médium é um verdadeiro intermediário entre o mundo astral e o mundo carnal. É um veículo através do qual os seres do mundo astral manifestam-se para nós, seres encarnados.

Existem vários tipos de mediunidade, sendo a mais comum na Umbanda a de "incorporação", onde a entidade astral passa a falar e a agir através do médium, como se tivesse "tomado seu corpo". No entanto, não são todas as pessoas que são dotadas desta mediunidade. Além disso, quando uma pessoa é realmente um médium, sua mediunidade não pode se processar  "de qualquer jeito, na base de cabeçadas".

O médium precisa passar por uma fase de desenvolvimento, e quando estiver apto para o trabalho, ou seja, quando estiver atuando, deve ter uma série de cuidados especiais para manter sua mediunidade devidamente equilibrada.

O principal meio para que o médium possa encontrar  o equilíbrio necessário para o bom andamento de sua mediunidade é a busca da HARMONIA em todos os aspectos, tanto durante os trabalhos mediúnicos quanto na sua vida em geral.

Quando o médium vive sob condições desarmoniosas, como por exemplo participando de rituais estapafúrdios, barulhentos, repletos de materiais grosseiros, sua mediunidade fica desajustada, e o indivíduo para a sofrer os reflexos disso.

Primeiramente, o contato com as entidades espirituais fica difícil, podendo até desaparecer. Perdendo o contato com suas "entidades de luz", o médium poderá até abrir uma "brecha" para que através dele manifestem-se seres do baixo mundo astral, como os quiumbas, que se fazem passar por caboclos, pretos-velhos, exus-guardiões, etc.

Além disso, surgem no médium em desequilíbrio doenças de ordem psíquica e orgânica, principalmente, no sistema nervoso, cardiovascular e endócrino.

Paralelamente, a vida material do médium também acaba sendo prejudicada.

Para escapar dessa situação o médium deve procurar orientação daqueles que realmente têm condições e conhecimento para ajudá-lo. Infelizmente na maioria das vezes, acabam caindo nas garras dos salafrários que fazem da Umbanda um comércio. A partir daí, é despachos para isso, despacho para aquilo, tudo à base do dinheiro, e solução que é bom ... NADA. A situação só se complica mais ainda. Portanto, cuidado! Busquemos a verdade antes que ela nos surpreenda de forma dolorosa. 











(Francisco Rivas Neto).

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A ENERGIA CÓSMICA





MATÉRIA, ENERGIA, ESPÍRITO

Na criação universal, a vida se manifesta sob três aspectos, cujas limitações desconhecemos: como matéria, representada pela forma; como energia, representada pelo movimento, e como espírito, representado pela inteligência-sentimento.
O espírito, utilizando-se da energia, age sobre a matéria, provocando reações e transformações de inúmeros aspectos e naturezas.
A matéria, em si mesma, nada mais é que energia ‘‘condensada’’ a vários graus e todas as transformações que nela se operam são resultados dessa interferência do elemento espírito, que sobre ela projeta correntes vibratórias mais rápidas, finas e elevadas, que a desagregam ou modificam.
A energia está sempre em movimento, condensando-se ou expandindo-se, formando correntes no seio da massa; no caso dos passes, o mesmo fenômeno se dá: o operador projeta correntes de fluidos mais finos e poderosos, que provocam transformações no movimento específico dos agrupamentos celulares do corpo denso ou do perispírito.
Toda vez que uma corrente de energia, acionada por um operador inteligente, interfere em um campo da matéria, surgem limitações, resistências locais; forma-se uma cadeia de fenômenos decorrentes, dos mais variados aspectos e consequências.
Assim, uma resistência oposta a uma corrente elétrica, dá origem ao calor e à luz; a interferência sobre uma corda de violino suficientemente tensa produz som, etc.
O corpo humano tem um ponto certo de equilíbrio, de estabilidade, e qualquer interferência do Espírito que o anima ou de forças ou entidades do ambiente exterior, produz alterações, distorções, desarmonias, distúrbios, moléstias.

