Vivemos falando em “Orai e
Vigiai” sempre com o sentido de nos protegermos de nós mesmos e principalmente
de nos defendermos das artimanhas das forças trevosas. Hoje, entretanto, vamos
falar sobre a importância do “Orai e
Vigiai” com relação as entidades, guias, protetores e guardiões de Umbanda,
sobre o quanto os prejudicamos e atrapalhamos quando esquecemos dessa máxima,
do quanto contraímos de karma quando ao prejudicá-los estamos contraindo, não
somente com eles (que tudo perdoam), mas com as pessoas encarnadas que eles
estariam orientando e ajudando se não tivéssemos falhado, assim como também,
dos desencarnados carentes de orientação ou disciplina.
Estudemos pois algumas
situações.
1. Quando nos dirigimos ao
terreiro “sujos”. O que é um servidor da Umbanda sujo? Não se iludam achando
que é somente o servidor que não tomou o banho de erva ou o banho comum mesmo. Existem muitos servidores que estão com os “banhos em dia” mas que sempre transmitem uma aura suja, ou seja, impregnada de sentimentos profanos. Por “sentimentos
profanos” entenda-se: ciúme, inveja, prepotência, arrogância, idolatria,
avareza, indisciplina, indolência, etc. Tudo isso não tem banho de erva que
tire.
2. Quando durante a gira
de atendimento deixamos o nosso mental ser impregnado por pensamentos torpes,
profanos ou pouco elevados. Como por exemplo:
2.1. Ficar observando o
comportamento do irmão de fé, sem que em momento algum isso seja para conversar
com ele depois da gira para orientá-lo ou ajudá-lo a se corrigir, mas sim para
simplesmente julgar ou entrar em rodas de conversas para criticar, zombar e
rir.
2.2. Observar o
comportamento dos consulentes na hora da consulta sem ser com o objetivo de
orientá-lo sobre a disciplina da Casa, ou sobre o entendimento do que esteja
sendo dito pela entidade, mas, novamente, simplesmente julgar ou entrar em
rodas de conversas para criticar, zombar e rir.
2.3. Quando, enquanto
médiuns de incorporação e de consulta, nos recusamos a “dar passagem” porque
estamos tão preocupados com nossas próprias mazelas que achamos que não estamos
em condições emocionais ou físicas... Falsa humildade! Egoísmo! Que tal deixar
para a entidade decidir se estamos ou não em condições? Se realmente estivermos
sem condições a própria entidade dará apenas a sua irradiação e bênção. Mas
não! Insistimos em saber mais do que elas! Além do mais esquecemos também
quantas vezes aprendemos nas consultas e quantas vezes um consulente está
passando por um problema semelhante aos nossos e somos indiretamente
orientados.
2.4. Quantas vezes durante
a consulta, por não “irmos com a cara” do consulente, interferimos na consulta,
vibrando antipatia, atrapalhando a incorporação, ao ponto, muitas vezes, da
entidade ter que encaminhar o consulente para outra entidade, ou ainda, ser
obrigado a terminar logo a consulta? Somos sempre os certo, né?
2.5. Desejar sexualmente
um(a) irmão(ã) de fé ou consulente. Você esquece que a galera lá de cima tá
vendo tudo? Você esquece que a entidade que você está cambonando sente ou
percebe? Você esquece que a entidade que você está incorporada simplesmente
desincorpora? Que vergonha! Que absurdo!
3. Toda vez que temos uma
atitude incoerente ou incompatível com o fato de sermos umbandistas, nós
prejudicamos não somente as entidades, mas a própria Umbanda. Como por exemplo:
sujar reino da natureza, desrespeitar uma pessoa, trair o nosso cônjuge, nos
omitirmos diante de uma injustiça, silenciarmos diante de uma calunia, etc.
Eu poderia escrever
páginas e mais páginas a respeito do quanto prejudicamos as entidades de
Umbanda quando nos esquecemos do “Orai e Vigiai”, mas será que adiantaria? Será
que você leria até o fim? Porque orientação de não ingerir bebida alcoólica e
não fazer sexo 24 horas antes das sessões a grande maioria segue, mas do que
adianta seguir alguns preceitos disciplinares se nosso coração ou mental está
preocupado com a “balada” que está marcada para depois da gira? Pensando só no
choppinho que vai tomar, na pessoa que vai paquerar ou “ganhar”? Você
sinceramente acha que será um servidor decente se estiver com isso na cabeça?
Enquanto sacerdotisa de
Umbanda, eu prefiro um médium que tenha feito sexo na véspera da sessão, mas
que seu sentimento esteja voltado para o servir e para a caridade no dia da
gira, do que um que não faça sexo há um ano, mas esteja cheio de rancor ou
inveja dentro do seu coração. Não sejamos hipócritas! A espiritualidade tudo vê
e não cabe a você julgar o outro! Se o cara fez sexo na véspera da sessão com a
esposa dele, porque ficou viajando um mês inteiro e estava morrendo de
saudades... Esse sexo é até salutar! Pois imagina como ele estaria na gira? Só
pensando na hora de ir embora prá poder “matar a saudade”. E é você quem vai
julgar isso? Ou é a entidade?
Orai e Vigiai sim! Sempre!
Mas só adianta se você tiver uma coisa chamada consciência! A consciência de
que quem realmente faz a Umbanda são as entidades. A consciência de que se você
não estiver “prestando” para trabalhar quem decide é a entidade. A consciência
do que é ser umbandista.A consciência de que quem faz caridade é a entidade,
guia, protetor, guardião. Médium resgata karma!
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