quinta-feira, 25 de abril de 2019

VAMPIRO OU ESPONJA ?








No mundo de hoje, mais do que nunca, vocês estão cercados de vampiros. São os indivíduos comuns que vivem das energias alheias e delas se nutrem, lesando e roubando mesmo aqueles com quem convivem. Não se vestem de preto, nem tampouco vagueiam pela noite em busca do pescoço de inocentes para saciar sua sede de sangue. Nada disso. Os vampiros modernos esgotam as reservas energéticas dos outros atacando pelo lado emocional e afetivo.

Fazem-se de vítima e querem despertar cuidados especiais da parte de quem está a seu redor, provocando-lhes o esgotamento nervoso e vital. Vivem num mar de lágrimas e justificam sua atitude afirmando que a infelicidade ou a insatisfação que experimentam é culpa do outro, do obsessor ou de alguma coisa que foi arquitetada contra si. Deve-se que ter cautela contra esse tipo de gente.

“ Por outro lado, há aqueles que embora não sejam vampiros, sugam todo tipo de emoção – ou forma energética de conteúdo emocional – que esteja dispersa em ambientes os mais diversos. Caso deparem com alguém atravessando um problema emocional, fazem verdadeira sucção dessa energia discordantes; rapidamente, passam a sofres os impactos vibratórios decorrentes das atitudes e da vida do outro, que logo começa a se sentir bem, pois recebeu certa cota de vitalidade com a simples proximidade do indivíduo esponja Simultaneamente, as energias negativas e indesejáveis que este absorveu provocam-lhe grande mal-estar. É um mecanismo infeliz, cujo efeito ´-e bem diferente do que se verifica no doação. Esse é o drama dos seres de personalidade esponja”

Você se enquadra é alguma dessas modalidades de personalidade?
Como se proteger?

Na Realização de suas atividades cotidiana, o terapeuta do espírito, o espiritualista e o estudioso das ciências psíquicas devem necessariamente familiarizar-se com certos princípios fundamentais para entender o mecanismo de funcionamento da criação mental. O conhecimento evita que o sujeito se coloque como vítima e promove sua ascensão a agente de sua própria vida, aprendendo a coibir perdas fluídicas desnecessárias.

Quando encarnados todos os pensamentos ou ideias, uma vez abrigados de modo mais ou menos permanente, causarão reação física. Embora se percebam eventuais consequências somente após algum tempo em que são cultivados e irradiado, torna-se inevitável considerar que as pessoas precisam ficar atentas à qualidade do produto da mente, que pode afetar as diversas funções do corpo de maneira intensa.

O mais sensato contra isso, diz o Espírito João Cobú, é reorganizar as matrizes do pensar e fazer uma faxina mental, selecionando a qualidade das ideias, dos conceitos e das imagens que se acolhem na intimidade, visando deixar o lixo tóxico dos pensamentos de baixa vibração do lado de fora. Eis por que muita gente vai atrás dos Espíritos pedindo que os livre deste ou daquele problema, com efeito nada pode ser feito, pois a fonte do problema está no psiquismo de quem se sente incomodado; é a própria pessoas que necessita reciclar sua vida mental com urgência.

Muita gente se queixa de problemas físicos cujas causas os médicos da Terra não conseguem descobrir. Ocorre que certas patologias, principalmente aquelas sem diagnósticos, na maior parte das vezes são causadas por uma vida mental e emocional complexa e desarmônica. Certas preocupações constantes, induzem inúmeras mudanças no corpo físico, causando muitas doenças. Não há como culpar a vida, os espíritos do mal ou supostos feitiços e artifícios de magia negra por eventuais, ou constantes, desequilíbrios orgânicos.

“ Na verdade , requerem-se muita coragem e disposição para realizar uma cirurgia na própria alma, abrindo-se para uma análise ou uma autocrítica pormenorizada. Somente assim se verá que a maioria dos males que imputados aos outros é resultado do estilo de vida mental e emocional que o ser desenvolveu ao longo do tempo.









RETIRADO DO LIVRO: CORPO FECHADO DE ROBSON PINHEIRO. 

sexta-feira, 19 de abril de 2019

PÁSCOA - REFLEXÃO










Há dois mil anos atrás, um homem veio ao mundo disposto a ser o maior exemplo de amor e verdade que a humanidade conheceria.

Sua proposta de vida não foi entendida por muitos e então, condenaram este homem e crucificaram-no, ignorando todos os seus propósitos de um mundo melhor.

Houve dor, angústia e escuridão. Por três dias, o sol se recusou a brilhar, a lua se negou a iluminar a Terra, até que no terceiro dia algo aconteceu...

Houve a Ressurreição!

A Páscoa existe para nos lembrar deste espetáculo inigualável
chamado ressurreição!

Páscoa...

Ressurreição do sorriso... Ressurreição da alegria de viver...

Ressurreição do amor...Ressurreição da amizade...

Ressurreição da vontade de ser feliz.


Ressurreição dos sonhos, das lembranças e de uma verdade que está acima dos ovos de chocolate ou até dos coelhinhos:

Cristo morreu, mas ressuscitou e fez isso somente para nos ensinar a matar os nossos piores defeitos e ressuscitar as maiores virtudes do íntimo de nossos corações.

A Páscoa é uma data cristã católica, que nada teria haver com a Umbanda se não fosse o sincretismo religioso que influencia nossa religião até os dias de hoje.

Ocorre que essa data, por mais católica que seja, trás consigo um significado que pode provocar uma boa reflexão a nós, umbandistas, que tem muita semelhança com nossos fundamentos.

Páscoa significa vida, renovação. Na vida é necessário renovar sempre, para crescer, evoluir. Nesta evolução está a libertação de tudo que é errado, que prejudica nosso convívio com as outras pessoas ou causa transtorno a natureza, ao planeta. Acho que é este o real sentido da vida, de estarmos aqui. Se não fosse isso não haveria explicação para tantas diferenças.








terça-feira, 9 de abril de 2019

A CURA NA MÃO DE TODOS







A faculdade de curar pela influência fluídica é muito comum e pode se desenvolver por exercício. Todos nós, estando saudáveis e equilibrados, podemos beneficiar os doentes com passes, irradiações, água fluidificada etc. Aprendendo e exercitando, desenvolvemos nosso potencial de ação sobre os fluídos. O poder curativo está na razão direta da pureza dos fluidos produzidos, como qualidades morais ou pureza de intenções, da energia da vontade, quando o desejo ardente de ajudar provoca maior força de penetração, e da ação do pensamento, dirigindo os fluidos em sua aplicação. A mediunidade de cura, porém, é bem mais rara, espontânea e se caracteriza pela energia e instantaneidade da ação.

O médium de cura age pelo simples contato, pela imposição das mãos, pelo olhar, por um gesto, mesmo sem o uso de qualquer medicamento. No evangelho, existem numerosos relatos onde Jesus ou seus seguidores curam por ação fluídica, alguns deles examinados por Allan Kardec no livro A Gênese, capítulo XV.

CONDIÇÕES FUNDAMENTAIS PARA A CURA

É lícito buscar a cura, mas não se pode exigi-Ia, pois ela dependerá da atração e fixação dos fluidos curadores por parte daqueles que devem recebê-los. A cura se processa conforme nossa fé, merecimento ou necessidade. Quando uma pessoa tem merecimento, sua existência precisa continuar ou as tarefas a seu cargo exigem boa saúde, a cura poderá ocorrer em qualquer tempo e lugar, até mesmo sem intermediários (aparentemente, porque ajuda espiritual sempre haverá). No entanto, às vezes, o bem do doente está em continuar sofrendo aquela dor ou limitação, que o reajusta e equilibra espiritualmente, o que nos faz pensar que nossa prece não foi ouvida. Para tanto, vejamos o que diz Emmanuel no livro Seara dos Médiuns, no capítulo "Oração e Cura": "Lembremo-nos de que lesões e chagas, frustrações e defeitos em nossa forma externa são remédios da alma que nós mesmos pedimos à farmácia de Deus. A cura só se dará em caráter duradouro se corrigirmos nossas atuais condições materiais e espirituais. A verdadeira saúde e equilíbrio vêm da paz que em espírito soubermos manter onde, quando, como e com quem estivermos.

Empenhemo-nos em curar males físicos, se possível, mas lembremos que o Espiritismo cura sobretudo as moléstias morais". De uma maneira primorosa, Allan Kardec nos situa sobre o assunto: "A cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã. O poder curativo está, pois, na razão direta da pureza da substância inoculada, mas depende também da energia da vontade, que, quanto maior for, mais abundante emissão fluídica provocará e tanto maior força de penetração dará ao fluido. Depende ainda das intenções daquele que deseje realizar a cura, seja homem ou espírito". Daí então se depreende que são quatro as condições fundamentais das quais depende o êxito da cura: o poder curativo do fluido magnético animalizado do próprio médium, a vontade do médium na doação de sua força, a influencia dos espíritos para dirigir e aumentar a força do homem e as intenções, méritos e fé daquele que deseja se curar.










quarta-feira, 3 de abril de 2019

ZÉLIO DE MORAES







Ele era um jovem como qualquer outro de sua época. Naqueles dias de início de século, acompanhava com satisfação e interesse as notícias a respeito de outros rapazes que ingressariam na Escola Naval. Era seu sonho trabalhar na Marinha, principalmente após concluir o curso propedêutico e já contar 17 anos de idade.

Contudo, alguma coisa parecia querer modificar seus planos. Algo estranho ocorria em seu interior; vozes pareciam repercutir em sua mente, e ele temia estar ficando louco. Como compartilhar esse fato com seus pais?

Mesmo assim resolveu que iria ingressar na escola da Marinha. Não poderia voltar atrás com seu sonho.

Começou então a caminhada em direção a seu ideal, que se esboçava naqueles dias que marcaram o ano de 1908, início do século XX.

Zélio de Moraes era um jovem sonhador.

Mas algo marcava profundamente o psiquismo do rapaz – ”uma espécie de ataque”, como classificava a família.

- Vez ou outra Zélio parece ficar desmiolado – dizia a mãe. Ele falava coisas incompreensíveis e parecia ficar todo torto, encurvado mesmo.

- Será que o menino está sofrendo da espinha? – alguém da família perguntou, certa ocasião.

Não havia mais como disfarçar a situação, pois os ataques se repetiam com maior frequência.

O jeito era levar o rapaz para uma consulta com o Epaminondas. Era um tio de Zélio, que trabalhava como coordenador do hospício de Vargem Grande. Em uma conversa do Dr. Epaminondas com o pai de Zélio, o médico relatou:

- Nunca vi coisa desse jeito. O menino se modifica todo, e, para mim, ele não se enquadra em nada que a ciência consiga explicar.

- Mas se continuar assim ele vai acabar interrompendo seu curso na Escola Naval! O que fazer com esse menino? Será coisa do demônio? – indagava o pai, aflito.

- Sei lá. De demônio eu não entendo nada. Imagine que, durante os dias em que examinei Zélio, ele começou a falar com um sotaque diferente, parecendo um velho que mal sabia falar português. Ele chegou até a dar umas receitas esquisitas de ervas e banhos, chás e outras coisas. Dizia, num linguajar estranho, que a recomendação era para um outro paciente que sofria de ”mal da cabeça”…

- Deus me livre, Epaminondas! Esse menino está é com a cabeça afetada mesmo – respondia a mãe.

Zélio de Moraes retornou novamente à família após os exames do Dr. Epaminondas. Nada resolveu.

Nova tentativa deveria realizar-se. Zélio foi encaminhado a um padre da família. Exorcismos e benzeduras foram feitos, mas nada de o demônio sair; em breve chegariam à conclusão de que nada daquilo surtiria efeito. Mesmo o padre desistiu logo, pois percebeu que suas rezas não valiam para aquele caso. Durante uma das sessões com o padre, Zélio estremeceu todo, encurvou-se e deu uma risada gostosa:

- Ih, seu padre, nóis já se conhece de outros tempo, né, zinfio?

- Conhece de onde? Eu não tenho parte com o diabo, não.

- Hi! Hi! Não é o diabo não, seu padre, é ieu memo. Um véio bem maroto.

O padre benzeu a si próprio e deixou Zélio dentro da igreja, abandonando-a sem nada compreender. O rapaz novamente retorna ao lar, após o insucesso das tentativas paroquianas. Ainda bem que o padre era membro da família, senão o infeliz teria um outro fim. Outras técnicas e exorcismos foram aplicados, mas o tal demônio de fala mansa não arredava pé: Zélio não melhorava de jeito nenhum.

A família, desesperada, já procurava qualquer tipo de ajuda. Sem importar de onde vinha, se fosse para ajudar a resolver o caso de Zélio, qualquer auxílio seria bem-vindo. Não mais adiantavam benzeção, consulta com médico ou conselho de padre. Precisavam encontrar uma explicação e, principalmente, a cura para o estranho mal que acometera o rapaz.

