Saibam que a comemoração
dos dias das mães é mitológica. Na Grécia antiga a entrada da primavera era
celebrada em honra de Rhea, a Mãe dos Deuses. Na África Yemanjá é a Orixá Mãe,
orixá que gerou todos e todas, é a Mãe cujos filhos são peixes, portanto, para
os cultos de nação e para as religiões de origem africana, Yemanjá é o orixá
feminino de maior representação e de maior força. Já Maria, a Mãe de Deus, é o
maior fenômeno religioso que ultrapassa as barreiras de qualquer religião e
transcende no íntimo de cada ser humano pelo seu amor incondicional e exemplo
real de uma mulher realizadora, forte e fiel à sua crença.
Assim como Yemanjá, Eva,
Rhea, Maria e Marias, Aparecidas, Joanas, Silvanas, Anas… Mães que como tantas
outras geram, propiciam, lutam, choram,
realizam e amam, amam e amam. Um amor tão pleno que é capaz de mudar o homem e
gerar a Paz.
Mães que criam futuros e
que, portanto, são responsáveis pelo hoje e pelo amanhã. Mães que sofrem e que
creem. Mães que fazem, vivem e que muitas vezes esquecem o que são e do que são
capazes.
E envolvidas por esse
‘esquecer’, se esquecem de sonhar e de criar um futuro. Esquecem de suas
responsabilidades e de quanto amor
existe dentro delas. Esquecem de olhar a vida de forma diferente, esquecem de
ver as flores, borboletas, estrelas, nuvens, pássaros….
Esquecem, enfim, que seu
olhar de adulta já foi um olhar de criança. E pensando nisso, reproduzo um
trecho do livro “A Festa de Maria”, de Rubem Alves, que ajudará de forma muito
peculiar em nossas reflexões.
O Olhar Adulto
“Lá vão pelo caminho a mãe
e a criança, que vai sendo arrastada pelo braço – segurar pelo braço é mais eficiente
que segurar pela mão. Vão os dois pelo mesmo caminho, mas não vão pelo mesmo
caminho. Bleke dizia que a árvore que o tolo vê não é a mesma árvore que o
sábio vê. Pois eu digo que o caminho porque anda a mãe não é o mesmo caminho
porque anda a criança.
Os olhos da criança vão
como borboletas, pulando de coisa em coisa, para cima, para baixo, para os
lados, é uma casca de cigarra num tronco de árvore, quer parar para pegar, a
mãe lhe dá um puxão, a criança continua, logo adiante vê o curiosíssimo espetáculo
de dois cachorros num estranho brinquedo, um cavalgando o outro, quer que a mãe
também veja, com certeza ela vai achar divertido, mas ela, ao invés de rir,
fica brava e dá um puxão mais forte, aí a criança vê uma mosca azul flutuando
inexplicavelmente pelo ar, que coisa mais estranha, que cor mais bonita, tenta
pegar a mosca, mas ela foge, seu olhos batem então numa amêndoa no chão e a
criança vira jogador de futebol, vai chutando a amêndoa, depois é uma vagem
seca de flamboyant pedindo para ser chacoalhada, assim vai a criança, à procura
dos que moram em todos os caminhos, que divertido é andar, pena que a mãe não
saiba andar por não ter os olhos que saibam brincar, ela tem muita pressa, é
preciso chegar, há coisas urgentes a fazer, seu pensamento está nas obrigações
de dona de casa, por isso vai dando safanões nervosos na criança, se ele
conseguisse ver e brincar com os brinquedos que moram no caminho, ela não
precisaria fazer análise …
A mãe caminha com passos
resolutos, adultos, de quem sabe o que quer, olhando para a frente e para o
chão. Olhando para o chão ela procura as pedras no meio do caminho, não por
amor ao Drummond, mas para não dar topadas, e procura também as poças d’agua,
não porque tenha se comovido com o lindo desenho do Escher de nome Poça d´água,
uma poça de água suja na qual se refletem o céu azul e os ramos verdes dos
pinheiros, ela procura as poças para não sujar o sapato. A pedra do Drummond e
a poça de água suja do Escher os adultos não vêem, só as crianças e os artistas
…
A mãe não nasceu assim.
Pequenina, seus olhos eram iguais aos do filho que ela arrasta agora. Eram
olhos vagabundos, brincalhões, que olhavam as coisas para brincar com elas. As
coisas vistas são gostosas, para ser brincadas. E é por isso que os nenezinhos
têm esse estranho costume de botar na boca tudo o que veem, dizendo que tudo é
gostoso, tudo é para ser comido, tudo é para ser colocado dentro do corpo. O
que os olhos desejam, realmente, é comer o que veem. Assim dizia Neruda, que
confessava ser capaz de comer as montanhas e beber os mares. Os olhos nascem
brincalhões e vagabundos – veem pelo puro prazer de ver, coisas que, vez por
outra, aparece ainda nos adultos no prazer de ver figuras. Mas aí a mãe foi
sendo educada, numa caminhada igual a essa, sua mãe também a arrastava pelo
braço, e quando ela tropeçava numa pedra ou pisava numa poça de água, porque
seus olhos estavam vagabundeando por moscas azuis e cachorros sem-vergonha, sua
mãe lhe dava um safanão e dizia: “Olha pra frente menina!”.
“Olha pra frente!” Assim
são os olhos adultos.
Coitados dos adultos!
Arrancaram os olhos vagabundos e brincalhões de crianças e os substituíram por
olhos ferramentas de trabalho. Os olhos tornam-se escravos do dever. Os olhos
solicitam: “ Brinquem comigo! É tão divertido! Se vocês brincarem comigo, eu
ficarei feliz, e vocês ficarão felizes …”.
Rubem Alves
É, não dá para reclamar de
violência se propiciamos violência, e olha que ela nem precisa ser física, assim como não dá para esquecer nossa
responsabilidade com o futuro e com a Paz.
Mães, incorporem o sentido
da Mãe, vivam como Mãe, amem, lutem, deem, ensinem a beleza da vida, a
plenitude da fé e exemplifiquem o sentido real da crença. Assim, quem sabe,
nosso filhos, netos e toda a humanidade saberá o que é o AMOR.
MÃE IEMANJÁ
Iemanjá,
Mãe do Mundo,
Força que mantêm a
criação,
Senhora de todos os bens,
Alento da própria vida
Mãe magnânima de todas as
mães,
O mar é o seu símbolo, o
sal a sua marca.
Proteção é o seu
aleitamento eterno,
Iemanjá, Mãe Querida,
Ajuda-nos com tua
constância,
Exemplificando em nós o
desejo
de perseverar-nos no amor
ao nosso Pai OLORUN.
QUANDO DEUS CRIOU AS MÃES
Nenhum comentário:
Postar um comentário