sábado, 31 de março de 2012

DIRIGENTE DE UMBANDA




DIRIGENTE DE UMBANDA - CARMA OU MÉRITO






Nega véia costuma dizer que a maioria dos presentes que ganhamos tem o papel do pacote mais bonito do que o conteúdo. E esse é um deles. O médium que recebe da espiritualidade a missão de dirigir um agrupamento de outros médiuns, o faz, em primeiro lugar por necessidade de evolução e em segundo lugar porque possui a confiança daqueles que lhe dão tal incumbência.

Vamos falar daqueles que receberam a missão do plano espiritual, traçado feito antes de sua encarnação na terra e não daqueles dirigentes "feitos"  em cursos.
Tarefa mediúnica das mais difíceis e que exige dedicação total daquele espírito reencarnado, além de dose extrema de paciência, perseverança, humildade e amor. Mas ao mesmo tempo, exige dele também pulso firme e forte personalidade para impossibilitar que sua colheita seja prejudicada pela invasão das pestes.
A dificuldade de cumprir a tarefa de dirigente sempre se acentua dentro do terreiro, com os médiuns e muito pouco na caridade com o povo.
Todo médium de tarefa, é um ser encarnado para curar seu espírito endividado e o terreiro é o hospital onde vai se internar por um longo tempo de sua vida na terra. Sabemos que a maioria dos pacientes são impacientes, não é mesmo? E aí é que complica!
O dirigente também não deixa de ser um doente que além de se tratar, agora pode estagiar ajudando aos médiuns de sua corrente "hospitalar".
 Isso não o coloca como um semi-deus perfeito do qual não se admitem mais erros, muito menos como alguém que tudo pode, em qualquer hora e em qualquer situação. Dele será exigido posturas mais firmes bem como entendimento mais apurado. Ele deverá se aprimorar constantemente com estudo e reforma íntima, exigindo da corrente igual compromisso.
 Tais posturas serão necessárias em função do tamanho de sua responsabilidade e dentre elas está a de cortar o mal pela raiz, priorizando sempre a corrente como um todo, sem privilégios a quem quer que seja.
Ao assumir tal posto diante da espiritualidade, antes de reencarnar, já estará consciente de que sua vida não será "comum" e que certamente terá que abdicar de muitas coisas materiais, em favor do lado espiritual.
O termo Pai e Mãe agraciam o médium com a postura de se colocar como tal, amparando, educando e auxiliando a corrente como verdadeiros filhos de seu coração.
 Tarefa mais difícil ainda, pois esses "filhos"  não vieram de seu ventre e não nasceram ontem. São adultos, viciados e com personalidade formada. Cada um com seus egos aflorados, com suas necessidades de reformulação e o fato de  portarem a mediunidade, já os qualifica como devedores em potencial. E certamente, reeducar um adulto é muito mais difícil do que educar uma criança. É pepino torto.
 Observo nos terreiros por onde ando que muito se exige do dirigente e muito pouco se retribui. Falta nos médiuns, desde respeito até aquilo que os deveria mover dentro da corrente, que é amor. Humildade então, meus filhos, é coisa rara.
Nega véia costuma dizer que criança que se cria como bibelô, como tal vai quebrar quando adulto. Todo aquele que não teve rédea firme na infância para domar suas más tendências, vai chegar no terreiro e expô-las de modo a perturbar a ordem do lugar. Hora e vez de impor as leis que regem a Casa, independente do que possa pensar a respeito disso, o médium em questão. Se mesmo indisciplinado, tiver algo de humildade, vai receber o chamamento como aprendizado e ali vai crescer, mas se pelo contrário, além da indisciplina prevalecer nele a arrogância e o orgulho, acolherá como ofensa e infelizmente, o remédio é amargo para essa doença.
A tarefa é tão árdua que muitos desistem na metade da caminhada, outros se corrompem, mas, ainda bem que uma grande maioria volta à casa com sua coroa iluminada pela luz do dever cumprido e a estes, o mérito de conseguir dar um salto em sua evolução.
 Vovó Benta

quinta-feira, 29 de março de 2012

ENTÃO É SEXTA FEIRA



Então é Sexta-Feira




Então Sexta - Feira ele saiu apressado do escritório. Antes de entrar no carro recusou o convite para um copo de cerveja com o pessoal  do trabalho. Ouviu uma ou duas piadas mas nem se importou, já estava acostumado com aquela situação. Seus amigos não entendiam a tamanha dedicação que ele tinha por sua religião.
Chegou em sua casa e foi direto se preparar para o banho, seus pensamentos já estavam todos focados no que aconteceria naquela noite. Passou pelo quintal e pegou uma vasilha com um líquido de ervas dentro. Ele havia preparado no dia anterior, e deixou lá tomando sol e sereno. Alguém lhe dissera que isto potencializava energia daquele macerado .

Banho tomado, líquido com as ervas no corpo derramado, e lá estava ele. Já nem parecia mais o executivo de terno e gravata, celulares e compromissos importantes. Todo de branco, cabelo sem gel e uma felicidade estampada no semblante. Beliscou um pedacinho de pão caseiro que estava sobre a mesa, pois naquela noite não iria jantar.

Olhou no relógio como quem calcula minuto por minuto para não se atrasar. Coração já começara a bater mais forte, pois a semana inteira esperou por este dia. Voltou ao quintal e entrou em algo que parecia um quartinho. No local, em cima de algumas prateleiras forradas com toalhas brancas, imagens, pedras, velas, incensos e um curioso bem estar.

