Em todos estes anos de
terreiro, aprendi a observar e a aceitar o fato de que nem todos absorverão, no
tempo, os ensinamentos da Umbanda. São indivíduos – assistência e médiuns da
corrente – sem “porosidade”, não lhes entra internamente as orientações dos Guias
Espirituais. Não conseguem mudar o padrão, são vítimas de si mesmos, do
“destino”, estão enredados em comportamentos enrijecidos, não mudarão. São mais
externos, dos ritos para fora, do movimento…Tem sérios bloqueios para a
interioridade, para a mudança de hábitos…
Aceito isto com
resignação, sabedor que ninguém pode modificar ninguém, nem Deus!!!
REFLEXÃO DE TERREIRO
Indiferente de segmento,
vale a pena ler!
Quem não está para doar
também não está para receber…
Todos querem…
Todos querem incorporar o
Erê mais fofo, o Caboclo mais forte, o Pai-Velho mais sábio, o Exú ou Pomba
Gira mais temível..
Poucos incorporam as
doutrinas, os ensinamentos, os alertas, os conselhos, as recomendações…
Todos querem fazer trabalhos
nas matas, nas praias, nas montanhas, nos rios, nas estradas, no cemitério….
Poucos querem varrer o
chão, tirar o lixo, lavar a louça, arrumar as cadeiras, justamente no Terreiro
onde os Orixás, Guias e Protetores trazem sua luz…
Todos querem trabalhar com
oferendas de velas, ervas, alguidares, elementos mágicos….
Poucos querem raspar a
tábua, esvaziar os cinzeiros, lavar os alguidares, raspar o respingo de vela..
Todos querem aprender
mirongas, banhos, encantamentos, fórmulas, pontos riscados…
Poucos querem respeitar a
hierarquia, acatar as normas, saudar e respeitar o chão santo…
Todos querem ver, ouvir,
sentir, receber intuição…
Poucos querem ouvir as
razões, ver as fraquezas, sentir a sensibilidade, intuir as carências de seu
irmão…
Todos querem firmar o
congá, cruzar imagem, vestir o branco, cantar pontos, bater palma, riscar a
tábua…
Poucos querem ter
humildade, serenidade e sinceridade…
Todos querem a roupa mais
vistosa, a Guia mais elaborada, o chapéu, o brinco, a capa, a saia, o
instrumento mais exótico…
Poucos querem se vestir
com a armadura da fé, se vestir com as armas da coragem… e pior ainda, não
querem se despir do orgulho, da vaidade e da arrogância…
Todos querem, poucos
fazem.
Todos querem, poucos
recebem.
Todos reclamam, poucos
aprendem.
Poucos olham pra dentro de
si mesmos ou para o lado…
A UMBANDA quer ser para
todos,
mas a UMBANDA,
infelizmente, é para poucos…