ABSORÇÃO

A energia cósmica tem muitos nomes, manifesta-se de muitas formas, conquanto seja sempre a mesma, em essência e fundo: akasa, para os hindus, aôr, para os hebreus, telesma, para os hermetistas, azoth, para os alquimistas, força ódica de Reichembach, força psíquica de Crookes, fluido mesmérico, fluido vital, prana, fluido universal, eletricidade, enfim, como quer que se chame, é sempre o mesmo fluido cósmico fundamental, do qual uma das manifestações mais úteis e poderosas é o magnetismo, visto que pode ser utilizado em forma simples e acessível aos homens, na cura de moléstias.
Como já vimos, a absorção dessa força, pelo corpo humano, é realizada pelo aparelho respiratório, pela pele e pelos alimentos que vão ter ao sistema digestório.

Podemos aumentar essa absorção:

a)   Praticando exercícios respiratórios.
Os processos mais aconselháveis são os de respiração profunda, que se praticam da seguinte forma:
— deitado, sentado ou de pé, aspirar o ar pelo nariz, empurrando o diafragma para baixo e procurando recolher o ventre para que, assim, o ar penetre amplamente no pulmão, inclusive em seus lóbulos superiores; contar até cinco.

— reter o ar nos pulmões, contando, da mesma forma, até cinco.
— soltar o ar lentamente pela boca, contando o mesmo tempo e procurando esvaziar os pulmões completamente.
— reter os pulmões vazios durante o mesmo período de tempo e recomeçar, como no princípio.
— em todas as fases, procurar aumentar, gradativamente, o tempo dos movimentos e das pausas.
Este exercício aumenta grandemente a capacidade torácica e, em consequência, a quantidade de ar que os pulmões recebem em cada movimento respiratório.
Por outro lado, o exercício fortalece os pulmões, toma-os mais elásticos e leva o ar a todos os alvéolos, promovendo verdadeiro saneamento, pela ação do oxigênio e imunizando-os de moléstias infecciosas próprias desse órgão.
Se sobrevierem tonturas (excesso de oxigênio), basta reduzir o tempo da primeira fase.

b)Selecionando os alimentos com prevalência de vegetais e frutas.

c)Mantendo a pele em perfeitas condições de limpeza, flexibilidade e arejamento.

d)Captação da energia pela evocação e pela prece, diretamente do reservatório universal.

- concentração, solicitando o auxílio dos bons Espíritos.
- evocação das forças cósmicas, do alento divino que transita, imanente, por toda a criação.
- levantamento dos braços verticalmente, aos lados da cabeça, durante a evocação, para a captação da força e, nessa posição, permanecer enquanto sentir a descida da energia por eles.

À medida que os exercícios forem feitos e o tempo transcorrer, se verá que cada dia se torna mais sensível e evidente a descida da força pelos braços, seu giro pelo corpo e sua volta pelo mesmo caminho, para o espaço ambiente.
         Tão apto fica o indivíduo, com o correr do tempo, na captação da força cósmica, que lhe bastará, a qualquer hora e em qualquer lugar, levantar os braços para que por eles desçam as energias reparadoras, com facilidade e presteza.

CONSTATAÇÃO

O fluido magnético é de natureza tão evidente e objetiva que pode ser visto, por videntes, atravessando em ondulações luminosas, a aura das pessoas e projetando-se para fora do corpo somático.
Apresentando-se a um vidente espontâneo duas vasilhas contendo água, uma magnetizada, outra não, ele apontará logo a magnetizada, não só por causa dessa luminosidade a que nos referimos, como também porque, em certos casos, a água fica leitosa ou entra em efervescência.
Outra constatação muito simples é colocar um pêndulo ou um anel na ponta de um fio e mantê-lo na vertical, seguro pelos dedos indicador e polegar; o operador passa então a atuar sobre o objeto pendurado, dando-lhe ordens mentais para que balance para a direita, para a esquerda, em círculo, pare, recomece, etc., e ver que o objeto obedece prontamente às ordens dadas segundo, é claro, a capacidade mental do operador.
Nestes casos, o que sucede é que a corrente fluídica, impulsionada pela vontade do operador, flui pelo braço, mãos e dedos, desce pelo fio e transita pelo objeto pendurado, arrastando este no seu próprio impulso.
Tanto nestes como nos casos de radiestesia, o fenômeno é sempre o mesmo: o fluido magnético, formando uma corrente e arrastando com ela os objetos intermediários (pêndulos, varinhas mágicas, etc), na direção de uma massa atrativa (água, metais do subsolo, etc), que formam polos opostos à mente do operador.
No caso dos passes, a corrente é formada pelas mãos do operador e o fluido deve transitar através das partes doentes.

















