`´E estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome expelirão demônios; falarão outras línguas; pegarão em serpentes; e se beberem qualquer coisa mortífera, não lhes fará mal algum; imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão. Depois de lhes ter assim falado, o Senhor Jesus ascendeu ao Céu, onde sentou-se à direita de Deus.
Os discípulos partiram e pregaram em toda a parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra pelos milagres que a acompanhavam. Marcos, 16:17-20´
Quando alguém é designado, pela primeira vez, a cooperar na tarefa dos passes geralmente se espanta e esta é a pergunta que mais se ouve: Mas eu posso dar passes?
Fomos buscar a resposta de um dos mais abalizados mentores da Espiritualidade - Alexandre - o Instrutor do livro Missionários da Luz, para que não restasse dúvida em nosso aprendizado.
Quando André Luiz perguntou a ele se os amigos encarnados, de modo geral, poderiam colaborar nas atividades do passe magnético, ele respondeu prontamente:
- Todos, com maior ou menor intensidade, poderão prestar concurso fraterno, nesse sentido, porquanto, revelada a disposição fiel de cooperar a serviço do próximo, por esse ou aquele trabalhador, as autoridades de nosso meio designam entidades sábias e benevolentes que orientam, indiretamente, o neófito, utilizando-lhe a boa vontade e enriquecendo-lhe o próprio valor.
Mas Alexandre, a seguir, ressalta um ponto crucial:
são muito poucos os que decidem colaborar. Embora a capacidade exista, o concurso dos encarnados é pequeno. A seara é grande e os trabalhadores são poucos.
São muito raros os companheiros que demonstram a vocação de servir espontaneamente. Muitos, não obstante bondosos e sinceros nas suas convicções, aguardam a mediunidade curadora, como se ela fosse um acontecimento miraculoso em suas vidas e não um serviço do bem, que pede do candidato o esforço laborioso do começo. (Missionários da luz, cap.19)
Quando o candidato não tem expectativas exageradas quanto aos resultados dos passes, porque respeita a Vontade Superior, e apresenta-se com boa vontade para o trabalho, os benfeitores espirituais estão sempre dispostos a orientá-lo.
Mas poderíamos objetar, da mesma forma como André Luiz o fez ao mentor, mesmo que o encarnado ofereça valores muito reduzidos, ele poderia ser aproveitado? A resposta é esclarecedora:
- Perfeitamente. Desde que o interesse dele nas aquisições sagradas do bem seja mantido acima de qualquer preocupação transitória, deve esperar incessante progresso das faculdades radiantes, não só pelo próprio esforço, senão também pelo concurso de Mais Alto, de que se faz merecedor.
A resposta de Alexandre está plenamente de acordo com o convite que Jesus fez a todos os seus seguidores, anotado pelo evangelista Marcos (16:17-20), e que colocamos no frontispício deste capítulo. É preciso ressaltar que o Mestre, nos derradeiros momentos em que esteve materializado entre os encarnados, deixou esse programa dirigido, indistintamente, a todos os que crêem em seus ensinamentos e desejam ser seus seguidores. E, dentre as recomendações, aparece, com toda clareza, a tarefa de impor as mãos sobre os enfermos, com a sua promessa de apoio na obtenção da cura.
Por isso, essa tarefa das Casas Espíritas é um compromisso sagrado com o Mestre Jesus.
Mas aqui, como em qualquer outra modalidade de mediunidade, o exercício constante é fundamental. A assiduidade e a boa vontade, o desprendimento e a dedicação, são fundamentais para o incremento das forças radiantes.
Toda vez que a pessoa decide em seu coração realizar uma tarefa, precisa deixar espaço mental a fim de cultivá-la e torná-la realidade. E o servidor devotado sempre encontra apoio da Espiritualidade Superior para sustentar e ampliar sua capacidade de doação. Recordemos esta pérola de ensinamento que consta da obra Nos Domínios da Mediunidade:
"O pensamento é tão significativo na mediunidade, quanto o leito é importante para o rio". (Nos domínios da mediunidade, cap.13)
A figura não poderia ser mais clara. Um rio por mais que seja constituído de águas límpidas e puras, não permanecerá assim, se tiver de passar por um leito de lama. Do mesmo modo, as lições dos mensageiros divinos para serem transmitidas, ou as forças radiantes deles a serem distribuídas, para manter o mesmo grau de pureza, necessitam passar por canalização adequada.
Compete ao médium, portanto, manter-se como instrumento útil. Precisa conscientizar-se de que a mediunidade não é simples intercâmbio, é processo de auto educação em que o burilamento se dá com o serviço desinteressado em favor do próximo. Toda tarefa, para crescer, exige trabalhadores que estejam dispostos a elevar-se a si mesmos; e ninguém evolui, espiritualmente, sem cuidar da melhoria e do cuidado com seus pensamentos, palavras e atos.
Aprendemos que pensar é criar e que "nossos pensamentos geram nossos atos e nossos atos geram pensamentos nos outros". (Nos domínios da mediunidade, cap.13)
Por isso, todo cuidado é pouco com as idéias nas quais vivemos mergulhados, porque elas estão diretamente ligadas ao teor dos pensamentos e das reflexões mais íntimas. Por tudo isso, compreendemos que o primeiro e mais importante compromisso do médium responsável é com o estudo construtivo e a ação positiva no campo da caridade.
Isto porque a "comunhão com os orientadores do progresso espiritual do mundo, através do livro, nos enriquece de conhecimento, acentuando-nos o valor mental; e a plantação de bondade constante traz consigo a colheita de simpatia (...) (Nos domínios da mediunidade, cap.13)
Os médiuns que lutam contra o personalismo inferior, buscando, com sinceridade, cultivar a humildade e a caridade, são legítimos vanguardeiros do progresso espiritual, capazes de refletir, com suas ideias sublimadas, a Luz que jorra do Mais Alto, do coração amoroso do Mestre Jesus.
Marlene Nobre - livro O passe como cura magnética
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