Um dos objetivos da
doutrinação de espíritos é apontar rumos às entidades comunicantes, grande
parte delas ainda perdidas quanto ao que lhes aconteceu, pois não reconhecem
estar numa outra dimensão além da dos chamados “vivos”, e necessitam de
orientação quanto aos passos que deverão dar a partir da informação de que são
espíritos imortais com a incumbência de colaborarem com o próprio progresso,
submetendo-se aos desígnios divinos. Eis aí a beleza da tarefa dos
esclarecedores, os médiuns chamados “doutrinadores” que têm a função de
dialogar com essas entidades certos de que são os instrumentos de que o Alto se
serve para socorrer mais eficazmente a quem se encontra como clandestinos no
mundo espiritual, porquanto não sabem – ou se recusam a aceitar – que foram
visitados pela morte do corpo material.
Na qualidade de
instrumento, o médium doutrinador, ou esclarecedor, como prefere o Espírito
André Luiz, deve entender que, dele mesmo, somente sua vontade de cooperar na
tarefa e seu organismo oferece no momento do atendimento na Sala Mediúnica,
porquanto tudo o mais é realizado pela Equipe Espiritual condutora dos
trabalhos. Importa, por isso, sermos os melhores coadjuvantes junto aos
abnegados Instrutores do Espaço, conscientizando-nos quanto ao bom procedimento,
nos três campos em que somos exigidos disciplinarmente: o mental, o emocional e
o comportamental. Nessas três esferas – que remetem ao trinômio estabelecido
pelo Espírito Emmanuel ao convidar o médium Francisco (Chico) Cândido Xavier
para uma atuação conjunta (das mais profícuas de que tenhamos notícia) – o
exercício da meditação ganham significativa importância, para o despertar do
médium.
Através da meditação, que
em nosso caso significará tão somente a reflexão constante e cada vez mais
aprofundada acerca da natureza do trabalho mediúnico e de nossa participação
nele, compreenderemos a necessidade de policiarmos os pensamentos,
equilibrarmos o quanto possível as emoções e desenvolvermos atitudes pautadas
impreterivelmente pelas lições do Evangelho. Uma mente em desalinho não dará,
facilmente, espaço para a recepção das orientações espirituais direcionadas às
entidades sofredoras, assim como médiuns com as emoções em desequilíbrio
necessitará bem mais de cuidados do que poderão auxiliar a alguém; também é
fato que os abusos negligentes quanto ao vestuário e à ingestão de alimentos,
bebidas ou substâncias outras, configurando viciações, comprometem a tarefa e a
própria condição do medianeiro. Assim sendo, como esse médium poderá apontar
rumos dignificantes e fazer-se acreditar pelos irmãos infelizes senão dá a si
próprio esse benefício?
Não desconhecemos que o
dinamismo da prática da caridade revela que o que fazemos aos outros fazemos a
nós mesmos e que os espíritos comunicantes, nesse sentido, vêm-nos abrir os
olhos para nossa própria condição ao revelarem seus dramas, como a dizer-nos:
“enquanto eu estava aí, agi como quis e agora estou sofrendo bem mais!” Já
descobrimos, também, que não fazemos caridade a não ser a nós mesmos na
intimidade da Sala Mediúnica. Essa caridade será tanto maior quanto nos
disponhamos a exercitar os “ouvidos de ouvir” referenciados por Jesus, com
vistas a, aprendendo a lição vinda do “outro lado” da vida, melhor
correspondermos aos esforços da Espiritualidade.
A doutrinação, portanto, é
uma arte a exigir empenho de cada um de nós, médiuns conscientes que
pretendemos ser, e nesse aspecto também os psicofônicos são convidados à
especialização, através do imprescindível estudo, dos exercícios de meditação e
das práticas caritativas nas duas vertentes (moral e material), como forma de
desenvolvermos a sensibilidade para com a dor do outro, afeiçoando-nos ao
trabalho com o Cristo. Sim, o trabalho não é nosso. Como na parábola do Festim
das Bodas, somos apenas os convidados de última hora para o banquete
espiritual; contudo, para sermos dignos de ali nos encontrarmos, devemos estar
usando a túnica nupcial, representada pelos pensamentos enobrecidos, pelos
sentimentos marcados pelo espírito de fraternidade e pelas atitudes sóbrias quanto
às coisas do mundo...
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