Apresentamos um disco,
faixa única, de rotação 78, provavelmente da década de 1940, intitulado: “Hino Umbandista”
de autoria de: Iris Fossati Guimarães e Jerson D´Oliveira, orquestrado pelo
afamado maestro Radamés Gnattali, adquirido em época de seu lançamento pela
nossa avó materna, Mãe Alice, 1ª dirigente do Templo da Estrela Azul – Casa de
Oração Umbandista.
Esse disco é uma raridade,
pelo fato de que dispõe de uma música intitulada “Hino Umbandista”, anterior a composição
“Refletiu a Luz Divina”, composta pelo senhor J. M. Alves, na década de 60,
sendo posteriormente adotada pelos umbandistas como “Hino da Umbanda”.
Não encontramos
absolutamente ninguém que o conhecesse, nem os mais velhos umbandistas que conhecemos,
bem como nas pesquisas realizadas na Net; não encontramos nenhuma referência.
Inclusive, este disco, é desconhecido pela própria família do maestro, não
fazendo parte do acervo histórico dedicado a ele.
Radamés Gnattali (Porto
Alegre, 27 de janeiro de 1906 — Rio de Janeiro, 13 de fevereiro de 1988) foi um
arranjador, compositor, e instrumentista brasileiro.
Estudou com Guilherme
Fontainha no Conservatório de Porto Alegre; na Escola Nacional de Música, com Agnelo
França. Terminou o curso de piano em 1924 e fez concertos em várias capitais
brasileiras, viajando também como violista do Quarteto Oswald, desde então
passou a estudar composição e orquestração.
Em 1939 substituiu
Pixinguinha como arranjador da gravadora Victor. Durante trinta anos trabalhou
como arranjador na Rádio Nacional. Foi o autor da parte orquestral de gravações
célebres como a do cantor Orlando Silva para a música Carinhoso, de Pixinguinha
e João de Barro, ou ainda da famosa gravação original de Aquarela do Brasil
(Ary Barroso) ou de Copacabana (João de Barro e Alberto Ribeiro) - esta última
imortalizada na voz de Dick Farney.
Em 1960 embarcou para
Europa, apresentando-se num sexteto que incluía Acordeão, Guitarra, Bateria e Contrabaixo.
Foi contemporâneo de compositores como Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga,
Anacleto de Medeiros e Pixinguinha.
Na década de 70, Radamés
foi teve influência na composição de choros, incentivando jovens
instrumentistas como Raphael Rabello, Joel Nascimento e Mauricio Carrilho, e
para a formação de grupos de choro como o Camerata Carioca. Também compôs obras
importantes para o violão, Orquestra, concerto para piano e uma variedade de
choros.
Foi parceiro de Tom Jobim.
No seu círculo de amizades Tom Jobim, Cartola, Heitor Villa-Lobos, Pixinguinha Donga,
João da Baiana, Francisco Mignone, Lorenzo Fernandez e Camargo Guarnieri. É
autor do hino do Estado de Mato Grosso do Sul — a peça foi escolhida em
concurso público nacional.
Em janeiro de 1983,
recebeu o Prêmio Shell na categoria de música erudita; na ocasião, foi
homenageado com um concerto no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que contou
com a participação da Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro, do Duo Assad e da
Camerata Carioca.
Em maio do mesmo ano, numa
série de eventos em homenagem a Pixinguinha, Radamés e Elizeth Cardoso apresentaram
o recital Uma Rosa para Pixinguinha e, em parceria com a Camerata Carioca,
gravou o disco Vivaldi e Pixinguinha. Radamés foi um dos mestres mais
requisitados nesse período, demonstrando uma jovialidade que encantou novos
chorões como Joel Nascimento, Raphael Rabello e Maurício Carrilho. Nasceu assim
uma amizade que gerou muitos encontros e parcerias.
Em 1979 surgiu, no cenário
da música instrumental, o conjunto de choro Camerata Carioca, tendo Radamés como
padrinho.
A saúde começou a
fraquejar em 1986, quando Radamés sofreu um derrame que o deixou com o lado
direito do corpo paralisado. Em 1988, em decorrência de problemas
circulatórios, sofreu outro derrame, falecendo no dia 13 de fevereiro de 1988
na cidade do Rio de Janeiro.
Maestro Radamés Gnattali
Segundo nos informou o
filho do maestro Radamés, a compositora da letra, senhora Iris Fossati
Guimarães era uma musicista influente e parenta do senhor Radamés.
O Maestro Radamés era
simpatizante da Umbanda. Dizia:
“Eu sempre trabalhei em
música popular e gosto muito. Aliás, devo a isso, eu fazer alguma coisa de
brasileiro, hoje, aprendendo com o povo, pois só o povo ensina essa coisa”.
Esta composição é cantada
como o Hino da Umbanda Crística.
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