quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O TRABALHO DAS ALMAS




 Descerradas as pesadas cortinas materiais que ai na Terra nos cobriam os olhos do Espírito, experimentamos, aliado às comoções de êxtase diante da imensidade, o desejo de comunicar a verdade a todas as criaturas.
Como, porém, atingir semelhante desiderato?
Obstáculos inúmeros se nos antolham, avultando o da falta de um estabelecimento direto entre o plano material e o espiritual, que somente poderíamos obter através de poderosa mediunidade generalizada, capaz de registrar de maneira palpável todas as maravilhas do mundo psíquico. Todavia, o porvir humano nos faz entrever essa ligação mais íntima dos Espíritos, pertençam ou não ao orbe carnal.

DIFICULDADES DA COMUNICAÇÃO
Na atualidade, quase todo fato mediúnico constitui o fenômeno, o mistério, o acontecimento que exorbita das leis naturais, considerado, portanto, erradamente pelos seus observadores. Daí o nascerem numerosas dificuldades para que muitas entidades atuem de forma sensível em vossas exitências. Mas, se lhes é impossaível a comunicação direta, é fácil a sua participação em vossos afazeres, estudos, pensamentos e preocupações. Os Espíritos, prepostos a esse ou àquele mister no seio da Humanidade e da Natureza, formam um conjunto harmonioso e muito maior do que julgais.
Rompido o laço que a une à matéria, um dos primeiros pensamentos da alma é para os seres queridos que ficaram a distância, e a ansiedade de revê-los constitui um dos mais santos objetivos de suas aspirações. Nem sempre isso lhes é permitido, porquanto uma ordem indefectível preside às leis cósmicas que são as leis divinas. Fazem tudo, porém, para que se tornem dignas da confiança superior, e é assim que inúmeras criaturas desencarnadas se entregam, em vossos ambientes, a misteres dignificantes e redentores.

O TRABALHO DOS ESPÍRITOS
Em vossa vida, tomam parte as entidades do Além: sem que as vejais, perambulam em vosso meio, atuam em vossos atos, sem que os vossos nervos visuais lhes registrem a presença.
Edificante é observarmos o sacrifício de tantos seres evolvidos que se consagram a sagrados labores, no planeta das sombras, quais os da regeneração de individualidades obcecadas no mal, operando abnegadamente a serviço da redenção de todas as almas, atirando-se com destemor a tarefas penosas, cheios de renúncia santificadora.

NECESSIDADE DO SACRIFÍCIO
Fora da carne, compreende-se a excelência da abnegação e do sacrifício a prol de outrem. A maioria das nossas obras pessoais são como bolhas de água sabonada que se dispersam nos ares, porque, visando ao bem-estar e ao repouso do “eu”, têm como base o egoísmo que atrofia a nossa evolução. Toda a felicidade do Espírito provém da felicidade que deu aos outros, todos os seus bens são oriundos do bem que espalhou desinteressadamente.
Compreendendo essas verdades, muitas vezes após as transformações da morte, não as assimilamos tardiamente, porque, de posse das realidades próximas do Absoluto, concatenamos as nossas possibilidades, laborando ativamente na obra excelsa do bem comum e do progresso geral, encontrando, assim, forças novas que nos habilitam a merecido êxito em novas existências de abnegação que nos levarão às esferas felizes do Universo.
Venturosos são os raros Espíritos que sentem a excelsitude dessas verdades na vida corporal. Sacrificando-se em benefício dos semelhantes, experimentam, mesmo sob a cruz das dores, a suave emoção das venturas celestes que os aguardam nos planos aperfeiçoados do infinito.

DESENVOLVIMENTO DA INTUIÇÃO
Faz-se mister, em vossos tempos, que busqueis desenvolver todas as vossas energias espirituais – forças ocultas que aguardam o vosso desejo para que desabrochem plenamente. O homem necessita das suas faculdades intuitivas, através de sucessivos exercícios da mente, a qual, por sua vez, deverá vibrar ao ritmo dos ideais generosos.
Cada individualidade deve alargar o círculo das suas capacidades espirituais, porquanto, poderá, como recompensa à sua perseverança e esforço, certificar-se das sublimes verdades do mundo invisível, sem o concurso de quaisquer intermediários. O que se lhe faz, porém, altamente necessário é o amor, o devotamento, a aspiração pura e a fé inabalável, concentrados nessa luz que o coração almeja fervorosamente: esse estado espiritual aumentará o poder vibratório da mente e o homem terá então nascido para uma vida melhor.







 