Um dia, uma vizinha que era chegada à família sugeriu algo inusitado:

- Sabe de uma coisa, minha gente, pra mim esse negócio do Zélio não e coisa de demônio, nada. Isso cheira a espiritismo! E espírito mesmo, e dos fortes.

- Espiritismo? E você por acaso conhece disso?

- Claro que sim! Ou você não sabe que eu sou entendida em muitas coisas da vida? Sei ate que lá, em Niterói, tem um tal de seu José de Souza, que é presidente de um centro muito forte. É um tal de Kardecismo.

A mãe de Zélio ficou lá matutando a respeito do espiritismo e resolveu pedir socorro à vizinha. Sem pensar duas vezes, ela logo procurou colher informações sobre o centro espírita e pôde descobrir endereço e nomes das pessoas responsáveis.

Um dia, quando Zélio estava no meio de um de seus ”ataques”, a família já completamente apavorada resolve procurar o centro espírita, como último recurso. Era a Federação Kardecista de Niterói. Ali chegaram com o rapaz no dia 15 de novembro de 1908, e quem os recebeu foi exatamente o presidente, o Sr. José de Souza.

A princípio a família Moraes ficou bastante inquieta com a situação. Na época, o simples fato de visitar um centro espírita já era algo assustador, devido ao preconceito e ao desconhecimento. Entre uma conversa e outra, descobriram que o Sr. José de Souza era alguém importante na Marinha: já naquela época, títulos e posições sociais eram ótimos cartões de visita. Logo se sentiram à vontade para conversar a respeito de Zélio.

Ali mesmo, na Federação, Zélio de Moraes agitou-se todo, e, como nas demais vezes, deu-se o chamado ”ataque” que os familiares tanto temiam. O presidente, através da vidência, logo percebeu que se tratava do fenômeno da incorporação e que um ou mais espíritos se revezavam falando através do jovem rapaz. Eram incorporações involuntárias, já que o médium não tinha controle consciente sobre o fenômeno.

Conduzido pelo Sr. Souza a uma reunião, Zélio já se encontrava em transe. O dirigente divisava claramente imagens e cenas que ocorriam em torno do médium, e a presença de uma entidade comunicante:

- Quem é você que fala através deste médium? O que deseja?

- Eu? Eu sou apenas um caboclo brasileiro. Vim para inaugurar algo novo e falar às pessoas simples de coração.

- Você se identifica como um caboclo, talvez um índio, mas eu vejo em você restos de vestes de um sacerdote católico. Não estará disfarçando sua aparência? Vejo-lhe o corpo espiritual.

- Sei que pode me ver. Mas asseguro-lhe que o que você percebe em mim são os sinais de uma outra existência, anterior a esta na qual adquiri a aparência indígena. Fui um sacerdote jesuíta, e, na ocasião, meu nome era Gabriel Malagrina. Fui acusado de bruxaria pela Igreja, sacrificado na fogueira da Inquisição por haver previsto o terremoto que destruiu Lisboa em 1755. Mas, em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como um caboclo nas terras brasileiras.

- E podemos saber seu nome?

- Para que nomes? Vocês ainda têm necessidade disso? Não basta a minha mensagem?

- Para nós seria de muita ajuda saber com quem falamos. Quem sabe podemos ajudar mais sabendo também algo mais detalhado?

- Se é preciso que eu tenha um nome, digam que sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, pois para mim não existem caminhos fechados. Venho trazer a Umbanda, uma religião que harmonizará as famílias, unirá os corações, falará aos simples e que há de perdurar até o final dos séculos.

- Mas que religião nova é esta e por que fazer o médium sofrer assim?

- A nova religião virá, e não tardará o tempo em que ela falará aos corações mais simples e numa linguagem despida de preconceito. Entre o povo do morro, das favelas, das ruas e dos guetos, será entoada uma cantiga nova. O povo receberá de seus ancestrais o ensinamento espiritual em forma de parábolas simples, diretamente da boca de pais-velhos e caboclos. Quanto ao que você chama de sofrimento do médium, é apenas uma fase de amadurecimento de sua mediunidade. Vocês é que interpretam como sofrimento; para nós, é apenas uma forma de adaptarmos o aparelho mediúnico ao trabalho que espera por ele. Depois, todo esse incômodo cessará. O que tiver de vir, virá.

- Mas se já existem tantas religiões no mundo e também temos o espiritismo, você acha que mais uma religião contribuirá para alguma coisa positiva? Por que essa forma fluídica de caboclo ou, como você diz, de pai-velho? Isso é necessário?

- Deus, em sua infinita bondade, estabeleceu a morte como o grande nivelador universal. Rico ou pobre, poderoso ou humilde se igualam na morte, mas vocês, que são preconceituosos, descontentes por estabelecer diferenças apenas entre os vivos, procuram levar essas diferenças até além da morte. Por que não podem nos visitar os humildes trabalhadores do espaço se, apesar de não haverem sido pessoas importantes na Terra, também trazem importantes mensagens da Aruanda? Por que não receber os caboclos e pretos-velhos? Acaso não são eles também filhos do mesmo Deus?

- O que você quer dizer com a palavra Aruanda? – Aruanda é o mundo espiritual, os trabalhadores da Aruanda são todos aqueles que levantam a bandeira da liberdade.

Depois de mais algumas perguntas feitas pelo dirigente da reunião espírita, o caboclo continuou: este planeta mais uma vez será varrido pela dor, pela ambição do homem e pelo desrespeito às leis de Deus. A guerra logo irá fazer suas vítimas. As mulheres perderão ali a vergonha. Uma onda de sangue varrerá a Europa, e, quando todos acharem que o pior já foi atingido, uma outra onda de sangue, muito pior do que a primeira, envolverá a humanidade, e um único engenheiro militar será capaz de destruir, em segundos, milhares de pessoas. O homem será vítima de sua própria máquina de destruição.

- Vejo que você se faz um profeta…

- Assim como previ o terremoto de Lisboa em 1755, trago hoje em minhas palavras um pouco do futuro do mundo; mas agora já não podem matar o corpo, pois este está morto. Vivo como espírito e como caboclo trago uma nova esperança. Amanhã, na casa onde meu médium mora, haverá uma mesa posta para toda e qualquer entidade que queira ou que precise se comunicar; independentemente daquilo que haja sido em vida, será bem-vinda. Espíritos de sacerdotes, iniciados e sábios tomarão a forma de simples pais-velhos ou caboclos, e levaremos o consolo ao povo necessitado.

- Parece mais uma igreja que você fundará na Terra…

- Se desejar, poderá chamar de igreja; para nós é apenas uma tenda, uma cabana.

- E que nome darão a essa igreja?

- Tenda Nossa Senhora da Piedade, pois, da mesma forma que Maria ampara nos braços o filho querido, também serão amparados os que se socorrerem da aumbandhã.

- Por que dar o nome de tenda a essa igreja? Por que inventar novos nomes? Isso não irá complicar mais ainda para a população? – o Presidente José de Souza queria extrair mais alguma coisa da entidade.

- As igrejas dos homens e os templos construídos pelo orgulho humano são muito imponentes. Chamaremos de tenda o local de reunião; um lugar simples e humilde, como simples e humildes devemos trabalhar para ser.

Como era previsível, o presidente da Federação Kardecista de Niterói não concordou com aquilo que o caboclo brasileiro trazia através de Zélio de Moraes. Contudo, foi obrigado a reconhecer que algo novo surgira naquele 15 de novembro de 1908.

No dia seguinte, a família Moraes se reuniria em sua sala e, juntamente com eles, um grupo de espíritas curiosos que chegaram para ver como seria a nova religião. Aqueles que se sentiram atraídos pelas palavras do caboclo perceberam a arrogância dos dirigentes e foram obrigados a decidir se ficariam no antigo centro espírita ou se fariam parte da tenda, da nova religião. Durante os trabalhos, vários médiuns incorporaram caboclos, crianças ou pais-velhos.

E nascia assim o comprometimento de Zélio de Moraes com a aumbandhã ou, simplesmente Umbanda. Uma religião tipicamente brasileira, considerando-se o tipo psicológico com o qual se apresentam as entidades veneráveis que fizeram da Umbanda uma fonte de luz e sabedoria para as pessoas que se sintonizam com suas verdades.









Adaptado e extraído do livro Aruanda.
Psicografia de Robson Pinheiro pelo espírito Ângelo Inácio.