Acendeu uma vela branca bem ao centro, fez suas orações pedindo à espiritualidade que lhe acompanhasse. Olhou para a imagem de um índio que estava na prateleira ao lado, e, em silêncio, como quem fala com o olhar, pediu para ele também lhe acompanhar. Bateu a cabeça naquele altar, respirou fundo e sentiu as batidas de seu coração aumentar.

Logo já estava lá, uma casa simples, porém, muito bem organizada. Na entrada se curvou como quem cumprimenta alguém. Abraçou seus amigos, pediu a benção para uma senhora, guardou uma mochila que trazia com ele. Bateu a cabeça em algo muito parecido com o altar que ele tinha em sua casa, mas bem maior.

Posicionou-se como que fazendo parte de um círculo de pessoas. Todos em silêncio, em oração. Estava ele em uma corrente de irmãos. Fora da corrente, pessoas se acomodavam em bancos. Novos, velhos, pobres, ricos, brancos, pretos e amarelos. Não havia distinção. Todos seriam atendidos naquela noite.
 Reunião de pessoas encarnadas e desencarnadas, em nome do amor. Uma lata perfurada, com ervas sobre a brasa, é passada de um lado para outro. Nesta hora seu coração ficou sereno. Não está mais ansioso, está entregue de corpo, alma e pensamento. Pedindo a Deus que faça dele seu instrumento.

Mais adiante, depois de algumas canções e palmas, ouve-se uma letra que fala das matas, dos nativos da floresta. Seu pensamento se volta até a imagem do índio com quem trocou olhares em sua casa. Sente então uma presença ao lado, e mesmo sem nada ver, sabe que é ele que está ali. Sabe que ele lhe escutou, atendeu seu pedido e lhe acompanhou.

Nesse momento seu coração novamente disparou. Toda a espera da semana, as preparações que antecederam este momento e a recusa do copo com o pessoal do trabalho. Seu mentor unido a ele espiritualmente para mais uma noite de caridade, mais uma noite cumprindo sua missão. Mais uma noite na VIDA DE UM MÉDIUM DE CORAÇÃO.

Vida de um Médium  Ricardo Barreira

quarta-feira, 28 de março de 2012

ESTÍMULOS DA ESPIRITUALIDADE


Estimulos da Espiritualidade



Um dia lá estava ele, como em toda segunda-feira, tentando se concentrar para atrair a positividade do ambiente para seu lado. Fez sua primeira oração sozinho, buscando à concentração, depois todos os médiuns juntos fizeram a prece inicial para a abertura dos trabalhos. Mal sábia ele que esse dia seria diferente.

Depois de o grupo mediúnico acenderem suas velas para seus mentores e baterem cabeça, começou o ritual da defumação. Ele estranhamente começa a sentir seu coração "apertar", naquele momento em que o defumador começa a defumar. Não tarda muito, chega a vez dele de passar pelo defumador. Nosso querido médium sente um alívio imediato e fica mas suscetível as boas vibrações.

Ele, ainda um pouco egoísta pensa o tempo todo só em si e em seus mentores, não enxerga o que está ao seu redor e não se preocupa com os que estão ali esperando uma assistência espiritual. Mas nada de estranho ou maldoso é só a maturidade que ainda não bateu a sua porta. Tudo muito compreensível para um médium ainda iniciante.

Chega a hora de cantar para os pretos-velhos, e ele sente cada vez mais forte algo que não sabe explicar. Sente suas costas quererem se curvar, sente um amor inexplicável que não sabe de onde vem, sente uma paz que não sentirá em nenhum outro lugar da Terra. Tanta luz, tanta paz e tanto amor.Foi a primeira vez que seu mentor "desceu".

O tempo passou e ele amadureceu um pouco mais, mas ficava a se perguntar " Por que meu mentor desceu tão forte daquela vez e hoje em dia custa tanto para eu sentir sua vibração?" A resposta veio simples e singela. " Meu filho fazemos isso para atrair a atenção do médium, ou seja de quem for, gerar o interesse pela vida espiritual. Às vezes as pessoas precisam de um estímulo para continuarem tentando e tendo fé. O estimulo que dei a você foi esse, de mostrar que eu estava ali naquele momento. Utilizamos vários métodos para chamar a atenção das pessoas para a vida espiritual, meu filho."

Não deixe passar despercebido o estimulo ou o "sinal" que a espiritualidade se esforça tanto para mostrar a você. Busque sempre estar perceptível ao mundo espiritual.
 Pai Francisco.

terça-feira, 27 de março de 2012

UMBANDA É ARTE,CIÊNCIA, FILOSOFIA OU RELIGIÃO ?


INHAS DE UMBANDA

Umbanda é Arte, Ciência, Filosofia ou Religião?




Umbanda é arte quando mantém vivas as raízes dos povos ancestrais no que concerne ao seu conhecimento do uso da força da natureza, seus rituais, sua língua, sua cultura, etc.
Umbanda é ciência quando dentro da lógica e da razão explica as forças fluídicas e energéticas do universo e as coloca a serviço do ser humano.
Umbanda é filosofia quando na palavra de um Caboclo, Preto Velho ou mentor, ensina a filosofia de vida que gera a evolução, que modifica o pensamento, que preconiza a reforma interior, encoraja os menos fortes na busca das virtudes.
Umbanda é religião quando oferece a quantos dela procuram a caridade da palavra amiga, da compreensão, do conforto devolvendo a sofridos espíritos encarnados a esperança, o amor, a resignação e a certeza de que não estão sós em seus caminhos.

