No dia em que são
realizadas as giras na sua casa de Umbanda, você procura, horas antes, amenizar
seus pensamentos, afastando os negativos e todas as mágoas e rancores, ou dá
valor a esses sentimentos, como faz no dia-a-dia?
Horas antes, você procura
alimentar-se de maneira mais frugal e sadia ou entrega-se aos prazeres do
exagero da comida e da bebida, afinal ainda faltam algumas horas para a gira
começar?
Antes de sair de casa você
cuida de seu corpo e de seu espírito, higienizando a ambos, ou vai de qualquer
forma? Tem uma roupa branca e limpa que usa exclusivamente para essa ocasião ou
faz uso dela durante a semana também?
Ao cruzar a porta do
terreiro deixa para trás os problemas que o afligiram durante a semana, afinal
esse é seu momento de doação, ou carrega esses problemas e sentimentos
inerentes a eles para dividir, ainda que involuntariamente, com os seus irmãos
de fé, que fatalmente terão que dividir esse fardo com você (afinal numa gira
de Umbanda as energias são compartilhadas)?
Você adentra o terreiro
preocupado em solucionar os seus problemas pessoais ou pensando em praticar a
caridade àqueles que esperam pacientemente na assistência?
Você entende que, numa
gira de Umbanda, mesmo que não lhe sobre tempo para pedir ajuda às entidades
para solucionar as suas questões particulares, você está colaborando com a sua
própria evolução pelo simples fato de estar presente e servindo ao Divino e aos
necessitados?
No congá você enxerga
meras imagens de gesso ou pontos que emanam energias que você deve absorver a
fim de realizar um bom trabalho?
Enquanto são tocados os
pontos, você fecha seus olhos concentrando-se nos orixás e entidades que estão
sendo chamados ou fica preocupado com o tempo que está correndo e os afazeres
ou prazeres materiais que teve que deixar para participar da gira?
Você faz do silêncio uma
prece ou aproveita os momentos em que ele deveria reinar para conversar com os
irmãos-de-fé sobre assuntos corriqueiros ou até mesmo fofocas e maledicências?
Permite que a sua língua seja maior que a sua fé ou a sua dedicação à Umbanda?
Costuma dizer que as
entidades ou orixás são seus – “meu Ogun”, “meu caboclo” – e acredita que você
é quem realiza o auxílio aos necessitados ou tem consciência de que é um mero
instrumento da espiritualidade a serviço do bem?
Olha os consulentes com
certo desdém quando eles relatam um problema que para você é banal, mas que
para eles pode ser o mais grave do mundo?
Diz a todos que não lembra
de absolutamente nada enquanto cede seu corpo às entidades, quando na verdade
possui a chamada “mediunidade consciente”?
Usa o bom nome da Umbanda
e das entidades para amedrontar seus desafetos, denegrindo a imagem de nossa
religião, já tão injustiçada perante a sociedade?
Já usou a sua mediunidade
para obter favores pessoais, materiais e financeiros?
O que você sente quando a
gira termina e você vai para casa?
A satisfação por ter
cumprido o seu dever auxiliando a sua própria evolução e ao próximo, ou
sente-se revoltado porque algum médium brilhou mais que você ou demorou demais
atendendo aos consulentes, atrasando o encerramento dos trabalhos?
Responda a essas perguntas
com sinceridade e saberá se você pratica uma “boa Umbanda”. Lembre-se que
nenhum de nós é perfeito, mas trilhamos o caminho da Umbanda a fim de minimizar
as nossas imperfeições, e não para acentuá-las.
Douglas Fersan
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