Um tema recorrente nos
estudos de um buscador espiritual é o momento anterior ao nascimento neste
plano material. Como são escolhidos os pais, irmãos e a família em que o novo
ser conviverá ao decorrer de sua vida. Segundo a visão espírita, baseada em obras
básicas, denominadas pentateuco espírita que compõem a Codificação do
Espiritismo, antes de reencarnarmos estamos em um outro plano de existência
onde uma programação reencarnatória é feita anteriormente a voltarmos ao plano
material. O Pentateuco Espírita, compõem-se dos seguintes livros: O livro dos
espíritos, O livro dos médiuns, o céu e o inferno, O evangelho segundo o
espiritismo e a Gênese.
Antes de nascer planejamos
a duração de uma existência corporal, a profissão a ser desempenhada, a
família, os ascendentes, os descendentes, as provas de natureza material, as
provas morais, eis tópicos que formam a programação reencarnatória de um Espírito.
A reencarnação trata-se de algo mais profundo, com metas psicológicas e
objetivos complexos, que envolvem um grupo grande de pessoas, cujos destinos
estão, por assim dizer, entrelaçados. O direito de programar a própria
reencarnação nos é conferido por uma lei: a que concede aos seres humanos o
livre-arbítrio, a liberdade de escolha e de conduta que Kardec estuda
minuciosamente em suas obras. O livre-arbítrio sofre, porém, limitações por
força de uma outra lei: a lei de causa e efeito, segundo a qual cada um de nós
recebe da vida o que dá à vida, visto que a semeadura é livre, mas a colheita é
obrigatória. Geralmente em nossas últimas encarnações deixamos algumas
pendências morais nas quais tentarão ser corrigidas na encarnação presente,
cometemos certos erros que tentaremos corrigir na encarnação atual. Feita a
programação reencarnatória no estado de erraticidade, o livre-arbítrio
consiste, depois que estamos encarnados, na faculdade que temos de ceder ou
resistir aos arrastamentos, às tentações, tanto materiais como emocionais e às
influências a que somos voluntariamente submetidos.
O ser humano não é apenas
o resultado do encontro de um espermatozoide e um óvulo, que dá origem ao
zigoto, mas acima de tudo, um espírito que retorna ao cenário terreno com uma
nova proposta de vida, com todo o seu cabedal de aquisições, conhecimentos e
expectativas e que, após a fecundação, se liga, através do seu perispírito, à
nova forma física que se inicia. Milhares de transformações acontecem então,
num processo que nada tem de casual, evidentemente obedecendo às leis da
genética, mas trazendo no seu bojo, no fulcro mais recôndito, a presença do
espírito reencarnante, que influencia vibratoriamente, com toda a sua carga
energética, a seqüência desencadeada. Esta é a gênese da vida física.
A
presença do espírito é fator determinante e indica que o feto não é apenas um
amontoado de células que se organizam de forma automatizada, mas, sim, um ser
humano que regressa ao plano material, com seus sentimentos, virtudes e paixões
e, acima de tudo, que necessita da sagrada oportunidade de um novo corpo físico
Todos os Espíritos que vão renascer têm a sua programação reencarnatória,
adequada às suas necessidades evolutivas. Alguns mais aptos participam, ainda
na espiritualidade, junto aos seus mentores, da elaboração deste projeto.
Outros, menos capazes, rebeldes ou indisciplinados recebem projetos elaborados
pelos Espíritos responsáveis, algumas vezes em reencarnações compulsórias,
extremamente necessárias para o seu próprio refazimento e reajuste frente às
leis divinas por eles fraudadas. Nas duas maneiras, é organizada a programação
com interesses específicos para o futuro reencarnante, para que a sua
experiência na matéria possa ser de profundo aprendizado para a sua evolução espiritual.
Nas palavras do instrutor Alexandre no livro Missionários da Luz: “a
reencarnação é o meio, a educação divina é o fim.”
por Paulo Coutinho •
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