quinta-feira, 6 de julho de 2017

CATIVEIRO DA ALMA









Cativeiro. Palavra difícil, essa.

Muitas vezes meus filhos julgam que o cativeiro é somente aquele em que os homens, geralmente os brancos, subjugavam negros e a eles impingiam toda sorte de sofrimento, de acordo com o mando do senhor dos escravos.

Quanto engano.

Há tantas formas de cativeiro...

O   jugo   que   o   homem   impõe    sobre   o   outro,   tentando   oprimir   as consciências, espalhando a infelicidade dentro dos corações. O cativeiro das idéias,   quando   o   ser   se   faz   escravo   de   certos   pensamentos,   já ultrapassados, ou mesmo das próprias idéias, que nem sempre dignificam quem está com a razão.

Existe a escravidão de um povo, de uma raça, de uma comunidade, de uma família ou de um indivíduo, quando se recusa a seguir o progresso da vida e estaciona no tempo. Mas há também a escravidão daqueles que se julgam sábios, que repetem coisas belas filosofias copiadas de outros e que são incapazes de realizar algo em benefício próprio, como a transformação íntima de suas tendências, seus costumes e idéias, pois se acham escravos de si mesmos.
Na verdade, o cativeiro da escravidão pode ter passado. No entanto, quem sabe Isabel, a princesa, tenha apenas aberto um caminho para que os homens não mais continuassem cativos de seus modismos, medos, ânsias e angústias; de sua pequenez sem sentido?

É preciso que os meus filhos se encarem no espelho. Não naquele espelho no qual costumam olhar-se pela manhã, mas no espelho do eu, na própria alma. Observar se não estão com grilhões atados na mente, na alma ou no coração.

E preciso liberdade. Mas liberdade não é o resultado de um decreto ou de uma assinatura em uma folha de papel. A verdadeira libertação é a da alma, que poderá um dia voar livre como as andorinhas no céu de sua própria   vida.  

Sem   grilhões,   sem   cordas,   sem   muletas. 

É preciso voar e voar alto, dentro de si mesmo.







Sabedoria de Preto Velho Pai João de Aruanda

Robson Pinheiro

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