quarta-feira, 19 de abril de 2017

HINO UMBANDISTA









Apresentamos um disco, faixa única, de rotação 78, provavelmente da década de 1940, intitulado: “Hino Umbandista” de autoria de: Iris Fossati Guimarães e Jerson D´Oliveira, orquestrado pelo afamado maestro Radamés Gnattali, adquirido em época de seu lançamento pela nossa avó materna, Mãe Alice, 1ª dirigente do Templo da Estrela Azul – Casa de Oração Umbandista.

Esse disco é uma raridade, pelo fato de que dispõe de uma música intitulada “Hino Umbandista”, anterior a composição “Refletiu a Luz Divina”, composta pelo senhor J. M. Alves, na década de 60, sendo posteriormente adotada pelos umbandistas como “Hino da Umbanda”.

Não encontramos absolutamente ninguém que o conhecesse, nem os mais velhos umbandistas que conhecemos, bem como nas pesquisas realizadas na Net; não encontramos nenhuma referência. Inclusive, este disco, é desconhecido pela própria família do maestro, não fazendo parte do acervo histórico dedicado a ele.

Radamés Gnattali (Porto Alegre, 27 de janeiro de 1906 — Rio de Janeiro, 13 de fevereiro de 1988) foi um arranjador, compositor, e instrumentista brasileiro.

Estudou com Guilherme Fontainha no Conservatório de Porto Alegre; na Escola Nacional de Música, com Agnelo França. Terminou o curso de piano em 1924 e fez concertos em várias capitais brasileiras, viajando também como violista do Quarteto Oswald, desde então passou a estudar composição e orquestração.

Em 1939 substituiu Pixinguinha como arranjador da gravadora Victor. Durante trinta anos trabalhou como arranjador na Rádio Nacional. Foi o autor da parte orquestral de gravações célebres como a do cantor Orlando Silva para a música Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro, ou ainda da famosa gravação original de Aquarela do Brasil (Ary Barroso) ou de Copacabana (João de Barro e Alberto Ribeiro) - esta última imortalizada na voz de Dick Farney.

Em 1960 embarcou para Europa, apresentando-se num sexteto que incluía Acordeão, Guitarra, Bateria e Contrabaixo. Foi contemporâneo de compositores como Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Anacleto de Medeiros e Pixinguinha.

Na década de 70, Radamés foi teve influência na composição de choros, incentivando jovens instrumentistas como Raphael Rabello, Joel Nascimento e Mauricio Carrilho, e para a formação de grupos de choro como o Camerata Carioca. Também compôs obras importantes para o violão, Orquestra, concerto para piano e uma variedade de choros.

Foi parceiro de Tom Jobim. No seu círculo de amizades Tom Jobim, Cartola, Heitor Villa-Lobos, Pixinguinha Donga, João da Baiana, Francisco Mignone, Lorenzo Fernandez e Camargo Guarnieri. É autor do hino do Estado de Mato Grosso do Sul — a peça foi escolhida em concurso público nacional.

Em janeiro de 1983, recebeu o Prêmio Shell na categoria de música erudita; na ocasião, foi homenageado com um concerto no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que contou com a participação da Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro, do Duo Assad e da Camerata Carioca.

Em maio do mesmo ano, numa série de eventos em homenagem a Pixinguinha, Radamés e Elizeth Cardoso apresentaram o recital Uma Rosa para Pixinguinha e, em parceria com a Camerata Carioca, gravou o disco Vivaldi e Pixinguinha. Radamés foi um dos mestres mais requisitados nesse período, demonstrando uma jovialidade que encantou novos chorões como Joel Nascimento, Raphael Rabello e Maurício Carrilho. Nasceu assim uma amizade que gerou muitos encontros e parcerias.

Em 1979 surgiu, no cenário da música instrumental, o conjunto de choro Camerata Carioca, tendo Radamés como padrinho.

A saúde começou a fraquejar em 1986, quando Radamés sofreu um derrame que o deixou com o lado direito do corpo paralisado. Em 1988, em decorrência de problemas circulatórios, sofreu outro derrame, falecendo no dia 13 de fevereiro de 1988 na cidade do Rio de Janeiro.




Maestro Radamés Gnattali

Segundo nos informou o filho do maestro Radamés, a compositora da letra, senhora Iris Fossati Guimarães era uma musicista influente e parenta do senhor Radamés.

O Maestro Radamés era simpatizante da Umbanda. Dizia:

“Eu sempre trabalhei em música popular e gosto muito. Aliás, devo a isso, eu fazer alguma coisa de brasileiro, hoje, aprendendo com o povo, pois só o povo ensina essa coisa”.

Esta composição é cantada como o Hino da Umbanda Crística.





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