Roupa branca guarda consigo um significado para além
daquelas inerentes as outras cores, sendo até considerada, para alguns, como
perfeita, por não apresentar concepção de negativo. Daí o questionamento que
paira sobre a cabeça: o branco seria uma cor de fato? Todavia, a cor branca,
quando falamos em simbologia, é uma cor e nos passa algo. Essa percepção pode
ser vista em aspectos naturais, a exemplo de um alto valor dado aos animais que
possuem tonalidade branca (pássaros grandes brancos), onde possuem ligação com
divino, ou até mesmo apropriada para representações em instituições religiosas.
Importante ressaltar que o
branco apresenta uma grande aptidão em ser inserido em questões que envolvam o
campo religioso. Fala-se que o branco é o início de tudo. Ao criar o mundo,
Deus, em seu primeiro comando disse: “faça-se luz!”, permitindo diversas
associações com a cor em comento. Interessante notar que a primeira imagem que
temos ao pensarmos sobre essa passagem é um clarão branco. Sendo assim, o
branco passa a ser abraçado por diversas religiões, envolvendo, a princípio, o
início do bem, a ressurreição, a remissão dos pecados.
Em antigas ordens
religiosas, o branco representava elevada sabedoria e alto grau de
espiritualidade. Antigos druidas encontraram na cor branca o elo do mundo
material para comunicação com o mundo espiritual. Os magos brancos da Índia
mantinham-se travestidos de branco, pois era o tom de suas roupas sacerdotais,
o que deu nome ao grupo. Não somente esses grupos, mas também o próprio Jesus Cristo
fazia questão de que suas vestes, quando em terra, detivessem uma tonalidade
branca durante suas peregrinações. No Candomblé, o uso de vestimentas brancas
às sextas é recorrente, de modo a entrarem em sintonia com sentimentos de
pureza, para agradecer. A importância do branco na cultura, portanto, varia de
local para local, mas sempre possuindo destaque perante outras cores. Desse
modo, em nada diferente demonstra a Umbanda quanto a essa questão.
A Umbanda fora
oficialmente criada em 15 de novembro 1908, anunciada no plano físico pelo
Caboclo das Sete Encruzilhadas, por meio do médium Zélio Fernandes de Moraes.
Uma das diretrizes passadas pelo Caboclo foi a necessidade do uso de roupas
brancas pelos trabalhadores dessa religião. Pelo que vimos antes, não poderia
ser algo aleatório, pois a cor branca possui uma elevada importância, a
depender da cultura. Para a Umbanda, portanto, o branco carrega consigo o
sentimento de paz espiritual, assepsia, calma, serenidade e outros valores de
elevada estirpe.
A roupa do médium
umbandista, portanto, deve ser clara, buscando expressar pureza e os demais
sentimentos listados acima, promovendo, não só em si, mas também nos demais
irmãos (médiuns da corrente e consulentes), essas vibrações. Além disso, sempre
reparar na simplicidade que devemos portar, para demonstrar que não somos
diferentes dos demais, sem que um esteja acima do outro em qualquer
característica, pois somos filhos de Deus.
Por outro lado, por ser
uma religião que é capitaneada por orixás, para dar enfoque a cor branca, a
Umbanda tem nela a representação de Oxalá, possuindo os mesmos valores elevados
já citados, além de ser o regente da Fé no Ritual de Umbanda Sagrada.
Considerando a fé como o mistério religioso por excelência, o estímulo desse
deve se dar por meio das vestimentas brancas dos irmãos da corrente e o
respeito para com Pai Oxalá. Daí a denominação que é dada aos umbandistas de
“exército branco de Pai Oxalá”.
Desse modo, o vestir
branco favorece os estímulos necessários para o desenvolvimento do trabalho
mediúnico na religião umbandista. Não só elevando as energias dos médiuns da
casa, como também os próprios consulentes entram nessa sintonização. Daí a
importância e o cuidado da vestimenta do médium estar sempre conservada e
limpa, de modo a afastar forças deletérias que possam atrapalhar o andamento
dos trabalhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário