O enfeitiçamento pode
efetivar-se pela força do pensamento, das palavras ou objetos imantados, que
produzem danos a outras criaturas. O enfeitiçamento verbal resulta de palavras
de crítica antifraterna, maledicência, calúnia, intriga e maldições. Seu autor
é responsável perante a Lei do Carma e fica sujeito ao “choque de retorno” de
sua bruxaria verbal, segundo a extensão do prejuízo que venha a resultar das
palavras ou gestos desfavoráveis ao próximo.
Quando a criatura fala mal
de alguém, essa vibração mental atrai e ativa igual cota dessa energia das
demais pessoas que a escutam, aumentando seu feitiço verbal com nova carga
malévola. Assim, cresce a responsabilidade do maledicente pelo caráter ofensivo
de suas palavras, à medida que elas vão sendo divulgadas e apreciadas por
outras mentes, atingindo então a vítima com um impacto mais vigoroso do que o
de sua força original.
Evidentemente, a pessoa que
fala mal de outrem só por leviandade, há de ser menos culpada espiritualmente
de quem o faz por inveja, ódio ou vingança. No primeiro caso, as palavras não
possuem a força molesta própria de uma deliberação malévola consciente. Porém,
quem se concentra na ação deliberada de prejudicar alguém, elabora seu próprio
infortúnio.
Quando o ser humano pensa,
projeta em todas as direções energias benfeitoras ou malévolas, criadoras ou
destrutivas, segundo a natureza de seus pensamentos e sentimentos. A palavra é,
portanto, a manifestação sonora do sentimento ou pensamento gerado no plano
oculto do ser. É tão sutil e influente a palavra, que certas pessoas, devido a
um sentido oculto, chegam a pressentir quando alguém fala mal delas e ficam
alertas contra algum perigo iminente.
Também existe profunda
diferença entre o ato de maldizer e abençoar. Quando abençoamos, mobilizamos
energia na forma de um combustível superior, para expressar a idéia e o sentimento
sublimes de nosso espírito naquele momento. Durante o ato de abençoar, o homem
revela na sua configuração humana a magnitude, mansuetude e o recolhimento do
espírito preocupado em invocar forças superiores e benfeitoras em favor de
alguém.
O brilho dos olhos, o gesto
das mãos, a expressão do rosto e a quietude do corpo formam um conjunto de
aspecto atraente, a combinar-se mansamente com o fluido amoroso que sempre
acompanha a palavra benfeitora. Há indizível encanto e respeito no gesto da mãe
que abençoa o filho, quando ela mobiliza sua força materna e invoca a condição
divina de médium da vida, a fim de rogar ao Criador a proteção amorosa para seu
filho. A bênção adoça a alma de quem a recebe e beneficia a quem a dá.
A expressão “Deus te
abençoe” é vigoroso mantra que dinamiza na criatura a esperança e o júbilo
espiritual. Com o magnetismo energético e hipnótico das palavras, podemos
despertar energias e promover transformações miraculosas.
Por outro lado, o
praguejador crispa as mãos e os olhos fuzilam despedindo faíscas de ódio;
dilatam-se as narinas sob o arfar violento do amor-próprio ferido, ou
entorce-se o canto dos lábios sobre os dentes cerrados. A fisionomia fica
congesta e retesada, delineando o fácies animal na sua fúria destruidora. A
maldição consciente é força tão diabólica, que arrasa a vítima indefesa e
massacra seu próprio autor imprudente.
No entanto, a praga ou
maldição proferida pela pessoa temperamental e sem controle emotivo, é impulso
mais inofensivo do que a carga enfeitiçante e destruidora que se forja lenta e
calculadamente no alquimismo do laboratório consciente mental. E o povo então
considera inofensiva a praga que sai “da boca para fora”, mas arrepia-se quando
ela parte do coração.
- do livro MAGIA DE REDENÇÃO