O desenvolvimento mediúnico na Umbanda ocorre,
basicamente, em três fases:
irradiação, incorporação e
firmeza. Não há tempo mínimo ou máximo para que ocorra.
PRIMEIRA FASE – IRRADIAÇÃO
É a fase inicial do processo
e consiste, basicamente, no envolvimento energético do médium com o ambiente,
da egrégora espiritual e das entidades em geral.
O médium se permite estar totalmente receptivo
às energias que lhe chegam e tem seus primeiros contatos dentro do ritual.
É o momento de silenciar e sentir, pois passa
a sentir múltiplas sensações.
No ritual o médium se permite deixar fluir as
energias através de seu corpo e começa a ter as primeiras noções da
ritualística e objetivos de trabalho.
O médium com dom de incorporação inicialmente
sente diversas energias. Seus sentidos se apassivam e variadas sensações
ocorrem. Um distanciamento perceptivo pode ocorrer, principalmente, dentro dos
rituais.
Nessa fase o treinamento da concentração e
sintonia deve ser estabelecido, pois os primeiros estágios de transe mediúnico
já podem ser percebidos.
As entidades espirituais da egrégora do templo
começam a irradiar sobre o médium, promovendo-lhe os devidos preparos para o
seu desenvolvimento.
Realizado os preparos iniciais, os guias
pessoais do médium iniciam o preparo de ajuste energético. É a fase em que a
entidade se acostuma com a energia do médium e o médium com a da entidade.
O médium nesta fase cambaleia, perde o
equilíbrio, tem a visão embaçada, sente a energia da entidade percorrendo seu
corpo, sente frio nas mãos, a pressão arterial se altera, os batimentos
cardíacos aumentam. Todas essas sensações são comuns, naturais e esperadas.
Nesta fase, a entidade não está incorporada,
embora esteja energeticamente ligada ao médium, portanto: não fala, não fuma,
não bebe e não se locomove.
O médium de sustentação também sente as energias, embora com certo distanciamento. Seus sentidos se aguçam, o raciocínio se torna mais rápido e lúcido e algo de sonolência pode ser sentido. São as energias sustentadoras do trabalho ritualístico do templo que com eles vão formando os primeiros vínculos.
SEGUNDA FASE – INCORPORAÇÃO
Decorrido um determinado período da fase de
irradiação, o médium poderá dar sinais de incorporação que é, basicamente, o
entrelaçamento energético entre a entidade e o médium.
No início essa ligação é fraca e sutil. Com o
passar do tempo, torna-se mais intensa, fortalecida, até que venha a se
completar.
Nesta fase, o médium já não
cambaleia tanto, a entidade tem maior controle sobre o movimento corporal. É
quando o caboclo apresenta sua característica, o preto velho se curva, etc.
O médium se permite reconhecer
as energias e dar passividade às energias de forma a estabelecer os vínculos de
sintonia de trabalho dentro da ritualística.
Pela receptividade do médium
algumas entidades de algumas linhas de trabalho já fluem dentro da atuação
mediúnica, mesmo sem ainda darem seus nomes simbólicos, iniciando assim a
estabelecer certo ritmo na sintonia de contato dentro do ritual.
É nesta fase que o médium
começa a dar forma à energia que se aproxima.
Sabemos que para tudo necessitamos de uma
referência, um norte, contudo quando se trata da espiritualidade e,
principalmente, da incorporação a necessidade de ser norteado às vezes pode
prejudicar a pureza da manifestação.
O médium em desenvolvimento
pode achar que se balançar de forma exagerada ou passar mal demonstra de forma
fidedigna a aproximação da entidade aos olhos dos outros que o observam.
Esse mito que deve ser
explicado, alertado e deixado claro que cada entidade possui sua própria
identidade, ou seja, seu jeito único de se manifestar. Não é porque o caboclo
do irmão pula, lança flechas que todos devem ser da mesma forma. Deve-se ter em
mente que aos poucos tudo se encaixa naturalmente.
É nesta fase que a entidade
incorporada começa a riscar o seu ponto (é normal que varie com o correr do
tempo, já que se trata de um processo). É quando começa a firmar a vela e a
pedir os seus primeiros elementos de trabalho. A bebida alcoólica deve ser o último
elemento a fazer parte do processo.
É a fase em que o médium
conhecerá a entidade, seu nome, sua personalidade, seu jeito de incorporar, seu
ponto riscado, os elementos com os quais trabalha, etc.
Nesta fase, a entidade emite
as primeiras palavras, embora não esteja apta a fazer consultas. Não se deve
levar a ferro e fogo o que o médium diz neste processo, pois ele ainda está
aprendendo a intermediar a entidade com segurança...
TERCEIRA FASE
O médium já começa a
reconhecer a energia das entidades que com ele já estabeleceram sintonia, já se
manifestaram, já deram seus nomes simbólicos, e fluem mais fortemente na aura
do médium de forma a favorecer o reconhecimento e a sintonia.
Dentro da ritualística o médium já vai
conseguindo dar mais abertura e passividade as entidades que com ele formam uma
parceria de trabalho evolutivo, já consegue distinguir entre uma energia e
outra e se permite entrar em sintonia com a entidade e soltar mais a
incorporação.
