Há horas em nossa vida que
somos tomados por uma enorme sensação de inutilidade, de vazio. Questionamos o
porquê de nossa existência e nada parece fazer sentido. Concentramos nossa
atenção no lado mais cruel da vida – aquele que é implacável e a todos afeta
indistintamente: as perdas do ser humano.
Ao nascer, perdemos o
aconchego, a segurança e a proteção do útero. Estamos, a partir de então, por
nossa conta – sozinhos, podem dizer alguns.
Começamos a vida em perda,
e nela continuamos –dizem outros. Porém, paradoxalmente, se notarmos bem, e se
nos atrevermos a ver tudo isso sob um outro ponto de vista, um ponto de vista
mais otimista, quem sabe, descobriremos algumas coisas como:
No momento em que perdemos
algo, novas oportunidades nos surgem. Ao perdemos o aconchego do útero,
ganhamos os braços do Mundo. Ele nos acolhe, nos assusta e nos encanta, nos
destrói e nos eleva. E continuamos a perder… E seguimos a ganhar.
Perdemos a inocência da infância,
e ganhamos a confiança absoluta na mão que segura nossa mão. Ganhamos a coragem
de andar na bicicleta sem rodinhas porque alguém ao nosso lado nos assegura que
não nos deixará cair. Perdemos a inocência da infância, e adquirimos a
capacidade de questionar: por quê? Perguntamos a todos e de tudo. Estamos
crescendo.
Nascer, crescer,
adolescer, amadurecer, envelhecer, morrer, renascer. Cada nova fase revela
perdas. Cada nova fase aponta novos ganhos. A vida é obra encantadora do
Criador. Nada nela existe por acaso. Nada funciona ou acontece sem seguir uma
lei maior, uma razão.
Nem mesmo a tão temida
“morte” deve ser considerada como oposto de “vida”. O que chamamos de morte é
apenas uma entrada para outra estação da mesma vida. Assim, quando achamos que
“perdemos” pessoas que amamos, deveríamos enxergar que “ganhamos” um grande
amor, e este nunca se perderá.
Cada pessoa que entra em
nossa vida, e que nela permanece através do amor, nunca mais estará distante.
Que ganho maravilhoso este! Que certeza esperançosa, revolucionária.
A vida não começa em
perda, começa em “oportunidade”. Nascer é ganhar nova chance de seguir adiante.
Nova chance de descobrir, de conhecer e de amar.
Quem ama nunca perde. Quem
doa nunca fica sem.
Pensamento:
O Espírito Fénelon, na
obra “O evangelho segundo o espiritismo”, traz uma importante reflexão. Diz-nos
ele:
“Humanos, é nesse ponto
que precisais elevar-vos acima do terra-a-terra da vida, para compreenderdes
que o bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal(…)
Por que haveis de avaliar
a justiça divina pela vossa?
Podeis supor que o Senhor
dos Mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas cruéis?
Nada se faz sem um fim
inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser.”
Redação do Momento
Espírita com base em texto atribuído a Aila Magalhães e no cap. V de O
evangelho segundo o espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb.
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