Cativeiro. Palavra
difícil, essa.
Muitas vezes meus filhos
julgam que o cativeiro é somente aquele em que os homens, geralmente os
brancos, subjugavam negros e a eles impingiam toda sorte de sofrimento, de
acordo com o mando do senhor dos escravos.
Quanto engano.
Há tantas formas de
cativeiro...
O jugo
que o homem
impõe sobre o
outro, tentando oprimir
as consciências, espalhando a infelicidade dentro dos corações. O
cativeiro das idéias, quando o
ser se faz
escravo de certos
pensamentos, já ultrapassados,
ou mesmo das próprias idéias, que nem sempre dignificam quem está com a razão.
Existe a escravidão de um
povo, de uma raça, de uma comunidade, de uma família ou de um indivíduo, quando
se recusa a seguir o progresso da vida e estaciona no tempo. Mas há também a
escravidão daqueles que se julgam sábios, que repetem coisas belas filosofias
copiadas de outros e que são incapazes de realizar algo em benefício próprio,
como a transformação íntima de suas tendências, seus costumes e idéias, pois se
acham escravos de si mesmos.
Na verdade, o cativeiro da
escravidão pode ter passado. No entanto, quem sabe Isabel, a princesa, tenha apenas
aberto um caminho para que os homens não mais continuassem cativos de seus
modismos, medos, ânsias e angústias; de sua pequenez sem sentido?
É preciso que os meus
filhos se encarem no espelho. Não naquele espelho no qual costumam olhar-se
pela manhã, mas no espelho do eu, na própria alma. Observar se não estão com
grilhões atados na mente, na alma ou no coração.
E preciso liberdade. Mas
liberdade não é o resultado de um decreto ou de uma assinatura em uma folha de
papel. A verdadeira libertação é a da alma, que poderá um dia voar livre como
as andorinhas no céu de sua própria
vida.
Sem grilhões,
sem cordas, sem
muletas.
É preciso voar e voar
alto, dentro de si mesmo.
Sabedoria de Preto Velho
Pai João de Aruanda
Robson Pinheiro
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