Todas as religiões afirmam
que um 'novo mundo', uma nova era, nascerá no planeta Terra. Dizem, ainda, que este
novo tempo será caracterizado através de uma transformação no planeta que trará
paz, felicidade e harmonia para os seres humanizados.
As religiões cristãs
afirmam que este 'novo tempo' surgirá quando Cristo voltar, outras falam em
diversas mudanças que ocorrerão no planeta.No entanto, apesar da variedade de
visões que determinam à chegada do 'novo mundo', todas as religiões são
categóricas em afirmar que ela será marcada por fenômenos externos que
promoverão a mudança do antigo para o novo.
No entanto, a partir do
conhecimento do 'eu' interior de cada um, aprendemos que a paz, a harmonia e a
felicidade formam um 'estado de espírito' e que a alteração deste não pode ser
alcançada por uma mudança produzida pela alteração de fatores externos, mas
apenas com a reforma do interior de cada um.
Os sentimentos com os
quais o espírito encarnado vivencia os acontecimentos da vida carnal é decisão
dele mesmo. Eles surgem diante de algum acontecimento de forma não padronizada,
ou seja, cada um tem o direito de escolher o que quiser para sentir-se frente a
cada momento da sua existência. Este é o livre arbítrio que Deus deu aos Seus
filhos.
Desta forma, se o 'novo
mundo' promoverá uma mudança sentimental na forma de viver dos seres
humanizados (trocar o conflito pela paz; a guerra pela harmonia; o sofrimento
pela felicidade), como ensinam todos os mestres, ele não poderá ser alcançado
por fatores externos, mas apenas com a mudança interior de cada um.
Portanto, não será a
'volta' de Cristo que poderá trazer a paz para o planeta, mas isto acontecerá
quando cada um alterar seu íntimo passando a vibrar (sentir) paz e não mais
nutrir os sentimentos que geram conflitos. Não será com a retirada dos
"ímpios" do planeta que a harmonia surgirá, mas quando cada um
abandonar o desejo de guerrear com os seus irmãos para subjugá-los. A
felicidade só chegará quando o ser humanizado optar por ela e não pela
'escolha' de sentimentos que tragam sofrimentos.
Mas, como deixar de
guerrear ou sofrer? Como deixar de optar pelos sentimentos que levam o ser a
viver num estado de beligerância com o próximo trazendo infelicidade para si e
para os outros? Abandonando o individualismo, o egoísmo, o querer para si
mesmo. Somente quando o ser humanizado libertar-se da busca individual durante
a encarnação poderá encontrar a paz, a harmonia e a felicidade para si.
O individualismo é o 'mal'
da humanidade e precisa ser extirpado para que o ser humanizado volte a viver a
sua essência espiritual fundido ao Todo (universalismo). Isso porque o egoísmo
fere frontalmente o amor ensinado por Cristo (amar ao próximo como a si mesmo)
e a máxima que caracteriza a caridade: 'dar ao outro o que deseja para si
mesmo'.
Para que o individualismo
exista, no entanto, é necessário que o ser humanizado possua 'paixões'. Só
quando o espírito encarnado nutre uma 'paixão' (gosta de determinada coisa,
acredita em determinada verdade) é que surge nele o desejo de satisfazer suas
paixões (viver o que quer, o que gosta e repudiar o que não quer, o que não
gosta).
As paixões do ser
humanizado são caracterizadas por 'escalas dualistas' que geram as 'paixões
positivas' (querer, gostar) e negativas (não querer, não gostar). Ou seja, o
individualismo é motivado pelas escalas de 'bom' e 'mal', de 'certo' e
'errado', de 'bonito' e feio' que cada ser humanizado possui. É deles que surge
o desejo (individualismo) de que o 'certo' aconteça e que o 'errado' não venha
a acontecer.
Mas, porque o conhecimento
de cada um sobre o 'bem' e o 'mal' acaba com a paz e a harmonia com o próximo
que leva à felicidade de todos? Porque estes valores são individuais. O 'certo'
e o 'errado', o 'bem' e o 'mal', o 'bonito' e o 'feio' são concepções
individuais que cada um possui e quando se pretende impô-las ao próximo
caracteriza-se o individualismo, o querer a 'verdade' para si em detrimento do
desejo do próximo.
