Entramos no Recanto e
vimos poucos colaboradores encarnados. Faltava, ainda, algumas horas para o
início dos trabalhos e a rotina não se modificara: alguns lavavam o chão, outro
encerava e limpava as cadeiras da assistência, a dirigente cuidava de seus
afazeres com os copos, águas, velas e ervas. De quando em quando um ou outro
comentava observações do cotidiano [...].
- Vejam além das
aparências, vasculhem além as formas e dos dogmas, lembrem-se da rogativa
evangélica e tenham “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”. [palavras do Mentor
que nos orientava].
A fim de que a lição se
firmasse ainda mais inconfundível em nós, o velho acariciou-me a fronte e
solicitou que eu acompanhasse mais aproximadamente a limpeza do ambiente
físico. O seu toque me proporcionou maior poder visual. Rapidamente, percebi
que a água e o sabão não limpavam apenas as pedras, retirando-lhes a poeira,
mas de alguma forma percebia que eram retirados dejetos mentais e toda uma
sorte de fluidos espirituais densos [...].
Ao simples acender de uma
vela, acompanhada pela prece silenciosa e muito sincera da dirigente,
percebemos que a chama passou a produzir uma luz avermelhada e calor muito
diferentes daquelas a que estávamos acostumados a usar, quando “vivos” ; isso
fez-me refletir mais profundamente sobre esse ato de devoção e atitude
ritualística. Conforme o médium rezava, acendia as velas e punha seu coração em
sintonia com as Inteligências Superiores da casa, de seu tórax e mente brotavam
energias brilhantes e elásticas e nos foi possível observar que as velas em si
formavam uma grande cadeia energética, algo como uma corrente psico-magnética,
que ia sendo emaranhada por todo o recinto, delimitando, assim, os espaços para
os trabalhadores e visitantes. Essa cadeia energética abrangia todo o recinto,
nas duas feições, material e espiritual, sob a forma de estrela. Não percebemos
quem a manipulava ou construía, a impressão é que esta corrente se produzia por
si própria.
Na assistência, a limpeza
das cadeiras e do chão proporcionava ambiente sadio e higiênico. As paredes,
nas quais havia vários tecidos com pontos riscados dos guias orientadores do
Recanto, apresentavam-se limpas; em nenhum lugar observamos elementos
deletérios.
As imagens do altar
possuíam uma espécie de “aura” que até então eu não havia percebido. Pulsavam,
vibravam...davam-nos a entender que estavam vivificadas por algum processo
desconhecido e intrigante. Não é que elas se movessem, piscassem ou coisa
parecida...mas...é...como um quartzo, como os cristais. Aproximando-nos
respeitosamente e tocando-as de leve, percebemos de pronto porque tantos
crentes e em tão diversificadas religiões fazem questão de tocar imagens dos
seus santos [...]. A ligação afetiva, a admiração, a devoção, a adoração,
enfim, a enorme fé dos crentes, cujas preces mesclam rogativas e solicitações,
agradecimentos e bênçãos, impregna-as de fluidos espirituais incontestes. Os
espíritos “representantes dos Orixás”, então, transmutam-nas em energia
luminosa e salutar, provocando tal “aura”. Temos assim, nesse circulo virtuoso,
um verdadeiro canal de intercâmbio espiritual e apoio aos encarnados, muito
longe dos supostos “ídolos de barro” e da primitiva adoração de imagens.
Admirado, percebi Cláudio
[outro amigo espiritual] entretido com assunto parecido. Chamou a minha atenção
para um fenômeno curioso que percebera minutos atrás: ante a aproximação de
determinado médium, as plantas reagiam espiritualmente, ou seja, aos nossos
olhos ganhavam em brilho e cor, tornavam-se mais...”vivazes”...Com outros, o
fenômeno não se repetia.
- Toda a casa está
impregnada da energia vital dos médiuns, assistentes e demais espíritos que nos
visitam ou dedicam horas produtivas entre nós. Nesse arcabouço de paus e
pedras, tijolos e cimento, tinta, cal, etc., vão se sobrepondo, em camadas,
amor e ódio, resignação e rebeldia, orgulho, vaidade, egoísmo, humildade,
desprendimento e altruísmo, obsessão e entendimento, e todos os demais
sentimentos e pensamentos, racionais e emocionais, elevados, obscuros ou
indiferentes. Não há “coisa alguma” insensível nessa casa. Em função das trocas
de fluidos observadas, possibilita-se aos encarnados receberem influências das
inteligências desencarnadas, positivas ou negativas, densas ou sutis, de fundo
material ou espiritual, em suas vidas. Naturalmente, esse fenômeno ocorre em
todos os lugares, em todas as casas e templos, etc., mas variável em maior ou
menor grau segundo a fé, a consciência e o esforço desprendido para tal mister.
Mesmo os irmãos distanciados destes conhecimentos, involuntário ou
propositalmente, possuirão, sem dúvida, objetos e locais impregnados de sua
energia [...].
Estávamos estupefatos. Nunca supuséramos que os trabalhos de Umbanda poderiam ter tamanha riqueza de fenômenos e envolvimento de entidades espirituais de elevados dotes morais. Aqui e ali, tudo respirava organização e disciplina, intercâmbio e respeito.
Estávamos estupefatos. Nunca supuséramos que os trabalhos de Umbanda poderiam ter tamanha riqueza de fenômenos e envolvimento de entidades espirituais de elevados dotes morais. Aqui e ali, tudo respirava organização e disciplina, intercâmbio e respeito.
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