Texto extraído do livro “Emmanuel”
www.forumespirita

terça-feira, 30 de outubro de 2012

FUNDAMENTAÇÃO CIENTÍFICA DA ORAÇÃO




 
 Experimentações científicas demonstraram que nosso DNA muda com as freqüências produzidas pelos nossos sentimentos e emoções, ou seja, vibrações.
Indivíduos treinados para sentirem amor profundo foram capazes de mudar a forma de seu DNA.
O pesquisador Gregg Braden* diz que isto ilustra uma nova forma de energia que conecta toda a criação. Esta energia parece ser uma REDE ESTREITAMENTE TECIDA que conecta toda a matéria e que podemos influenciar essencialmente esta rede de criação por meio de nossas VIBRAÇÕES.
Os experimentos comprovaram também que as freqüências energéticas mais altas, que são as do Amor, impactam no ambiente, de uma forma material, produzindo transformações não só em nosso DNA, mas no ambiente que nos cerca. Isto significa que possuímos muito mais poder do que imaginamos.
Esse experimento foi realizado pelo Institut Heart Math e o documento que lhe dá suporte tem este título: “Efeitos locais e não locais de freqüências coerentes do coração e alterações na conformação do DNA”.
Em 1944, Max Planck, o pai da teoria quântica, chocou o mundo quando disse que existe um lugar que é pura energia, onde todas as coisas começam e que simplesmente “é”; que essa “matriz” é a origem das estrelas, do DNA da vida e de tudo o que existe.
O pesquisador Gregg Braden, que durante mais de 20 anos vem se dedicando a esses estudos, informa que descobertas recentes acentuam a evidência de que a matriz de Planck – A Matriz Divina – é real, e para que a matriz participe da nossa vida com toda potência, precisamos compreender como ela funciona e qual linguagem ela reconhece
Outro experimento:
Quando os pesquisadores sentiram gratidão, amor e apreço, o DNA respondeu RELAXANDO-SE, e os filamentos esticando-se. O DNA tornou-se mais amplo.
Quando os pesquisadores SENTIRAM raiva, medo ou stress, o DNA respondeu APERTANDO-SE. Tornou-se mais curto e APAGOU muitos códigos. Esses códigos conectaram-se novamente quando os pesquisadores tiveram sentimentos de amor, alegria, gratidão e apreço.



Durante muito tempo achava-se que a menor partícula de uma célula, o átomo era feito de matéria. 
Depois descobriram que na verdade a maior parte de um átomo é vácuo, então achava-se que o núcleo que é muito pequeno seria material.
Esta idéia caiu por terra quando através do uso de microscópios eletrônicos muito potentes verificou-se que o núcleo de um átomo é apenas uma energia condensada, não é matéria.
Mas se tudo o que existe no mundo “material” é feito de um conjunto de células, estas são feitas de átomos e se um átomo de qualquer coisa não é material, então...
No nível microscópio, nada é material, tudo é vibração, tudo é feito de energia condensada.
Vivemos num universo de vibração e nossos corpos são feitos a partir da vibração da energia que emanamos constantemente.
Diz Gregg Braden que Deus é puro amor, é energia e por ser energia, não morre, não desaparece, é imortal e está em todos os lugares. E como somos a imagem e semelhança de Deus, sabemos que somos energia e hoje podemos provar isso.  Somos seres espirituais e não seres feitos de matéria.
Isto significa que podemos conduzir TODO o nosso planeta, mediante nossas vibrações positivas em conjunto, para um futuro melhor.
Em seu livro, O efeito Isaías, Gregg Braden explica que basicamente o tempo não é apenas linear (passado, presente e futuro), mas também é profundidade. A profundidade do tempo consiste em todas as linhas de tempo e de oração que possam ser pronunciadas ou que existam. Assim, simplesmente ativamos a que desejamos através das nossas orações.
Explica também que, ao fazermos uma oração, devemos fazê-lo já conectados com o resultado que desejamos, ou seja, ao invés de pedirmos algo, devemos visualizar esse algo que desejamos, vendo-o já realizado. 








ORANDO PELO PLANETA BLOG

domingo, 28 de outubro de 2012

A UMBANDA NÃO ESCRAVIZA, LIBERTA !




A Umbanda não tem normas nem Leis que inibam a liberdade de ninguém. Ela não proíbe ninguém de fazer isso ou aquilo, ela apenas nos mostra o caminho, e cabe a cada um de nós, segundo nosso livre arbítrio, escolher por onde quer ir. As entidades sempre dizem:
A UMBANDA NÃO ESCRAVIZA, LIBERTA!
Ouvimos muitas pessoas dizerem: “isso minha religião não permite”, mas será que você realmente acredita naquilo?
A Umbanda acredita na capacidade de cada um escolher seu caminho, de saber o que realmente é ideal para si. É claro que às vezes necessitamos de alguns esclarecimentos, de alguém para mostrar o caminho a ser seguido, mas nunca de forma imposta.
 SOMOS  CONTRA AQUELES QUE DIZEM QUE TUDO ESTÁ TRAÇADO, QUE NOSSO DESTINO JÁ ESTÁ SELADO.
Ora se assim fosse, para que vivermos se somos marionetes nas mãos de um Deus tão cruel, que nos faz sofrer para aprendermos a lição?
Acreditamos em predisposições para tais circunstancias.

Exemplo:
Uma pessoa tem predisposição para morrer de infarto. Isto é uma predisposição, que conforme sua conduta em vida pode ocorrer ou não.
Há também aqueles que dizem saber exatamente quando vão morrer porque é seu destino. Como já dissemos, há uma predisposição e não uma imposição.
De acordo com a nossa conduta, podemos antecipar ou prolongar a nossa vida terrena.
Essa é a famosa LEI DO KARMA ou das CAUSAS E EFEITOS. Todos temos uma predisposição para uma série de acontecimentos e realizações em nossas vidas, que podem acontecer ou não de acordo com a nossa conduta enquanto encarnados.
Infelizmente já ouvimos alguns de nossos amigos dizerem que a vida é para ser vivida intensamente, visando apenas prazer, porque estamos aqui a passeio. Acreditar nisso seria acreditar que:
 Tudo que fazemos não tem importância como,
· Estudar, trabalhar, se aprimorar,
· Pois nada valerá quando morrermos, que tudo foi em vão.
É estar completamente sem perspectivas de encontrar um mundo melhor
· De acreditar na imortalidade do espírito,
· De acreditar na evolução.
Devemos ter ciência que a nossa estadia no planeta como encarnado é uma benção divina. Muitos seres perdidos, emaranhados em seriíssimas confusões, mentais e astrais, aguardam ansiosos por essa oportunidade, visando melhorarem-se e diminuírem os débitos adquiridos em vidas passadas.
A reencarnação é:
· Uma solução bendita,
· É a misericórdia divina,
· É a chance que Deus dá a todos os seres,
· A cada encarnação temos a oportunidade da evolução, para a libertação do espírito.
Se estamos no corpo físico, é porque temos sérios compromissos a cumprir. Quantos e quantos seres desencarnados atolados no mal, gostariam de ter essa oportunidade, e reencarnar para saldar suas dividas perante a Lei.
Só para deixar bem claro:
Se estamos encarnados: não é por acaso, temos sérios compromissos a cumprir, muitos credores batem à nossa porta.
Então não se iluda pensando que a vida é uma eterna diversão, que estamos aqui para gozar dos prazeres da vida terrena.
Há coisas muito mais sérias esperando por você desperte para realidade!
A doutrina de Umbanda tem justamente essa finalidade, de ajudar as pessoas a enfrentarem os problemas do cotidiano com paz e serenidade, colocando em pratica o que é aprendido com as entidades. Nos revela de forma clara e simples, o modo ideal de encararmos a vida como ela realmente é.
A nossa preocupação é dar formação espiritual, para que as pessoas possam levar suas vidas com mais tranqüilidade, entendendo os porquês de certas coisas acontecerem tão freqüentemente, pois tendo tais conhecimentos, seguramente suas vidas serão mais amenas e mais intensivamente vividas.




sábado, 27 de outubro de 2012

O AMOR COMO UM MEIO E NÃO COM UM FIM



É hora de substituir o ideal romântico do amor que basta em si mesmo (por isso não dura) por uma relação que traga crescimento individual.
Há algo de errado na forma como temos vivido nossas relações amorosas. Isso é fácil de ser constatado, pois temos sofrido muito por amor. Se o que anda bem tem que nos fazer felizes, o sofrimento só pode significar que estamos numa rota equivocada.
 Desde crianças, aprendemos que o amor não deve ser objeto de reflexão e de entendimento racional; que deve ser apenas vivenciado, como uma mágica fascinante que nos faz sentir completos e aconchegados quando estamos ao lado daquela pessoa que se tornou única e especial.
Aprendemos que a mágica do amor não pode ser perturbada pela razão, que devemos evitar esse tipo de contaminação para podermos usufruir integralmente as delícias dessa emoção – só que não tem dado certo.
Vamos tentar, então, o caminho inverso: vamos pensar sobre o tema com sinceridade e coragem. Conclusões novas, quem sabe, nos tragam melhores resultados.
Vamos nos deter em apenas uma das idéias que governam nossa visão do amor. Imaginamos sempre que um bom vínculo afetivo significa o fim de todos os nossos problemas.
Nosso ideal romântico é assim: duas pessoas se encontram, se encantam uma com a outra, compõem um forte elo, de grande dependência, sentem-se preenchidas e completas e sonham em largar tudo o que fazem para se refugiar em algum oásis e viver inteiramente uma para a outra usufruindo o aconchego de ter achado sua metade da laranja.
Nada parece lhes faltar.
Tudo o que antes valorizavam – dinheiro, aparência física, trabalho, posição social etc. – parece não ter mais a menor importância.
Tudo o que não diz respeito ao amor se transforma em banalidade, algo supérfluo que agora pode ser descartado sem o menor problema.
Sabemos que quem quis levar essas fantasias para a vida prática se deu mal. Com o passar do tempo, percebe-se que uma vida reclusa, sem novos estímulos, somente voltada para a relação amorosa, muito depressa se torna tediosa e desinteressante. Podemos sonhar com o paraíso perdido ou com a volta ao útero, mas não podemos fugir ao fato de que estamos habituados a viver com certos riscos, certos desafios. Sabemos que eles nos deixam em alerta e intrigados; que nos fazem muito bem.
De certa forma, a realização do ideal romântico corresponde à negação da vida. Visto por esse ângulo, o amor é a anti-vida, pois em nome dele abandonamos tudo aquilo que até então era a nossa vida. No primeiro momento até podemos achar que estamos fazendo uma boa troca, mas rapidamente nos aborrecemos com o vazio deixado por essa renúncia à vida.
A partir daí, começa a irritação com o ser amado, agora entendido como o causador do tédio, como uma pessoa pouco criativa e desinteressante. O resultado todos conhecemos: o casal rompe e cada um volta à sua vida anterior, levando consigo a impressão de ter falido em seus ideais de vida.
Os doentes acham que a saúde é tudo. Os pobres imaginam que o dinheiro lhes traria toda a felicidade sonhada. Os carentes – isto é, todos nós – acham que o amor é a mágica que dá significado à vida. O que nos falta aparece sempre idealizado, como o elixir da longa vida e da eterna felicidade.
Diariamente, porém, a realidade nos mostra que as coisas não são assim, e acho importante aprendermos com ela.
 Nossas concepções têm de se basear em fatos, nossos projetos têm que estar de acordo com aquilo que costuma dar certo no mundo real. Fantasias e sonhos, ao contrário, têm origem em processos psíquicos ligados às lembranças e frustrações do passado.
É importante percebermos que o que poderia ser uma ótima solução aos seis meses de idade, como voltar ao útero materno, será ineficaz e intolerável aos 30 anos. A bicicleta que eu não tive aos 7 anos, por exemplo, não irá resolver nenhum dos meus problemas atuais. É preciso parar de sonhar com soluções que já não nos satisfazem a adaptar nossos sonhos à realidade da condição de vida adulta.
Se é verdade, então, que o amor nos enche de alegria, vitalidade e coragem – e isso ninguém contesta –, por que não direcionar essa nova energia para ativar ainda mais os projetos nos quais estamos empenhados?
Quando amamos e nos sentimos amados por alguém que admiramos e valorizamos, nossa auto-estima cresce, nos sentimos dignos e fortes. Tornamo-nos ousados e capazes de tentar coisas novas, tanto em relação ao mundo exterior como na compreensão da nossa subjetividade. Em vez de ser um fim em si mesmo, o amor deveria funcionar como um meio para o aprimoramento individual, nos curando das frustrações do passado e nos impulsionando para o futuro. Casais que conseguem vivê-lo dessa maneira crescem e evoluem, e sob essa condição seu amor se renova e se revitaliza.





Por Flavio Gikovate

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

OS VELHOS


Pais heróis e mães rainhas do lar.
Passamos boa parte da nossa existência cultivando estes estereótipos.
Até que um dia o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça.
A rainha do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá prá implicar com a empregada.
O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para outra?
Fizeram 80 anos.
Nossos pais envelhecem.
Ninguém havia nos preparado pra isso.
Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas.
Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez de eles serem cuidados e mimados por nós, nem que pra isso recorram a uma chantagenzinha emocional.
Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo e, o que não sabem, eles inventam.
Não fazem mais planos a longo prazo, agora, dedicam-se a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu.
Estão com manchas na pele.
Ficam tristes de repente. Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos, que relutam em aceitar o ciclo da vida.
É complicado aceitar que nossos heróis e rainhas já não estão no controle da situação.
Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina.
Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo.
Ficamos irritados se eles se atrapalham com o celular e ainda temos a cara-de-pau de corrigi-los quando usam expressões em desuso: Calça de brim? Frege? Auto-de-praça?
Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis.
Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi.
Essa nossa intolerância só pode ser medo.
Medo de perdê-los, e medo de perdermos a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais. É uma enrascada essa tal de passagem do tempo.
Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros, ainda mais quando os outros são papai e mamãe, nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar, e que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós...










Marta Medeiros.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O PRECONCEITO É FILHO DA IGNORÂNCIA



O ser humano, ao longo de toda a sua história, manteve certo medo, ou até mesmo receio pelas coisas diferentes do seu cotidiano.
Sua análise quanto a estas coisas eram baseadas em seus conhecimentos não contestáveis, pois não haveriam sentido acreditar em outras verdades se sua vida se manteve adequada e em um caminho retilíneo até tal diferença surgir.
Mas o que se exige de um ser que possui o raciocínio, é que antes de ter um ato de discriminação, que ele analise tal diferença, para poder compreendê-la.
Para essas pessoas não haveria sentido em acreditar numa outra verdade se a sua está adequada, tal verdade o faz criar certos conceitos para tal diferença, que logicamente estão “corretos”, daí ele cria conceitos a isso precocemente, surgindo o preconceito.
Mas tal preconceito não possui a obrigatoriedade de ser maligno, este pode ser ingênuo, benéfico, inocente, etc.
O ato de ter algum preconceito não é tão condenável, afinal, ele surge de acordo com seu nível de compreensão a certa coisa, mas há uma diferença em ser ignorante e saber, mas não aceitar. O ignorante é aquele que se depara com uma diferença nova para seu mundo, então ele poderá desenvolver diversos preconceitos, até poder entender e aceitar tal diferença, porém quando este não a aceita ele provavelmente desenvolverá atos de discriminação, condenáveis de acordo com a moral, ética e leis vigentes no mundo.
São muitos os tipos de preconceito: Social, racial,sexual, religioso, cultural, político... Por tamanho,peso, beleza... E até níveis intelectuais, tipos de musica...
O que a maioria das pessoas não entendem, é que somos iguais... E que todas estas classes de preconceitos acima citados, são apenas rótulos... E é a partir destes rótulos que o preconceito surge.
Ninguém é mais do ninguém.
Nascemos,crescemos, reproduzimos,envelhecemos e morreremos.
A idéia suja e humilhante de rotular alguém, é nada mais nada menos do que passar por cima do que a pessoa acredita... passar por cima do seu ideal, como se a verdade fosse unica. Absoluta.
Não!
Deus é unico e nos ama da mesma forma.
Se Ele, Pai maior nos ama da forma como somos, quem somos nós pra desprezarmos uns aos outros?
Como num velho e triste ditado diz:
"Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito."
(Albert Einstein)







BLOG MISTÉRIOS DA UMBANDA



quarta-feira, 24 de outubro de 2012

PESSOAS SÃO MÚSICAS



Você já percebeu?
Elas entram na vida da gente e deixam sinais.
Como a sonoridade do vento ao final da tarde.
Como os ataques de guitarras e metais
presentes em cada clarão da manhã.
Olhe a pessoa que está ao seu lado
e você vai descobrir, olhando fundo,
que há uma melodia brilhando no disco do olhar.
Procure escutar.
Pessoas foram compostas para serem ouvidas,
sentidas, compreendidas, interpretadas.
Para tocarem nossas vidas
com a mesma força do instante
em que foram criadas,
para tocarem suas próprias vidas
com essa magia de serem músicas.
E de poderem alçar todos os vôos,
de poderem vibrar com todas as notas,
de poderem cumprir, afinal,
todos os sentidos que a elas
foi dado pelo Compositor.
Pessoas são como você,
com quem temos o prazer de conviver.
Pessoas são músicas,
como você que temos o prazer de ouvir.
Pessoas tem que fazer o sucesso
que lhes desejamos.
Mesmo que não estejam nas paradas.
Mesmo que não toquem no rádio,
APENAS NO CORAÇÃO.









TEXTO COLABORAÇÃO KELLY BERNASCONI

terça-feira, 23 de outubro de 2012

UMBANDA DENTRO E FORA DO TERREIRO



Como sempre dizemos:
Ser umbandista dentro do terreiro é fácil, mas e fora dele? Seguramente isso não é nada fácil.
Como toda religião a Umbanda tem como objetivo aperfeiçoar o espírito, que está em constante evolução. A doutrina Umbandista vem preparando todos nós para que cada vez mais possamos melhorar conosco e com o próximo. Então não basta ser uma pessoa caridosa, bondosa, correta só no terreiro. Devemos dar o nosso maior exemplo fora dele.
O Umbandista não deve provar nada a ninguém, mas suas atitudes são MUITO OBSERVADAS por todos, pois quem não conhece a Umbanda em seus reais fundamentos acreditam que ela não passa de:
· Uma religião sem doutrina
· Não passa de puro fetiche (feitiçaria)
· De militantes ignorantes, que nada tem a oferecer a sociedade atual.
PORTANTO UMBANDISTA DE VERDADE DEVE MOSTRAR:
COM SUA CONDUTA,SUAS ATITUDES TODO O ENSINAMENTO QUE RECEBE DENTRO DO TERREIRO, ATRAVÉS DAS ENTIDADES E DOUTRINA. ESSE É O CAMINHO PARA FAZER A DIVULGAÇÃO E TRAZER O RESPEITO PARA A RELIGIÃO-CIÊNCIA.
A principal missão das entidades do Movimento Umbandista é tão somente prestar a caridade. E por sua vez, a dos médiuns também deveria ser. Mas não apenas no terreiro, mas em todas as áreas da sua vida.
Conhecemos muitas pessoas que se dizem umbandistas, e fora do terreiro tem uma conduta completamente contrária àquilo que pregam. Ora devemos pelo menos ser coerentes com aquilo que falamos e fazemos, não podemos dizer:
“Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”.
NÃO PODEMOS IR CONTRA AQUILO QUE ACREDITAMOS COMO REAL E VERDADEIRO. AQUELES QUE AGEM ASSIM É PORQUE NÃO TEM NENHUMA CONVICÇÃO DO QUE FAZEM.
Os ensinamentos das entidades devem ser aplicados diariamente em nossas vidas.
 O médium incorporante deve registrar aquilo que seu mentor guarda em seu subconsciente durante as consultas, p/ que ele possa aplicar tais ensinamentos no seu dia a dia, em sua própria vida.







Blog CEAB

domingo, 21 de outubro de 2012

A VERDADEIRA UMBANDA



 Tenho muita pena de quem pensa que a Umbanda é um mar de rosas e que todos nossos problemas serão resolvidos a partir do momento em que colocarmos a roupa branca. Muito pelo contrário, a Umbanda, quando aceita de coração e incorporada à nossa vida, nos leva a ficar cara a cara com nossas deficiências e falhas, escancarando nossos sentimentos e apurando nossas verdades. Um verdadeiro vendaval de mudanças internas nos arrasta e transforma o nosso interior preparando o para o bom exercício religioso nos tornando em pessoas melhores e mais organizadas.
Deixa-nos mais fortes e tolerantes, mais sensíveis e piedosos, mais amorosos e mais humildes. Mas os problemas acumulados em nossa existência somente serão resolvidos com nossas vontades e nossas determinações. Portanto somos totalmente livres pra fazermos as nossas escolhas. Mas temos de resolver nossos problemas usando somente nossas capacidades assim como todo ser humano, nunca pelos meios ou facilidades que parecem ser mostradas em nossa umbanda.
Na verdade os nossos guias nos ajudam abrindo nossos caminhos e no orientando
Abrindo assim nossos caminhos para o trabalho de cada dia.
O mau uso dos mistérios astrais, a exigência demasiada com nossos orixás e entidades, a falta de humildade, ou pior ainda, a falsa humildade é tem levado muitos médiuns a total degradação nos dias de hoje.
A Umbanda não foi criada para satisfazer desejos pecaminosos e sonhos de grandezas nem para destruir nossos inimigos com trabalhos de magias negras à base de velas pretas, farofa e outras coisas mais. Tão comentando e até mesmo incentivado por alguns terreiros que se dizem especializados nas maldades caprichosas e pecaminosas de maus seguidores.
O bom trabalhador umbandista deve, acima de tudo, manter a atitude de fé, compaixão, respeito e caridade, união e acima de tudo muita humildade proposta pela lei de Deus. Nunca fazer julgamentos apressados muito menos pedir o que não poderá ser dado. Esse conjunto de atitudes aplicado em sua vida religiosa fará com que o grande médium desabroche em plenitude e você descobrirá encantado, que esse grande médium, até então escondido, era você!

