Impossível ignorar a
existência do mal. Relatos de maldade e atos criminosos ocupam espaço na mídia
escrita e falada, corriqueiramente, O assunto faz parte de estudos médicos,
psicológicos, filosóficos e literários, do passado e do presente. A Ciência
admite, inclusive, a existência de componente genético para a maldade.
O pensamento espírita,
porém, é que o mal não é intrínseco, não faz parte da natureza íntima do
Espírito, é, antes, uma anomalia, como o são as enfermidades. O bem, tal como a
saúde, é o estado natural, é a condição visceralmente inerente ao Espírito. Um
corpo doente constitui um caso de desequilíbrio, precisamente como um Espírito transviado,
rebelde, viciado ou criminoso.
Em termos médicos, maldade
( do latim malus: mal) é o “desejo ou intenção de causar danos a alguém ou de
verem outras pessoas sofrerem”. A psiquiatria considera a maldade como uma
psicopatia que “não aparece de forma única e uniforme pois há graus variados “,
afirma Ana Beatriz Barbosa Silva, professora brasileira de Psiquiatria e autora
da instrutiva obra “Mentes Perigosas”: o psicopata mora ao lado ( Rio de
Janeiro, Objetiva, 2008). Em linguagem compreensível ao grande público, o livro
estuda a maldade, segundo critérios médicos, mais precisamente da Psiquiatria,
oferece ao leitor oportunos esclarecimentos, pontua conceitos, indica os
avanços da Ciência e, ao final, apresenta um “manual de sobrevivência”, que ensina
como a pessoa pode se prevenir de ações ou situações que envolvam a maldade.
A doutora Ana Beatriz
ensina que, como psicopatia, a maldade é um “transtorno da personalidade que
apresenta dois elementos causais fundamentais; uma disfunção neurobiológica e o
conjunto de influências sociais e educativas recebidas ao longo da vida”.
Informa ainda que tais psicopatas são, em geral, indivíduos frios, calculistas,
inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o
próprio benefício. Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se
colocar no lugar do outro. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes,
revelam-se agressivos e violentos. Em maior ou menor nível de gravidade e com
formas diferentes de manifestarem seus atos transgressores, os psicopatas são
verdadeiros “predadores sociais”, em cujas veias e artérias corre um sangue
gélido”.
A maldade apresenta
gradações que, no ponto máximo, é denominado perversão pelos psicanalistas.
“Originada do latim perversione, a palavra designa o ato ou efeito de tornar-se
mau, corromper, depravar ou desmoralizar.[...] Da mesma raiz de perversão
deriva perversidade, que quer dizer “índole ferina ou ruim “.
Para a Doutrina Espírita
“Deus não criou Espíritos maus; criou-os simples e ignorantes[...]. Os que são
maus, assim se tornaram por sua vontade.” Neste contexto, a índole perversa ou
as más tendências identificadas em certas pessoas refletem o somatório de ações
infelizes, atentados contínuos à legislação divina, em razão do uso incorreto
do livre- arbítrio, ao longo das reencarnações. Nestas condições instalam-se
perturbações nos refolhos da alma que produzem desordens mentais, observáveis
nas atitudes e comportamentos individuais, às vezes desde a mais tenra
infância.
Se as manifestações de
maldade não forem precocemente controladas ou tratadas, a pessoa pode se
transformar em sociopata, praticando atos classificados como crimes hediondos.
Texto de Marta Antunes
Moura – Revista Reformador- junho de 2010, p.26-28
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