Sempre que os espíritos de
crianças chegam a um terreiro de umbanda, vêm trazendo a alegria através de um
comportamento que pode parecer irreverente para aqueles que só enxergam o lado
das brincadeiras, das cambalhotas e dos pedidos de balas e doces. Enquanto se
espalham pelo terrreiro, com seu jeito travesso, elas estão desfazendo magias,
limpando o ambiente. São os magos da pureza e é comum dizeres: “o que os filhos
das trevas fazem qualquer criança desfaz.
O que a criança faz (no sentido
do bem), ninguém desfaz ou interfere”. Mas, de quais crianças estamos falando?
Estamos falando dos Erês, ou da linha de Yori, ou ainda da falange de Ibeji. As
designações são múltiplas para um mesmo fim, ou seja, a representação de
instrutores e sábios que vestem roupagem fluídica, trazendo mensagens de grande
profundidade e sabedoria. E quando falamos em crianças, na umbanda, um nome e
uma imagem se destacam em meio a essa energia de limpeza, cura e amor. Cosme e
Damião, festejados no dia 27 de setembro.
Fé Catolica
Existem santos que não
sabemos nada da sua história e até mesmo a Igreja, não fornece dados, que
comprovariam a existência deste, ou aquele santo, porém, pesquisando a vida dos
santos, podemos descobrir detalhes que muitos desconhecem. O exemplo disso é São
Cosme e Damião: Eles foram martirizados na Síria, porém é desconhecida a forma
como morreram. Seu culto já estava estabilizado no Mediterrrâneo no século V.
Perseguidos por Diocleciano foram trucidados e muitos fiéis transportaram seus
corpos para Roma, onde foram sepultados no maior templo dedicado a eles, feitos
pelo Papa Félix IV (526-30), na Basílica no Fórum de Roma com as iniciais SS –
Cosme e Damião.
Alguns relatos atestam que
eram originários da Arábia, mas de pais cristãos. Seus nomes verdadeiros eram
Acta e Passio. Surgiram várias versões, mas nenhuma comprovada com fundamento
histórico. Em uma das fontes, explica-se que eram dois irmãos, bons e caridosos
que realizavam milagres. Alguns relatos afirmam que foram amarrados e jogados
em um despenhadeiro sob a acusação de feitiçaria e inimigo dos deuses romanos.
Em outra versão, na primeira
tentativa da morte, foram afogados, mas salvos por anjos. Na segunda, foram
queimados, mas o fogo não lhes causou dano algum. Apedrejados na terceira vez,
as pedras voltaram para trás, sem atingi-los. Por fim, morreram degolados.
Depois de mortos, apareceram materializados ajudando crianças que sofriam
violências. Ao gêmeo Acta é atribuído o milagres da levitação e ao gêmeo Passio
a tranquilidade da aceitação do seu martírio. A partir do século V os milagres
de cura atribuídos aos gêmeos fizeram com que passassem a ser considerados
médicos, pois, quando em vida, exerciam a medicina na Síria, em Egéia e Ásia
Menor, sem receber qualquer pagamento. Por isso, eram chamados de anargiros, ou
seja, inimigos do dinheiro. Mais tarde, foram escolhidos patronos dos
cirurgiões. Sempre confiantes em Deus oravam e obtinham curas fantásticas.
Também foram chamados de
“santos pobres”. Muitos esforços foram feitos para demonstrar que Cosme e
Damião não exisitiram de fato, que eram apenas a versão cristã dos filhos
gêmeos pagãos de Zeus. Isto não é verdade, embora haja evidências de que a
superstição popular muitas vezes fez supor haver em seu culto uma adaptação do
costume pagão. No Brasil, em 1530, a igreja de Igarassu, em Pernambuco,
consagrou Cosme e Damião como padroeiros. No dia 27 de setembro, quando é
realizada a festa aos santos gêmeos, as igrejas e os templos das religiões
afro-brasileiras são enfeitados com bandeirolas e alegres desenhos.