Lembramos que Jesus
Cristo, embora tivesse curado muitos daqueles que O buscavam, libertando-os de
enfermidades do corpo, da mente e da alma, teve oportunidade de dizer que não
viera para curar corpos e sim almas, deixando implicitamente explicado que os
sofrimentos humanos têm as suas raízes no cerne do espírito imortal. Dentro da
interpretação espiritual, devemos considerar, antes de tudo, que a origem das
desarmonias, de qualquer espécie, permanecem ligadas à imperfeição do Espírito,
das quais este ainda irá se desvincular conforme o desenrolar da sua evolução.
O dicionarista Aurélio
Buarque de Holanda, ao designar a fase não sólida da matéria, propõe a seguinte
definição para o termo FLUIDO: “o que corre ou se expande à maneira de um
líquido ou gás”. O Espírito André Luiz, desenvolve esse conceito, aperfeiçoando-o,
ao associar o termo fluido aos corpos “cujas moléculas cedem invariavelmente à
mínima pressão, movendo-se entre si quando retidas por um agente de contenção
ou separando-se quando entregues a si mesmas”.
Quando, no século XIX
(19), cientistas como William Crookes, Roentgen e Marie Cure desvendaram o
mundo dos raios, ondas e vibrações, contribuíram para que os homens passassem a
considerar o Universo em que matéria e energia não passariam de estágios ou
estados de uma só realidade, a expressar-se em diferentes campos energéticos,
substâncias e corpos projetados no espaço infinito. A matéria, portanto, passa
a ser entendida como possuindo mais estados de existência, e não somente os 3
já conhecidos (sólido, líquido e gasoso).
Segundo os Espíritos Superiores,
podemos entender os fluidos como: “tudo o que se relaciona com a matéria, da
mais grosseira à mais diáfana (translúcida), incluindo-se neste contexto
estados que ignoramos, uma vez que ela pode ser tão etérea e sutil que nenhuma
impressão nos cause aos sentidos e susceptível de combinar-se ao fluido
universal, sob a ação do espírito, para produzir uma infinita variedade de
coisas de que apenas conhecemos uma parte mínima”.
Léon Denis (lê-se León
Dení) nos diz que essa matéria tornada imponderável, à medida que se rarefaz,
adquire novas propriedades e uma capacidade de irradiação sempre crescente;
torna-se, portanto, uma das formas de energia.
O homem, na sua condição
de Espírito encarnado, formado por espírito – períspirito (corpo espiritual) –
corpo físico, influencia e é influenciado de modo incessante, pois vivemos em
um Universo onde tudo e todos interagem. Nos afinizamos com pessoas e coisas,
pensamentos e substâncias, variando a cada fase evolutiva em que nos
encontramos. Por isso, nós estamos o tempo todo registrando com mais
intensidade o campo de energias daqueles seres de que mais precisamos para
evoluir (principalmente, aqueles a que estamos ligados afetivamente).
Recebemos elementos sutis,
os quais nos penetram por meio de nosso corpo espiritual. Tais elementos,
fixam-se por mais ou menos tempo no campo enérgico do corpo espiritual e é
assimilado por esse. Estes elementos podem ser equilibrantes e de progresso, ou
fonte de estagnação e desordem, a depender da afinidade que estabelecemos pelo
nosso padrão psíquico e mental.
Tão importante quanto o
que se recebe, também é o que se produz e se doa. Quando o Espírito (encarnado
ou desencarnado) se manifesta (pensando, agindo ou simplesmente existindo),
todas as suas potências vibram, fazendo vibrar, por sua vez, o fluido cósmico
universal (o princípio elementar do Universo), imprimindo neste alterações que
lhe dão aspecto (forma, cor, odor), movimento e direção. Essa variação
específica que o Fluido Cósmico Universal assume, por AÇÃO DOS SERES
INTELIGENTES, chamamos de FLUIDOS ESPIRITUAIS.