A Umbanda transformou-se em religião em 23 de março de 1973.
Nessa época, as cadeias estavam cheias de de pais-de-santo, babalorixás, ialorixás, sacerdotes e afins, pois cultuar religiões que não estavam devidamente registradas era considerado crime.
O presidente da República Emílio Garrastazu Médici pressionou o então Ministro da Justiça Armando Falcão com o objetivo de transformar a Umbanda em religião para que assim, legalmente religião, poderia soltar os presos de cunho religioso, liberando os espaços para as reais necessidades da lei.
Assim nasceu a Umbanda como religião reconhecida pelas leis brasileiras.

segunda-feira, 26 de março de 2012

O CRESCIMENTO ESPIRITUAL



O CRESCIMENTO ESPIRITUAL





O crescimento espiritual é o processo de despertar interno, e de tornar-se consciente do nosso ser interno. Significa o aumento da consciência além da existência ordinária, e o despertar para algumas verdades universais. Significa ir além da mente e do ego e realizar quem você é realmente.

O crescimento espiritual é um processo de verter nossas concepções, pensamentos, opinião e idéias, e tornar-se errados e irreais cada vez mais consciente e ciente de nosso ser interno.

Este processo descobre o espírito interno que está sempre atual, mas escondido além da ego-personalidade. O crescimento espiritual é de grande importância para todos, não somente para os povos que procuram a iluminação espiritual e escolhem viver em lugares isolados.

O crescimento espiritual é a base para uma vida mais harmoniosa para todos, uma vida livre da tensão, do medo e da ansiedade.

Descobrindo quem nós somos realmente então nós tomamos uma aproximação diferente à vida. Nós aprendemos a não deixar circunstâncias exteriores influenciar nossos ser e estado de ânimo internos.

Nós manifestamos a compostura e o destacamento, e nós desenvolvemos o poder e a força internos, que são ferramentas muito úteis e importantes.

O crescimento espiritual não é o meio para escapar das responsabilidades, comportar-se estranha e assentar bem em uma pessoa com pouco prática. É em uma pessoa mais forte, mais feliz e mais responsável do método do crescimento e de se trabalhar bem.

Você pode andar no trajeto do crescimento espiritual, e ao mesmo tempo viver o mesmo tipo de vida que todos vivem.

Você não tem que viver uma vida isolada em algum lugar triste. Você pode ter uma família, trabalhar ou ter um negócio próprio, no entanto ao mesmo tempo acoplá-lo nas práticas que conduzem ao crescimento interno.

Uma vida equilibrada exige que nós cuidemos não somente das necessidades do corpo, dos sentimentos e da mente, mas igualmente do espírito, e este é o papel do crescimento espiritual.