PASSES E RADIAÇÕES

EDGARD ARMOND

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014






A A.E.L.A agradece a todos os irmãos(ãs) que compareceram ao evento realizado no dia 23.12.2013 e que colaboraram com as doações que resultaram em :

33 litros de sabonete liquido;
35 tubos de creme de barbear; e
320 aparelhos de barbear descartável


Os materiais foram entregues ao

LAR DOS IDOSOS RECANTO DO TARUMà 










domingo, 26 de janeiro de 2014

APRENDER COM A IMPACIÊNCIA




A impaciência entre as pessoas em determinadas horas é perturbadora. Mas é nesses momentos que somos colocados à prova e devemos nos pautar pelo equilíbrio. A diferença de comportamentos reflete, em grande parte, a variação dos graus de conhecimento que faz a distinção dos irmãos. É como os diferentes estágios de evolução que identificamos na espiritualidade.

Essas diferenças não podem ser classificadas simplesmente como "desunião", dentro do espaço de um centro espírita. Isso porque, quando qualquer um precisa de ajuda, todos estão prontos para estender as mãos. As diferenças acabam diante da dificuldade do outro. Além disso, uma das missões de uma casa umbandista é essa mesma: acolher os diferentes, ajudá-los a crescer e a evoluir da mesma forma como ocorre com a espiritualidade. Um centro espírita tem o dever de acolher a todos e a todos tentar ajudar nessa escalada evolutiva. Não é uma tarefa fácil e exige de cada um sacrifícios e um exercício de tolerância e de compreensão sobre o significado do nosso papel dentro de uma casa umbandista.

A maturidade não elimina a irritação diante de comportamentos desagradáveis. Incomoda as manifestações de conflito, por entender que um centro deve ser um ambiente onde a paz e a serenidade se confundem com o ar que respiramos.
 Mas, na prática, não é bem assim. Soma-se às dificuldades individuais de cada irmão, a influência que determinadas hordas de espíritos causam ao ambiente. Aqueles mais frágeis são presas fáceis das energias desses irmãos da espiritualidade pouco esclarecidos. E não se pode desprezar as reações que os trabalhos de desobsessão causam aos irmãos da espiritualidade, que gostariam de manter seus domínios e influências sobre aqueles que buscam auxílio em um centro.
Ou seja, há um conjunto de fatores, materiais e espirituais, que conspira contra a harmonia do ambiente. Então, é fundamental que as pessoas um pouco mais esclarecidas – e digo um pouco, porque estamos muito longe do esclarecimento pleno – trabalhem de maneira incansável para harmonizar o ambiente, seja com atitudes, palavras e preces para que os irmãos da espiritualidade sejam iluminados.
Contudo, é preciso ter serenidade e entender que à medida que uns melhoram, outros chegarão e o trabalho será eterno enquanto vida aqui tivermos e prosseguirá, se assim Oxalá permitir, após o nosso desencarne. Então, não há sentido em dedicar extrema preocupação ao que, supostamente, avaliamos como desunião. As manifestações desagradáveis também fazem parte da nossa missão e do trabalho contínuo como espíritas e umbandistas.
Quando aprendemos ver os fatos de outra forma, desaparece do coração o desejo de abandonar os trabalhos espirituais. Passa-se a compreender que o fenômeno não é exclusivo dessa ou daquela casa ou principalmente da que frequentamos e desenvolvemos nossos trabalhos mediúnicos. É um fenômeno que se repete em qualquer centro espírita que lida, em grau de aprendizagem, com as energias da espiritualidade. Conviver e compreender isso também faz parte do aprendizado e do crescimento espiritual.













