Por que a mediunidade não
se manifesta só de modo pacifico, qual graça decorrente da evolução humana? Em
geral, ela eclode nas criaturas produzindo-lhes distúrbios mentais ou
perturbando-lhes o próprio organismo físico. É justo tal acontecimento?
Só a mediunidade saudável e natural, que é
fruto do maior apuro espiritual da alma, revela-se de modo sereno e em suave
espontaneidade, como um dom inato e sem produzir quaisquer sensações
desagradáveis no ser. Entretanto, caso se trate de uma "concessão"
provisória feita pela Administração Sideral, isto é, a "mediunidade de
prova", como decorrência de uma hipersensibilidade prematura despertada
excepcionalmente pelos técnicos do mundo astral com o fito de favorecer aos
espíritos muito endividados, a sua recuperação espiritual pregressa, o seu
despertamento, é em geral sujeito a várias circunstâncias desagradáveis.
Durante o período de
florescimento da mediunidade, a maior ou menor perturbação psíquica ou orgânica
do médium também depende muitíssimo do tipo de suas amizades espirituais e do
seu modo de vida no mundo material. As alegrias, os sofrimentos ou as tristezas
que o tomam de súbito também decorrem do tipo das aproximações do Invisível,
que se sintonizam perfeitamente aos seus pensamentos e sentimentos manifestos.
A tarefa mediúnica não
compreende somente a função mecânica de o médium transmitir as comunicações dos
espíritos desencarnados para o cenário terrícola, atendendo à prosaica função
de "ponte viva" entre o mundo material e o Além. Ela requer também
que os seus medianeiros vivam existência digna e operosa na carne, a fim de
lograrem sintonia com espíritos sublimes e responsáveis pela redenção do homem.
Toda imprudência, desleixo, rebeldia, má vontade ou paixão viciosa por parte
dos médiuns em prova, no mundo físico, geram toda sorte de distúrbios psíquicos
e mesmo sofrimentos físicos incontroláveis que, devido a isso, tomam o
desenvolvimento mediúnico um processo torturante.
É muito comum a maioria
dos médiuns iniciarem o seu despertamento mediúnico sob a atuação dos espíritos
sofredores, imperfeitos ou obsessores, que, aproveitando-se da "porta
mediúnica" aberta para a fenomenologia do mundo físico, atiram-se à
satisfação dos seus objetivos impuros e cruéis. Desde que o médium invigilante
e desregrado ainda esteja comprometido por dificultoso resgate cármico, ele
então se converte no instrumento favorável para o vampirismo dos desencarnados,
que se debruçam avidamente sobre o mundo material. A mediunidade, num sentido
geral, só desperta nos homens pela ação do sofrimento, que lhes afeta a carne e
o psiquismo para depois amainar sob um desenvolvimento ordeiro, nos ambientes
evangélicos, dirigidos por elementos experimentados.
Só então é que o médium
neófito e perturbado pouco a pouco se ajusta à sua tarefa incomum e assume o
controle psíquico de seu corpo, enquanto procura sintonizar-se vibratoriamente
com o espírito guia e benfeitor, que deverá protegê-lo na sua tarefa de
intercâmbio com o mundo invisível.
Do livro: “Mediunismo”
Ramatís /Hercílio Maes – Editora do Conhecimento
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