Muito se fala sobre o
papel do médium na Umbanda. Mesmo que cada terreiro tenha o seu “estilo
próprio” de trabalhar, afinal a Umbanda permite essa diversidade, existem
similaridades entre os templos religiosos. E o médium no terreiro X ou no
terreiro Y é sempre médium, e sempre vai fazer parte de um elo da corrente.
Quando o médium escolhe
ser médium e trabalhar na Umbanda, ele escolhe viver a religião. Não basta
praticar a religião no dia de trabalho espiritual; é importante vivenciar a
Umbanda. Não basta trazer “O” guia; fazer transportes, desobsessões, se do lado
de fora do templo a postura do médium não condiz com o que se aprende dentro da
casa.
É importante abraçar esta
religião, que é tão rica em amor! Uma religião que estende a mão a todos, sejam
pobres, ricos, brancos ou negros. Uma religião em que se aprende com os que
sabem mais; ensina os que sabem menos e a ninguém vira as costas, como diria o
Caboclo das 7 Encruzilhadas.
Na maioria das vezes,
coisas simples podem ajudar muito no andamento dos trabalhos de um templo
religioso. E cada um deve estar ciente de que há aspectos essenciais que se
seguidos já são de enorme valia. As melhores soluções estão nas coisas mais
simples da vida. Alguns deles estão listados abaixo:
1. Comprometimento: Estar
presente nas sessões espirituais com comprometimento e amor; e ter a ciência de
que cada um realmente faz parte de um elo da corrente e que todos são
imprescindíveis para que os trabalhos aconteçam satisfatoriamente. Cada um tem
o seu papel, então, que possamos desempenhá-lo da melhor maneira possível.
Ajudar a casa a manter-se
financeiramente também é muito importante, afinal todo terreiro tem despesas.
Toda vez que tem uma gira, uma sessão, há um custo para que isso aconteça.
Ajudar na manutenção, limpeza e com colaborações financeiras também faz parte
do papel do médium. Não há mais porque ter “tabus” em relação a isso. Pensando
racionalmente, tudo tem um custo, então por que não ajudar, se somos os maiores
beneficiados?
2. Respeito à casa, aos
irmãos e aos dirigentes espirituais: Um terreiro, assim como qualquer outro
templo religioso, merece todo respeito, do momento em que se pisa neste solo
sagrado até a saída. Portanto é importante ter cuidado principalmente com as
atitudes e palavras dentro deste local que nos acolhe. E o mesmo em relação aos
dirigentes do templo; afinal existe uma hierarquia que deve ser respeitada.
Criticar dirigentes ou irmãos da casa não condiz com uma boa postura. Respeite
as diferenças de opiniões e atitudes! Busque e promova a harmonia dentro do
terreiro que você frequenta. Se você não concorda com alguma coisa, faça algo
para melhorar; ou então busque outro local que você tenha mais afinidade.
3. Autoconhecimento e
Vigília: A mediunidade é um dom! Todos somos médiuns e temos a capacidade de
fazer o bem de diferentes formas. O autoconhecimento é um exercício integrante
no processo de conhecimento da mediunidade. E a vigília é um exercício diário e
que jamais pode ser esquecido; pois somente prestando atenção nos nossos
pensamentos, sentimentos, palavras e ações é que conseguiremos entender o que
doamos de bom aos outros, o que é preciso aprender com o próximo, o que podemos
melhorar no nosso dia-a-dia, e, principalmente, respeitar o livre-arbítrio!
4. Estudo: Aprender é para
todos! A compreensão só vem com o estudo. Para entender uma religião tão
ritualística é imprescindível ter uma visão aberta e estudar. Tudo tem um
porquê e você pode entender porque bate cabeça; porque os guias trabalham de
determinada forma; porque cantar, tocar atabaques, porque do fumo, da bebida,
das oferendas, entre tantos outros assuntos. Somente com informação será
possível melhorar a posição desta religião que só pode praticar o bem!
Ser médium vai além de
vestir o branco. Não basta incorporar um preto velho, um caboclo, se não usa os
ensinamentos simples, mas tão ricos e engrandecedores no dia-a-dia. Ser médium
é uma grande responsabilidade! Trabalhar para fazer a caridade vai se tornando
algo natural. A caridade deve ser feita a cada dia, com um abraço dado de bom
coração, uma palavra amiga, um conselho que traga conforto, um sorriso no
rosto, um apertar de mãos, entre muitas outras formas. Não basta ser um bom
médium somente dentro do terreiro; é preciso vivenciar a Umbanda! Vivenciar a
espiritualidade e colocar em prática os princípios de fé, de humildade, de
cumplicidade, de perseverança, de respeito, de generosidade e amor. O mundo
precisa de mais Amor!
Por Taiane Garcia
Jornal da Umbanda Sagrada
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