BLOGSPOTOSCAMINHEIROS

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

UM CONTO DE PRETO VELHO



O dia amanheceu diferente.
Ao olhar o nascer do Sol, o vento, a temperatura e as pessoas, o dia parecia diferente.
Sentado na rua em frente ao trabalho, percebi essa diferença; percebi o pedreiro fazendo o cimento cabisbaixo, o lixeiro varrendo a rua solitário, o Sol brilhava menos, mal sentia o vento refrescar o rosto. Parecia que a escuridão tomava conta ainda do dia que se iniciava. O silêncio predominava.
Com este cenário, João, vendo tudo isso, sentado, fechou os olhos e num raro momento cochilou e sonhou.
No sonho, João se via descalço com roupas brancas no meio de um jardim que aos seus olhos parecia celestial. O Sol brilhava e uma suave brisa refrescava seu rosto. Ao analisar este cenário, avistou debaixo de uma árvore uma pessoa sentada. Ao fixar os olhos, percebeu que não era apenas uma pessoa, era um senhor de idade, negro, de barba e cabelos brancos. Ao se aproximar, observou que este senhor fumava calmamente um cachimbo, e sem fazer qualquer esforço parecia parte de todo aquele cenário. Chegando mais perto, observou a tranquilidade ímpar em suas feições, uma alegria e uma paz inexplicáveis sem ao menos esboçar um sorriso.
Meio tímido, João chegou a mais ou menos 5 metros desse senhor misterioso e sem saber o que falar, acenou. O senhor de barba branca, sem qualquer cerimônia falou:
- Como vai você filho?
João, meio sem jeito e sem saber o que falar, nada respondeu. O velho homem calmamente falou novamente:
- Venha cá meu filho; se aconchegue debaixo dessa tamarineira…
João, com medo e dúvida, foi e sentou-se sem nada a falar. E, por mais confuso que seus sentimentos estavam, ele sentia uma paz, um amor e principalmente uma confiança de que tudo estava bem.
O velho tornou a falar:
- Filho, você consegue enxergar a beleza desse lugar? A doçura, a harmonia das cores da natureza se misturando e trazendo em nossos pulmões o oxigênio cheio de amor?
- Sinto. Respondeu João com a voz baixa.
A nada mais foi dito durante um bom tempo, até que João, mais seguro, indagou ao velho negro:
- O que faço nesse lugar e quem é o senhor?
- Você se encontra num lugar chamado paz e fala comigo que sou você!
Confuso João pergunta:
- Como o senhor pode ser eu?
- Posso lhe provar isso filho?
- Pode? Respondeu João, confuso.
- Você não entende a vida, você não entende as pessoas à sua volta; você olha, observa, mas não vê o visível, você vê o invisível, você acredita que tudo na sua vida está de cabeça para baixo e você não sabe qual caminho tomar.
- Como o senhor sabe disso? Respondeu João.
- Sei porque sou você!
João pensou, pensou e falou com lágrimas nos olhos:
- Me ajude meu senhor, não sei mais que rumo tomar em minha vida. Estou perdendo a fé em Deus, estou perdendo a fé nas pessoas, minha vida profissional está de mal a pior e por mais que eu lute não consigo me entender e me unir com minha família, não consigo ver mais vida nas coisas simples da vida, não vejo mais motivo para nada! Há alguns anos minha vida é uma dificuldade tremenda!
Calmamente o Velho Negro deu um cachimbada e falou:
- Filho, você vê e sente o que você quer. Se desapegue desta denominação chamada dificuldade ou felicidade, entenda que nessa vida e em qualquer vida que você trilhar apenas existem aprendizados. Não existe momento ruim, existe aprendizado importante; Não existe momento bom, e sim um ensinamento aprendido.
Olhando nos olhos de João, o velho tornou a falar:
- A paciência não é um troféu a se conquistar, é simplesmente entender a si mesmo e entender o próximo. A humildade não é status que se tem, e sim o simples ato de ser você mesmo sem dogmas e sentimento mundanos. A caridade não é uma obrigação ou uma punição, é seu coração em sincronia com o Pai Maior.
Sem palavras, João ouvia atento as palavras daquele sábio velho negro e, sem hesitar, perguntou:
- O que devo fazer para melhorar?
O velho, com um tímido sorriso nos lábios, falou:
- Encare a vida com menos culpa, viva a vida com mais entusiasmo. Entenda que existe algo maior olhando e protegendo você e nunca se esqueça que na vida não existem erros nem acertos, muito menos caminhos errados ou  certos: existem apenas aprendizados importantes e lições aprendidas. Entendendo isso, meu filho, você não passará por esse laboratório de aprendizados chamado vida sem nada a aprender.
Com lágrimas nos olhos, João não sabia o que falar. Porém, nada mais precisava ser falado por ele, apenas deveria ouvir. E o velho negro com suas sábias palavras continuou:
-Filho, guarde essas palavras: olhe para seus atos e descruze os braços: vá à luta! Fazendo isso, você verá o Sol irradiante todos os dias; sentirá o frescor do ar em seu rosto e verá seu próximo como pessoas felizes e alegres; mas verá, principalmente, você mesmo mais luminoso e feliz.
Em um choro compulsivo João pediu a bênção ao velho negro e indagou:
- Obrigado, meu velho. E continuou:
- Posso voltar aqui mais vezes e posso ter a honra de saber o nome do senhor?
O velho negro com sua calma de sempre e a doçura nas palavras falou:
- Você pode voltar aqui várias vezes meu filho, pois hoje este lugar que você conheceu é seu coração, e meu nome é João.
Como se num susto, João despertou do cochilo e ficou a pensar e a pensar em tudo que aconteceu nesse sonho; por fim, pensou: “Mais um sonho maluco”.
Porém, quando tornou a olhar à sua volta, o dia não era mais estranho. Agora estava diferente: o Sol brilhava mais, o vento refrescava não apenas seu rosto, mas sua alma; o pedreiro não estava mais cabisbaixo. Agora, assobiava e o lixeiro que estava varrendo agora cantava sua canção preferida. Vendo tudo isso acontecer, João olhou para o céu e falou:
- Deus, obrigado pela oportunidade do aprendizado!
E com um grande sorriso nos lábios pensou: ” Aquele velho tinha razão”.
João viveu a vida com este aprendizado em mente até o dia de seu desencarne. E garante: não se arrependeu de nada do que aprendeu nessa vida.
Até hoje o espírito de luz chamado João procura o velho negro sábio que mudou sua vida; porém, mal ele sabe que era o próprio Deus lhe falando em seu próprio coração.
Agradeço hoje e sempre por ter ao meu lado está manifestação humana, porém divina, chamado carinhosamente por nós de Pretos velhos.
Adorei as almas!
















