sábado, 31 de maio de 2014

O BOM FRUTO NÃO SE COLHE ANTES DO TEMPO





A ansiedade não faz bem para quem pretende realizar seus objetivos de forma correta e sem falhas, na Umbanda não é diferente. A base num templo umbandista são as Entidades espirituais, porém, existem condutores responsáveis que colaboram com as Entidades para a condução do terreiro e direcionamento dos filhos, esses são chamados de Dirigentes Espirituais, pois bem, não venho aqui diretamente referir-me aos Dirigentes, mas sim, sobre um tema que envolve os mesmos, seus filhos e futuros filhos.

Na maioria das vezes, antes de se tornarem umbandistas praticantes, os futuros filhos são consulentes, ou seja, pessoas que buscam conforto espiritual na assistência do terreiro, mas com o tempo e conforme as necessidades espirituais alguns desses consulentes acabam pedindo ou se deixando levar espiritualmente pela a entrada no terreiro, especificando, pedem ou são levados a participarem da corrente mediúnica umbandista, o que não é sinônimo de futuros médiuns de incorporação, pois a mediunidade não é restrita a incorporação e sim aberta para diversas designações.

Os terreiros de Umbanda não necessitam de números de membros, isto acaba sendo consequência do que a espiritualidade prepara para cada terreiro, o objetivo da Umbanda é realizar trabalhos espirituais para todos, sem exceções e sem preferências de classes sociais, etnias, etc., portanto, os Dirigentes umbandistas devem focar as necessidades reais e não necessidades pessoais, como de preencher uma vontade de ver suas casas cheias de filhos para alimentar somente o ego, pois, esse tipo de atitude vem a prejudicar o terreiro e os filhos, sendo que diante uma necessidade supérflua o espaço devido aos trabalhos de designações espirituais, acabam sendo preenchidos por um palco de vaidades e hipocrisias, já que um dos lemas mais conhecidos pelos umbandistas é a prática da caridade sem olhar a quem e sem esperar nada em troca, porém, preenchendo o lugar das designações espirituais por vontades próprias, os membros estarão automaticamente olhando somente para o próprio umbigo e não para a designação de um trabalho árduo e difícil que é compreender a espiritualidade a cada dia e praticar aquilo que lhe fora ensinado pela espiritualidade e por seu Dirigente.

Os Dirigentes têm como obrigação auxiliar suas Entidades no desenvolvimento espiritual de seus filhos, orientá-los para que conciliem seus discernimentos extraídos no dia a dia no terreiro com aquilo que extraem no dia a dia nas rotinas de suas vidas sociais, devem orientar os filhos e prepará-los para exercerem suas funções no terreiro com seriedade, focando os objetivos espirituais e não pessoais, o mais importante, devem repassar para seus filhos que na Umbanda tudo é feito com calma, sem ansiedade e sem se deixar levar pelas empolgações, que na Umbanda o aprendizado é eterno, absorvido no dia a dia ao lado das Entidades espirituais e com os pés no chão firme e consagrado que é o terreiro.

Se os Dirigentes orientar seus filhos a dar um passo de cada vez, poderá vigiá-los melhor e ter o controle absoluto de tudo que se passa no terreiro, do contrário, apenas vão encher os terreiros de pessoas e perder o controle da situação, deixando passar atitudes de seus supostos médiuns que não chegam nem perto dos conceitos morais que a Umbanda nos traz através da espiritualidade. Como dito há pouco tempo por uma Entidade ao se referir sobre pessoas que querem encher seus terreiros:


“Não adianta encher a mesa de pães somente para mostrar fartura se um pão pra cada pessoa já satisfará a necessidade de alimentá-las, o resto dos pães irá endurecer e mofar sem ter serventia alguma”!

Os filhos também devem colaborar respeitando seus Dirigentes, principalmente quando os mesmos passam a realidade vivida na Umbanda, na qual é feita diante procedimentos fundamentados e expostos lentamente, não de uma vez só, por mais que a Umbanda carregue sua simplicidade, a mesma em questões espirituais ligadas aos fundamentos e preceitos é complexa, os procedimentos não seguem uma rotina exata, são feitos diferentemente para cada filho, pode haver semelhanças, mas nenhum é igual ao outro. Não será de uma vez que um consulente irá pisar na corrente mediúnica, não será de uma vez que um filho iniciante irá obter sua designação devida, portanto, para que os objetivos da Umbanda não sejam distorcidos, deve-se obter paciência, na qual realmente é uma virtude, usando a mesma como uma colaboradora dos ensinamentos aderidos, pois, bons frutos são colhidos no tempo certo e não antes do tempo!














ligacaoancestralumbanda.blogspot.com.br

quinta-feira, 29 de maio de 2014

DISCIPLINA NA UMBANDA





"Ninguém disciplina ninguém. Ninguém se disciplina sozinho. Os homens se disciplinam em comunhão mediados pela realidade" (Paulo Freire)


Disciplina é uma palavra de larga aplicação no livro da vida. Podemos considerá-la uma virtude pessoal e intransferível, que ornamenta nosso espírito quando vem por aquisição, mas que pode às vezes violentá-lo, quando dele se acerca por imposição. A disciplina pode ser boa ou má, dependendo da situação daquele que a impõe e daquele que deve submeter-se.

