Consideram alguns, falso
espiritismo, o que se pratica fora de certas regras ou moldes, e como os
processos variam, nos diferentes centros, e cada grupo julga o seu método ótimo
e legítimo, esse critério restritivo restringiria o espiritismo verdadeiro a
quatro ou cinco núcleos, que cada qual dos crentes diria ser o seu, e os de sua
predileção.
Em meu conceito, o falso
espiritismo tem duas faces: - a deturpação da doutrina e o fingimento
sistemático de manifestações de espíritos.
Ajustam-se essas duas
faces num só rosto, constituindo a fisionomia dos exploradores que enganam e
roubam os ingênuos ou ignorantes.
Há profissionais dessa
exploração. Indivíduos audazes, e quase sempre de uma ignorância rebarbativa,
dizendo-se em comunicação com espíritos, tecem histórias em torno do que lhe
contam os consulentes e, desorientando-os, inventam cerimônias complicadas a
que atribuem efeitos mágicos correspondentes aos objetivos de quem as paga. Às vezes,
os fatos em desdobramento independente da influência do embusteiro, coincidem
com as suas promessas e logo a sua fama se alastra, consolidando a sua
reputação.
Esses impostores podem
chegar ao espiritismo por duas vias: alguns possuem predicados mediúnicos e
desenvolvendo-os, sem que o sintam, no esforço enganador de suas práticas,
acabam sob o domínio de espíritos que os conduzem ao resgate, ou os convertem
em instrumentos terríficos, conforme a categoria dessas entidades. Os outros,
que não são médiuns, terminam encontrando-se com um desses aparelhos humanos,
e, por intermédio dele, entram em contato com espíritos que, elevados ou não,
sempre conseguem submetê-los aos seus fins. Os exploradores vivem, pois, entre
duas ameaças, a da Terra e a do espaço; a da polícia, que os encarcera, e a do
espírito, que lhes quebra a vontade, escravizando-o. Tais criaturas raro chegam
à regeneração, numa existência, e desencarnaram na situação de miséria moral
proveniente de sua atividade.
Há médiuns que se
equiparam aqueles negociantes de mistérios, exercendo, por dinheiro, faculdades
de que só se devem utilizar gratuitamente em benefício do próximo, porém se
esses transviados se persistem em seu comércio são abandonados de seus
protetores, e caem sob o poder de espíritos capazes de invalidá-los na
sociedade, e que, às vezes, os obrigam a retornar aos centros, para lhes serem arrancados
e afastados os novos atuantes de sua mediunidade.
Certos médiuns mistificam
por fanatismo: - quando o espírito, por qualquer causa, não se aproxima, ou não
incorpora, receiam que os assistentes da cena percam a crença ou não se
convertam ao espiritismo e para que isso não aconteça, comprometem, ao mesmo tempo,
a sua doutrina, o espírito e o seu nome, com um ato lamentável de fingimento.
Outros, por vaidade, cometem essas tristes mistificações, sendo sempre
desmascarados, pois o médium não é capaz de produzir o que o seu protetor
produz. Alguns erram, sem a intenção deliberada do embuste, por simples
curiosidade: - ouvem dizer que o seu guia, fez este ou aquele trabalho de
beleza ou resultado excepcional, e, na primeira sessão, sob o desejo de ver o
que os companheiros admiraram, não permitem ao trabalhador a incorporação
completa, e prejudicam o seu labor.
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