Nikolas Peripolli

Inspirado por meu amado Pai João de Angola.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

COMO SERVIR




Lastimará por vezes o companheiro as obrigações que assumiu no campo espiritual. Se sentirá que o trabalho com Jesus após o longo dia de serviço a César, o Jantar adiado, a festa de que não participa, o lazer reduzido, a distração de que se priva, são sacrifícios bem pesados.

Já ponderou, entretanto, que o verdadeiro serviço com o Mestre deve ser sublinhado por alegre espontaneidade? Que a tristeza envenenará os fluidos que transmita no passe, tirará a convicção da palavra que a pregue, desapontará o necessidade que o busque? Que pesar e medir sacrifícios, contar minutos e horas de atividade na Seara é anular todo o mérito?

Não diríamos a quem serve com tristeza que deixe de servir, mas sim que busque a alegria do serviço.
Se alguém permitiu que a rotina lhe invadisse a tarefa, busque renovar-se através da prece, da meditação, da leitura, da palestra.

Não permaneça na atitude interesseira de quem só quer acumular horas de serviço para melhorar a própria ficha espiritual, pois trabalho sem amor, consta como hora negativa que terá que ser reposta. Não julgue diminuir seus débitos pelo comparecimento a certas reuniões, pois só o Senhor sabe de nossos méritos e deméritos, só Ele vê claramente nossa posição ante a Lei.

Perguntarão: não há bônus hora, não há diminuição de débitos através da colaboração espiritual? sim, respondemos, porém sob a égide do amor.

Misericórdia quero, e não sacrifício, disse Jesus. Aquele que se sente sacrificado por servir só experimenta misericórdia por si mesmo; é, pois, egoísta.

Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber, consta nos Atos. Se damos lastimando-nos somos desventurados.

O amor cobre a multidão dos pecados, escreveu Pedro. E Paulo declara: a caridade (ou o amor) é sofredora, é benigna, não busca os seus interesses. Eis o verdadeiro amor, a legítima caridade, que resgata débitos, suaviza carmas e eleva o Espírito.

Se busca alguém esse resgate, essa suavização e erguimento, ame. E como fará para amar? Ensaiando seu coração para que vibre por todos como vibra para seus entes mais caros. É difícil? Sim, mas se fosse impossível Jesus não nos diria: amai-vos uns aos outros como eu vos amei!












MENSAGEM MEDIÚNICA

Simão.
BLOG CEU

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

SALVE OXÓSSI - SALVE SÃO SEBASTIÃO



Oxóssi  na Umbanda é considerado patrono da linha dos caboclos, atuando para o bem-estar físico e espiritual dos seres humanos.
O seu sincretismo religioso é São Sebastião, Oxossi é um dos orixás que possuem menos contradição no sincretismo e nos fundamentos, o dia destinado a esse orixá é a quinta-feira e o dia de suas festividades, 20 de janeiro.

Dentro de um contexto esotérico, é o catequizador de almas, é aquele que traz o conhecimento, que doutrina os espíritos e que traz a saúde, inclusive uma cor muito utilizada para sua vibração é o verde, pela cromoterapia é a cor da cura. Os guias que atuam sob essa égide costumam ser muito conselheiros, são exímios curandeiros e trabalham muito bem com fitoterapia e outros métodos holísticos para a cura.

De certa forma, a origem do seu foco vibratório situa-se nas matas, na natureza, é a essência divina, a energia da mata é restauradora, é terapêutica, com isso, sente-se facilmente a  vibração de Oxossi atuando, a sua vibração atua sobre cada folha, sobre cada ramo de árvore, fazendo com que a vibração curativa possa também estar contida nos vegetais, é o patrono da caça no sentido de conceder os animais que estão sob sua vibração para que possam nos alimentar, mas é claro, que o próprio vegetarianismo poderia suprir nossa necessidade, mas isso é assunto para outro tópico. É nas matas que sentimos a presença onipotente de Oxossi, o ar é mais rarefeito por estar carregado de partículas fluídicas que atuam em nossos órgãos nos trazendo a tranqüilidade e a paz, atuando como agentes terapêuticos. Em suma, é onde encontramos com maior freqüência a vibração de Oxossi, no verde de nosso globo.

Oxossi é o patrono dos caboclos, dos guias que em sua maior parte representam a juventude, a força dentro das casas umbandistas, toda a jovialidade e o conhecimento da vibração de Oxossi foi transmitida para os caboclos que atuam sob essa égide, são guias que costumam ser muito amigos, companheiros e sabem apaziguar a dor que aflige o filho, independente se é uma dor mental ou física, são guias que sabem atuar de forma terapêutica em todo o corpo físico e espiritual do filho.






A Vida de São Sebastião

        Muitos são os devotos se SÃO SEBASTIÃO no Brasil. Multidões o aclamam e o veneram no dia 20 de janeiro (dedicado em sua homenagem). Porém, poucos conhecem de fato a sua verdadeira história. Responda as perguntas a seguir:

         1.     Quando e onde nasceu São Sebastião?
         2.     Qual era sua profissão?
         3.     Por qual motivo foi flechado?
         4.     Que lição de vida deixou para todos nós?

      Se você não sabe as respostas a estas perguntas, então nos acompanhem nesta empolgante viagem ao passado, e conheça um pouco mais sobre esta importante figura chamada SÃO SEBASTIÃO.

      SÃO SEBASTIÃO nasceu em Narbonna em 250 d.C. em Roma. Era um valente soldado, tendo ingressado no exército com cerca de 19 anos de idade. Sua fama de bom soldado era tamanha que tornou-se estimado pelos imperadores Diocleciano e Maximiano; tanto que confiaram o comando do primeiro exército pretoriano a ele. Era sem dúvida nenhuma um soldado exemplar!