Não apenas os Espíritos
projetam irradiações. Todos os seres animados e inanimados irradiam energias
não-físicas, podendo igualmente assimilá-las. Daí a expressão “magnetismo”,
como a lembrar-nos da ação da Lei de Sintonia e Afinidade, a qual faz todos os
seres, do ponto de vista espiritual, se comportarem como IMÃS.
Separamos algumas
considerações que parecem de relevância para que todo o DOADOR DE ENERGIAS
(médiuns de trabalho ou não), tenha em mente ao longo da sua tarefa socorrista,
as quais se seguem.
Os FLUIDOS formam a
“atmosfera psíquica” dos seres conscientes, fornecendo elementos com os quais
operam pela FORÇA DO PENSAMENTO E DA VONTADE. Nessa atmosfera fluídica que
envolve todos os espíritos (encarnados e desencarnados) formam-se os fenômenos
perceptíveis para o espírito e não percebidos pelos sentidos materiais (visão,
olfato, audição, tato). Nessa atmosfera fluídica é que se forma a Luz
Espiritual que envolve cada Espírito (novamente, encarnado ou desencarnado).
Ela é o veículo do pensamento do Espírito, assim como o ar é o veículo para a
propagação do som.
Os ESPÍRITOS AGEM SOBRE OS
FLUIDOS ESPIRITUAIS, não os manipulando como os homens manipulam os gases, mas
com o auxílio do pensamento e da vontade. O PENSAMENTO E A VONTADE SÃO, PARA OS
ESPÍRITOS, AQUILO QUE A MÃO É PARA O HOMEM.
Pelo PENSAMENTO os
Espíritos imprimem aos FLUIDOS ESPIRITUAIS um direcionamento, uma aplicação.
Eles os aglomeram, os combinam, os dispersam; formam, com esses materiais,
conjuntos que tenham uma aparência, uma forma, uma cor determinada. Modificam,
enfim, a propriedade destes fluidos, assim com um químico manipula determinados
gases ou outros corpos, servindo-se de determinadas leis.
A ação dos espíritos sobre
os fluidos espirituais tem consequências de importância direta e capital para
os encarnados. Uma vez que os fluidos são o veículo do pensamento, este [o
pensamento] consegue lhes alterar a qualidade, impregnando-os de elementos bons
ou maus, que se irradiam dos próprios pensamentos e os fazem vibrar, modificados
pela pureza dos sentimentos. Dessa forma, os maus pensamentos contaminam os
fluidos espirituais, corrompendo-os. Por isso, os fluidos que rodeiam os maus
espíritos, ou os que eles projetam, são viciados, enquanto aqueles fluidos que
recebem a influência dos bons espíritos são tão puros quanto o permitem o grau
de perfeição moral destes Guias e Protetores.
Lembro que as
transformações nessa “atmosfera fluídica” que nos envolve a todos, ocorrem a
todo o instante, conscientemente ou inconscientemente.
Sob o ponto de vista
moral, esses fluidos podem trazer registradas as marcas dos sentimentos de
ódio, inveja, rancor, ciúme, orgulho, revolta...da mesma forma como de bondade,
amor, caridade, doçura, serenidade, etc. Do ponto de vista físico (sensação que
podemos sentir), eles podem ser irritantes, calmantes, excitantes (no sentido
de estimulantes), dulcificantes, tóxicos, reparadores, etc..
Um fator importante para
compreendermos o mecanismo do tratamento espiritual pela doação dos fluidos é
que devemos nos lembrar de que NOSSO CORPO ESPIRITUAL (PERÍSPIRITO) É FORMADO
PELOS FLUIDOS ESPIRITUAIS. Ou seja, nosso corpo espiritual possui A MESMA
NATUREZA que os FLUIDOS ESPIRITUAIS de que nos valemos no trabalho socorrista.
De acordo com as
características próprias de cada indivíduo, ao longo da sua encarnação, em
decorrência dos atos praticados ao longo da vida (se bons ou maus), esse corpo
espiritual vai tornando-se mais sutil ou mais denso.
Em vista dessa realidade,
existe uma facilidade de assimilação de fluidos por parte dos encarnados à
semelhança da esponja quando se embebe de líquido.
Os fluidos se atraem ou se
repelem, de acordo com sua natureza. Por isso, a incompatibilidade entre os
bons e os maus fluidos.
Os fluidos agem sobre o
corpo espiritual e este, por sua vez, reage sobre o organismo material com o
qual está em contato, interligado por cada molécula. Se os seus eflúvios forem
de boa natureza, o corpo recebe uma impressão benéfica e saudável; se forem
maus, a impressão é penosa, causando sofrimento. Se os fluidos maus fixarem-se
por longo tempo sobre o corpo espiritual do indivíduo, poderão desencadear
doenças físicas.
A doação e aplicação de
FLUIDOS ESPIRITUAIS SALUTARES, realizadas nos trabalhos socorristas (de cura ou
de assistência espiritual), obtém resultados admiráveis, quando a força
fluídica, aplicada ao indivíduo enfermo ou desarmonizado, caracteriza-se pela
ABUNDÂNCIA, QUALIDADE E INTENSIDADE de fluidos provenientes de um (ou mais)
DOADORES PORTADORES DE BONS SENTIMENTOS E AJUDADOS POR ENTIDADES ESPIRITUAIS
BENFAZEJAS.
Também não podemos deixar
de citar a ÁGUA com seu potencial catalizador dos FLUIDOS ESPIRITUAIS. A ÁGUA
FLUIDIFICADA, ao ser ministrado ao enfermo ou qualquer um necessitado, libera
no organismo espiritual deste a energia irradiante que nela foi projetada,
funcionando, a semelhança de um remédio homeopático, estimulando os núcleos
vitais do organismo de onde procedem os elementos produtores e regeneradores
das células físicas.
O mecanismo que envolve o
médium (doador) e o Guia Espiritual que o ampara no tratamento espiritual,
ocorre de duas formas. Na primeira, o Espírito Mentor derrama sobre o médium os
seus fluidos espirituais salutares e benéficos, potencializando os fluidos
espirituais do médium, para que sejam repassados ao ser necessitado que está
sendo auxiliado. Na segunda, o Espírito Mentor retira do médium determinadas
energias (por exemplo, o ectoplasma, que é uma irradiação diretamente ligada ao
organismo físico do médium) para manipulá-la e aplicá-la sobre o enfermo.
No entanto, para que haja
as condições necessárias para o sucesso no atendimento socorrista (ABUNDÂNCIA
DE FLUIDOS, QUALIDADE DOS FLUIDOS E INTENSIDADE DOS FLUIDOS, conforme já
citamos), 2 fatores a serem seguidos pelos médiuns, são primordiais:
QUALIDADES MORAIS: É
necessária a moralidade de conduta para sintonizar com os Benfeitores
Espirituais e agregar em seu campo mediúnico a maior quantidade possível de
fluidos benéficos sem deturpá-los ou corrompê-los. Um vaso impuro contamina a
substância que por ele passa.
PASSIVIDADE: Passividade
aqui deve ser entendida como EDUCAÇÃO MEDIÚNICA. O controle dos automatismos,
para que as expressões do médium não desfigurem e interfiram no trabalho a ser
desenvolvido, uma vez que sua disciplina deve ser tal que esse possa colaborar
não só na doação e na irradiação dos fluidos espirituais, mas também na
dispersão dos acúmulos nocivos que são retirados dos assistidos dentro do
ambiente de trabalhos socorristas.
Finalizando, quero
expressar que a tarefa de auxílio e socorro, realizada pelas Casas que
objetivam amparar a todos os que lhes batem às portas, enseja a oportunidade de
concretizar o ensino evangélico do “amai-vos uns aos outros” e aquela outra
recomendação quanto à tarefa básica dos cristãos “curai...”, “ressuscitai...”,
“purificai...”, conforme os apontamentos de Mateus, no seu Evangelho, capítulo
10, versículo 8. É por esse compromisso que os “Espíritos do Senhor” são
atraídos para os nossos templos de luz para, juntamente com os homens, levarem
adiante o plano de libertação da Terra das sombras do mal, pela ação da
caridade.
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