Umbanda : Reino da Paz

domingo, 25 de março de 2012

NOSSOS UMBIGOS


NOSSOS UMBIGOS





O terreiro de Umbanda, como um hospital de almas ou pronto socorro emergencial, recebe nos dias de sessão ou "gira" uma quantidade razoável de encarnados, mas somente os espíritos desencarnados que lá trabalham, é que podem vislumbrar a imensidão de desencarnados que se movimentam no ambiente, em busca de ajuda. Ordenados e amparados por seus tutores, chegam estropiados e com aparência assustadora, uma vez que em sua maioria representam aqueles que cansaram ou esgotaram suas forças, na vida andarilha do pós-morte do corpo físico.
Voltam a pátria espiritual e dela não tem conhecimento e sem noção da continuidade da vida, quando não, desconhecem até mesmo sua condição de espírito desencarnado e por isso continuam a sentir os desejos, ambições, gostos e dores da vida física e nesse caminho, definham suas energias.
Quando conseguem alcançar algum vislumbre de consciência de sua realidade, permitem a ajuda dos benfeitores que os encaminham a algum local sagrado, onde medianeiros encarnados possam ajudá-los através do choque anímico, permitindo o total desligamento da matéria. Neste momento os chamados Centros Espíritas e de Umbanda, tornam-se "oásis" em seus desertos e como pontes entre os céu e a terra, permitem a passagem de volta à casa.
Naquela noite chuvosa e fria, a maioria dos médiuns daquele terreiro, ressentidos pela dificuldade de deixarem o conforto dos lares, faltaram ao trabalho espiritual e o dirigente preocupado com o atendimento dos doentes que se apinhavam no espaço que dia-a-dia se tornava pequeno, ajoelhou-se em frente ao congá, assumindo sua tristeza diante dos Guias espirituais. Deixou correr duas lágrimas para aliviar seu peito angustiado. Pensou em como fora seu dia e nas atribulações a que já deveria estar acostumado, mas que agora pesavam mais pela saúde que já lhe faltava. Nas dificuldades financeiras, no aluguel da casa que já vencera e nos tantos atrapalhos que ocorreram em seu ambiente de trabalho naquele dia. Sem contar na visita que viera de longe e que deixara em casa esperando pela sua volta do terreiro. Nada disso o impediu de fazer uma prece no final do dia, de tomar seu banho de ervas e seguir a pé até o terreiro, enfrentando a distância e o temporal que se fazia.
Sentia-se feliz em cumprir sua tarefa mediúnica, mas como havia assumido abrir um "hospital de almas", juntamente com outros irmãos que se responsabilizaram perante a espiritualidade em servir à caridade pelo menos nos dias de atendimento ao público, sabia que sozinho pouco podia fazer.
Pedindo perdão aos guias pela sua tristeza e talvez incompreensão em ver os descaso dos médiuns, que a menor dificuldade, escolhiam cuidar dos próprios umbigos à servir aos necessitados, solicitou que se redobrasse no plano espiritual a ajuda e que ninguém saísse dali sem receber amparo.
Olhando a imagem de Oxalá que mesmo ofuscada pelas lágrimas, irradiava sua luz azulada, sentiu que algo maior do que a lamparina aos pés da figura, agora brilhava. Era uma energia em forma de fios dourados que se distribuíam, a partir do coração do Cristo e que cobriam os poucos médiuns que oravam silenciosos, compartilhando daquele momento, entendendo a tristeza do dirigente.
Agindo como um bálsamo sobre todos, iniciaram a abertura dos trabalhos com a alegria costumeira. Quando o mentor espiritual se fez presente através de seu aparelho, transmitiu segurança a corrente, com palavras amorosas e firmes e nesse instante, falangeiros de todas as correntes da Umbanda ali "baixaram" e utilizando de todos os recursos existentes no mundo espiritual, usaram ao máximo a capacidade de cada médium disponível, ampliando-lhes a percepção e irradiação energética, o que valeu de um trabalho eficiente e rápido.
Harmoniosamente, os trabalhos encerraram-se no horário costumeiro e todos os necessitados foram atendidos.
Desdobrados em corpo astral, dois observadores descontentes com o final feliz, esbravejavam do lado de fora daquele terreiro. Sua programação e intenso trabalho para desviar os médiuns da casa naquela noite, no intuito de enfraquecer a corrente e consequentemente, infiltrarem suas "entidades" no meio dela, havia falhado. Teriam que redobrar esforços na próxima investida.
Quando as luzes se apagaram e a porta do terreiro fechou, esvaziando-se a casa material, no plano espiritual, organizava-se o ambiente energético para logo mais receber os mesmos médiuns, agora desdobrados pelo sono.
Passava da meia noite no horário terreno e os médiuns, agora em corpo de energia voltavam ao mesmo local do qual a pouco haviam saído. Os aguardavam, silenciosos ouvindo um mantra sagrado, seus benfeitores espirituais. Tudo estava muito limpo e perfumado por ervas e flores. Um a um, ao adentrar, era conduzido a uma treliça de folhas verdes e convidado a deitar-se, recebendo ali um banho de energias revigorantes. Quando todos já se encontravam prontos, seguiram em caravana para os hospitais do astral e lá, como verdadeiros enfermeiros, auxiliaram por horas a fio a tantos espíritos que horas antes haviam estado com eles no terreiro e recebido os primeiros socorros.
No final da noite, o canto de Oxum os chamava para lavarem a "alma" em sua cachoeira e assim o fizeram, para somente depois retornar aos seus corpos físicos que se permitia descansar no leito.
-Vó Benta, mas e aqueles médiuns que faltaram ao terreiro naquela noite, perderam de viver tudo isso?
-Nem todos zi fio! Nem todos! Dois ou três deles, faltaram por necessidades extremas e não por desleixo e assim sendo, se propuseram antes de dormir, auxiliar o mundo espiritual e por isso foram convidados a fazer parte da caravana.
- E aqueles que mesmo não tendo comparecido por preguiça, se ofereceram para auxiliar durante o sono, não foram aceitos?
-A preguiça, bem como qualquer outro vício, é um atributo do ego e não do espírito, mas que reflete neste. Perdem-se grandes e valiosas oportunidades a todo instante pela insensatez de ouvirmos o ego e suas exigências. O tempo, zi fio, é oportunidade sagrada e dele se faz o que bem quer cada um. O minuto passado, não retorna mais, pois o tempo renova-se constantemente. O amanhã nos dirá o que fizemos no ontem e esse tempo que virá é nosso desconhecido, por isso não sabemos se nele ainda estaremos por aqui servindo ou se em algum lugar, clamando por ajuda de outros que poderão alegar não ter tempo para nós, pois precisam cuidar de seus umbigos.
Assim é a vida, zi fio. Contínua troca!

Vovó benta - Umbanda com Amor.

quinta-feira, 22 de março de 2012

SITIOS VIBRACIONAIS



Sitios Vibracionais




Sítios vibracionais são os lugares da natureza, consagrados à Corrente Astral de Umbanda, desde épocas remotas, pelo Astral Superior. Como exemplo destes lugares, podemos citar: matas, cachoeiras, pedreiras virgens, praias, campinas e o mar. Estes lugares são de extrema importantância para os seres humanos, pois lá temos a possibilidade de "recarregar" nossas energias, através das vibrações dos espiritos puros da natureza.
Os congás, dentro dos inúmeros templos de Umbanda, possuem exatamente esta função, de trazer para dentro dos terreiros  as vibrações puras da natureza, afim de revitalizar e equilibrar os corpos mentais, astrais e físicos dos médiums e consulentes. Desta forma, são utlizados cristais, conchas, pedras, e outros elementos afins à natureza, os quais serão abordados mais profundamente em nosso próximo site.
Voltando ao assunto, é lamentável que inúmeros irmãos praticantes, por ignorância, façam desses sagrados ambientes depósitos de sujeiras, quer materias , quer astrais (ou melhor: psicoastrais). Sim! Porque comum se verificar, nas cochoeiras, praias, matas,etc..., os mais absurdos, rasteiros e grosseiros materiais que por ali depositam a título de "preceitos" , ou de oferendas.
É comum verem-se panelas, alguidares, garrafas, fitas, velas, bruxas de pano, alfinetes, assim como rabadas de porco, carnes sangrentas, e até sangue de puros animais abatidos... Isso é crassa ignorância, é cega maldade! É desconhecimento completo do valor sagrado, espiritual e vibratório desses sítios, dos que assim procedem.
Esses ambientes elementais, consagrados à Corrente  Astral de Umbanda, não são próprios para sintonizarem com ondas de pensamentos sujos, negativos e ainda mais ligados a coisas materiais inferiores e relacionadas com os movimentos de magia negra. Estes sítios da natureza são condensadores de energia ou de correntes eletromagnéticas positivas. São, por isso mesmo, indicados e propiciatórios para os reajustes vibratórios dos filhos-de-fé da Umbanda e devem merecer o respeito e uso adequado.
Então, compete ao umbandista consciente respeitar e fazer respeitar, contribuindo,tanto quanto possível, para que esses sítios sagrados conservem sua natureza local limpa. E é um dever, quando se chegar nesses locais, varrê-los das sujeiras materiais que encontrarem, isto é, recolherem os restos de oferendas grosseiras, inadequadas e fazer uma buraco e enterrá-los. Estarão assim prestando um grande serviço ãs verdadeiras entidades de nosssa Umbanda.
E não tenham medo de o fazer. Nada acontecerá, porque terão, imediatamente, o beneplácito de cima, para isso...