 





Postado por Rosiney Rodrigues da Silva

sábado, 20 de outubro de 2012

DO MUNDO VIRTUAL AO ESPIRITUAL


 Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais.
Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão. Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: “Qual dos dois modelos produz felicidade?”.
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: “Não foi à aula?” Ela respondeu: “Não, tenho aula à tarde”. Comemorei: “Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde”. “Não”, retrucou ela, “tenho tanta coisa de manhã…”. “Que tanta coisa?”, perguntei. “Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina”, e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: “Que pena, a Daniela não disse ‘tenho aula de meditação’!”.
Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso, as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: “Como estava o defunto?”. “Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!”. Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela Internet: não se pega AIDS, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra!
Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais.
A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil – com raras e honrosas exceções – é um problema: a cada semana que passa temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: “Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!”. O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede, desenvolve de tal maneira o desejo que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los aonde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque para fora ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade – a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas…
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno… Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald’s…
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: “Estou apenas fazendo um passeio socrático”. Diante de seus olhares espantados, explico: “Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: ‘Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz’”.




 




* Frei Betto é escritor; autor, em parceria com Luis Fernando Veríssimo e outros, de “O Desafio Ético” (Ed. Garamond), entre outros livros.
http://www.umbandadobem.com/

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

PRECE A ZÉ PILINTRA





” Salve Deus, Pai Criador de todo o Universo, Salve Oxalá, força divina do amor, exemplo vivo de abnegação e carinho. Bendito seja o Senhor do Bonfim. Bendita seja a Imaculada Conceição. Salve Zé Pilintra, mensageiro de luz, guia e protetor de todos aqueles que em nome de Jesus praticam a caridade. Dai-nos Zé Pilintra, o sentimento suave que se chama misericórdia. Dai-nos o bom conselho. Dai-nos a proteção quando pederdes. Dai-nos o apoio, a instrução espiritual de que necessitamos para darmos aos nossos inimigos o amor e a misericórdia, que lhe devemos por amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, para que todos os homens sejam felizes na terra e possam viver sem amarguras, sem lágrimas e sem ódios.Tomai-nos, Zé Pilintra, sob a vossa proteção; desviai de nós os espíritos atrasados e obsessores, enviados pelos nossos inimigos encarnados e desencarnados e pelo poder das trevas. Iluminai nosso espírito, nossa alma, nossa inteligência e o coração, abrasando-nos nas chamas do vosso amor por nosso Pai Oxalá. Valei-me, Zé Pilintra, nesta necessidade, concendendo-me a raça de vosso auxílio junto a Nosso Senhor Jesus Cristo, em favor deste pedido que faço agora.E que Deus, nosso Senhor, em sua infinta misericórdia vos cubra de bênçãos e aumente a vossa luz e vossa força, para que mais possas espalhar sobre a Terra a caridade e o amor de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
  