Portanto, para que a paz e
a harmonia que levam à felicidade reinem sobre o planeta será necessário que
cada um deixe de ter padrões de 'certo' e 'errado'. Abolindo-os o
individualismo (egoísmo) não terá onde se fundamentar e, com isso, extingue-se.
Por isso dissemos no início que o 'novo tempo' não poderá surgir a partir de
fatores externos, mas apenas com uma reforma íntima: deixar de guiar-se pelos
padrões de 'bom' e 'mal' e vivenciar o amor ao próximo como a si mesmo
praticando a caridade (conferir aos outros os mesmos direitos que quer para
si).
A paz e a harmonia que
levam à felicidade com que almejam todos os seres humanizados jamais serão
alcançadas com a submissão de outros seres, ou seja, com a mudança deles para o
padrão individualizado de perfeição de outro. Somente o fim desta vigilância
constante sobre as atitudes do próximo é que levará o ser a conseguir entrar na
felicidade universal.
Os acontecimentos do mundo
não se alterarão para que comece o novo mundo. Os "beligerantes", em
todos os níveis, continuarão a existir, mas os outros seres lhes concederão o
direito de agir da forma que quiserem, sem julgá-los ou criticá-los, buscando a
felicidade universal para cumprir a lei de Deus. Será através da fé no Pai Justo,
Inteligente e Amoroso que se eliminará o temor em transformar-se em vítima do
conflito gerado por outros.
Este é o novo mundo: um
mundo igual ao que existe hoje, mas visto com outros olhos, sentido com outros
sentimentos.
Este nova forma de ver e
sentir os acontecimentos, como já dito, é pessoal, ou seja, será alcançada por
cada um ao seu tempo. Portanto, afirmo que não haverá uma mudança coletiva do
dia para a noite na forma de sentir da totalidade da humanidade, mas,
gradativamente, cada um se modificará promovendo a sua reforma e, desta forma,
entrará no novo mundo.
Por este motivo, podemos
entender que não existe um dia determinado onde o novo mundo se iniciará. Ele
surgirá individualmente para cada um dentro de um espaço de tempo marcado por
Deus para a reforma dos seres.
Portanto, meus amigos, não
esperem que um novo dia comece como por um passe de mágica, pois isto não
acontecerá. Esse dia só chegará para vocês quando tiverem conseguido a reforma
íntima, quando não mais acreditarem e viverem os acontecimentos como fazem
hoje, no 'tempo velho'.
O mundo novo onde reine a
paz, a harmonia e a felicidade, não é um 'direito adquirido' do ser humanizado,
mas trata-se de uma conquista, um merecimento. Apenas aqueles que promoverem a
sua reforma íntima, abandonando a visão "ser humano", conseguirão
adentrar neste reino.
Para participar dessa paz,
felicidade e harmonia não existem horas nem dias certos: tudo dependerá do
esforço de cada um. Existem seres humanizados que conseguiram alcançar o 'novo
mundo' há muito tempo: São Francisco de Assis, Santo Agostinho e outros que,
apesar de viverem uma existência humana no século passado, já vivenciaram suas
'vidas' dentro daquilo que ainda hoje esperamos: o 'novo mundo'.
Mais recentemente, Chico
Xavier, irmã Dulce, Madre Teresa de Calcutá e tantos outros espíritos anônimos
conseguiram viver a vida carnal sem que paz e harmonia interior fossem
afetadas, alcançando, assim, a felicidade universal. Conseguiram isto vivendo
no mesmo mundo, vivenciando os mesmos acontecimentos, que vocês.
As guerras, a miséria, a
fome, os conflitos foram os mesmos que vocês viveram e vivem no mundo, ou seja,
que lhes tiram a paz, harmonia e felicidade. Eles, porém, não perderam este
estado de espírito. Portanto, você também pode realizar isso, sem que para
tanto o 'mundo' precise alterar-se, que os acontecimentos atuais deixem de
existir.
Mas, como fazer viver
assim? Em que é preciso acreditar para poder entender o mundo como estes seres
encarnados entenderam e alcançaram, assim, o 'novo mundo'?
Em primeiro lugar é
preciso eliminar de vez com a auto visão 'ser humano' que cada um tem de si.
Não existe ser humano, mas espírito encarnado. Portanto, somos todos espíritos,
encarnados ou não, e não seres humanos.
Chico Xavier, Irmão Dulce
e tantos outros sabiam que eram 'filhos de Deus' elementos universais. Eles não
acreditavam que eram as personalidades transitórias que cada um vivencia
durante a sua encarnação. Eles sabiam-se elementos eternos e universais e por
isso não acreditavam no individualismo que lhes vinha à mente para compreender
a vida (dar realidades a ela).
E por causa dessa visão
que tinham de si mesmo, também não acreditavam na matéria, no mundo material.
Eles compreendiam que, apesar de aparentemente viverem condições diferentes
daquelas que chamamos espirituais (o corpo, os objetos, etc.) que tudo isso era
apenas uma miragem do que é Real: o Universo.
Chico e tantos outros não
acreditavam na vida material. Tinham a plena convicção de que tudo isso era uma
pantomima criada ilusoriamente e que a Realidade (a vida espiritual) continuava
a existir sempre. Por isso guiavam-se pelas máximas espirituais (amar a Deus
acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, desejar para o próximo o
que quer para si, etc.) ao invés de acreditar nos padrões humanos de
satisfação.
Para eles, que viveram o
'novo mundo' no mesmo 'lugar' onde outros viviam a o velho, nenhum dos apelos
humanos (privilegiar o seu bem estar, a sua vontade) eram importantes. Somente
a busca de manter-se sintonizado às coisas espirituais e em perfeita harmonia
amorosa com Deus e com a irmandade espiritual guiavam sua forma de 'ver' o
mundo.
A partir destas crenças
(que não há ser humano nem mundo material, mas apenas o espírito vivendo no
Universo) eles buscaram entender porque estavam vivenciando esse 'período' de
sua existência eterna ligado a uma personalidade transitória e descobriram que
tudo isso trata-se apenas de provações ou missões para o espírito realizar.
Para eles não existia
'acontecimentos de vida', mas situações que eram criadas para lhes dar a
oportunidade de provar alguma coisa e, ao mesmo tempo, exercer uma missão em
nome do Pai para que se transformassem no sal da terra para os irmãos
encarnados: aquele que tempera a 'vida' dos outros. E, por Cristo, aprenderam
ainda que o único tempero que vale a pena ser saboreado é o amor.
A partir disso Chico
Xavier, Madre Teresa de Calcutá e outros compreenderam finalmente que tudo que
acontece tem como objetivo criar condições para que o espírito humanizado possa
amar. Não um amor possessivo ou fundamentado no egoísmo como os seres
humanizados vivem, mas um amor incondicional, sem posses, sem direitos ou
deveres, mas que simplesmente ame.
A partir destas
constatações o mundo mudou para estes seres. A fome e a miséria não se
transformaram mais em tragédias ou agressões aos seres humanizados, mas uma
oportunidade para que quem vivencia ou assiste estas situações possa amar a
tudo e a todos. Ao invés de sofrer com uns e acusar outros, amar
indistintamente os agentes ativos ou passivos da situação, para que as máximas
divinas pudessem ser atendidas.
Por isso seus mundos
mudaram. Não mais existiam agentes a serem condenados, nem situações
constrangedoras ou agressivas, mas apenas situações ilusórias que passaram a
existir apenas como uma oportunidade para que o amor superasse tudo. Este é o
'novo mundo': uma 'vida' onde o amor supera a crítica e o sofrimento porque o
ser humanizado não mais está submetido às suas paixões e vontades, mas
preocupa-se apenas em amar a todos.
Mas, para que isso fosse
verdade para os seres humanizados que vivenciaram suas encarnações dentro de um
'novo mundo', foi preciso que eles estabelecessem um relacionamento profundo
com Deus e não com a matéria.
Eles viveram com Deus,
para Deus e em Deus. E, quando isso acontece, o ser humanizado descobre mais
Verdades que para ele são incompreensíveis: não cai uma folha da árvore sem que
o Pai a faça cair, tudo que acontece é a Vontade do Pai.
Deus é Causa Primária de
todas as coisas, ou seja, tudo se origina Nele.
