terça-feira, 30 de maio de 2017

A VISÃO UMBANDISTA DA PENITÊNCIA E SUA IMPORTÂNCIA



Penitência, na realidade, o que seria?

Esse termo é muito usado no Evangelho, incitando o cristão a praticá-lo. A penitência é um dos sete sacramentos da Igreja Católica. É a pena que o confessor (padre) impõe ao confessado (penitente). Jejuns, macerações que alguém impõe a si mesmo. Punição, castigo infligido por alguma falta. Os católicos entendem a penitência como um ato de se privar de algo que se gosta, ou se oferecer algo que têm, e mesmo oferecer algum tipo de sofrimento corporal, para que se possa “pagar” um pecado, ou mesmo vivenciar essa enitência como forma de se chegar mais rapidamente à Deus.

Para a Umbanda, penitência tem uma conotação totalmente diferente. Sabedores da realidade da penitência, somos da opinião que sem ela em nossas vidas, não conseguiremos galgar os patamares da nossa evolução como humanos e como Espíritos. Para podermos ser merecedores das graças das bênçãos de Deus em nossas vidas, precisaremos nos penitenciar diariamente. Para que nossas orações e o Rosário das Santas Almas Benditas sejam ouvidos e se tornem efetivos em nossas vidas, necessitaremos nos penitenciar diariamente. Vamos então entender o que seria penitência na visão umbandista, para que possamos agregá-la conscientemente em nosso dia-a-dia, atendendo a máxima de Jesus: “Orai e vigiai para não cairdes em tentação”. No Evangelho, em Mateus, cap. 3 vs. 8 e 11, São João Batista diz: “Fazei pois dignos frutos de penitência” – “Eu na verdade vos batizo em água para vos trazer a penitência; porém o que há de vir depois de mim é mais poderoso do que eu; e eu não sou digno de lhe ministrar o calçado; ele vos batizará no Espírito Santo: e no fogo. Eliseu Rigonatti nos explana:

“A todos os que queriam tornar-se dignos do Reino dos Céus, João aconselhava que fizessem penitência. Qual seria essa penitência, primeiro passo a ser dado em direção ao reino de Deus? Não eram as longas orações, nem os donativos e esmolas; nem as peregrinações aos lugares santos nem as construções de capelas; nem os jejuns nem os votos nem as promessas; não era a adoração de imagens nem a entronização delas. A penitência não consistia em formalidades exteriores, mas sim na reforma do caráter e na retificação dos atos errados que cada um tinha praticado. De que valem formalidades exteriores se o íntimo de cada qual permanece o mesmo? As práticas exteriores podem enganar os homens, mas não enganam a Deus, nosso Pai.

Qual o valor da confissão de erros a um homem, que, geralmente, erra tanto quanto seus irmãos?

Permanecendo o erro de pé, pode haver justificativa diante de Deus, nosso Pai? 

A verdadeira confissão se faz quando se procura a pessoa a quem se ofendeu e com ela se conserta o erro.

Roubaste teu irmão? Restitui-lhe o que lhe roubaste.

Defraudaste alguém? Entrega-lhe o que lhe pertence.

Cometeste adultério? Purifica-te por um viver honesto.

Tens vícios? Abandona-os.

És mau, vingativo, rancoroso? Torna-te bom, perdoas sê indulgente.

És rico? Ajuda o pobre.

És pobre? Não murmures contra tua situação.

És sábio? Instrui o ignorante.

És forte? Ampara o fraco.

És empregado Obedece diligentemente.

És patrão? Sê humano para com teus subalternos.

Sois pais? Encaminhai vossos filhos pelas veredas do bem.

Sois esposos? Tratai-vos com carinho, amor e amizade, fazendo do lar um santuário de virtudes, de abnegação e de devotamento.

Sois filhos? Respeitai vossos pais.


Estes são alguns dos dignos frutos de penitência que João ordenava que se fizessem”.


















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