"...sendo
todos nós espíritos com uma programação a ser cumprida a fim de trilharmos o
caminho da evolução, somos responsáveis não só pelo efeito de nossas ações para
conosco mas também pela maneira como estas influenciam aqueles que nos cercam .
Muitas vezes, por nossa imaturidade espiritual, podemos estar perpetuando
obsessões e prejudicando irmãos de caminhada em situações que poderiam ser
resolvidas simplesmente seguindo as lições de amor e misericórdia do Evangelho
de Jesus."
Ovelha negra da
família...Certamente para cada dez pessoas
que questionarmos a respeito da existência de algum familiar que se enquadre
nesta descrição, nove irão dar uma resposta positiva. Este termo é usado para
definir alguém diferente, fora do padrão de normalidade para determinado grupo
familiar ou social, com dificuldades de relacionamento ou alterações de conduta
na convivência diária. Muitas vezes temos a nítida impressão que determinada
pessoa não tem absolutamente nada em comum com o restante do grupo familiar,
gerando inclusive inconformidade nos demais em virtude das ações dos mesmos.
Não existe no cosmo
nenhuma ação que não cause uma reação de igual intensidade. Portanto, tudo que
fazemos em nossas vivências encarnatórias irão fatalmente reverter em bônus ou
"malus" na nossa contabilidade cármica. Muitas vezes uma jornada
encarnatória que esteja indo de vento em
popa no sentido de condutas acertadas, gerando um considerável saldo positivo que terá
como consequência a anulação de igual quantidade de carma negativo
pregresso, pode repentinamente ser desviada por algum fator desencaminhador
(tinha uma pedra no meio do caminho...) e lá se vai ladeira abaixo toda uma
existência pródiga desperdiçada pelo famoso "minuto (ou horas,dias) de
bobeira". Depois, resta somente aquela sensação de frustração, e este
episódio tendo funcionado como precedente negativo em uma vivência de ações
positivas, fatalmente acaba gerando outros naquela conduta de "agora que
já fiz uma vez, mais uma não vai fazer diferença mesmo...". A partir daí a
tendência é a coisa desandar definitivamente com a famosa queda evolutiva que,
em muitas ocasiões, de acordo com a gravidade das ações cometidas, pode
comprometer toda a caminhada desta vivência, ensejando mais saldo devedor para
uma próxima encarnação.
Obsessão, segundo o
espiritismo, seria a interferência prejudicial exercida por um espírito sobre
outro, sejam eles encarnados ou desencarnados. Todo aquele espírito que tenha
sido prejudicado de alguma maneira por ações realizadas por nós, mesmo que
indiretamente, adquire um direito pela Lei Maior de cobrar este débito. Estas
diferenças precisam ser acertadas em algum momento e a maneira mais comum e
propícia para que isto ocorra é a reunião destes espíritos em um mesmo núcleo
familiar, pois dentro do contexto de resgates cármicos encontram-se os
entrelaçamentos encarnatórios. Da mesma maneira que espíritos afins de outras
encarnações podem tornar a se unirem, inimigos ou desafetos também se
reencontram para que o saldo devedor entre os mesmos possa ser zerado. Esta aproximação
pode se dar no parentesco de pais e filhos, irmãos, marido e mulher ou qualquer
outro tipo de relação mais ou menos distante, dependendo da gravidade do débito
a ser saldado.
A forma com que estes
espíritos reencarnantes irão conduzir esta convivência é que vai definir o
mérito de cada um junto a justiça divina. Apesar da memória espiritual vir
apagada para evitar as influências das vivências pregressas, os espíritos
preservam resquícios destes convívios que podem gerar sentimentos que vão desde
o mais profundo e inexplicável amor até uma antipatia que pode beirar o ódio.
Tanto é que muitos casais que se aproximam através de sentimentos de atração e
afeto, em determinado momento da caminhada conjunta podem vir a desenvolver verdadeira repulsa,
culminando frequentemente em brigas, agressões físicas, separações e mesmo
crimes passionais. Poderão existir ao longo desta convivência, situações que
funcionam como gatilhos para trazer a tona antigos sentimentos que foram
responsáveis pelos conflitos de outrora. Nestas situações, inúmeras vezes
repetem-se os mesmos erros e ao invés de resgates adquirem-se novos carmas que
determinam o seguimento indefinido destes entrelaçamentos até que estes
espíritos amadureçam e consigam lidar de forma positiva com estas desavenças,
interrompendo assim este ciclo.
Se a união conjugal
desarmônica pode ser resolvida com a simples separação, seguindo cada qual por
caminhos independentes, o mesmo não se dá com a relação pais e filhos que
determina um elo perene e que submeterá estes espíritos a uma convivência que
só terminará no desencarne de algum deles. Isto também ocorre entre irmãos, mas
após a maturidade o normal é que cada um siga seu rumo, interrompendo assim a
proximidade. Lidar com filhos problemáticos ou ser responsável por pais
dependentes na velhice é certamente a maneira mais sofrida de reajuste que
existe, pois exige um grau de doação e superação que leva algumas pessoas a
dedicarem toda uma existência em favor de algum filho ou genitor. São indivíduos
que acabam por anular sua própria individualidade em detrimento dos cuidados
com outros. Existem também os casos de verdadeira dominação e ascendência de
algum membro da família sobre o restante baseada no medo que este indivíduo
desperta por suas ações ou temperamento irascível. Esta ascendência também pode
ser decorrente de um temperamento sedutor ou conduta vitimista que desperta
pena nos demais familiares, que acabam por satisfazer todas as vontades da
criatura e piorando ainda mais o quadro. Muitas vezes, são desacertos
pregressos sendo resgatados pela vítima da atual dominação gerando, porém,
carma negativo para o algoz, seja este enrustido ou não. É muito comum esta
dinâmica familiar patológica se tornar “normal” para aqueles que estão
envolvidos sendo percebida como injusta somente por quem vê a situação de fora.
Portanto, analisando estas
implicações, fica mais compreensível o tipo de vida enfrentado por pessoas que
conhecemos e que não entendemos porque suportam a situação em que vivem. Daí as
famosas expressões: "fulana é uma santa", "fulano tem uma
paciência de Jó" e por aí afora. São estas as obsessões entre vivos, que
tem como responsáveis todos os envolvidos, pois as pessoas somente fazem
conosco aquilo que nós permitimos, não existindo justificativa para ninguém
anular-se durante toda uma existência em detrimento de outro. Desta forma não
temos nenhum mérito junto a Lei Maior por não auxiliarmos em nada o
amadurecimento deste espírito, muitas vezes assumindo para nós um carma que não
deveria ser nosso mas que pela lei da responsabilidade acaba sendo dividido
entre os envolvidos.
Tal é o grau de
dependência que pode se criar entre estes indivíduos que, muitas vezes, após o
desencarne da criatura dependente, esta permanece em processo de obsessão pelo
familiar que aqui ficou, influenciando negativamente e perturbando ainda mais a
caminhada evolutiva do encarnado. Da mesma forma, quem aqui permaneceu, através
da mentalização constante do desencarnado que foi objeto de sua dedicação,
acaba enviando energias deletérias ao mesmo pelo seu sentimento de perda e
prejudicando assim o processo de refazimento e equilíbrio deste espírito.
Portanto, sendo todos nós
espíritos com uma programação a ser cumprida a fim de trilharmos o caminho da
evolução, somos responsáveis não só pelo efeito de nossas ações para
conosco mas também pela maneira como
estas influenciam aqueles que nos cercam . Muitas vezes, por nossa imaturidade
espiritual, podemos estar perpetuando obsessões e prejudicando irmãos de
caminhada em situações que poderiam ser resolvidas simplesmente seguindo as
lições de amor e misericórdia do Evangelho de Jesus.
Adriano - Médium do
Triângulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário