Antônio Eliezer Leal de
Souza nasceu em Livramento (antiga Santana do Livramento), Rio Grande do Sul,
em 24 de dezembro de 1880.
Quando jovem, foi alferes
e participou da Guerra de Canudos, mas desligou-se do Exército, já cansado de sofrer
prisões por combater o governo de Borges de Medeiros. Passou então a dedicar-se
ao jornalismo em Porto Alegre.
Depois de algum tempo na
área, mudou para o Rio de Janeiro e resolveu cursar Direito, sem concluí-lo.
Naquela cidade,
destacou-se como diretor e repórter dos jornais “A Noite”, “Diário de Notícias”
e “A Nota”. Foi um grande participante do movimento umbandista.
Foi o dirigente da Tenda
Espírita Nossa Senhora da Conceição, uma das sete casas fundadas pelo Sr.
Caboclo das Sete Encruzilhadas. Leal de Souza desencarnou em 1948, no Rio de
Janeiro, deixando as seguintes obras publicadas: “O Álbum de Alzira”,
“Almanaque Regional”, “Bosque Sagrado”, “Canções Revolucionárias”, “No Mundo
dos Espíritos”, “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda”
(considerado realmente, o primeiro livro sobre Umbanda lançado no Brasil), “A
Biografia de Getúlio Vargas”, “A Rosa Encarnada” (romance Espírita), “A
Transposição dos Umbrais”, entre outros.
Pois é, caro leitor, Leal
de Souza ousou escrever pela primeira vez sobre Umbanda, num jornal de grande divulgação
do Rio de Janeiro, em 1932, em plena repressão da Ditadura Vargas.
Leal de Souza, que nós já
sabemos ter sido o dirigente da Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição, era poeta,
jornalista e escritor e foi o primeiro umbandista que enfrentou a crítica
feroz, ostensiva e pública, em defesa da Umbanda do Brasil, ou seja, daquele
movimento inicial preparado pelo Caboclo Curuguçú e assumido pelo Caboclo das
Sete Encruzilhadas.
Isto aconteceu numa época
que era quase um crime de heresia de falar em tal assunto. Foi o primeiro que tentou
definir, em diversos artigos, o que era Umbanda ou o que viria a ser no futuro
esse outro lado que já denominava de Linha Branca de Umbanda e Demanda. Nessa
época, para os fanáticos religiosos, alguns católicos e alguns kardecistas
sectaristas, tudo era apenas: “Macumba”.
Em 1925, Leal de Souza
publicou o livro: “No Mundo dos Espíritos”, compilado de uma grande série de reportagens
suas, através do jornal – “A Noite”, com o título: “No Mundo dos Espíritos –
Inquérito A Noite”. Esse material é importante ser lido, pois nos passa um
panorama, em época, das manifestações dos Espíritos em Centros Espíritas,
Feitiçarias, Mistificações, Macumbas, etc. Os relatos são fidedignos e
interessantes.
Leal de Souza, a partir de
1920, iniciou entrevistas a jornais e revistas, tentando explicar das razões e
da finalidade da “Linha Branca de Umbanda e Demanda”. Ele registrava – sem
talvez prever o valor e a dimensão que teria para a posteridade, e para a
história dessa Umbanda, que abarca milhões de adeptos na atualidade.
A dignidade e a
sinceridade desse valoroso escritor nunca foi posta em dúvida, pois seus
registros ocorreram desde 1920, época de grandes perseguições e preconceitos
ostensivos contra os Terreiros de Umbanda, fatos que perduraram por muitos
anos.
Leal de Souza foi um
participante ativo e dedicado, durante 10 anos, da Tenda Espírita Nossa Senhora
da Piedade e amigo pessoal de Zélio de Moraes, dali se afastando, por ordem e
em boa paz, a mando do Caboclo das Sete Encruzilhadas, para dirigir a Tenda
Espírita Nossa Senhora da Conceição.
Nota-se, então, que ele
estava bem familiarizado com a importante missão dessa portentosa Entidade do
Astral Superior. Leal de Souza não poderia ter inventado o Caboclo Curugussú, e
muito menos falseado a verdade, visto que era um fiel adepto do Caboclo das
Sete Encruzilhadas. Leal de Souza foi o primeiro ensaísta de uma espécie de
normatização, pois naquela época ele tentava classificar (segundo o seu
conhecimento de então) as 7 Linhas da Umbanda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário