"É
importante esclarecer algumas dúvidas mais comuns quanto à formação das
falanges na umbanda. Numa determinada falange pode haver centenas de espíritos
atuando com o mesmo nome, aos quais denominamos de falangeiros dos orixás. A
falange de Cabocla Jurema, por exemplo,
é constituída de
milhares de espíritos
que adotam este
nome, como se
fossem procuradores diretos da vibração do orixá Oxossi. Então, sob o
comando de um espírito, existe uma quantidade enorme de outros espíritos que se
utilizam dessa mesma "chancela" ou "insígnia" - uma espécie
de autorização dos Maiorais que regem o movimento umbandista e que identificam
os que já adquiriram o direito de trabalho nas suas frentes de caridade no
orbe. Na verdade, quando um médium incorpora uma Cabocla Jurema, ele se enfeixa
na falange que tem uma vibração peculiar. Por isso, pode ocorrer a manifestação
de centenas de caboclas juremas ao mesmo tempo, pelo Brasil afora, inclusive
dentro de um mesmo terreiro.
Considerando
que é possível um mesmo espírito atuar em diversas falanges com mais de um
nome, de acordo com sua missão e evolução espiritual, percebemos o quanto é
grande o osso apego às entidades que nos
assistem quando ouvimos corriqueiramente a seguinte afirmação de muitos
médiuns: "meu guia", "meu caboclo", "meu exu". Na
realidade, eles é quem nos escolhem do "lado de lá". A opção sempre
parte do mundo espiritual. Quantas vezes nos achamos privilegiados por ter como
guia o caboclo mais forte, quando ele está se manifestando bem ao nosso lado,
no médium mais simples e prestativo do terreiro, como um humilde pai velho, por
não encontrar mais no seu antigo aparelho o campo psíquico livre da erva
daninha que é a sorrateira vaidade.
Da
mesma forma, um espírito pode estar atuando manifestado mediunicamente em
vários aparelhos ao mesmo tempo, numa diversidade de terreiros. É possível a
certas entidades vibrarem numa espécie de multiplicidade vibratória (ubiquidade),
pois as distâncias e o tempo do "lado de lá" diferem em muito do
plano físico. Imaginemos uma mesma fonte geradora de eletricidade que alimenta
muitos fios que levam a energia para vários bairros. A mesma força que entra na
mansão de João, entra no casebre de José, na choupana de Maria, na casa do
feirante, no apartamento do médico, sendo a origem fornecedora a mesma, ainda
que mude a luminosidade e a cor aos nossos limitados olhos."
Umbanda
Pé no Chão
Ramatís
Norberto Peixoto
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