Quando Gandhi rebelou-se contra a política inglesa e estabeleceu a revolução pacifica da não-violência, foi taxado de indisciplinado pelos ingleses. Mas, para consigo e seu povo, exigiu uma disciplina férrea de não agressão a seus opositores, nem mesmo pelo pensamento. Galileu, o sábio italiano, foi indisciplinado segundo as normas da igreja, mas fiel e disciplinado para com a ciência, a quem serviu e defendeu com todo ânimo. Einstein era "desligado" em certas aulas porque os assuntos ministrados eram desestimulantes para o seu raciocínio avançado. A chamada noite de São Bartolomeu, na qual Catarina de Médicis mandou apunhalar os protestantes franceses, foi um ato cometido em nome da disciplina religiosa. O que estamos querendo dizer é que disciplina tem direção e sentido, os quais devem ser coerentes na aplicação e justos na causa.

Quem se aproveita do autoritarismo para travestir-se de disciplinador, criando normas despóticas e arbitrárias, é apenas prepotente, servo da arrogância e escravo da tirania. A disciplina é firme e dócil, enérgica e suave para quem a compreende. Não é sinônimo de castigo, mas de ordem e respeito aos objetivos propostos como meta por quem lhe adotou a companhia. Não tendo um fim em si mesma, essa responsável educadora deve ajustar-se às necessidades atuais de cada indivíduo, evoluindo com ele, trabalhando-lhe o Espírito no paradigma da justiça. Vencidas as dificuldades e necessidades que a disciplina enfrentou, a fiel educadora poderá mudar a sua atuação, pois sendo feita  para  o homem, deverá  acompanhá-lo   em     suas carências e em seu crescimento.

Para alguns principiantes nas hostes da disciplina ela poderá parecer, uma acompanhante rigorosa, que tolhe iniciativas, castra desejos, dá ordens. Na verdade, se a disciplina não faz o papel de buril, lixa, tesoura ou algo que modele, desbastando contornos indesejáveis e arestas desnecessárias, ela falha em sua aplicação fundamental, pois não fará brilhar no Espírito a beleza encoberta pela capa da indiferença às leis divinas. Falo aqui da disciplina religiosa, aquela que induz o indivíduo à auto regulação, amoldando-se aos objetivos à serem colimados como meta de sua fé.

 Quando se resolve ser  umbandista, tem-se invariavelmente um encontro marcado com a disciplina. Mesmo que não seja o "vigiai e orai", estágio disciplinar mais avançado, o principiante umbandista deverá sair da rotina do comodismo, para a conscientização de suas necessidades evolutivas. Aos poucos ele vai descobrindo que no Templo umbandista os minutos revestem-se de maior significação, aproveitados no trabalho, no estudo doutrinário, no esclarecimento dos problemas existenciais, no fortalecimento da amizade, na gentileza ou nos afagos da caridade. Ali, o anedotário vulgar, o falatório impiedoso, a critica maldosa não prevalecem, pois não encontram receptividade para expandir-se. A dor alheia é sempre motivo de busca aos antídotos contra os venenos que a causaram, e a desgraça é sinal verde para a passagem da fraternidade restauradora.

A disciplina é moradora, e não visitante dos Templos Umbandista, pois aquele que a despede manda igualmente embora as rédeas da instituição. Disciplina e caridade formam o dueto maior de um templo, atuando conjuntamente sob a orientação do bom senso. A disciplina, nesse contexto, não deve ser tão rígida que atropele a caridade, e esta deve ser suficientemente racional para não descaracterizar a disciplina.

A disciplina é uma virtude divina, usada em todo o universo em seus aspectos macro e micro. Desde as galáxias aos nossos órgãos vitais, passando pela queda das flores e o pequenino átomo, esta virtude impõe suas diretrizes para que a harmonia não sofra defasagens. O fugitivo da disciplina vai de encontro a própria natureza quando, transportando-a dentro de si, em sua configuração anatômico-fisiológica, dela procura ausentar-se em processo de fuga infantil e sem saída. Sob esse prisma o indisciplinado é um fora da lei, que precisa ajustar-se ao roteiro benéfico para ele criado, visando proporcionar-lhe os benefícios da paz, fruto imediato do dever cumprido.