quarta-feira, 21 de março de 2012

ERVAS NA UMBANDA

ERVAS NA UMBANDA 
















O por quê da sua utilização?
Porque as ervas estão presentes em todas as religiões, dentro de todos os rituais religiosos, desde sempre. E a Umbanda é a religião da natureza. Da natureza elemental e da natureza humana.
As ervas são organismos vivos. Há uma vida espiritual contida em cada erva. Isso é chamado de *Imanescência Divina, o espírito vivo de Deus que anima tudo. Dos elementos da natureza o mais parecido com o da natureza humana é o vegetal, pois ele nasce, cresce, se reproduz e morre. Esse espírito vivo possui características energéticas definidas pela vibração passada aos organismos à sua volta. Essa vibração magnética é polarizada, ou seja, pode ser positiva ou negativa. Então, uma erva é atribuída a um orixá por analogia vibratória. Energia que está presente na vibração do orixá com a energia que está presente na vibração da erva.
Para o uso correto de uma erva é necessário saber: o nome da erva e o verbo atuante. **Verbo é o poder realizador divino, é o poder de transformação, consequentemente é magia. O que movimenta ou ativa o poder realizador é o propósito, a intenção.
Uma mesma erva pode proporcionar mais de um poder realizador. Como exemplo a hortelã que é antigripal, vermífugo, estimulante, refrescante, etc.
Uma mesma erva pode ser atribuída a varios orixás. Não pela sua cor, seu formato ou seu visual, e sim pela vibração. Afinal, os orixás estão ligados entre si.
Pode-se usar ervas frescas ou ervas secas. A erva fresca carrega em si a imanescência divina, o fator vegetal e o fator aquático. A erva seca carrega todos os fatores anteriores e mais ainda o fator concentrador, pois sofre o processo de desidratação. Qual é a melhor?
A melhor é aquela indicada pelo seu guia ou protetor de acordo com a necessidade. Ou ainda, nos dias corridos de hoje, a que está mais fácil de se obter. Também sempre lembrar que a lua influencia na quantidade de água na planta. Em luas cheias e crescente haverá mais água nas folhas, e em luas nova e minguante, nas raizes.
As ervas são classificadas como Quentes ou Agressivas, Mornas ou Equilibradoras e Frias ou Específicas. Isso não é uma classificação de acordo com a temperatura da erva, e sim de acordo com seus fatores.
As ervas quentes ou agressivas carregam o poder de agredir estruturas energéticas negativas. Dissolvem larvas astrais, miasmas e cascões energéticos. São muito usadas pelos exus, pelo campo de ação deles, pois atuam na natureza humana, nas linhas de choque (demandas, magias negativas, projeções mentais, etc.). Seus verbos mais utilizados são: limpar, consumir, purificar, dissolver, descarregar. Exemplos mais comuns de ervas quentes: cacto, urtiga, arruda, guiné, comigo-ninguém-pode.
As ervas mornas ou equilibradores carregam o poder de equilibrar, tornar magneticamente receptivo, adequar o padrão energético para não atrair o semelhante. Reconstitui a aura que pode ter sido “esburacada” por cargas negativas. Seus verbos mais utilizados são: equilibrar, manter, adequar, fluir, restaurar, energizar. Exemplos mais comuns das ervas mornas são: hortelã, alevante, sálvia, alfazema, alecrim.
As ervas frias ou específicas tem o seu poder de atuação depois de limpar e de equilibrar. São usadas para mediunidade, para atrair bons fluidos, para prosperidade, para fitoterapia, etc. Exemplos mais comuns de ervas frias são: rosa, anis, jasmim, malva, café, louro, melissa, manjericão.
Observar que uma erva pode ser ao mesmo tempo quente, morna e fria, pois carrega mais de um fator realizador. Os padrões energéticos se complementam, nunca se anulam. Então, por exemplo, pode-se associar o uso de todas elas na preparação de um banho. Neste caso volto a frisar a palavra mágica “intenção”. Sempre colocar intenção no uso de uma erva. E esperar o merecimento...
Quando é falado em erva subentende-se  toda a planta: raiz, caule, folhas, frutos e sementes. Existem também as resinas, que são a seiva vegetal endurecida extraídas da casca das árvores, muito usadas em defumações.
Nossa Umbanda
Conceito , Ciência e Religião.

segunda-feira, 19 de março de 2012

O QUE SÃO PONTOS CANTADOS



O QUE SÃO PONTOS CANTADOS?