Tal concepção se
transforma em Verdade Absoluta na existência de cada um que alcança o 'novo
mundo'. Quando isto ocorre, os acontecimentos da vida deixam de ser praticados
por agentes carnais e tudo se transforma em emanação de Deus. E, se Deus faz,
quem pode dizer a Ele que está 'errado' e ensiná-Lo o 'certo'?
Mas, apenas a cultura, ou
seja, o saber destas Verdades que já pertencem aos ensinamentos dos mestres
enviados pelo Pai (ver 'O Livro dos Espíritos', ensinamentos dos evangélicos
canônicos, de Buda e de Krishna) não foram o suficiente para que Madre Teresa,
Irmã Dulce e outros conseguissem alcançar o 'novo mundo': foi preciso confiar e
entregar-se a Deus, ou seja, ter fé.
A fé (confiança e entrega,
absolutas e irrestritas) no Pai transforma o 'mundo' em que vive o ser
humanizado. Por isso Cristo disse: a fé do tamanho de um grão de mostarda
afasta as montanhas do seu caminho. Todos aqueles que quiserem viver o 'novo
mundo', não importa a que tempo ou em que lugar, precisarão necessariamente
entregar-se irrestritamente ao Pai confiando em seu Amor Sublime e na sua
Justiça Perfeita.
A partir do momento que a
fé entra em ação toda e qualquer compreensão (raciocínio) sobre os
acontecimentos da vida, que é formada a partir das paixões e desejos do ser
humanizado, extingue-se e sobra apenas o amor para ser vivido. Por isso, então,
afirmo que a fé não pode ser raciocinada, ou seja, passar pelo crivo da razão
formada por paixões e desejos egoístas, mas que deve transformar-se numa
entrega incondicional.
Também não estou falando
em fé cega. Até porque se estivesse falando não haveria problema algum, pois
Cristo ensina aos seus seguidores que quem quiser ver (compreender) será um
cego.
A fé de quem vive o 'novo
mundo' não é cega, mas extremamente iluminada. Isto porque ela se ilumina (gera
compreensão) a partir de Deus, da Inteligência Suprema do Universo, e do seu
Amor e Justiça, que são frutos da sua Onipresença, Onipotência e Onisciência.
A compreensão das coisas
do mundo de Chico Xavier, Irmã Dulce, Madre Tereza e de outros, não se
fundamentavam nas inteligências menores que estavam vivenciando naquele momento
(a consciência que gera a personalidade que o ser humanizado vive durante a
encarnação), mas sim no 'conhecimento' que tinham de Deus e do que Ele é para o
Universo: Pai amoroso, Senhor Supremo.
Nesta curtas linhas,
então, descreve-se um ser universal que, mesmo humanizado, vive o 'novo mundo'.
Trata-se daquele que compreende a si e ao mundo como espiritual e não material;
daquele que sabe que não há uma vida para viver, mas acontecimentos que servem
de provação para que ele possa colocar em prática todo o amor que 'aprendeu'
antes da encarnação; e que entende que todo o Universo é regido por Deus
através da Justiça Perfeita, mas fundamentada no Amor sublime que jamais fará o
'mal' para um filho.
E, para se viver assim não
são precisos fatores externos nem esperar um determinado momento, mas basta
apenas cada um buscar entregar-se em perfeita sintonia com Deus, amando
O e se sentido amado por
Ele. Por isso, encerro essa mensagem com uma velha história.
Conta-se que na África,
quando os primeiros raios do sol começam a aparecer, o leão levanta e sai
correndo. Ele sabe que, se não correr muito, não conseguirá alimentar-se
naquele dia.
Na mesma África, quando os
primeiros raios do sol começam a aparecer, o veado também levanta e sai
correndo. Faz isso porque sabe que se não correr muito, não conseguirá
sobreviver e será comido pelo leão...
Portanto, não importa se
você é veado ou leão, 'certo' ou 'errado', 'bonito' ou 'feio', cristão ou
mulçumano, oriental ou ocidental, espírita ou não, quando os primeiros raios do
sol surgirem, levante-se e comece a correr no sentido de estabelecer esta relação
amorosa com Deus. Só assim você poderá entrar no 'novo mundo'.
Espírito Amigo Pai Joaquim
de Aruanda - Médium Firmino José Leite.