Ninguém sabe quando a
humanidade começou a usar as plantas aromáticas. Estamos razoavelmente seguros
de que os sentidos do homem antigo eram bem mais aguçados, e o sentido do
olfato foi crucial para sua sobrevivência. Há evidência do período Neolítico de
que ervas aromáticas eram usadas em culinária e medicina, e que ervas e flores
eram enterradas com os mortos. A fumaça ou fumigação foram provavelmente um dos
usos mais antigos das plantas, como parte de oferendas rituais aos deuses. Era
provavelmente notado que a fumaça de várias plantas aromáticas tinha, entre
outros, efeitos alucinógenos, estimulantes e calmantes. Gradualmente, um
conjunto de conhecimentos sobre as plantas foi acumulado e passado a centenas
de gerações de xamãs.
As plantas aromáticas têm
sido honradas de um modo especial desde os tempos antigos. Eram utilizadas em
rituais religiosos e mágicos, assim como nas artes curativas. Estas três práticas
eram fundamentais para a existência humana (ainda hoje continuam sendo).
Egípcios
A antiga civilização
egípcia era devotada em direcionar os sentidos em direção ao Divino. O uso das
fragrâncias era muito restrito. Inicialmente, sacerdotes e sacerdotisas eram as
únicas pessoas que tinham acesso a estas preciosas substâncias. As fragrâncias
dos óleos eram usadas em perfumes, na medicina e para uso estético, e ainda,
para a consagração nos rituais, queimados como incenso. Sobre as paredes das
tumbas dos templos antigos perdidos no deserto, podemos ver com frequência uma
fumaça que sai de um pote, ou um incensário horizontal muito parecido com os
atuais. Quando o Egito se fez um país forte, seus governantes importaram de
terras distantes incenso, sândalo, mirra e canela. Esses tesouros aromáticos
eram exigidos como tributo aos povos conquistados e se trocavam inclusive por
ouro. Os faraós se orgulhavam em oferecer às deusas e aos deuses enormes
quantidades de madeiras aromáticas, gomas, resinas e perfumes de plantas,
queimando milhares de caixas desses materiais preciosos. Muitos chegaram a
gravar em pedras semelhantes façanhas.
Seti acende um incenso sobre a oferenda aos
deuses (Templo de Abydos)
Os materiais das plantas
aromáticas eram entregues como tributos ao estado, e doados a templos
especiais, onde se conservavam sobre altares como oferendas aos deuses e
deusas. Todas as manhãs as estátuas eram untadas pelos sacerdotes com óleos
aromáticos. Se queimava muito incenso nas cerimônias do templo, durante a
coroação dos faraós e rituais religiosos. Se queimavam também em enterros, para
neutralizar odores e afugentar maus espíritos.
Sem dúvida o incenso
egípcio mais famoso foi o Kyphi. O Kyphi se queimava durante as cerimônias
religiosas para dormir, aliviar ansiedade e iluminar os sonhos, e acreditava-se
inclusive que pudesse reavivar a sexualidade dos mortos.
Sumérios e Babilônios
É difícil separar as
práticas destas culturas distintas já que os Sumérios tiveram uma grande
influência dos babilônios, e transcreveram muita da literatura dos seus
antepassados para o idioma sumério. Sem engano sabemos que ambos os povos
usavam o incenso. Os Sumérios ofereciam bagas de junípero como incenso à deusa
Inanna. Mais tarde os babilônios continuaram um ritual queimando esse suave
aroma nos altares de Ishtar.
Tudo indica que o junípero
foi o incenso mais utilizado, eram usadas outras plantas também. Madeira de
cedro, pinho, cipreste, mirto, cálamo e outras, eram oferecidas às divindades.
O incenso de mirra, que não se conhecia na época dos Sumérios foi utilizados
posteriormente pelos babilônios. Heródoto assegura que na Babilônia queimaram
uma tonelada de incenso. Daquela época nos tem chegado numerosos rituais
mágicos. O Baru era um sacerdote babilônio esperto na arte da adivinhação.
Acendia-se incenso de madeira de cedro e acreditava-se que a direção que a
fumaça levantava determinaria o futuro, se a fumaça movia-se para a direita o
êxito era a resposta, se movia-se para a esquerda a resposta era o fracasso.
Hindus e Budistas
A Aromaterapia tem sido
uma parte essencial do ritual religioso Hindu desde o tempo dos Vedas, cuja
idade pode ser estimada em 5.000 a.C. O incenso favorece um estado meditativo,
por isso ele também foi incorporado pelos budistas, que são naturalmente
avessos a rituais externos. É usado na iniciação de Lamas e Monges, e é
oferecido aos bons espíritos nos cultos diários.
Gregos e Romanos
Estes povos acreditavam
que as plantas aromáticas procediam dos deuses e deusas. Queimavam o incenso
como obrigação e para proteção das casas. Em Roma usava-se nas ruas e em
especial na adoração do Imperador. O povo chegou a consumir tantos materiais
aromáticos que no ano de 565 foi decretada uma lei que proibia utilizar
essências aromáticas pelas pessoas, com temor de não se ter suficiente incenso
para queimar nos altares das divindades.
Nativos americanos
Os nativos americanos
vivem em harmonia com a terra, reverenciam-na como geradora de vida. Desde
muito eles conhecem as propriedades de cura das plantas de poder, usadas em
tendas de suor, dança do tambor etc. Queima-se sálvia branca, cedro, pinho e
resinas para limpeza de objetos de poder e rituais de adoração. É usada para a
saúde e o bem-estar da tribo. Na América do sul resina aromática de copal é
oferecida ainda hoje pelos descendentes Maias e Astecas para suas divindades
ancestrais.
Judeus
De acordo com o Zohar,
oferecer incenso é a parte mais preciosa do serviço do Templo para os olhos de
Deus. A honra de conduzir este serviço é permitida somente uma única vez na
vida. Diz-se que quem teve o privilégio de oferecer o incenso está recompensado
pela sorte com riqueza e prosperidade para sempre, neste mundo e no seguinte.
Católicos
Como esquecer a historia
maravilhosa dos três Reis Magos, que presentearam com o Líbano e Mirra o Mestre
Jesus, quando ele nasceu? Essas resinas aromáticas são presentes mágicos, são
incensos de alta importância e fragrância. Em varias igrejas católicas,
misturas de incensos contendo resinas de Líbano e Mirra são queimados durante
os rituais.
A fumaça aromática
Hoje percebe-se um aumento
do interesse pelos incensos naturais de antigamente, e isso se deve ao fato que
querermos que nossa casa seja um lugar mais aconchegante, convidativo e mais
agradável. Infelizmente incensos comerciais raramente contém resinas ou óleos
essenciais, e são feitos com essências sintéticas, carvão e derivados de
petróleo que, na verdade, não trazem grandes beneficios. Prefira os feitos com
sândalo (sandalwood) ou serragem (sawdust powder).
Várias pessoas associam
incensos com rituais religiosos ou espiritualidade; realmente varias religiões
usam fumaça aromática em seus rituais e suas cerimônias. A fumaça que sai do
incenso é usada para santificar, purificar ou abençoar, e acredita-se que a
fumaça é o mensageiro para o reino dos céus. Nossos ancestrais faziam uso de
incensos em suas casas porque pensavam que podiam protegê-los das pragas e
doenças. Essa teoria possui alguma verdade: incensos feitos de ervas, incluindo
tomilho e capim limão, há muito são usados por suas propriedades anti-sépticas
e curativas. Estas e outras ervas eram queimadas em quartos de doentes, em
hospitais, antes da descoberta dos antibióticos. Quando queimamos incensos
naturais, moléculas de óleos essenciais são soltas no ar. Então elas acham seu
próprio caminho, pelo sistema olfativo ou pelos poros da pele, e atuam no
cérebro, onde se processam efeitos químicos que podem mudar seu ânimo, evocar
boas memórias e lembranças. Essa fumaça aromática pode relaxar, estimular e
aumentar nossa energia, nos levando para um momento de paz e tranquilidade.
Umbanda
A defumação é essencial
para qualquer trabalho num terreiro de Umbanda, bem como nos ambientes
domésticos. Este ritual é praticado com o objetivo de purificar o ambiente
(terreiro/residência), bem como o corpo do médium e a assistência (pessoas que
irão participar da gira), retirando as energias negativas e preparando o local
para que a gira possa ocorrer em harmonia.