 Um dos fundamentos de vital importância para a harmonização e eficácia dos trabalhos dentro de um templo umbandista é, sem dúvida, o que diz respeito aos Pontos Cantados (curimbas).
Em tempos imemoriais, o homem materialista e ligado quase que exclusivamente aos aspectos físicos que o circundavam, tomado de profundo vazio consciencioso, resolveu traçar caminhos que o fizesse resgatar a verdadeira finalidade de sua existência. Alicerçado em princípios aceitáveis, passou a buscar o elo de ligação para com o Criador, a fim de se redimir do tempo perdido e desvirtuado para outras ações.
Uma das formas encontradas para a reaproximação com o Divino foi a música, onde se exprimiam o respeito, a obediência e o amor ao Pai Maior. Desta forma, os cânticos tornaram-se um atributo socio-religioso, comum a todas as religiões, onde cada uma delas, com suas características próprias, exteriorizavam sua adoração, devoção e servidão aos desígnios do Plano Astral Superior.
A Umbanda, nossa querida religião anunciada no plano físico em 15 de novembro de 1908, em Neves, Niterói – RJ, pelo espírito que se nominou Caboclo das Sete Encruzilhadas, também recepcionou este processo místico e religioso da expressão humana. Nos vários terreiros espalhados pelas Terras de Pindorama (nome indígena do Brasil), observamos com fé, respeito e alegria os vários pontos cantados ou curimbas, como queiram, sendo utilizados em labores de cunho religioso ou magístico.
Em realidade os Pontos Cantados são verdadeiros mantras, preces, rogativas, que dinamizam forças da natureza e nos fazem entrar em contato íntimo com as Potências Espirituais que nos regem. Existe toda uma magia e ciência por trás das curimbas que, se entoadas com conhecimento, amor, fé e racionalidade, provocam, através das ondas sonoras, a atração, coesão, harmonização e dinamização de forças astrais sempre presentes em nossas vidas.
Quanto à origem, os pontos cantados dividem-se em Pontos de Raiz (enviados pela espiritualidade), e Pontos terrenos (elaborado por pessoas diretamente) Os Pontos de Raiz ou espirituais jamais podem ser modificados, pois constituem-se em termos harmoniometricamente organizados, ou seja, com palavras colocadas em correlação exata, que fazem abrir determinados canais de interação físico-astral, direcionando forças para os mais diversos fins. No que concerne aos Pontos cantados terrenos, a Espiritualidade os ceita, desde que pautados na razão, bom senso, fé e amor de quem os compõe
Quanto à finalidade, os Pontos Cantados podem ser:
Pontos de chegada e partida; Pontos de vibração; Pontos de defumação;Pontos de descarrego; Pontos de fluidificação; Pontos contra demandas; Ponto de abertura e fechamento de trabalhos; Pontos de firmeza; Pontos de doutrinação; Pontos de segurança ou proteção (são cantados antes dos de firmeza); Pontos de cruzamento de linhas; Pontos de cruzamento de falanges; Pontos de cruzamento de terreiro; Pontos de consagração do Congá e outros mais, consoante à finalidade a que se destinam.
Vimos pelo acima exposto que as curimbas, por serem de grande importância e fundamento, devem ser alvo de todo o cuidado, respeito e atenção por parte daqueles que as utilizam, sendo ferramenta poderosa de auxílio aos Pretos-Velhos, Caboclos, Exus e demais espíritos que atuam dentro da Corrente Astral de Umbanda.
FONTE  A.E.V.B. EDITADO.

sábado, 17 de março de 2012

O EXEMPLO É NOSSO



O EXEMPLO É NOSSO

O exemplo é nosso!
Falar de Umbanda é algo difícil para muitos umbandistas, na maioria das vezes a fala contém uma incisiva conotação defensiva e justificada, é quase automático esclarecer o porquê da escolha dessa religião salientando sempre que na Umbanda não se faz matança e assim por diante.

É fato que muitas vezes esperamos uma reação negativa ou irônica daquele que desconhece a Umbanda assim como todos seus fundamentos e poder de realização.

Chego à conclusão que só existem duas formas de criar essa valorização religiosa tão necessária para a Umbanda: primeiro pelo EXEMPLO e segundo pelo SABER.

Acredito ser incoerente o médium umbandista dizer que a Umbanda não faz magia negra se seus pensamentos e atos desejam e fazem o mal ao próximo ou se seus desejos são tão importantes que estão acima de qualquer coisa e de qualquer pessoa.

Não dá para o umbandista falar que a Umbanda não faz e não é milagre se o próprio “pede” continuamente soluções aos Guias Espirituais se isentando de qualquer responsabilidade.

Pedir é Pedir em qualquer situação. Como dizer que a Umbanda não pratica matança se tanto lixo é jogado nas ruas, praias, matas e cachoeiras? Afinal lixo mata! Inclusive o ser humano.
Acredito também que o Saber é fundamental para qualquer coisa que se queira valorizar. Se não sabemos o que é a Umbanda como falar da Umbanda? Se não sabemos diferenciar um Guia de um Orixá, se não sabemos de nossas obrigações e deveres como médiuns umbandistas, se não sabemos responder as perguntas pertinentes sobre a nossa religião como querer que o outro compreenda-a?
Estudar é fundamental e dar exemplos é essencial para vivenciar plenamente a Umbanda sem medo e sem constrangimento.

Também é importante seguir uma tradição religiosa, respeitar as hierarquias e a ancestralidade, afinal são pontos fundamentais de nossa Umbanda e devem ser compreendidos e praticados com valor e respeito.