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A UMBANDA POR LEONARDO BOFF



Quando atinge grau elevado de complexidade, toda cultura encontra sua expressão artística, literária e espiritual. Mas ao criar uma religião a partir de uma experiência profunda do Mistério do mundo, ela alcança sua maturidade e aponta para valores universais.
 É o que representa a Umbanda, religião, nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1908, bebendo das matrizes da mais genuina brasilidade, feita de europeus, de africanos e de indígenas. Num contexto de desamparo social, com milhares de pessoas desenraizadas, vindas da selva e dos grotões do Brasil profundo, desempregadas, doentes pela insalubridade notória do Rio nos inícios do século XX, irrompeu uma fortíssima experiência espiritual. O interiorano Zélio Moraes atesta a comunicação da Divindade sob a figura do Caboclo das Sete Encruzilhadas da tradição indígena e do Preto Velho da dos escravos. Essa revelação tem como destinatários primordiais os humildes e destituídos de todo apoio material e espiritual. Ela quer reforçar neles a percepção da profunda igualdade entre todos, homens e mulheres, se propõe potenciar a caridade e o amor fraterno, mitigar as injustiças, consolar os aflitos e reintegrar o ser humano na natureza sob a égide do Evangelho e da figura sagrada do Divino Mestre Jesus.
 O nome Umbanda é carregado de significação. É composto de OM (o som originário do universo nas tradições orientais) e de BANDHA (movimento inecessante da força divina). Sincretiza de forma criativa elementos das várias tradições religiosas de nosso pais criando um sistema coerente. Privilegia as tradições do Candomblé da Bahia por serem as mais populares e próximas aos seres humanos em suas necessidades. Mas não as considera como entidades, apenas como forças ou espíritos puros que através dos Guias espirituais se acercam das pessoas para ajudá-las.
 Os Orixás, a Mata Virgem, o Rompe Mato, o Sete Flechas, a Cachoeira, a Jurema e os Caboclos representam facetas arquetípicas da Divindade. Elas não multiplicam Deus num falso panteismo mas concretizam, sob os mais diversos nomes, o único e mesmo Deus. Este se sacramentaliza nos elementos da natureza como nas montanhas, nas cachoeiras, nas matas, no mar, no fogo e nas tempestades. Ao confrontar-se com estas realidades, o fiel entra em comunhão com Deus.
 A Umbanda é uma religião profundamente ecológica. Devolve ao ser humano o sentido da reverência face às energias cósmicas. Renuncia aos sacrifícios de animais para restringir-se somente às flores e à luz, realidades sutis e espirituais.
 Há um diplomata brasileiro, Flávio Perri, que serviu em embaixadas importantes como Paris, Roma, Genebra e Nova York que se deixou encantar pela religião da Umbanda. Com recursos das ciências comparadas das religiões e dos vários métodos hermenêuticos elaborou perspicazes reflexões que levam exatamente este título "O Encanto dos Orixás", desvendando- nos a riqueza espiritual da Umbanda. Permeia seu trabalho com poemas próprios de fina percepção espiritual. Ele se inscreve no gênero dos poetas-pensadores e místicos como Alvaro Campos (Fernando Pessoa), Murilo Mendes, T. S. Elliot e o sufi Rumi. Mesmo sob o encanto, seu estilo é contido, sem qualquer exaltação, pois é esse rigor que a natureza do espiritual exige.
 Além disso, ajuda a desmontar preconceitos que cercam a Umbanda, por causa de suas origens nos pobres da cultura popular, espontaneamente sincréticos. Que eles tenham produzido significativa espiritualidade e criado uma religião cujos meios de expressão são puros e singelos revela quão profunda e rica é a cultura desses humilhados e ofendidos, nossos irmãos e irmãs. Como se dizia nos primórdios do Cristianismo que, em sua origem também era uma religião de escravos e de marginalizados, "os pobres são nossos mestres, os humildes, nossos doutores".
 Talvez algum leitor/a estranhe que um teólogo como eu diga tudo isso que escrevi. Apenas respondo: um teólogo que não consegue ver Deus para além dos limites de sua religião ou igreja não é um bom teólogo. É antes um erudito de doutrinas. Perde a ocasião de se encontrar com Deus que se comunica por outros caminhos e que fala por diferentes mensageiros, seus verdadeiros anjos. Deus desborda de nossas cabeças e dogmas.
 

“ Ninguém vale por aquilo que sabe , mais pelo que faz com aquilo que sabe “
LEONARDO BOFF
 



