Considerando a alta significação do Natal em tua vida, podes ouvir e atender os apelos dos pequeninos esquecidos no grabato da orfandade ou relegados às palhas da miséria, em memória de Jesus quando menino; consegues compreender as dificuldades dos que caminham pela via da amargura, experimentando opróbrio e humilhação e dás-lhes a mão em gesto de solidariedade humana, recordando Jesus nos constantes testemunhos; abres os braços em socorro aos enfermos, estendendo-lhes o medicamento salutar ou o penso balsamizante, desejando diminuir a intensidade da dor, evocando Jesus entre os doentes que O buscavam, infelizes; ofereces entendimento aos que malograram moralmente e se escondem nos recantos do desprezo social, procurando-os para os levantar, reverenciando Jesus que jamais se furtou à misericórdia para os que os foram colhidos nas malhas da criminalidade, muitas vezes sob o jugo de obsessões cruéis; preparas a mesa, decoras o lar, inundas a família de alegrias e cercas os amigos de mimos e carinho pensando em Jesus, o Excelente Amigo de todos…
Tudo isto é Natal sem dúvida, como mensagem festiva que derrama bênçãos
de consolo e amparo, espalhando na Terra as promessas de um Mundo Melhor, nos
padrões estabelecidos por Jesus através das linhas mestras do amor. Há,
todavia, muitos outros corações junto aos quais deverias celebrar o Natal,
firmando novos propósitos em homenagem a Jesus.
Companheiros que te dilaceraram a honra e se afastaram; amigos que se
voltaram contra a tua afeição e se fizeram adversários; conhecidos caprichosos
que exigiram alto tributo de amizade e avinagraram tuas alegrias; irmãos na fé
que mudaram o conceito a teu respeito e atiraram espinhos por onde segues;
colaboradores do teu ideal, que sem motivo se levantaram contra teu
devotamento, criando dissensão e rebeldia ao teu lado; inimigos de ontem que se
demoram inimigos hoje; difamadores que sempre constituíram dura provação. Todos
eles são oportunidade para a celebração do Natal pelo teu sentimento cristão e
espírita.
Esquece os males que te fizeram e pede-lhes te perdoem as dificuldades
que certamente também lhes impuseste. Dirige-lhes um cartão colorido para
esmaecer o negrume da aversão que os manteve em silêncio e à distância nos
quais, talvez, inconscientemente te comprazes. Provavelmente alguns até
gostariam de reatar liames… Dá-lhes esta oportunidade por amor a Jesus, que a
todo instante, embora conhecendo os inimigos os amou sem cansaço,
oferecendo-lhes ensejos de recuperação.
O Natal é dádiva do Céu à Terra como ocasião de refazer e recomeçar. Detém-te a contemplar as criaturas que passam apressadas. Se tiveres olhos de ver percebê-las-ás tristes, sucumbidas, como se carregassem pesados fardos, apesar de exibirem tecidos custosos e aparência cuidada.
Explodem facilmente, transfigurando a face e deixando-se consumir pela cólera que
as vence implacavelmente.
Todas desejam compreensão e amor, entendimento e perdão, sem coragem de
ser quem compreenda ou ame, entenda ou perdoe. Espalha uma nova claridade neste
Natal, na senda por onde avanças na busca da Vida. Engrandece-te nas pequenas
doações, crescendo nos deveres que poucos se propõem executar. Desde que já
podes dar os valores amoedados e as contribuições do entendimento moral,
distribui, também, as jóias sublimes do perdão aos que te fizeram ou fazem
sofrer.
Sentirás que Jesus, escolhendo um humílimo refúgio para viver entre os
homens semeando alegrias incomparáveis, nasce, agora, no teu coração como a
informar-te que todo dia é natal para quem o ama e deseja transformar-se em
carta-viva para anunciá-lo às criaturas desatentas e sofredoras do mundo.
Somente assim ouvirás no imo d’alma e entenderás a saudação inesquecível dos
anjos, na noite excelsa: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade,
para com os homens” – vivendo um perene natal de bênçãos por amor a Jesus.
Joanna de Ângelis
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