Pensar em Umbanda é pensar em disciplina e postura. É compreender que o médium é a peça mais importante para a manifestação da religião.

Portanto, a visão que as pessoas terão sobre a Umbanda será o reflexo das atitudes dos médiuns umbandistas, dentro e fora de uma gira de atendimento.

Somos nós, médiuns umbandistas, que precisamos fazer algo diferente e significativo pela Umbanda. Somos nós que temos que dar exemplo de sua ação em nossa vida e somos nós que temos que responder as perguntas da sociedade, mesmo porque quando perguntarem algo sobre a Umbanda não poderemos incorporar o Preto Velho para dar a resposta em nosso lugar, não é mesmo?

Texto de Mãe Monica de Caraccio.

quinta-feira, 15 de março de 2012

JOVENS SEJAM BEM VINDOS

JOVENS SEJAM BENVINDOS A UMBANDA
           A CASA É DE VOÇÊS





É muito importante entendermos que as religiões precisam construir seu futuro e para isso, devem preparar os seus integrantes desde a infância para que ao chegarem à idade adulta possam dar continuidade aos preceitos e rituais com conhecimento e segurança.
É fundamental que essa informação contenha noções básicas sobre moral, ética, cidadania, orientações para a vida, orientações da religião Umbanda em relação a sua história, tradição, rituais e fundamentos. Pois, é através dessa formação que são construídos os laços religiosos no coração e no espírito de seus adeptos que no futuro serão seus mantenedores.
A Umbanda é uma religião mediúnica! Mas, não devemos esquecer que existem mais de 100 modalidades de mediunidade, e dentre elas, a de incorporação que é a mais visível nos Terreiros, porém não é a única forma de expressão de nossa religião. Todos os integrantes de um Templo de Umbanda, desde a assistência até aos que trabalham na Gira, são Filhos de Fé. Cada um se equilibrando e harmonizando de acordo com sua missão mediúnica.
A Umbanda deve e tem que preocupar-se com o seu futuro. Não só pela sua missão de caridade e orientação ao próximo como também no sentido para que se formem pessoas melhores e esclarecidas que construirão o mundo do futuro de forma mais consciente e fraterna, consequentemente estará plantando a sua continuidade no nosso Planeta Azul. Esta atenção é um dos itens que fazem parte da responsabilidade da nossa Umbanda, isto é, irradiar a base dos ensinamentos do Mestre Jesus, nosso Médium Supremo, às novas gerações.
Devemos criar um determinado espaço e horário, seja semanal, quinzenal ou mensal para palestras, bate papos e aulas que informem sobre a vida, a religião Umbanda,  suas mensagens, moral, mediunidade, ética, como vivenciar a espiritualidade no dia a dia, assim formando o Homem cidadão e o Umbandista do amanhã.
É muito importante também que os instrutores que vão desempenhar tal tarefa se reciclem com informações, conhecimentos e amor. Se alegrem para receber esses espíritos jovens cheios de energia, disposição e curiosidade. É indispensável que os instrutores tenham disposição e humildade para ouvi-los e esclarecê-los, que falem a sua linguagem, os respeitem, compreendam e os enterneçam.
A Umbanda precisa criar em suas crianças e adolescentes o orgulho sadio e a alegria de pertencer a uma religião Fraterna e de terem o conhecimento suficiente para poder falar e explicar sobre a Umbanda quando estiverem e forem perguntados por seus familiares, amigos e colegas, seja na escola ou outros lugares de convivio social. As crianças e adolescentes Umbandistas sofrem muitas vezes discriminações e constrangimentos pelo fato de não saberem informar, explicar em uma conversa o que é a Umbanda. É também importante para eles que tenham conhecimento não somente da Umbanda como uma visão geral de outras religiões. Enaltecendo a saudável convivência com a diversidade, respeito e liberdade religiosa.
As crianças de nossos dias e os adolescentes são a geração do 3º Milênio. Espíritos que tem um enorme banco de dados de conhecimento acumulado e que estão nascendo numa Era de informações ultra dinâmicas, a globalização, onde o tempo se torna cada vez mais curto, e os pais cada vez menos presentes, devido principalmente, à busca da sobrevivência do dia a dia. Esse grupo de jovens necessitam e são permeáveis de uma base sólida, pois serão eles o futuro da Umbanda , do País e do Planeta.
Se os Umbandistas não perceberem que “quem sabe faz a hora! E a hora é essa!”, em relação a urgência e necessidade de informar e formar suas crianças e jovens, estarão então abrindo mão da sua responsabilidade para com o futuro e serão cobrados pelo que deixaram de fazer para essas novas gerações.
Umbandistas reflitam sobre o assunto! Socorrer, orientar, amparar, ouvir, aprender, ensinar e sedimentar o Bem, a Fé e o Amor nos corações das próximas gerações é tarefa de todos os Filhos de Fé.
Nossos jovens além de sentir! Precisam ver e ouvir! Através da irradiação do conhecimento a verdadeira face da Umbanda, uma religião conforme as orientações de seu fundador na materialidade o Caboclo das Sete Encruzilhadas, a Umbanda é antes de tudo, Ética! Caridade! Ecologia! Pois respeita a natureza, os animais, enfim, todos os seres vivos! Formando uma Rede de Fraternidade no Planeta Azul rumo à Nova Era no caminho ao Astral Superior.