Nenhum Espírito há que tenha ingressado em um mundo superior sendo indiferente à disciplina. Ninguém há que ame a si e despreze a disciplina. Ninguém que busque a Deus pelos caminhos da indisciplina. A disciplina é companheira assídua da afetividade. Por esse motivo, qualquer pessoa que tente impor disciplina através de gritos  e ameaças (cumpridas ou não)  revela  desconhecimento  do tema. Neste caso, as palavras tentam obter a obediência ou mesmo a colaboração, mas na maioria das vezes obtêm apenas representações. Enquanto presente, a revolta muda usa a máscara da obediência e da participação, mas ao afastar-se o ditador prevalece o clima de desagrado e rebeldia. O pseudo-disciplinador pode até dizer: aqui eu mando e sou obedecido. Mas deveria complementar: e sou odiado. A atitude de firmeza e serenidade, a força vigorosa da delicadeza é que levam a uma disciplina por aquisição. Ao iniciar a colaboração no processo disciplinar, o indivíduo, de livre vontade, assume o engajamento nas mudanças, despertando o espírito para as reformas interiores que se refletem nos comportamentos exteriores.

Em algumas pessoas, a parte afetiva encontra-se soterrada sob camadas de mágoas, tristezas, ressentimentos, medo, frustração, raiva... Cabe ao disciplinador retirar o entulho depressivo ou rebeldia, para atingir o núcleo da afetividade que existe em todas as pessoas. Não é assim na desobsessão? O obsessor, rebelde a princípio, não vai perdendo as sucessivas camadas de sentimentos inferiores, demonstrando por fim o desejo de renovação, mola propulsora do seu refazimento?

O homem religioso sente necessidade de disciplinar seu Espírito dentro do "espírito" da verdade. A religião em si, de origem divina, mas administrada por humanos que introduzem nela seu personalismo, apresenta-se em muitas ocasiões carregada de vícios, incentivando a fé irracional ou morta, garroteando a autocrítica de seus seguidores. Muitas ainda em fase de seita salvacionista, pretendendo a posse exclusiva da verdade, apresentando-se como via única de salvação. Assim procedendo, amesquinha a ideia da dimensão de Deus, que é mostrado sob ótica estrábica, como o velho e ciumento Deus do Antigo Testamento, que distribuía privilégios indiscriminadamente. Agem como se Deus, o Senhor da Vida, pudesse colocar em mãos torpes a sua verdade universal e atemporal, luz demais para pobres lamparinas. Mas, muito antes de Moisés, a verdade do budismo já maravilhava o mundo com a sua simplicidade e beleza, antecipando a mensagem luminosa de Jesus. Não é sem razão que a Umbanda, o Espiritismo e o Budismo sejam as religiões que mais crescem no Brasil. Religiões que primam pela disciplina espiritual, levando à meditação libertadora, priorizando as virtudes espirituais, sem o obsessivo desejo de posse, sem a cobiça aos bens materiais.

Quando Jesus mencionou a "porta estreita", o "negar a si mesmo", o "tomar a sua cruz", estava falando de quê? Não seria de renúncia, uma das velhas companheiras da disciplina? Para entrar pela porta estreita é necessário rigorosa dieta espiritual, forçando a obesidade inútil das nossas imperfeições a diluir-se pela ginástica do amor. E para isso o cardápio não traz como prato principal a disciplina? Para tomar a cruz aos ombros é urgente negar a si mesmo, reafirmando não o eu mundano, mas o eu divino, essência final da evolução.

A disciplina é a madeira mágica da cruz. Quem a ela se submete de bom grado, a tem com ares maneirosos, e quem contra ela se rebela, a encontra com apêndices onerosos. Lembramos aqui que carregar a cruz é uma atitude difícil para a grande maioria de inconformados do mundo, que não entendem por que sofrem, nem para que sofrem, alienados pelos ensinamentos de suas religiões dogmáticas. O homem que auxiliou Jesus a carregar a mais bela cruz do planeta o fez por imposição irrecusável, como constrangidos são milhões de criaturas, para cumprirem suas obrigações cotidianas.

No Templo Umbandista, o bom senso não pode ser exceção. A ausência dele é regra que não se aplica aos que querem servir ao bem. O cidadão comum come, bebe, trabalha, deita e procria. Do umbandista exige-se algo mais, que o retire da extensa lista dos acomodados: a disciplina. E ela se afirma no esforço de renovação, que deve ser feito a cada dia. É esse esforço que nos pacifica e rejuvenesce. Perseguindo incessantemente a velha aspiração de paz e justiça, de fraternidade, de amor ao próximo e a si mesmo - essência da pedagogia cristã - o umbandista está perseguindo o ideal da doutrina, o saudável ideal que lhe mantém o entusiasmo, mesmo ali, onde os outros fraquejam e capitulam.

Disciplinemos nossas emoções para que elas não nos disciplinem. Lembremo-nos de que, para o cavalo a disciplina pode ser as rédeas, mas para o Espírito imortal ela tem que ser o amor e o conhecimento em toda a sua imensa gama de atuações.


 E não esqueçamos nunca: o advérbio de negação também consta da gramática do amor, no extenso capítulo da disciplina.

















aela apostila coletânea

terça-feira, 27 de maio de 2014

O CANSAÇO




Quando te sintas sitiado pelo desfalecimento de forças ou o cansaço se te insinue em forma de desânimo, para um pouco e refaze-te.

O cansaço é mau conselheiro.

Produz irritação ou indiferença, tomando as energias e exaurindo-as.

Renova a paisagem mental, buscando motivação que te predisponha ao prosseguimento da tarefa.

