Caminhando eu vinha.
Trôpego o meu passo, quanto cansaço tinha
Quando te encontrei, Umbanda minha!
E se cantavam hinos e pontos e se cantavam
saravando Iansã
E as contas das guias a luz das velas brilhavam
Como orvalhos na manhã.
As velas jogavam luz nas flores, nos ramos
Havia perfume no ar, a cruz era venerada
E muito amor para se dar.
De repente de cores vestidos ficávamos de branco
E orávamos como pretensos anjos
E tão bem ficávamos assim unidos
Que até esquecíamos como estávamos vestidos.
Assim tão simples sem atavios
Olhando as velas em seus humildes pavios.
Umbanda, vou te amar-te sempre!
Mesmo que longe de ti me veja
Ou pela minha pequenez, muito
Longe de mim estejas.
Amarei teus Pretos-Velhos,
Arcados, encarquilhados,
cheios de sábios conselhos
Sempre os senti como espelhos!
Teus caboclos, cheios de força e de amor
Com um ramo verde ou uma flor
Emprestando a nós, pobre mortais
Grandes esperanças, nobres ideais!
Umbanda minha, aqui estou para servir-te
Pelo simples desejo de contigo estar
Agradecer o que de ti ganhei
Obedecer a tua santa lei
Aprender como se deve dar.
Tanto me ensinaste Umbanda
A grande força que há na natureza
A poderosa mão de Oxalá
O rio na sua correnteza
A pureza das águas do mar.
Xangô na sua justiça
Assentado na pedreira
Que passe uma vida inteira
Hei de sempre saravá
Da resina do pinheiro
Ao forte odor do cedro
No altar improvisado
O eco de um ponto cantado
Saudando o povo da mata
Falando da flecha e do arco
Do capacete de penas
E da cabocla jurema.
Reunidos nas brancas areias
Em volta do velho mar
Cantando as nossas sereias
E a nossa mãe Iemanjá.
Ah! Umbanda minha
Amparo dos desvalidos
Aquela que enxuga os prantos
E aos vencidos força dá.
Corrige-nos enquanto é tempo
Enquanto a hora se faz
Faz nosso teu juramento
De muito amor e paz.
Ogum com sua espada
Venha sempre nos defender
Na noite escura calada
Na dor de nosso viver.
Meu Pai Oxalá, abençoa nossos terreiros
E nos conserva de pé
Mostrando sempre nosso bom Pai
A verdade, a justiça, o amor
Guia seus filhos de fé.
Faz nosso Templo humilde como senzala
Que nele haja a fé que não se abala
A fortaleza do povo da mata
A firmeza que há em Ogum
A limpeza das águas do mar.
Faz brilhar nossa estrela
Poderoso Pai Oxalá
Que possamos por ti sermos guiados
Para podermos guiar.
Conserva nossas esperanças
Em nossos protetores do espaço
Firma as nossas andanças
Situando os nossos passos.
Pai Supremo, nosso Deus
Livra-nos de todo o mal
Permita, se merecermos
Sermos por ti ajudados
Ampara nosso Congá
Que nele possa, meu Pai
A estrela da fé brilhar
O nosso coração que ele ilumine
E brilhe em nosso olhar.
Possamos agradecer sempre
Aquilo que nos ensinaste
E cuidarmos com terno zelo
A semente que em nós plantaste.
As sete linhas saravando
As sete forças do universo
Que eu possa sempre cantar-te
Umbanda Minha, em meu verso.
(Psicografia / Ieda Passos Bandeira/1984)
COLABORAÇÃO TEXTO IVAN CROCETTI
Nenhum comentário:
Postar um comentário