      Mas se era tão querido e exemplar, então porque o mataram?

      Sebastião vivia num tempo em que era proibido confessar que era seguidor de Jesus. Os soldados prendiam sem dó nem piedade os cristãos.

      Acontece que Sebastião era um cristão, e o imperador não sabia disso. E Sebastião ajudou tanto aos demais cristãos que foi conhecido depois como o DEFENSOR DA IGREJA. A atuação de Sebastião nesse sentido consistia, principalmente, em confortar aos cristãos que eram perseguidos, e especialmente aos que padeciam no martírio. Até mesmo pessoas em altos postos do sistema carcerário romano se converteram à fé em Jesus por meio do seu testemunho.

      Então, Sebastião foi denunciado ao imperador Diocleciano que ficou indignado e irado, pois o homem em que pusera sua confiança era um cristão (e cristão de ação!); e o condenou à morte. Levaram-no para um campo aberto, e os arqueiros da Mauritânia o flecharam. Dando-o por morto, abandonaram-no preso a uma árvore.

      Acontece que, como Deus não abandona aos seus servos, Sebastião, por um milagre, resistiu às flechadas e sobreviveu. Não muito depois, foi encontrado por uma piedosa viúva, que cuidou de suas feridas. Após sua recuperação, o valente Sebastião se apresentou ao imperador Diocleciano, censurando-o por sua crueldade e exortando-o a deixar de adorar os falsos deuses, mediante suas imagens de escultura. O imperador ficou estarrecido ao ver em sua presença aquele que cria estar morto. Preso novamente foi açoitado até morrer.

      Prezado amigo, SÃO SEBASTIÃO é, sem sombra de dúvidas, um exemplo a ser seguido por todos nós. Por Jesus ele viveu e morreu. Muitas pessoas conheceram o amor de Deus, manifestando em Jesus, por intermédio da pregação desse jovem soldado romano.

         Como ele, somos e devemos ser Soldados de Cristo.


         Salve São Sebastião!



domingo, 19 de janeiro de 2014

A UMBANDA FORA DA MARGINALIDADE



Nos primeiros anos da Umbanda, ainda no início do século XX, a repressão ao dito baixo espiritismo era bastante intensa. A Maçonaria, a Umbanda, o Espiritismo de Kardec e principalmente os cultos afro-brasileiros eram reprimidos com vigor. Pior ainda durante o período da ditadura Vargas, quando a polícia agia violentamente, com a justificativa de que a macumba tinha ligações com a subversão, servindo até para dar cobertura a grupos comunistas, segundo relatos da época. Uma lei datada de 1934 colocou todos esses grupos sob a jurisdição do Departamento de Tóxicos e Mistificações da Polícia do Rio de Janeiro, na seção especial de Costumes e Diversões, que lidava com problemas relacionados com álcool, drogas, jogo ilegal e prostituição. Praticar a Umbanda era então uma atividade marginal! (perdurou com tal classificação até a reorganização do Departamento de Polícia do Rio, em 1964)

Essa mesma lei de 1934 gerou uma situação dúbia: se o registro na polícia permitia aos terreiros a prática legal, concretamente, servia para facilitar a ação das autoridades, aumentando a possibilidade de intimidação e extorsão. Registrados ou não, os umbandistas e demais praticantes de cultos afro-brasileiros ficavam expostos à severa perseguição policial do Rio. Não era difícil ver a polícia invadir e fechar terreiros, confiscando objetos rituais, e muitas vezes prendendo os participantes. Benjamin Figueiredo, Zélio Fernandino de Moraes e muitos outros foram presos diversas vezes nesse período.

Mas havia um “modelo” que vinha conquistando seu espaço na sociedade brasileira: A Federação Espírita Brasileira (FEB), fundada desde 1º de janeiro de 1884. Nos anos 30, esta já conseguira se firmar como legítima representante do Espiritismo no Brasil, unificando, fortalecendo e tornando coesas as Casas espíritas.
O simbolismo que carrega o vocábulo “federação”, como ideia de unidade nacional, servia ao discurso da Era Vargas, que naqueles tempos já via com bons olhos a religião espírita, como mais uma fonte de pacificação e, principalmente, controle das massas pela elite “branca” da sociedade.

