quinta-feira, 19 de julho de 2018

ROUPA BRANCA NA UMBANDA






Roupa  branca guarda consigo um significado para além daquelas inerentes as outras cores, sendo até considerada, para alguns, como perfeita, por não apresentar concepção de negativo. Daí o questionamento que paira sobre a cabeça: o branco seria uma cor de fato? Todavia, a cor branca, quando falamos em simbologia, é uma cor e nos passa algo. Essa percepção pode ser vista em aspectos naturais, a exemplo de um alto valor dado aos animais que possuem tonalidade branca (pássaros grandes brancos), onde possuem ligação com divino, ou até mesmo apropriada para representações em instituições religiosas.

Importante ressaltar que o branco apresenta uma grande aptidão em ser inserido em questões que envolvam o campo religioso. Fala-se que o branco é o início de tudo. Ao criar o mundo, Deus, em seu primeiro comando disse: “faça-se luz!”, permitindo diversas associações com a cor em comento. Interessante notar que a primeira imagem que temos ao pensarmos sobre essa passagem é um clarão branco. Sendo assim, o branco passa a ser abraçado por diversas religiões, envolvendo, a princípio, o início do bem, a ressurreição, a remissão dos pecados.

Em antigas ordens religiosas, o branco representava elevada sabedoria e alto grau de espiritualidade. Antigos druidas encontraram na cor branca o elo do mundo material para comunicação com o mundo espiritual. Os magos brancos da Índia mantinham-se travestidos de branco, pois era o tom de suas roupas sacerdotais, o que deu nome ao grupo. Não somente esses grupos, mas também o próprio Jesus Cristo fazia questão de que suas vestes, quando em terra, detivessem uma tonalidade branca durante suas peregrinações. No Candomblé, o uso de vestimentas brancas às sextas é recorrente, de modo a entrarem em sintonia com sentimentos de pureza, para agradecer. A importância do branco na cultura, portanto, varia de local para local, mas sempre possuindo destaque perante outras cores. Desse modo, em nada diferente demonstra a Umbanda quanto a essa questão.

A Umbanda fora oficialmente criada em 15 de novembro 1908, anunciada no plano físico pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, por meio do médium Zélio Fernandes de Moraes. Uma das diretrizes passadas pelo Caboclo foi a necessidade do uso de roupas brancas pelos trabalhadores dessa religião. Pelo que vimos antes, não poderia ser algo aleatório, pois a cor branca possui uma elevada importância, a depender da cultura. Para a Umbanda, portanto, o branco carrega consigo o sentimento de paz espiritual, assepsia, calma, serenidade e outros valores de elevada estirpe.

A roupa do médium umbandista, portanto, deve ser clara, buscando expressar pureza e os demais sentimentos listados acima, promovendo, não só em si, mas também nos demais irmãos (médiuns da corrente e consulentes), essas vibrações. Além disso, sempre reparar na simplicidade que devemos portar, para demonstrar que não somos diferentes dos demais, sem que um esteja acima do outro em qualquer característica, pois somos filhos de Deus.

Por outro lado, por ser uma religião que é capitaneada por orixás, para dar enfoque a cor branca, a Umbanda tem nela a representação de Oxalá, possuindo os mesmos valores elevados já citados, além de ser o regente da Fé no Ritual de Umbanda Sagrada. Considerando a fé como o mistério religioso por excelência, o estímulo desse deve se dar por meio das vestimentas brancas dos irmãos da corrente e o respeito para com Pai Oxalá. Daí a denominação que é dada aos umbandistas de “exército branco de Pai Oxalá”.

Desse modo, o vestir branco favorece os estímulos necessários para o desenvolvimento do trabalho mediúnico na religião umbandista. Não só elevando as energias dos médiuns da casa, como também os próprios consulentes entram nessa sintonização. Daí a importância e o cuidado da vestimenta do médium estar sempre conservada e limpa, de modo a afastar forças deletérias que possam atrapalhar o andamento dos trabalhos.















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