A boa prática mediúnica
depende de vários fatores, como a vontade do médium em ser útil, sua ética,
disciplina e compromisso, estudo e busca por conhecimento técnico e religioso,
frequentes descarregos e limpeza do corpo energético, equilíbrio mental e
emocional, boa saúde, mente silenciosa. A lista pode continuar, mas um fator
precisa ser destacado: a qualidade e a quantidade de energia, ou do fluído
vital do médium. Como doar o que não se tem? Ou como ajudar com um péssimo
padrão energético?
Com termos e conceitos
trazidos do espiritismo, compreendemos também na Umbanda que tudo no universo é
formado pelo chamado fluído universal. A condensação desse fluído numa forma
mais densa permite que o perispírito, ou corpo espiritual, seja plasmado num
nível individual. Para os encarnados, existe ainda um outro tipo de fluído ou
energia, o chamado plasma, que envolve o corpo físico, dando a ele força e
vitalidade.
É o fluído universal do
perispírito atuando na matéria densa. Durante o trabalho mediúnico, utilizamos
muito dessa força. Por exemplo, nossos Guias ou Orixás utilizam o nosso plasma
para sustentar a ligação energética durante a incorporação. É o contato com
nosso campo e a absorção do nosso plasma que permite a cura do corpo espiritual
de espíritos sofredores ou machucados. Alguns trabalhos ou magias mais densas
são mais facilmente anuladas por nossos Guias com o uso desse fluído denso, a
matéria energética do campo de um ser encarnado.
Após um trabalho
mediúnico, muitos se sentem "esgotados energeticamente". Isso ocorre
justamente pela doação de nosso plasma durante a incorporação ou passe. Em
algumas técnicas de cura energética, como o Reiki, frisa-se muito que o
praticante não deve doar o seu próprio plasma, mas apenas ser um canal para a
transmissão do fluído universal. São práticas diferentes, com propósitos
diferentes. Mas a boa notícia é que o plasma não acaba se doado pelo médium.
Após o trabalho, uma boa refeição, leve e saudável, e uma noite de sono
adequada são suficientes para reequilibrá-lo. O plasma só diminui com o avançar
da idade, ou com o aparecimento de doenças que degenerem o corpo físico; e só
acaba com o desencarne. Em várias literaturas psicografadas vemos que, após o
desligamento do cordão energético que liga o perispírito ao corpo físico, ainda
ficam na matéria resquícios dessa energia, que logo são esgotados.
Na cultura indiana, o
plasma pode ser comparado a ojas, considerado a seiva da vida. Ojas existe numa
forma sutil, permeando todo o universo, ou numa forma mais densa, trazendo
vitalidade e força para todas as formas de vida na Terra. Ojas no corpo é como
o combustível de uma lamparina, é a substância mais abundante nos líquidos que
correm por nossos órgãos e células, que dá brilho à pele, cabelos e olhos e é o
principal responsável pelo equilíbrio de nosso sistema imunológico. Quando nos
alimentamos de forma inadequada, ou vibramos sentimentos negativos, nosso ojas
perde qualidade e traz desequilíbrio ao corpo (ex.: colesterol, diabetes, baixa
imunidade, etc).
Quando nos desgastamos,
ficamos estressados, abusamos da sexualidade, ou passamos por um forte
desequilíbrio emocional, a quantidade de ojas cai e pode provocar o surgimento
de diversas doenças.
Além dele, uma outra
essência ainda deve ser considerada neste tema: Prana, ou energia vital.
Diferente de ojas ou plasma, prana é a força do ar, é energia sutil e luminosa.
Prana não é fluído, nem tem forma. A inteligência natural do corpo é
manifestada espontaneamente através dessa energia, que governa as funções da
mente, memória, pensamentos e emoções.
Prana é a energia
sustentadora da vida, ligada à respiração e oxigenação. Se ojas e plasma estão
relacionados ao corpo espiritual, prana está vinculado ao espírito. Nossos
sentimentos, pensamentos, emoções e atitudes negativos ou desequilibrados
afetam primeiramente nosso prana. E sentimos aquela sensação de fraqueza, de
noite mal dormida, de cansaço, de exaustão energética. Contato com a natureza,
com a energia vital em sua forma mais pura, é a melhor maneira de
reequilibrarmos prana.
Exercícios respiratórios,
principalmente os profundos, lentos e abdominais, também nos ajudam a captar
prana e nutrir nosso organismo. Mas se na cultura indiana existe um estudo
sobre os efeitos da queda da qualidade ou da qualidade de nosso fluído e
energia vital, ainda não temos um estudo semelhante sobre o plasma. Entretanto
sabemos, por observação, que pessoas que cultivam padrões energéticos negativos,
ou que não têm uma rotina de vida equilibrada, vivem doentes e sem energia.
Médiuns que vibram raiva, egoísmo, orgulho, irritação, medo, ansiedade, ou com
desequilíbrios em qualquer nível, têm muito menos energia para doar e ficam
cansados mais rapidamente que aqueles que cuidam do seu corpo, mente, espírito
e emoções.
A mediunidade é uma
faculdade linda e sagrada, e sua prática, fundamentada no bem e na caridade,
nos torna sempre seres melhores. Se doamos um pouco do que temos, recebemos
sempre multiplicado. Mas que possamos doar somente boas energias, palavras de
fé, consolo e esperança e sentimentos de amor e compaixão, para assim
aumentarmos nossa luz e de nosso próximo.
Texto de Marina B. Nagel
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