Tentando se livrar do estigma marginal dos feiticeiros, iniciou-se um claro movimento por uma auto identificação dos umbandistas com o Kardecismo e com o alto espiritismo. O próprio termo espírita foi usado para esconder nomes e para disfarçar os praticantes da Umbanda de sua ascendência afro-brasileira, quase como uma nova forma de sincretismo, tal qual a máscara católica que as religiões afro-brasileiras se utilizaram nos tempos do cativeiro. Daí a denominação de tantas Casas umbandistas tradicionais: Tenda Espírita Mirim, Tenda Espírita Fraternidade da Luz, Tenda Espírita Estrela Guia da Umbanda, etc..

Os números de São Paulo, apresentados pelo professor de Sociologia da Religião Lísias Nogueira Negrão (livro Entre a Cruz e a Encruzilhada. São Paulo: Edusp, 1996), são um ótimo exemplo: de 1929 a 1944 o número de centros espíritas kardecistas registrados em cartórios representava 94% do total de unidades religiosas registradas, contra apenas 6% das casas declaradas de Umbanda. Alguns anos depois, no período de 1953 a 1959 (após a descriminalização), este número já havia se invertido, com 68% de casas de Umbanda contra 31% de casas kardecistas.

O movimento umbandista ganhava corpo e estruturava-se a fim de obter o status de religião brasileira. O exemplo da FEB deve ter parecido a melhor opção para as lideranças umbandista daqueles tempos. Criar uma federação para negociar com o Estado a regulamentação da Umbanda, e consequentemente o fim da repressão ao culto, inserindo assim a Umbanda na estrutura do Estado pela via institucional foi o caminho escolhido. Em 1939 fundou-se a Federação Espírita de Umbanda, atual União Espírita de Umbanda do Brasil. Zélio de Moraes, Benjamin Figueiredo, Tancredo Pinto e outros se uniram em torno de um só ideal: tirar a Umbanda da marginalidade, organizando-a como uma religião coerente e hegemônica e assim obtendo sua legitimação social.

Esse grupo realizou então o Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda em 1941, onde essas lideranças apresentaram suas teses sobre a religião. A corrente predominante trazia à sociedade uma Umbanda original e evoluída que existiria desde o oriente, de onde teria se espalhado para a Lemúria (um lendário continente perdido), e daí para a África, onde teria degenerado para o feiticismo, forma que teria chegado ao Brasil pelos escravos negros. Assim, a influência africana na Umbanda não era negada, mas olhada como uma corrupção da tradição religiosa original, na sua fase anterior de evolução.

A defesa da nova definição do termo Umbanda, reflete bem o pensamento dos intelectuais da religião, unidos naquele primeiro congresso. Ali surgiu, pela primeira vez, a expressão AUM-BANDHÃ do Sânscrito aume bhanda, termos que foram traduzidos como "o limitado no ilimitado", "Princípio Divino, luz radiante, fonte de vida eterna, evolução constante". Tal tese, apresentada pela Tenda Espírita Mirim, é até hoje aceita por diversas correntes umbandistas.

Alguns estudiosos apontam nessa primeira tentativa de consolidação da Umbanda forte tendência de desafricanização e embranquecimento da Umbanda, uma vez que os demais líderes das religiões Afro-Brasileiras foram excluídos desse encontro histórico. Alegam também que a dita “lavagem branca” da origem da Umbanda pode ser encontrada em denominações comuns à época, como umbanda pura, umbanda limpa, umbanda branca e umbanda da linha branca no sentido de "magia branca". Termos que contrastavam com magia negra e linha negra, associados com o mal.

Mas a verdadeira luta de Zélio de Moraes, Benjamin Figueiredo e seus contemporâneos era pela descriminalização da prática da Umbanda, o que viria a ser o maior feito daquele Primeiro Congresso. Em 1944, essas mesmas lideranças umbandistas apresentam ao então Presidente
Getúlio Vargas um documento intitulado "O Culto da Umbanda em Face da Lei", conseguindo que o governo brasileiro aprovasse a descriminalização da nossa querida religião.











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