segunda-feira, 20 de maio de 2013

FAMÍLIA CARNAL





Realmente, a família carnal tanto é constituída por espíritos afins, assim como se compõe de almas adversas e de graves conflitos do passado! No seio do lar processa-se o adestramento espiritual orientado para a vida superior, em que o amor une os espíritos amigos e o ódio imanta os adversários. Por isso, a família tanto pode ser um ensejo abençoado, que entretém as almas amorosas numa preliminar do Paraíso, assim como gera conflitos, desafios e lutas emotivas, que podem terminar pela separação; e às vezes, conforme noticiam os jornais, até pelo crime de morte!
         A família humana é o fundamento ou a miniatura da família universal, pois os laços consanguíneos apenas delimitam as vestimentas físicas e transitórias numa existência humana, mas sem eliminar a autenticidade espiritual de cada membro ali conjugado. Sem dúvida, a ancestralidade biológica ou a herança genealógica própria da constituição carnal reúne os mais diversos temperamentos espirituais sob uma só configuração consanguínea, a fim de estabelecer uma contemporização amistosa. O lar terreno significa a hospedaria da boa-vontade, em que o homem e a mulher conjugam-se na divina tarefa de servir, amar e orientar os espíritos amigos ou adversos que, por Lei Sideral, se encarnam, buscando o amparo fraterno e dispostos a acertarem as contas pregressas! Acima do sentimento ególatra ou de "propriedade", que em geral domina os esposos na posse sobre os filhos, deve prevalecer o conceito elevado de irmandade universal, porquanto a realidade do espírito imortal não deve ser sacrificada às simpatias e posses do corpo carnal!
          A família humana é um conjunto de almas oriundas da mesma fonte divina; difere, apenas, em sua periferia, pela convenção terrena de cônjuges, filhos, pais ou parentes, cuja vestimenta consanguínea ancestral contemporiza a reunião de desafetos do passado, num treino afetivo e em direção à futura família universal!
            Os corpos carnais não passam de escafandros transitórios, que proporcionam aos espíritos encarnados o recurso de desempenharem as suas atividades na vida humana, enquanto também desenvolvem os sentimentos fraternos e avivam as demais virtudes latentes no âmago da alma. Os interesses egocêntricos, as ideias artísticas, preferências políticas, tendências científicas, ambições sociais ou entretenimentos religiosos, são os ensejos que proporcionam às almas a melhoria de sua graduação espiritual. As dissidências tão comuns no seio das famílias terrenas resultam da diferença de idade espiritual entre os seus componentes, em que os mais primários produzem aflições, sofrimentos e prejuízos aos mais evoluídos, em face do mesmo vínculo kármico do passado.
            Mas, no decorrer das sucessivas existências no mundo físico, os espíritos diversificados pelos mais opostos temperamentos aprimoram-Se e amenizam os seus conflitos pregressos através do sofrimento e serviços recíprocos, até alcançarem a compreensão espiritual definitiva. Lentamente, velhos adversários aproximam-se atraídos pelos laços da parentela humana e, louvavelmente, fazem as pazes e confraternizam-se para a ventura em comum. Embora a diferença de interesses, o choque de ambições, e a cobiça pelo melhor, possam atiçar velhos ódios e frustrações do pretérito, a vida em comum, no seio da família, ameniza os desentendimentos e os estigmas entre os espíritos fadados à mesma angelitude. É certo que os mais embrutecidos e escravos das paixões animais chegam a sacrificar o companheiro consanguíneo nas competições dos valores do mundo físico, pois no subjetivismo da alma pressentem a presença do algoz ou desafeto de outrora.
            Em consequência, a pilhagem, belicosidade e avareza ainda são consequências dessa feroz competição humana, em que litigam os espíritos na trajetória da vida física, entre acertos louváveis e equívocos censuráveis, porém jamais deserdados do amor do Cristo e impedidos de serem felizes! Assim prossegue a safra de vítimas e algozes, que retornam em sucessivas existências vinculadas à mesma roupagem carnal consanguínea para a organização das famílias humanas, no sentido de extinguir a personalidade humana e separatista do homem ciumento, egotista e impiedoso escravo dos instintos animais. Através do exercício afetivo no lar, na troca de favores e iniciativas dos membros da família, a individualidade espiritual vai externando os seus valores eternos de feição moral.








Ramatís : A Vida Humana e o Espírito Imortal

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