Lembro-me de certa ocasião
em que Pai João se apresentava para o trabalho e conversava com alguém que
manifestava sua insatisfação com as questões da vida e com a forma como vinha
desempenhando suas atividades no centro espírita.
Alguns dias mais tarde,
esse mesmo indivíduo se envolveria numa discussão que provocaria seu
afastamento temporário do grupo fato que nós desconhecíamos àquela altura dos
acontecimentos. E Pai João dizia: Meu filho, nós amamos nossos médiuns.
Sem nossos cavalos não
temos campo de trabalho. E nós amamos tanto nossos médiuns que, quando eles
caem, nós já nos encontramos no chão para
amparar os filhos de nego velho.
Assim, a gente amortece a
queda de meus filhos, que caem sobre os braços
de Pai João.
Voltando-se para todo o
grupo reunido, prosseguia ele:
— Vocês acaso pensam que
deixamos de amparar as pessoas que passaram pelo trabalho só porque hoje já não
fazem mais parte da equipe aqui reunida? Há os cometas, que passam, e há as
estrelas, que brilham durante mais tempo no universo desta seara. Mas essa
distinção não impõe que deixemos de acompanhar, nos envolver e nos interessar
por aquelas criaturas que foram importantes para o trabalho.
“Gratidão é
memória do coração”, afirma a máxima. Cada pessoa que investiu, por um instante
que seja, no trabalho dos Imortais, torna-se merecedora eterna de seu amparo e
proteção. Vocês podem até se esquecer de incluir os nomes daqueles companheiros
em suas preces, mas nego velho tem um menino responsável por cada trabalhador
que por aqui passou. Assim nego se mantém informado de tudo que está ocorrendo com
seus filhos...
Com esse pensamento em
mente, inúmeras vezes presenciei Pai João mobilizar enormes recursos de tempo e
energia em favor de um só indivíduo, ou em prol de um objetivo que poderia ser
considerado por muitos de menor relevância, diante de tantos afazeres e
responsabilidades.
No caso citado no início
desta narrativa, fizemos uma reunião sob a tutela de Pai João. procurando
aliviar o comprometimento espiritual e energético do companheiro envolvido.
“Me dê duas horas, que vou
virar a situação”. Queria dizer que ia reverter o processo no campo dos
pensamentos e emoções e que traria a pessoa de volta. Dito e feito: no terceiro
dia, o trabalhador estava de volta às atividades. Depois, viriam as consequências; no momento,
apenas o socorro emergencial interessava, visando amenizar as dificuldades
futuras.
Ajudar sem impor condições
e movimentar-se em favor de uma alma, porque
ela é importante, merecedora de todo o auxílio. Faz me lembrar das palavras de
Jesus, registradas no Evangelho:
“Se um homem tiver cem
ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará ele as noventa e nove nos montes
e irá em busca da que se desgarrou? E se a acha, em verdade vos digo que maior
prazer tem por aquela do que pelas noventa e nove que não se desgarraram. Assim
também não é a vontade de vosso Pai que está nos céus que um destes pequeninos
se perca” (Mateus, 18:1214).
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