QUARTA FASE
O médium já reconhece a
energia da maioria de suas entidades, já se permite sintonizar totalmente e
soltar a incorporação conforme a chamada dessas energias e forças dentro do
ritual.
Já solta a palavra dentro da
incorporação, os nomes simbólicos já fluem em sua mente com mais firmeza e os
vínculos da parceria de trabalho mediúnico se fortalecem de forma que ao ser
chamada aquela energia de linha, a entidade já encontra acesso ao campo
mediúnico pela sintonia que vai se estabelecendo entre ambos.
QUINTA FASE
O Médium já se permite
soltar a incorporação com mais segurança, já consegue concentração e sintonia
direcionada a aquela linha de trabalho na chamada dentro do ritual, permitindo
que as energias espirituais fluam na força incorporada da entidade e possam
fluir mais fortemente através de seu mediunismo.
Nome simbólico já é
estabelecido em seu mental, vínculos energéticos já se tornam mais potentes a
movimentação e a forma de trabalho da entidade já se mostram mais ostensiva já
demonstrando disciplina e direcionamento do mediunismo dentro do ritual.
SEXTA FASE
O médium já sente maior
firmeza em cada contato mediúnico com as entidades, já reconhece as energias
com maior desenvoltura, já busca naturalmente o foco de sintonia com aquela
entidade específica fechando seu campo a outro tipo entidade, de forma a favorecer
a estabilização energética dos vínculos entre ele e seus guias de trabalho
dentro da ritualística do terreiro.
A cada chamada de linha o
médium já busca naturalmente pela energia daquela entidade específica e o
ancoramento de forças da entidade vai se estabelecendo em seu campo mediúnico
com bastante mais potencia e firmeza de trabalho.
Os médiuns de sustentação
também vão sentido em suas energias pessoais a fluência da emanação doutrinária
dos regentes da egrégora do Templo e a sua voz doutrinária vai ganhando maior
potencia, e as entidades incorporadas respondem de imediato a seu comando.
SÉTIMA FASE
O médium se permite maior
desenvoltura no ritual, dando passividade as suas entidades com tranquilidade e
total fluência na comunicação. Os vínculos energéticos entre entidade e o
médium já se estabeleceram totalmente. O reconhecimento da energia da entidade
ocorre automaticamente assim que a sintonia é buscada, e a incorporação dessa energia
já ocorre sem muitos sacolejos ou necessidade de muitos giros.
O médium já permite que a
entidade fale com maior abertura e segurança, o ponto cantado e riscado já
começa a fluir naturalmente pela comunicação da entidade. A emanação fluídica
da entidade é reconhecida de imediato pelo médium, que permite soltar e dar fluência
a comunicação da entidade com maior disciplina e direcionamento dentro do ritual.
Nessa fase a entidade já
pode ser consultada e ela mesma é que passará a orientar a progressão do médium
dentro do ritual de forma a que essa parceria evolutiva flua rumo ao serviço
dentro da Lei do Auxílio pelas vias da Caridade.
FIRMEZA
É a fase final do processo.
Nesta fase, a incorporação
ocorre de forma rápida, pois tanto o médium quanto a entidade já se acostumaram
com a energia um do outro.
Nesta fase o médium já sabe
o nome da sua entidade, o ponto riscado já assumiu a sua característica
definitiva e a incorporação é forte o suficiente para que a entidade consiga
dominar totalmente o corpo do médium e consiga conversar mentalmente com ele.
Então, ela é direcionada
para a firmeza, ou seja, ele fica em um canto, risca seu ponto, pede seus
elementos e permanece em silêncio.
Esta é uma etapa-desafio,
pois o objetivo é fazer com que o médium sustente a incorporação pelo maior
tempo possível e conheça mais e melhor a entidade com a qual trabalhará em
breve.
Digo que se trata de uma
etapa-desafio, pois é o momento em que a ansiedade dos médiuns fica mais
evidente, já que não suportando o silêncio (afinal, de modo geral, não estamos
acostumados a ele), com frequência acabam chamando os cambones para conversar,
contudo, isto é ansiedade do médium e não desejo da entidade.
A firmeza é o momento em que
a entidade conversa com o seu médium, não com outras pessoas. É quando o
aconselha sobre pontos importantes da sua vida e da caminhada de ambos, daí a
importância de o médium permanecer em silêncio, sustentando a incorporação pelo
maior tempo possível (afinal, as giras podem ser bem longas).
Depois de alguns meses,
então, a entidade-chefe avalia o transe do médium e o libera para o atendimento
na corrente ou estende um pouco mais o período de desenvolvimento: depende da
postura de cada médium!
Se a incorporação estiver
firme, se o fluxo energético estiver forte, se a entidade conseguir se
comunicar com facilidade através do médium, então, o seu desenvolvimento estará
concluído e ele poderá fazer parte da corrente de atendimento.
Entretanto, o fim do
desenvolvimento mediúnico não é o fim da jornada mediúnica da pessoa, pelo
contrário, é a fase inicial. Nos próximos anos, conforme amadurecer, a sua mediunidade
também amadurecerá.
(Fonte: Internet – Adaptação
de textos de autoria de Angela Maria Gonçalves e Leonardo Montes).
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