A mediunidade é um dom do
espírito. Com essa simples afirmação concluímos que a mediunidade é um sexto
sentido em cada uma das pessoas que se manifesta. Essa manifestação acontece em
um nível, em um ângulo de visão ou campo de atuação diferente para cada médium.
Não dá pra comparar o desenvolvimento de uma ou outra pessoa. Não há regras
absolutas. Pode acontecer devagarzinho, o médium se conscientizando aos poucos
de sua missão e aceitando-a com Amor, iniciando assim sua caminhada de trabalho
mediúnico, ou brutalmente, o que é mais comum. São as pessoas que vêm pela dor,
pela necessidade.
Tem um jargão que diz: “A
necessidade é mãe da criatividade.” E acrescento: é mãe da busca, da aceitação
do inevitável, da conscientização. Os primeiros são os que vêm pelo Amor, os
outros pela necessidade. Mas no fundo os dois necessitam exercitar esse dom
divino. E como dom do espírito, aquelas
afirmações que cansamos de ouvir de que a mediunidade é punitiva caem por
terra.
Como um dom divino,
conquistado pelo espírito em sua caminhada evolutiva, pode ser uma punição?
Tenho conhecido médiuns de
todo tipo. Tímidos, extrovertidos, amáveis, egoístas, dedicados, etc, etc, etc.
A mediunidade não altera o caráter da pessoa, o que acontece é que a prática da
mediunidade limpa, bem amparada, leva a pessoa à transformação, à mudança de
comportamento. Mas o caráter do médium é
único, e se veio pra essa encarnação é porque em si algo podia ser melhorado.
Alguns mestres espirituais já falaram que se a espiritualidade tivesse que
esperar médiuns perfeitos não haveria religião baseada no contato extrafísico.
Somos imperfeitos, temos
nossas necessidades carnais, nossos vícios e defeitos morais. Uns mais que
outros, mas todos somos amparados pelo mesmo Criador, que nos vê igualmente
como filhos, necessitados que somos de Seu amparo. A mediunidade é sacerdócio. Somos sacerdotes
de nosso templo interior. E a quem esse templo foi consagrado? Responda você
mesmo!
O médium deve saber a quem
consagrou seu templo, seu coração, pois a prática da religiosidade limpa ou a
prática das intrigas que tanto atrapalham nosso meio, não só o umbandista,
acontece em todo meio religioso. O
médium deve ter consciência que ele é o “homem de confiança” do consulente,
homem não no sentido masculino da palavra, mas no sentido de ser humano. O
consulente, ao procurar o médium para se consultar com o próprio ou com uma
entidade incorporada, não o faz por outro motivo senão a necessidade. E aí está
a importância do médium estar preparado: a presença do consulente, a chamada
‘assistência’. Esse é o verdadeiro motivo da prática mediúnica: a caridade. É
poder atender nossos irmãos necessitados.
A mediunidade, vista com
medo por alguns, em outros exerce um verdadeiro fascínio. O contato com o mundo
espiritual, poder saber o futuro, ter um “poder”nas mãos. A clarividência,
então, é objeto de desejo de muita gente. Quem nunca teve pelo menos
curiosidade de saber como é a imagem de ‘seu’ Caboclo, ou de um Preto Velho? E
os Exus e Pombagiras então? Esse é um poder muito relativo: quanto mais se
conquista, mais se é cobrado. Cobrado por quem? Pela Lei, pela Justiça Divina?
Num primeiro momento pela sua própria consciência, essa que está alojada em seu
espírito imortal e não presa pela cadeia da matéria. O espírito livre pra
pensar e caminhar conscientemente em direção ao Pai.
Atentem Srs., Sras. e
Srtas. Médiuns! Não só os de Umbanda, mas todos que de alguma forma podem
influenciar a vida das pessoas. Somos agentes de mudança de comportamento,
agentes de transformação íntima das pessoas. Quando abrimos a boca para falar
temos que ter na consciência que aquilo que verbalizaremos poderá mudar a vida
da pessoa, positiva ou negativamente.
Para aqueles cuja
mediunidade de vidência ou clarividência é ativa, o cuidado é ainda maior.
Ouvimos sempre os dirigentes sérios orientando para que todos os médiuns se
preparem para os trabalhos, tomem seu banho de defesa, acendam sua velinha para
o anjo da guarda, etc. Mas, elemento importante da prática mediúnica, é o
comportamento do médium. Imagine um cirurgião precisar beber uísque antes de
exercer sua profissão. Você confiaria num dentista com sinais de embriaguez?
Claro que não!
Se você estiver limpo, sua
mediunidade será limpa, um bom canal, livre de interferências. No entanto, se
estiver ligado aos canais do ódio, da inveja, da soberba, da fofoca, da
preguiça, da teimosia, da vaidade, da traição, o que você espera canalizar?
Jesus Cristo?
Muito cuidado com aquilo
que você vê, ouve ou intui. Passe sempre pelo crivo das três peneiras: Verdade,
Bondade e Necessidade.
Não seja disseminador de
confusão. Não fale aquilo que não tem certeza ou daquilo que você não gostaria
que falassem de você. Pense que poderá estar sendo instrumento apenas da
ilusão. E, sendo iludido, iludirá também.
Diga não às fofocas e não
deixe que suas observações pessoais sejam exteriorizadas durante as
manifestações mediúnicas. Cuidado com o que você fala, pois a palavra tem poder
de realização. E pode realizar tanto maravilhas quanto desgraças na vida das
pessoas. Podem desfazer amizades de muito tempo e fechar portas que demorarão
séculos para serem reabertas.
Transmita ânimo e coragem.
Pregue através de seus atos. Não esqueça: seus atos são sempre observados.
E lembre-se:
PESSOAS INTELIGENTES FALAM
SOBRE IDEIAS.
PESSOAS COMUNS FALAM SOBRE
COISAS.
PESSOAS MESQUINHAS FALAM
DAS OUTRAS PESSOAS.
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