Segundo o Caboclo das Sete
Encruzilhadas, nenhuma religião nasce plena. Ela nasce em fase embrionária e
como uma criança ela cresce e se desenvolve. Somos sabedores que no surgimento
de qualquer evento importante que permeia a vida de muitos, com o passar dos
tempos, quando tudo se inicia somente com observações calcadas na oralidade,
pela falta documental comprobatória, muita coisa acaba transformando-se em mito
e/ou estórias.
Muitos falam sobre o Caboclo
das Sete Encruzilhadas, mas, infelizmente, raros são os que seguem suas
orientações. Muitos dão muitas desculpas, todas calcadas na idiossincrasia.
Propagam o Caboclo como instituidor da Umbanda, mas, deixam suas evidentes e
claras “Linhas Mestras” relegadas a uma Umbanda lírica, histórica e
ultrapassada, alegando que a Umbanda evoluiu desde a sua criação, e por isso,
muita coisa que o Caboclo das Sete Encruzilhadas orientou que não usasse ou
fizesse, hoje, já pode ser usado e feito com justificativas esfarrapadas, sem
comprovação e sem a anuência da espiritualidade maior, aduzindo que a Umbanda
progrediu e hoje tudo pode ser usado a bel prazer.
O Caboclo das Sete
Encruzilhadas institui a Umbanda como religião e normatizou-a com preceitos
simples, mas, que teriam de serem seguidos à risca. A partir da fundação da
Umbanda, muitos umbandistas derivaram das práticas originais, criando o que
chamamos de: “Modalidades de Umbanda”. Se essas modalidades de Umbanda, mesmo não
seguindo todas as “Linhas Mestras” do instituidor, estiverem praticando a
caridade desmedida, a compaixão, fé, amor, humildade, desprendimento, desapego,
perdão e perseverança, estão no caminho certo, mas, estariam mais seguros,
seguindo todas as “Linhas Mestras” do fundador.
Só teríamos que nos
posicionar, e classificarmos que modalidade de Umbanda se pratica, para que o
leigo pudesse se posicionar. Inclusive,
afirmamos que nem todo Espírito que “baixa” em Terreiro é autorizado a dirigir
ou agir em nome da Umbanda. Seguimos a regra evangélica que diz: “Amados, não
creiais a todo Espírito, mas provai se os Espíritos são de Deus, porque já
muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” (I João, 4:1). Observem o
que o Capitão Pessoa, dirigente da Tenda Espírita São Jerônimo, um das sete
Tendas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, em 1942 disse: “(...) O
Caboclo das Sete Encruzilhadas é o legítimo senhor de Um- banda no Brasil;
nenhuma entidade, por grande que seja, intervém nos trabalhos da magia branca
sem uma prévia combinação com ele (...). – “O que deseja, sobretudo, é que este
ritual (nota do autor: ritual da Umbanda) seja praticado apenas por Guias
autorizados, porque não são todos Espíritos que baixam nos Terreiros que se
acham à altura de praticá-lo”(...). Já
lemos relatos de irmãos ainda insistindo que não foi o Caboclo das Sete
Encruzilhadas que fundou a Umbanda; outros, dizem que Zélio de Moraes era
kardecista e, portanto, montou uma Umbanda kardequizada. Tudo pura conjectura.
São opiniões calcadas somente em achismos, pois carece de comprovação
documentária, fonográfica, discográfica ou mesmo filmográfica.
Cremos que muita coisa ainda
há de aparecer e ser esclarecida quanto à história da Umbanda, do Caboclo das
Sete Encruzilhadas, da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade e de Zélio
Fernandino de Moraes. Verificar esses dados históricos já foi como procurar
agulha num palheiro; hoje esta sendo como procurar agulha num agulheiro. Mas,
se todos que tiverem um pequeno dado histórico e comprovado contribuírem, com
certeza poderíamos juntar todas as peças do tabuleiro e assim descortinar o
movimento umbandista brasileiro em sua real beleza e funcionalidade. Temos
poucos, mas, fiéis trabalhadores engajados no resgate histórico da nossa amada
Umbanda. Uns estudiosos concordam e outros discordam dos entendimentos sobre os
relatos históricos. Uns merecem e outros desmerecem a descoberta que alguns
fizerem em fatos documentais.
A verdade é uma só: Quem
participou juntamente do Caboclo das Sete Encruzilhadas em sua missão na terra
já desencarnou e não deixou nada, a não ser comentários espaçados. Por isso,
achamos bonito entender certos aspectos de como tudo era, mas damos verdadeiro
valor e insistimos obsessivamente, que nós umbandistas devemos sim, atentar
para o que o Caboclo deixou como “Linhas Mestras” a serem seguidas; o resto são
somente fatos históricos para satisfazer a curiosidade.
Seria o mesmo que deixarmos
de lado os ensinamentos de Jesus, para somente atentar, discutir, brigar, para
provar se ele era moreno, se tinha 1.80 de altura, se era casado, se mantinha
relações sexuais, se teve filhos, se bebia vinho, etc., o que não iria de
maneira nenhuma acrescentar em nada a nossa evolução espiritual.
Já passamos a primeira fase
da Umbanda (100 anos), a da implantação, já ingressando na segunda fase, a da
doutrinação. Muita coisa ainda há de mudar. Hoje, fazemos, cremos e pregamos
uma Umbanda. Amanhã, faremos, creremos e pregaremos outra Umbanda, calcada na
Espiritualidade Maior. Mas, temos que preparar o terreno para as mudanças que
virão futuramente.
Ainda nos encontramos presos
na egolatria, no egocentrismo e na idiossincrasia, sem ouvirmos atentamente o
que nos passa a espiritualidade, pois ainda nos encontramos preocupados tão
somente com fatores externos, esquecendo as mudanças interiores, esquecendo de
nos educar nos ensinamentos evangélicos, legados pelo meigo Rabino da Galileia.
Vamos envidar todos os nossos esforços para as mudanças atuais que se fazem
necessárias, a fim de que possamos unidos, nos preparar condignamente, para
sermos fieis medianeiros e depositários da confiança da Cúpula Astral de Umbanda,
em Aruanda.
Coletânea de umbanda –
padrinho juruá
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