Fonte: http://taniawentzel.blogspot.com/

quarta-feira, 14 de março de 2012

ZÉLIO FERNANDINO DE MORAES


ZÉLIO  FERNANDINO DE MORAES



CORRENTE ASTRAL DA UMBANDA
Zélio Fernandino de Moraes nasceu no dia 10 de abril de 1891, no distrito de Neves, município de São Gonçalo - Rio de Janeiro. Aos dezessete anos quando estava se preparando para servir as Forças Armadas através da Marinha aconteceu um fato curioso: começou a falar em tom manso e com um sotaque diferente da sua região, parecendo um senhor com bastante idade. À princípio, a família achou que houvesse algum distúrbio mental e o encaminhou ao seu tio, Dr. Epaminondas de Moraes, médico psiquiatra e diretor do Hospício da Vargem Grande. Após alguns dias de observação e não encontrando os seus sintomas em nenhuma literatura médica sugeriu à família que o encaminhassem a um padre para que fosse feito um ritual de exorcismo, pois desconfiava que seu sobrinho estivesse possuído pelo demônio. Procuraram, então também um padre da família que após fazer ritual de exorcismo não conseguiu nenhum resultado. Tempos depois Zélio foi acometido por uma estranha paralisia, para o qual os médicos não conseguiram encontrar a cura. Passado algum tempo, num ato surpreendente Zélio ergueu-se do seu leito e declarou: "Amanhã estarei curado".
No dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido. Nenhum médico soube explicar como se deu a sua recuperação. Sua mãe, D. Leonor de Moraes, levou Zélio a uma curandeira chamada D. Cândida, figura conhecida na região onde morava e que incorporava o espírito de um preto velho chamado Tio Antônio. Tio Antônio recebeu o rapaz e fazendo as suas rezas lhe disse que possuía o fenômeno da mediunidade e deveria trabalhar com a caridade.
O Pai de Zélio de Moraes Sr. Joaquim Fernandino Costa, apesar de não freqüentar nenhum centro espírita, já era um adepto do espiritismo, praticante do hábito da leitura de literatura espírita. No dia 15 de novembro de 1908, por sugestão de um amigo de seu pai, Zélio foi levado a Federação Espírita de Niterói. Chegando na Federação e convidados por José de Souza, dirigente daquela Instituição sentaram-se a mesa. Logo em seguida, contrariando as normas do culto realizado, Zélio levantou-se e disse que ali faltava uma flor. Foi até o jardim apanhou uma rosa branca e colocou-a no centro da mesa onde realizava-se o trabalho. Tendo-se iniciado uma estranha confusão no local ele incorporou um espírito e simultaneamente diversos médiuns presentes apresentaram incorporações de caboclos e pretos velhos. Advertidos pelo dirigente do trabalho a entidade incorporada no rapaz perguntou:
- Porque repelem a presença dos citados espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens. Seria por causa de suas origens sociais e da cor?
Após um vidente ver a luz que o espírito irradiava perguntou:
- Porque o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram quando encarnados, são claramente atrasados? Por que fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome meu irmão?
Ele responde:
- Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho, para dar início a um culto em que estes pretos e índios poderão dar sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim.
O vidente ainda pergunta:
- Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?"
Novamente ele responde:
-Colocarei uma condessa em cada colina que atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei.
Depois de algum tempo todos ficaram sabendo que o jesuíta que o médium verificou pelos resquícios de sua veste no espírito, em sua última encarnação foi o Padre Gabriel Malagrida.
No dia 16 de novembro de 1908, na rua Floriano Peixoto, 30 - Neves - São Gonçalo - RJ, aproximando-se das 20:00 horas, estavam presentes os membros da Federação Espírita, parentes, amigos e vizinhos e do lado de fora uma multidão de desconhecidos. Pontualmente as 20:00 horas o Caboclo das Sete Encruzilhadas desceu e usando as seguintes palavras iniciou o culto:
-Aqui inicia-se um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos, que haviam sido escravos e que desencarnaram não encontram campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria e os índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. A pratica da caridade no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste culto, que tem base no Evangelho de Jesus e como mestre supremo Cristo.
Após estabelecer as normas que seriam utilizadas no culto e com sessões diárias das 20:00 às 22:00 horas, determinou que os participantes deveriam estar vestidos de branco e o atendimento a todos seria gratuito. Disse também que estava nascendo uma nova religião e que chamaria Umbanda.
O grupo que acabara de ser fundado recebeu o nome de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade e o Caboclo das Sete Encruzilhadas disse as seguintes palavras:
- Assim como Maria acolhe em seus braços o filho, a tenda acolherá aos que a ela recorrerem nas horas de aflição, todas as entidades serão ouvidas, e nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai.
Ainda respondeu perguntas de sacerdotes que ali se encontravam em latim e alemão.
O caboclo foi atender um paralítico, fazendo este ficar curado. Passou a atender outras pessoas que haviam neste local, praticando suas curas.
Nesse mesmo dia incorporou um preto velho chamado Pai Antônio, aquele que, com fala mansa, foi confundido como loucura de seu aparelho e com palavras de muita sabedoria e humildade e com timidez aparente, recusava-se a sentar-se junto com os presentes à mesa dizendo as seguintes palavras:
- Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá.
Após insistência dos presentes fala:
- Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nêgo
Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade. Uma pessoa na reunião pergunta se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde:
- Minha caximba.,nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda mureque buscá
Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento de trabalho para esta religião. Foi Pai Antonio também a primeira entidade a solicitar uma guia, até hoje usadas pelos membros da Tenda e carinhosamente chamada de "Guia de Pai Antonio".
No outro dia formou-se verdadeira romaria em frente a casa da família Moraes. Cegos, paralíticos e médiuns que eram dado como loucos foram curados.
A partir destes fatos fundou-se a Corrente Astral de Umbanda.