A cerimônia de batizado
acontece de diferentes formas nas diversas religiões. No Judaísmo, conhecido
como bar-mitzvá ou Bat-mitzvá, acontece de formas distintas segundo o sexo da
criança e é necessário para a iniciação religiosa dos fiéis. Para o Islamismo,
batizar é fazer com que o bebê escute em primeiro lugar a palavra de Deus, que
é proferida ao ouvido da criança após seu nascimento. Em seguida deve ser
distribuído aos pobres o mesmo peso da criança em prata. No Budismo, o ritual é realizado na fase adulta,
quando durante um ano a pessoa se prepara para receber um novo nome e sua ordem
na linhagem de Buda. No protestantismo, a criança a partir dos 10 anos ou o
adulto, passa por uma cerimônia onde precisa ser imerso totalmente em água para
receber o sacramento. Para o Candomblé, o Batismo acontece numa cerimônia
conhecida como o dia de dar o nome, ou seja, dizer qual o Orixá da criança, a
qual é banhada com óleos, mel e outros líquidos. No Catolicismo, o sacramento
confirma que a criança é católica e que pertence a Igreja, pois o batismo é a
porta de entrada para a religião, na qual o padre faz o sinal da cruz sobre a
criança, unta seu peito com óleo e derrama água sagrada sobre sua cabeça. No
Kardecismo não há batismo, pois eles dizem que não realizam rituais.
Como vemos, cada um tem a
sua forma de se referir à cerimônia, com seus significados e liturgias. Em
todas as religiões do mundo, o batismo é sem dúvida um sacramento primordial,
cada um com seus rituais atendendo a vontade de Deus para com seu filho Jesus.
O importante é que todas aproximam de Deus aquele que é batizado. Na Umbanda
não acontece diferente. O Batismo vem como uma forma de unir o filho ao Pai,
através dos elementos da natureza que energizam e consagram o amor divino em
nossas vidas.
"Batizar" vem de uma palavra grega
que significa "mergulhar". Tem por definição o recomeço, o novo
nascimento, a inserção no Reino de Deus. Batizar é acordar para a religião a
qual você se propõe seguir e adorar. Ao ter a cabeça lavada pela água sagrada,
o cristão purifica suas energias para o seu próprio renascer espiritual, com a
consciência de seu caminho. O Batismo dentro da Umbanda aparece como sacramento
indispensável, pois só após realizá-lo, o médium terá uma vida religiosa
completa. O recebimento deste sacramento marca o momento em que Oxalá consagra
os filhos adeptos, como forma de protegê-los contra o mal e contra a
negatividade.
É importante entendermos
que o ritual fundamenta-se na limpeza áurica e na ativação dos chacras. A água
realiza a limpeza, a purificação. Jogada normalmente sobre a cabeça, na altura
do chacra coronário, ativa este chacra promovendo uma unificação com as forças
espirituais superiores. Na Umbanda, além de ativarmos a ligação do chacra
coronário com a força de Oxalá, normalmente consagramos ainda a cabeça às
energias da natureza, promovendo então, não só a limpeza espiritual como o
fortalecimento e o equilíbrio da relação matéria-espírito. Além disso, os
outros chacras também recebem imantação, garantindo o fechamento destes às
forças negativas e seu ativamento somente para a entrada de energias positivas
e benéficas.
No batismo de Umbanda, os
filhos indicam padrinhos para orientá-los no caminho da espiritualidade, sendo
que estes podem ser irmãos encarnados ou guias espirituais, os quais serão
devidamente representados por seus médiuns na hora da consagração. Os padrinhos
são muito importantes na cerimônia do batismo, são eles se interessarão pelo
desenvolvimento espiritual da pessoa. Geralmente os padrinhos são os
responsáveis, juntamente com os pais, pelo ensino da religião. Não existe a
obrigatoriedade dos padrinhos na Umbanda serem Umbandistas. Cabe aos pais
decidirem ou ao adulto a ser batizado escolher seus padrinhos. O que é
importante é que os padrinhos ao menos respeitem e compartilhem da intenção do
sacramento, fazendo suas promessas com toda sinceridade e conscientes do seu
papel.
O batismo dentro da
Umbanda tem por finalidade regular a faixa vibratória da pessoa (adulto ou
ainda criança) para que durante a sua vida terrena, ela possa ter uma receptividade para as boas
vibrações. Assim, afirma-se que a idade ideal para que o batismo seja realizado
é preferencialmente das 7 semanas após o nascimento até os 7 anos de idade. Mas
após esta idade também é importante sua realização, pois a proteção é sempre
bem vinda durante toda a vida. Afinal de contas, sempre é tempo de despertarmos
para a importância da fé em nossa jornada e, se tivermos auxílio de guias
protetores, nosso caminho será ainda mais iluminado pela proteção daqueles que
nos querem bem.
Segundo a Federação de
Umbanda do Brasil, ainda são poucos os médiuns que são batizados com plena
sabedoria do verdadeiro significado do batismo. É muito comum médiuns
umbandistas serem batizados sem nenhum tipo de consciência sobre o quanto é
importante esse sacramento. Dirigentes espirituais precisam perguntar aos seus
filhos se é isso mesmo que eles desejam, preparando ou explicando o que
significa esse ritual. Ao se batizarem, os Umbandistas criam uma ligação muito
forte com o Oxalá e seus Orixás. O batismo é um ato simples, porém muito
importante, pois é a porta de entrada da benção Divina de Oxalá e dos Orixás.
Cada chefe de terreiro dá
suas instruções para o ritual, pois a liturgia da cerimônia depende ainda da
linha e da falange que comanda a casa umbandista e sua forma de trabalho, mas
sempre mantendo os mesmos fundamentos relacionados ao sacramento. O ritual pode
ser praticado dentro do próprio terreiro como também na cachoeira, ou outro
local que tenha forte carga de energias da natureza, como uma cachoeira, por
exemplo. Os principais elementos utilizados pela liturgia de Umbanda no Batismo
são a água purificadora de Oxalá, para fazer a lavagem da cabeça, filtro
central de energia espiritual; A vela de cera, cuja chama é a Luz Divina que
nos mostrará o caminho do bem e a pemba, para fazer imantação dos nossos
centros energéticos, nos protegendo contra os fluidos negativos. Outros elementos são adicionados à medida que
o condutor da cerimônia verifica a necessidade.
Na Umbanda não se acredita
no pecado em premiações ou punições após a morte; Crê-se que a vida pode ser
boa e deverá ser levada com prazer e alegria. Por isso, o Batismo não deve ser
entendido como a salvação da alma. Se o ser humano é feito a imagem e semelhança
de Deus, como poderia a criança nascer sem as graças divinas? Ou um adulto não
ser perdoado, mesmo com o arrependimento sincero de suas próprias faltas? O
Batismo não é a condição para que alguém mereça ingressar no reino dos Céus. É
apenas uma forma de proteção nesse mundo de provas e expiações.
A pessoa que recebe o
Batismo de Umbanda não é obrigada a ter um vínculo definitivo com a religião.
Ela apenas roga a proteção dos Orixás e dos guias espirituais para si. Recebe a
ternura da benção dos vovôs e vovós e a firmeza de conduta dos caboclos de
pena, com o objetivo de dar proteção e de anunciar a nova vida. Vida esta que
futuramente decidirá seu destino religioso sem amarras, mas abençoada e
protegida, independente desta escolha.
Para encerrar nosso estudo
do dia de hoje, relembro aquele ponto que costumamos cantar que diz assim: “a
Umbanda tem fundamento é preciso preparar…”. Desta forma é importante sempre
ter em mente que os fundamentos de Umbanda são formas de canalização de energia
para que possamos lidar com as situações que encontraremos durante a missão que
viemos cumprir na Terra. Assim, é preciso trabalhar, estudar, organizar,
estruturar e sentir a Umbanda através do entendimento do que praticamos.
Receber a bênção do batismo de Umbanda é ser portador da missão de transmitir a
palavra de Deus através de ensinamentos de fé, amor e caridade.
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