Teólogo Leonardo Boff em: http://leonardoboff.com

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

RELATO DE UM DROGADO



Não sou um personagem importante da história, somente mais um que se perdeu nas ilusões transitórias do vício que vai corroendo nossa vida, nossa família, nossos sonhos aos poucos.
Permitam somente me apresentar como “ Aurélio “ nome que não me pertence, pois quero preservar minha família do desgosto que causei a eles e principalmente a mim mesmo.
 Escrevo hoje pelas mãos de meu professor que me auxilia na composição desta mensagem no intuito de com o meu exemplo que queda moral e humana despertar o coração daqueles que transitam pelo caminho das drogas. Como todo jovem normal, nasci em uma família abastada pelo dinheiro, desde cedo não conheci como muitos a dor de “querer e não ter”, pois meus pais na sede de demonstrarem seu amor acreditavam que mimos, presentes em outras palavras dinheiro construísse a felicidade que deve ser formada em cada lar a custa de diálogo e amor.
Tive uma infância paparicada, as melhores escolas, os melhores professores, ia a eventos em casa de amigos de meus pais, onde o luxo sempre imperava, não tinha noção de que fora daqueles locais muitas almas sofriam o drama da fome, da moradia e do desprezo que a riqueza mal administrada cria com o separatismo social. Cresci e cresceu dentro de mim, uma postura piega, fria onde a revolta sem causa tomava conta de meu ser, mal eu sabia que já ali aos meus 13 anos de idade andava as voltas com meus inimigos de outras épocas que vinham hoje na condição de cobradores de minhas faltas passadas para com os mesmos. No lar, não havia diálogo fraterno em minha família, o dinheiro ou a ganância as vezes não somente cegam como tornam as pessoas frias alimentando um ostracismo e o dialogo não existia em meu lar, onde mais se vislumbrava uma família de aparências do que um lar abençoado por Deus. Querendo fugir de tudo isso, procurar uma respostas para uma ansiedade sem causa que sentia pulsar dentro do meu coração exatamente aos 14 anos fui guiado a um dos “guetos” onde o tráfico de ilusões através das drogas é vendido e ali tive meu primeiro contato com a maconha, mas sabendo que aquele seria o começo de um suplício em minha vida. A sensação da famosa “viagem” era um misto de sono, ilusão mental e inúmeras sensações onde eu ainda jovem tinha a impressão de que andava lado a lado ao meu corpo.
O tempo foi passando, minha vida desregrando, primeiro o abandono nos estudos, depois as faltas na escola para comprar drogas e curtir um barato, já me encontrava as portas de uma faculdade, atrasado em minha jornada estudantil, queria ser médico, dava “status” na época estudar em uma faculdade de medicina e ai me reporto ao ano de 1977, mas meus inimigos ocultos tinham outros planos para mim. Nesta época a maconha já não fazia tanto efeito, veio o álcool e logo conheci a cocaína, ali começava minha queda abismal ao reino das trevas e do sofrimento. Meus pais tardiamente me deram a atenção que eu necessitava, devido ao farrapo humano que me transformei, digo tardiamente pois neste período já em 1981 eu me encontrava com a mente envolta pelas idéias difundidas dos meu perseguidores e isso me levou a ter minha mesada mensal cortada pelo meu pai e a me conduzir por outro caminho obscuro, o roubo. Vendi meus pertences, realizei pequenos furtos em minha residência pois precisava alimentar aquela sede de drogas, de êxtase, de ilusão que vivia quando drogado. No transe causado pela droga ouvia vozes que hora pareciam me acusa, hora me apoiavam e soava algo sarcástico me induzindo a cada vez mais consumir, consumir e consumir sem notar que era conduzido para o esgotamento moral e físico ou se preferirem a morte. Em uma noite em traficante me vendeu a cocaína de sempre, mas notei que a coloração da mesma estava alterada, mas em raciocínio usei a droga da morte e em instantes a sensação era diferente. Senti meu corpo inteiro tremer, não dominava a força dos meus músculos fracos e franzinos traduzindo a condição de farrapo humano, minha língua enrolara na boca e uma tontura me levou a uma queda, já no chão vi várias pessoas a minha volta em condições piores que a minha sorrindo e caçoando da minha aparência, naquele momento eu entrava em contato visual com aqueles que me esperavam sempre do outro lado da vida, lado esse que eu ignorava e julgava fábula ou religiosismo. Naquela noite se encerrava minha vida na carne, mas meu sofrimento somente começava. De súbito cai em sono profundo, mas minha mente ficava ligada como que se eu passa-se por um pequeno sono e logo me vi acordado por um ou algo que se assemelhasse a um trovão.
 Acordado e aterrorizado sentia agora os sintomas da droga em meu corpo, sangravam as vias respiratórias, minha cabeça parecia que explodia de minuto a minuto, meu corpo morria, mas eu estava vivo e a minha frente um grupo de espíritos sombrios e aterrorizantes pelas suas formas iniciavam meu julgamento, se não conhecia posso lhes dizer que ali julgava eu estar nos portais do inferno pagão. Fui julgado, maltratado, rebaixado, sofri flagelos horríveis e experimentei o misto da dor, do desprezo e conheci a miséria moral que me encontrava. Um viciado nunca pensa no depois, somente quer viver o momento em sua vida, o barato é legal ao menos na cabeça de um doente que é o que somos e dificilmente aceitamos esta condição para receber o auxilio e tratamento convenientemente. Não sei relatar quanto tempo sofri naquela região escura, fria, pútrida onde somente se encontrava dor e visões de monstros mitológicos.
Eu estava no “VALE DOS DROGADOS” , onde são levados pela afinidade moral todos aqueles que desencarnam por este motivo. Um dia pela misericórdia divina, mãos amigas me socorreram, amigos que militam no lado escuro da vida para em nome da caridade divina nos socorrer. No estado em que me encontrava era impossível de se movimentar tamanho os traumas e sofrimentos que passei ficando ali abandonado pelos meus perseguidores em meio a lama e o mal cheiro. Viajei não sei quanto tempo, os socorristas vinham como enfermeiros antigos amparados por “guardas” que impediam a turba de espíritos desequilibrados como eu de atacarem o pequeno comboio que se formava com os RESGATADOS. Fiquei durante algum tempo em um posto de serviço onde amável senhora lembrando as escravas da senzala, nos alimentava com caldo reconfortante e sempre nos contava uma das histórias que nos envolviam com amor e esperança de uma nova vida que eu desconhecia até então. O tempo passou, recuperei minha alegria de querer viver, fui conduzido a um hospital escola, onde podia da janela do meu quarto ver e sentir o perfume dos Girassóis.
Vieram as lições do evangelho, os tratamentos que ainda me encontro e hoje em atitude de misericórdia amparado por um de meus professores a oportunidade de lhes alertar o caminho de dor que as drogas constroem.
Vejo todos os dias jovens, adultos, idosos desencarnando e chegando do lado de cá em condições deploráveis devido a inúmeras faltas cometidas desde o seio da família até a fuga de nossas responsabilidades morais.
Meus irmãos se assim posso chama-los sou e conheci a condição de réprobo, mas tive a oportunidade de me renovar, confesso que poderia ter sido menos dolorosa minha trajetória mas eu usei de meu livre arbítrio.
O desejo deste texto é somente alertar pais e filhos da responsabilidade que é a bênção da família, de que temos todos os dias a porta larga ou a estreita para seguir. A vida é uma escolha diária e temos que ter os pés no chão para sabermos qual o caminho que iremos seguir.
Eu trouxe meu exemplo de queda para auxiliar o despertar de muitos que ainda como eu não se aperceberam da armadilha que estão sendo conduzidos. Com o auxilio dos amigos que conheci neste plano de luz estou aprendendo e muito com o evangelho de Jesus e posso lhes afirmar, careta é quem ainda não aprendeu a pratica-lo em suas vidas.
Haverá novas oportunidades de contato por enquanto fica meu desejo de luz nos corações de todos que se ligaram ao mundo das drogas.






AURÉLIO
BLOG CEU.