Por um momento, repousa, a fim de conseguires o vigor e o entusiasmo para a continuidade da ação.

Noutra circunstância, muda de atividade, evitando a monotonia que intoxica os centros da atenção e entorpece as forças.

Não te concedas o luxo do repouso exagerado, evitando tombar na negligência do dever.

Com método e ritmo, conseguirás o equilíbrio psicológico de que necessitas, para não te renderes à exaustão.

Jesus informou com muita propriedade, numa lição insuperável, que "o Pai até hoje trabalha e eu também trabalho", sem cansaço nem enfado.

A mente renovada pela prece e o corpo estimulado pela consciência do dever não desfalecem sob os fardos, às vezes, quase inevitáveis do cansaço.

Age sempre com alegria e produze sem a perturbação que o cansaço proporciona.









Pelo Espírito: Joanna de Ângelis
Psicografia: Divaldo Pereira Franco

Livro: "Episódios Diários"

domingo, 25 de maio de 2014

OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS



"Ao longo desses anos em que tenho ido a Uberaba, conheci muita gente. Gente boa, gente meio boa e gente menos boa. Algumas o tempo vai apagando lentamente, mas jamais teriam força suficiente para apagar de minhas lembranças a figura encantadora que vocês vão passar a conhecer. Numa daquelas madrugadas, quando as sessões do Chico se estendiam até ao amanhecer, vi-o pela primeira vez. Naquelas filas quase intermináveis que se formavam para a despedida ou uma última palavrinha ainda que rápida com o Chico, ele chamou-me a atenção pela alegria com que expressava a sua vez. Vinha com passos cansados, o andar trôpego, a fisionomia abatida, mas seus olhos brilhavam à medida que se aproximava do Chico. Não raro, seu contentamento se traduzia em lágrimas serenas, finas, copiosas. Trajes muito pobres, descalço, pés rachados indicando que raramente teriam conhecido um par de sapatos. Calça azul, camisa verde, com muitos remendos; um paletó de casemira apertava-lhe o corpo franzino. Pele escura, cabelos enrolados, nos lábios uma ferida. Chamava-se Jorge. Creio que deve ter tomado poucos banhos durante toda sua vida. Quando se aproximava, seu corpo magro, sofrido e mal alimentado exalava um odor desagradável. Em sua boca, alguns raros tocos de dentes, totalmente apodrecidos.

Quando falava, seu hálito era quase insuportável. Ainda que não se quisesse, tinha-se um movimento instintivo de recuo. Quando se aproximava, tínhamos pressa em dar-lhe algum trocado para que ele fosse comprar pipoca, doce ou um refrigerante, a fim de que saísse logo de perto da gente. Jorge morava com o irmão e a cunhada num bairro muito pobre. Urna favela, quase um cortiço. Seu quarto era um pequeno cômodo anexado ao barraco do irmão.

Algumas telhas, pedaços de tábuas, de plástico, folhas de latas, emolduravam o seu pequeno espaço. O irmão e a cunhada eram bóias-frias. Jorge ficava com as crianças. Fazia-lhes o mingau, trocava-lhes os panos, assistia-os. Alma assim caridosa, acredito que sofresse maus tratos. Muitas vezes o vi com marcas no rosto e ainda hoje fico pensando se aquela ferida permanente em seu lábio inferior não seria resultante de constantes pancadas. O Chico conversava com ele cinco, dez, vinte minutos. Nas primeiras vezes, pensava: Meu Deus, como é que o Chico pode perder tanto tempo com ele, quando tantas pessoas viajaram milhares de quilômetros e mal pegaram em sua mão? Por que será que ele não diminui o tempo do Jorge para dar mais atenção aos outros? Somente mais tarde fui entender que a única pessoa capaz de parar para ouvir o Jorge era o Chico. Em casa, ele não tinha com quem conversar; na rua, ninguém lhe dava atenção. Quase todas as vezes em que lá estava, lá estava ele também. Assim, por alguns anos habituei-me a ver aquele estranho personagem, que aos poucos foi-me cativando. Hoje, passados tantos anos, ao escrever estas linhas, ainda choro. "A gente corre o risco de chorar um pouco, quando se deixou cativar", não é mesmo?

Nunca ouvimos de sua boca qualquer palavra de queixa ou revolta.

Seu diálogo com o Chico era comovente e enternecedor.

-Jorge, como é que vai a vida?

-Ah! Tio Chico, eu acho a vida uma beleza!

-E a viagem foi boa?

-Muito boa, Tio Chico. Eu vim olhando as flores que Deus plantou no caminho para nos alegrar.

-O que você mais gosta de olhar, Jorge?

-O azul do céu, Tio Chico. Às vezes fico pensando que o Sinhô Jesus tá me espiando.

Depois, Jorge falava da briga dos gatos, da goteira que molhou a cama, do passarinho que estava fazendo ninho em seu telhado. Quando pensava que tudo havia terminado, o Chico ainda dizia:

-Agora, o nosso Jorge vai declamar alguns versos.

Eu chegava até me virar na cadeira, perguntando a mim mesmo: onde é que o Chico arruma tanta paciência.

Jorge declamava um, dois, quatro versos. -Bem, Jorge, agora para nossa despedida, declame o verso de que mais gosto.

-Qual, Tio Chico?

-Aquele da moça, Jorge.

-Ah! Tio Chico, já me lembrei, já me lembrei.

Naquelas horas, o Centro continuava lotado. As pessoas se acotovelavam, formando um grande círculo em torno da mesa.

Jorge colocava, então, o colarinho da camisa para fora, abotoava o único botão de seu surrado paletó, colocava as mãos para trás à semelhança de uma criança quando vai declamar na escola ou perante uma autoridade, olhava para ver se o estavam observando e sapecava, inflado de orgulho:

"Menina, penteia o cabelo,

joga as tranças prá cacunda.

Queira Deus que não te leve,

de domingo prá segunda".

Quando Jorge terminava, o riso era geral. Ele também sorria. Um sorriso solto e alegre, mas ainda assim doído, pois a parte inferior de seus grossos lábios se dilatava, fazendo sangrar a ferida. Aí ele se aproximava do Chico, que lhe dava uma pequena ajuda em dinheiro. Em todos aqueles anos, nunca consegui ver quanto era. Depois, colocava o dinheiro dentro de uma capanga, onde já havia guardado as pipocas, os doces, dando um nó na alça de pano. Para se despedir, ele não se abraçava ao Chico, ele se jogava todo por inteiro em cima do Chico. Falava quase dentro do nariz do Chico e eu nunca o vi ter aquele recuo instintivo como eu tivera todas as vezes. Beijava a mão do Chico, que beijava a mão e a face dele, ao que ele retribuía, beijando os dois lados da face do Chico, onde ficavam manchas de sangue deixadas pela ferida aberta em seus lábios. Nunca vi o Chico se limpar na presença dele, nem depois que ele se tivesse ido. Eu, que muitas vezes, ao chegar à casa dele, molhava um pano e limpava o que passamos a chamar carinhosamente de "o beijo do Jorge". Não saberia dizer quantas vezes pensei em levar um presente ao Jorge. Uma camisa ...um par de sapatos ... uma blusa. Infelizmente, fui adiando e o tempo passando. Acabei por não lhe levar nada. Lembro-me disso com tristeza e as palavras do Apóstolo Paulo se fazem mais fortes nos recessos de minha alma:

"Façamos o Bem, enquanto temos tempo". Enquanto temos tempo. De repente, fica tarde demais. O Jorge desencarnou.

Desencarnou numa madrugada fria. Completamente só em seu quarto. Esquecido do mundo, esquecido de todos, mas não de Deus. Contou-me o Chico que foi este nosso irmão de pele escura, cabelos enrolados, ferida nos lábios, pés rachados, mau cheiro, mau hálito que, ao desencarnar, Nosso Senhor Jesus Cristo veio pessoalmente buscar. Entrou naquele quarto de terra batida, retirou o Jorge do corpo magro e sofrido, envolto em trapos imundos, aconchegou-o de encontro ao peito e voou com ele para o espaço, como se carregasse o mais querido de seus filhos.

"ESTAREI CONVOSCO ATÉ O FIM DOS SÉCULOS"

"NÃO VOS DEIXAREI ÓRFÃOS"

Ele não faria uma promessa que não pudesse cumprir."





















Revista Espírita Mensal – Ano XXIV nº288 Outubro 2000


Retirado do livro "CHICO, DE FRANCISCO" de Adelino Silveira

sábado, 24 de maio de 2014

EQUILIBRIO





Se quer crescer materialmente, não busque ter fortuna demais. O cofre cheio favorece uma mente turbilhonada de preocupações e angústias.

Se visa a ascender na hierarquia do prestígio social, não fixe o destaque excessivo. Visibilidade requer tato psicológico e maturidade espiritual que consternam e retalham espíritos menos preparados.

Se pretende adquirir poder, para realizar grandes coisas, não pense no poder para si, e seus interesses pessoais. O poder é tóxico medonho da alma, a enlouquecê-la em tempo curto.

Se tem como escopo obter cultura e inteligência, não procure as letras como quem guarda pérolas para si. O conhecimento e o raciocínio acumulados com egoísmo, na intenção de promoção pessoal, podem tão-somente, introduzir o indivíduo no desvario das obsessões variadas.

Se fita a vanguarda das idéias e dos valores, como objetivo de sua vida, cuidado com a extravagância na velocidade do crescimento e da exposição pública de suas experiências íntimas. Quem está à frente demais do seu tempo, passa por louco, demente ou mau-caráter, padecendo dores atrozes, na perseguição e no escárnio gerais, amiúde sem nem conseguir ser ouvido, para favorecer o progresso coletivo, por melhores sejam as intenções do idealista.

Em tudo, prime pelo equilíbrio e pelo bom senso. Não adianta tudo querer, para simplesmente tudo perder. É melhor almejar o pouco possível, e crescer devagar, mas sempre, que focar o muito impossível e ficar com nada e terríveis padecimentos de consciência.

Faça agora o que está ao seu alcance. E, quanto ao demais, confie em Deus, que, para que outros ganhem e vejam o que você tenciona mostrar-lhes, enviará missionários em tempo oportuno – diga-se, claramente: tempo futuro – já que nem tudo pode ser dito a todos, nem tudo pode ser conquistado por todos, nem tudo pode ser vivido por todos, no tempo que se chama agora.

Portanto, respeite os seus próprios limites e os limites psicológicos, espirituais e evolutivos (numa palavra) dos outros, já que, sem respeito aos ritmos evolucionais de si e dos irmãos em humanidade, nada se faz ou se edifica de verdadeiro e duradouro.










BENJAMIM TEIXEIRA

PELO ESPÍRITO  EUGENIA

sexta-feira, 23 de maio de 2014

FLUIDIFICAÇÃO DA ÁGUA





Em espiritismo entende-se por água fluida aquela em que os fluidos medicamentosos foram imergidos, por ação magnética de médiuns ou por intervenção de Espíritos benfazejos.

Os processos de fluidificação da água consistem em:

1 - Pelas próprias pessoas
2 – Pelos médiuns
3 – Pelos Espíritos do bem

A fluidificação de água pelos espíritos pode processar-se na presença do médium, ou a distância. No primeiro caso não dispensa a concentração do médium, no segundo faz-se a exposição da vasilha ao sereno da noite.
A água recebe-nos a influência ativa da força magnética e princípios terapêuticos que aliviam e sustentam, que ajudam e curam.
Os médiuns vegetarianos, sem vícios deprimentes e libertos de paixões violentas, são capazes de produzir curas prodigiosas pelo emprego da água fluidificada, a qual ainda é super ativada pelo energismo mobilizado pelos espíritos desencarnados em serviço socorrista aos encarnados.
Ao ingerir a água fluidificada, isto é, um conteúdo potencializado no seu energismo, o homem recebe diretamente e em estado de pureza esta carga de forças vitalizadoras.
Não é o bastante os médiuns fluidificarem a água, eles precisam melhorar sua saúde física e sanar seus desequilíbrios morais, exige também do médium o fiel cumprimento das leis de higiene física e espiritual afim de elevar o padrão qualitativo de suas irradiações vitais.
O êxito mediúnico de passes e fluidificação da água é afetado, quando os médiuns são negligentes a sua higiene física e mental.
Jesus era pobre, mas asseado, suas mãos eram limpas e ele evitava até alimentação indigesta ou tóxica.

Entramos em contato todos os dias com poeira, substâncias tóxicas, enfermos e na falta de limpeza prévia ela se transforma, à hora dos passes, em desagradável chuveiro de fluidos contaminados pelos germes e partículas nocivas a transmitirem-se ao consulente.
Os consulentes se tornam mais receptivos aos fluidos terapêuticos mediúnicos quando os recebem de passistas que se impõe pelo melhor aspecto moral, asseio e delicadeza.
O êxito depende fundamentalmente do estado de receptividade do consulente.



“E qualquer que tiver dado só que seja um copo d’água fria por ser meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum, perderá seu galardão” Jesus – Mateus 10:42
















Fonte: Mundo Espírita

quarta-feira, 21 de maio de 2014

LIGAÇÕES ETERNAS





Desde menina, quando deixava pender a mão sobre a beirada da cama, outra mão afetuosa segurava a sua e ela se sentia tranquilizada, por mais ansiosa que estivesse. Muitas vezes, quando sua mão acidentalmente pendia para fora da cama e o toque da outra mão a surpreendia, ela, num reflexo, jogava a cabeça para trás e isso punha fim ao contato.

Ela sempre sabia quando procurar a mão a fim de sentir-se tranquilizada. Naturalmente, não havia forma física alguma em torno ou embaixo da cama.
Ao crescer, a mão a acompanhou. Casou-se, mas nunca falou ao marido a respeito dessa experiência, por achá-la infantil.

Quando ficou grávida do primeiro filho, a mão desapareceu. Ela sentiu falta de sua companhia afetuosa e familiar. Não havia outra mão que segurasse a sua daquela mesma maneira cheia de amor.

O bebê nasceu, uma linda menina. Pouco depois do nascimento, estava deitada na cama com a filha, quando esta lhe segurou a mão. Um forte e súbito reconhecimento daquele antigo toque inundou-lhe a mente e o corpo.

O seu protetor retornara. Ela chrorou de felicidade, sentindo uma grande onda de amor e uma conexão que sabia existir muito além do mundo físico.




















Excerto do Livro “Só o amor é real“, de Brian Weiss.

terça-feira, 20 de maio de 2014

NÃO SE JULGUE





Uma das maiores fontes de insatisfação e ansiedade para o ser humano é a dificuldade em aceitar a si mesmo. Muitos se condenam por não ter o padrão de beleza imposto pelo mundo, por não possuírem a riqueza almejada ou o sucesso e o reconhecimento no campo profissional.

Sentem-se excluídos e indignos de admiração e respeito. O pior que pode acontecer a alguém é não se considerar digno aos seus próprios olhos. Ainda que o mundo inteiro nos condene, se tivermos uma autoestima sólida, nada poderá nos desviar da convicção de que temos valor, ainda que apresentemos alguma imperfeição.

Mas, quando isto não acontece, tornamo-nos vulneráveis ao julgamento do mundo, impondo-nos um esforço sobre-humano para nos encaixar nos padrões que, acreditamos, nos garantirá o amor e a aceitação alheias.

...As pessoas o julgaram , e você deve ter aceito as idéias delas sem nenhuma investigação. Você está sofrendo de todas as espécies de julgamento das pessoas, e você está jogando esses julgamentos nas outras pessoas. E todo esse jogo desenvolveu-se além da proporção - a humanidade inteira está sofrendo disso.

Se você quiser livra-se disso, a primeira coisa é esta: não se julgue. Aceite humildemente sua imperfeição, seus fracassos, seus erros, suas faltas. Não há nenhuma necessidade de fingir outra coisa. Seja você mesmo: "É assim mesmo que eu sou, cheio de medo. Eu não posso andar na noite escura, não posso ir lá na densa floresta.". O que há de errado nisso? - é humano.

Uma vez que você se aceite, você será capaz de aceitar os outros, porque você terá uma clara visão interior de que eles estão sofrendo da mesma doença. E a sua aceitação deles, os ajudará a aceitarem-se.

Nós podemos reverter todo o processo: aceite-se. Isso o torna capaz de aceitar os outros. E porque alguém os aceita, eles aprendem a beleza da aceitação pela primeira vez - quanta tranquilidade se sente! - e eles começam a aceitar os outros.

Se a humanidade inteira chegar ao ponto onde todo mundo é aceito como é, quase noventa por cento da infelicidade simplesmente desaparecerá - ela não tem fundamentos - e os seus corações se abrirão por conta própria e o seu amor estará fluindo".













Trecho em itálico de Osho no livro The Transmission of the Lamp

domingo, 18 de maio de 2014

A IMPORTÂNCIA DOS ORIXÁS EM NOSSA VIDA





Temos a tendência a acreditar ou pensar que cada Orixá é o reino ao qual está associado, entretanto Orixá é muito mais do que isso, e é exatamente esse “muito mais do que isso” que não conseguimos explicar em palavras; mas, grosseiramente falando, é o amor de Deus espalhado e ao mesmo tempo condensado em 7 raios básicos, destinados ao planeta Terra, que objetivam, ao chegarem aqui traduzidos pelos diversos planos e sub-planos pelos quais passaram, nos auxiliar no nosso karma, e que se manifestam através das forças e reinos da natureza. O Orixá está na natureza, mas não é apenas a natureza. Enfim... É mais uma benção de Deus.

O umbandista deve buscar o equilíbrio de todas estas forças através da prática da caridade, do amor e respeito à natureza e às coisas de Deus. A Umbanda se propõe, trazer o equilíbrio destas forças para as nossas vidas. E não existe melhor forma de nos harmonizarmos com estas forças, que se manifestam em nossos terreiros através de seus enviados de luz, que sempre nos trazem palavras de consolo, amparo, força, esclarecimento, caridade e amor, e assim fazer ultrapassar as paredes físicas do terreiro de Umbanda a sua mensagem.

A Caridade é o objetivo principal do médium Umbandista.

A Umbanda não se propõe a ser solução milagrosa para todos os problemas de ordem material criados por nós, mas propõe que, através da harmonização com as forças da natureza, encontremos amparo e alívio para os nossos problemas.

Cada Orixá tem função específica e até as que são antagônicas se harmonizam frente as nossas necessidades, por Graça do Criador.

Todas as energias emanadas pelos Orixás estando em equilíbrio nos tornam pessoas melhores e facilitam a nossa passagem na Terra, por isso falei em benção de Deus, e também em manifestações básicas e harmônicas dos Orixás apesar de algumas manifestações serem antagônicas, mas no fundo complementares. Tudo isso justifica e explica enfim o porquê é fundamental o estarmos equilibrados aos sete Orixás básicos, explica o porquê de não nos dedicarmos a um ou dois Orixás específicos apenas.

Sendo que Orixá é a tradução mais evoluída do nosso sistema manifestada através das forças da natureza, não poderíamos, nós, termos a mais pura essência desses complexos etéreos. E sim a centelha desfocada que se reflete, manifesta e influencia o médium. Que vem traduzida e decodificada em uma linguagem compreensível para nós.

A formação do arquétipo de cada um depende do grau evolutivo do médium, e contribuições dadas a sua formação, tais como, nível de consciência de vida de acordo com sua visão espiritual; qualidade da aprendizagem feita de encarnação para encarnação; historicidade cultural nesta encarnação; formação familiar e serviços prestados à comunidade em forma de caridade.

