segunda-feira, 7 de maio de 2018

O RITUAL DO TERREIRO







"O ritual do terreiro é preciso para ordenamento dos trabalhos. As formas cultuadas servem de apoios mentais, que vos levam a firmar os pensamentos em breves instantes, auxiliando-nos para o rebaixamento vibratório das energias dos orixás ao qual viemos apoiados para fazermos a caridade na Terra.
        A disciplina externa deve estar casada com a ordem interna dos médiuns, sendo o templo de fora um reflexo da "igreja" de dentro de cada criatura que comparece a sessão da noite em que serão atendidas centenas entre encarnados e desencarnados.
         A harmonia, ou como vocês dizem na Terra, o ponto de equilíbrio, é alcançado na superação das fragilidades individuais, sustentada no esforço intencional de servir ao próximo, renovado em cada encontro semanal. A vontade alicerçada no livre arbítrio e no amor incondicional ao semelhante e para com o Sagrado é a maior fortaleza de cada um na caminhada em prol da evolução individual, sendo Jesus o maior exemplo desta disposição interna."

Caboclo Pery

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    Somos naturalmente desconcentrados. Conseguimos prestar atenção em uma palestra sem ficarmos dispersivos aproximadamente por seis minutos. Os gestos, palavras, movimentos e sons que caracterizam um ritual, de valor simbólico previamente conhecido dos participantes do rito, repetido com regularidade, em intervalos que se repetem, favorecem a concentração e criam um condicionamento mental individual e coletivo que propicia um automatismo salutar na sintonia mediúnica. Por exemplo, diante o ponto cantado da entidade quando o médium está “pronto”, imediatamente ocorre a incorporação mediúnica.

       Um ritual é uma forma de organização, um método sistematizado, que objetiva disciplinar e dar uniformidade aos pensamentos através de estímulos sensórios externos que são interiorizados no psiquismo. A repetição metódica e regular dos cânticos, a visão das imagens em comum a todos os componentes do terreiro, dispostos de frente para o congá; os atabaques, os cheiros, a defumação, as cores, os movimentos repetitivos, favorecem o condicionamento anímico e a entrega passiva dos médiuns que darão sustentação à corrente, fortalecendo o intercâmbio mediúnico.

      Na umbanda, existem vários tipos de rituais dependendo do terreiro. Variam diante a necessidade espiritual do grupo e dos frequentadores da casa. Não vamos descrever nenhum pela enorme diversidade em nossa religião e cremos que a finalidade não é esta.

       Evidenciamos ainda o aspecto social do ritual que une os seus praticantes em respeito e cumplicidade, além de estreitar os laços de amizade.

      Um terreiro de Umbanda é um local sagrado para o culto aos Orixás. Entidades espirituais que estão presentes precisam de um ambiente magnetizado positivamente para a fixação e manutenção de suas energias no local; o espaço físico-astral consagrado pela fé e confiança dos frequentadores, tanto da assistência como do corpo mediúnico que se confunde num só, sendo o lado daqui uma consequência do lado de lá, que geralmente é bem mais amplo. Serve para a invocação, evocação e ligação mediúnica com os espíritos guias que se apresentam para a realização dos trabalhos de caridade.

       Há que se comentar que a diversidade de culto é consequência inequívoca da fragmentação religiosa existente na consciência coletiva, diversidade esta que se intensifica na umbanda por sua universalidade convergente. A forma de cultuarmos o sagrado no interior dos terreiros não deve ser motivo de separatismos. A unidade na umbanda não significa igualdade e as diferenças devem unir e não separar.
















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