sábado, 7 de setembro de 2013

UMA ANDORINHA SÓ FAZ VERÃO





Lembro-me de certa ocasião em que Pai João se apresentava para o trabalho e conversava com alguém que manifestava sua insatisfação com as questões da vida e com a forma como vinha desempenhando suas atividades no centro espírita.
Alguns dias mais tarde, esse mesmo indivíduo se envolveria numa discussão que provocaria seu afastamento temporário do grupo fato que nós desconhecíamos àquela altura dos acontecimentos. E Pai João dizia: Meu filho, nós amamos nossos médiuns.

Sem nossos cavalos não temos campo de trabalho. E nós amamos tanto nossos médiuns que, quando eles caem, nós já nos encontramos no chão para
amparar os filhos de nego velho.

Assim, a gente amortece a queda de meus filhos, que caem sobre os braços de Pai João.

Voltando-se para todo o grupo reunido, prosseguia ele:

— Vocês acaso pensam que deixamos de amparar as pessoas que passaram pelo trabalho só porque hoje já não fazem mais parte da equipe aqui reunida? Há os cometas, que passam, e há as estrelas, que brilham durante mais tempo no universo desta seara. Mas essa distinção não impõe que deixemos de acompanhar, nos envolver e nos interessar por aquelas criaturas que foram importantes para o trabalho.

 “Gratidão é memória do coração”, afirma a máxima. Cada pessoa que investiu, por um instante que seja, no trabalho dos Imortais, torna-se merecedora eterna de seu amparo e proteção. Vocês podem até se esquecer de incluir os nomes daqueles companheiros em suas preces, mas nego velho tem um menino responsável por cada trabalhador que por aqui passou. Assim nego se mantém informado de tudo que está ocorrendo com seus filhos...

Com esse pensamento em mente, inúmeras vezes presenciei Pai João mobilizar enormes recursos de tempo e energia em favor de um só indivíduo, ou em prol de um objetivo que poderia ser considerado por muitos de menor relevância, diante de tantos afazeres e responsabilidades.

No caso citado no início desta narrativa, fizemos uma reunião sob a tutela de Pai João. procurando aliviar o comprometimento espiritual e energético do companheiro envolvido.

“Me dê duas horas, que vou virar a situação”. Queria dizer que ia reverter o processo no campo dos pensamentos e emoções e que traria a pessoa de volta. Dito e feito: no terceiro dia, o trabalhador estava de volta às atividades. Depois, viriam as consequências; no momento, apenas o socorro emergencial interessava, visando amenizar as dificuldades futuras.

Ajudar sem impor condições e movimentar-se em favor de uma alma, porque ela é importante, merecedora de todo o auxílio. Faz me lembrar das palavras de Jesus, registradas no Evangelho:

“Se um homem tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará ele as noventa e nove nos montes e irá em busca da que se desgarrou? E se a acha, em verdade vos digo que maior prazer tem por aquela do que pelas noventa e nove que não se desgarraram. Assim também não é a vontade de vosso Pai que está nos céus que um destes pequeninos se perca” (Mateus, 18:1214).








CAP. LIVRO SABEDORIA DE PRETO VELHO ROBSON PINHEIRO

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