Quanto mais o médium trabalha em função da sua melhoria como ser humano, maior e melhor é a qualidade da influência vinda das mônadas do astral, pertencentes aos regentes da coroa mediúnica, ou seja, menos impurezas ele absorverá, já que seus sentimentos se tornarão forte filtro.

























Fonte: Livro: Umbanda - Mitos e Realidade

sábado, 17 de maio de 2014

MELHORAR O MUNDO






Tem muita gente realmente interessada em fazer um grande bem para o mundo. É bonito de ver os esforços, a luta de quem já despertou para a realidade de que ninguém é uma ilha isolada, e de que a melhoria de cada um está ligada com a melhoria de todos.

Tem muitas obras bonitas, de ajudar os pobres, de educar crianças, de ensinar o Evangelho, de tudo que é jeito. Tem outras que agem em outro nível, publicando livros, falando na televisão, investindo no potencial humano através da capacitação profissional. Mas eu vou falar uma coisa pra vocês: a maior e a melhor obra que vocês podem fazer pela melhoria do mundo não é social, institucional, econômica. A melhor obra em favor da melhoria do mundo é trabalhar na melhoria de si mesmo. O resto é muito bonito, mas, embora favoreça alguns, em termos de Humanidade, é como chover no molhado.

Eu sei que vocês acham que o problema do mundo é a fome, a violência, o desemprego e a doença. Mas o problema mais grave do mundo é a própria ignorância do homem acerca do seu real propósito. Isso é que corrói as melhores intenções, anula os maiores empenhos, porque os sentimentos mesquinhos, o egoísmo, acabam sendo mais fortes, porque eles ainda são maiores que o amor e o desprendimento no coração das pessoas.

Enquanto o interesse próprio for o azeite que engraxa a engrenagem do mundo, continuará a existir fome, guerra, doença e todo tipo de desgraça. Enquanto não surgir o respeito humano por todas as criaturas, que só pode nascer da consciência da espiritualidade do homem e da paternidade universal de Deus, tudo ainda ficará como está e nós continuaremos arrecadando mantimentos e fazendo comida para pobres sem fim, curando chagas sem fim, porque a miséria material e moral continuará existindo.

O mundo só será melhor quando for feito de espíritos melhores. E como nenhum espírito melhora o outro, mas somente cada espírito melhora a si mesmo, eis a grande obra de cada um, o grande desafio diário para nossas vidas: sermos pessoas e espíritos cada vez melhores em todos os aspectos.


Tratar melhor as pessoas, aprender mais, compreender mais, tratar melhor da própria saúde, botar para fora a pequenez e a mesquinharia, largar a infantilidade, ser grandes, que não quer dizer aumentar de tamanho, mas acalentar no peito somente grandes sentimentos e um grande amor… universal, puro e simples.


















quinta-feira, 15 de maio de 2014

TERREIRO FORTE É O QUE PROMETE OU ENSINA?





Costumamos atender muitas pessoas nas giras abertas a assistência que reclamam desta ou daquela casa, por diversos motivos, dentre eles que "terreiro tal, prometeu e não vi mudar nada em minha vida".

Partindo deste principio vemos realmente hoje no cenário Umbandista, casas que "levam" o nome da Umbanda, mas não praticam a doutrina de Umbanda. Quando consultamos a palavra doutrina vemos que a mesma se refere ao "ensinar" e não ao "prometer", pois compreendemos que a transformação sempre parte de dentro para fora de todo ser que se preocupe em fazer sua reforma interior.

Não podemos encarar uma casa de caridade Umbandista como um depósito de erros cometidos por nós mesmos e esperar somente que se faça um milagre e todas as besteiras que fizemos em vida sejam apagadas com uma borracha espiritual pelos guias que la militam na força de Aruanda. Sinto em dizer, mas se você vai a um centro que promete isso, você não está frequentando a Umbanda anunciada a mais de 100 anos pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas onde o mesmo deixou claro que: 

"UMBANDA É A MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO PARA A CARIDADE".

Os erros criados por nós devem ser corrigidos por nós mesmos não existe fórmula mágica da espiritualidade para encobrir nossas responsabilidades.

A casa que professa a promessa ao invés de promover a renovação brinca com a fé alheia e foge ao código do bom senso que deve haver em toda instituição religiosa.

Evoluímos a partir do momento que reconhecemos nossas falhas e sentimos a necessidade de mudança, a função de um guia é nos orientar e não abraçar nossa causa prometendo resolver fácil isso ou aquilo.

Jesus nosso mestre em sua história nunca resolveu sem antes perguntar: "VOCÊ DESEJA ?" e nunca carregou méritos de seus feitos sempre atribuindo os mesmos a que cada ser tem dentro de si.

, éééé! Realmente isso falta em algumas pessoas que frequentam as casas sérias de Umbanda, pois sempre por instinto tendemos a procurar as coisas mais fáceis e nesta procura nos esquecemos do "A CADA UM SEGUNDO SUAS OBRAS".


Saibamos enxergar em um terreiro de Umbanda uma "escola" onde aprendemos a ser seres humanos melhores