Todos nós já tivemos
oportunidade de ver aqueles "colares" coloridos, que os médiuns e os
participantes de um Terreiro de Umbanda utilizam nos seus "trabalhos
espirituais".
Algumas são feitos de
contas coloridas de porcelana, outras de cristais, metais, sementes ou favas.
Esses "colares"
são chamados de guias.
Alguns médiuns chegam a
exagerar na quantidade e no tamanho destas guias coloridas, o que na realidade
é desnecessário , para cumprir sua finalidade bastaria uma única guia.
Essas guias possuem suas
características, qualidades e finalidades.
Entre
suas finalidades destacamos as três principais , quais sejam: identificação da
linha que pertence a entidade espiritual protetora do médium, elo de ligação
entre médium e entidade espiritual ,ou seja , elemento material auxiliar no
mecanismo de comunicação mediúnica entre o médium e a entidade espiritual e
finalmente elemento de proteção do médium.
Neste texto nos
preocuparemos somente com esta última característica ,ou seja, a guia com
finalidade de proteção do médium. Na realidade a guia pode ser usada ,e é
utilizada , não somente pelos médiuns "desenvolvidos" que já se
encontram trabalhando na corrente do terreiro , como também pelos médiuns em
desenvolvimento e também por todos os participantes do terreiro - os filhos do
Terreiro.
Essas guias são
consideradas objetos sagrados e devem ser tocadas somente pelo médium ou pelo
chefe espiritual do terreiro.
Nunca se deve deixar uma
pessoa estranha colocá-las ou mesmo manipulá-las. Essas guias são de uso
exclusivo da pessoa e não podem ser trocadas ou colocadas por outros médiuns.
Normalmente as guias são
guardadas pelo médium e são usadas somente nos trabalhos , podendo naturalmente
haver alguma exceção em alguns terreiros,
mas de qualquer modo são consideradas objetos de valor e respeito.
Muitos já devem ter
presenciado quando a guia se rompe e suas peças voam para todos os lados. Em
algumas ocasiões, basta o ato de
tocá-las e elas se rompem.
Nesse momento é muito
comum um trocar de olhares entre as pessoas, o primeiro pensamento que ocorre
é: Fulano estava carregado, ainda bem que a guia cumpriu sua função.
Que função é esta?
Esta função é a de
proteger o médium, ou seja, aqueles fluidos negativos que eram dirigidos ao
médium se descarregam na guia, provocando o seu rompimento.
As guias devem ser
confeccionadas pelo próprio médium, sempre a pedido de seu protetor espiritual
ou do chefe espiritual do terreiro.
Algumas pessoas podem
comprá-las prontas, mas nem sempre é recomendável. Se isso acontecer, antes de
serem utilizadas antes de serem utilizadas devem ser descarregadas na água com
sal, podendo em algumas ocasiões serem "preparadas", conforme
determinação do espírito protetor do médium.
Após este procedimento
inicial as guias são "cruzadas" pelo protetor espiritual do médium e
então passa a fazer parte da pessoa.
Neste momento em que a
entidade protetora do médium "cruza" a guia ,ele está procedendo a
movimentação de fluidos com a respectiva imantação de fluidos espirituais a
guia.
Mas o que são estes
"fluidos espirituais"?
Sem prolongarmos muito a
questão, podemos dizer que todos nós trocamos energias com o mundo ao nosso
redor.
Assim como um corpo quente
troca calor com o ambiente, nós trocamos energias com tudo aquilo que se
encontra ao nosso redor.
Experimente colocar um
objeto quente dentro de um vasilhame onde exista água fria, após alguns minutos
o corpo estará menos quente e a água estará menos fria, ou seja, eles buscarão
o equilíbrio térmico.
Da mesma forma todos os
corpos trocam energias entre si. Quando manipulamos determinado objeto, este
passará a buscar um equilíbrio energético em relação a nós, de uma maneira
simples podemos falar que ele passará a ter a mesma qualidade fluídica que nós
temos.
Sabemos que os elementos
fluídicos do mundo espiritual escapam aos nossos instrumentos de análise e à
percepção dos nossos sentidos, feitos para perceberem a matéria tangível e não
a matéria etérea.
Alguns há, pertencentes a
um meio diverso a tal ponto do nosso, que deles só podemos fazer ideia mediante
comparações tão imperfeitas como aquelas mediante as quais um cego de nascença
procura fazer ideia da teoria das cores.
Mas, entre tais fluidos,
há os tão intimamente ligados à vida corporal, que, de certa forma, pertencem
ao meio terreno. Em falta de observação direta, seus efeitos podem observar-se,
como se observam os do fluido do imã, fluido que jamais se viu, podendo-se
adquirir sobre a natureza deles conhecimentos de alguma precisão.
Os fluidos espirituais,
que constituem um dos estados do fluido cósmico universal, são, a bem dizer, a
atmosfera dos seres espirituais; o elemento donde eles tiram os materiais sobre
que operam; o meio onde ocorrem os fenômenos especiais, perceptíveis à visão e
à audição do Espírito, mas que escapam aos sentidos carnais, impressionáveis
somente à matéria tangível; o meio onde se forma a luz peculiar ao mundo
espiritual, diferente, pela causa e pelos efeitos da luz ordinária; finalmente,
o veículo do pensamento, como o ar o é do som.
Os Espíritos atuam sobre
os fluidos espirituais, não manipulando-os como os homens manipulam os gases,
mas empregando o pensamento e a vontade.
Para os Espíritos, o
pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem. Pelo pensamento, eles
imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou
dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma
forma, uma coloração determinadas; mudam-lhes as propriedades, como um químico
muda a dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis.
Tem consequências de
importância capital e direta para os encarnados a ação dos Espíritos sobre os
fluidos espirituais. Sendo esses fluidos o veículo do pensamento e podendo este
modificar lhes as propriedades, é evidente que eles devem achar-se impregnados
das qualidades boas ou más dos pensamentos que os fazem vibrar, modificando-se
pela pureza ou impureza dos sentimentos. Os maus pensamentos corrompem os
fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável.
É praticamente impossível
fazer-se uma enumeração ou classificação dos bons e dos maus fluidos, ou especificar
lhes as respectivas qualidades, por ser tão grande quanto a dos pensamentos a
diversidade deles.
Os fluidos não possuem
qualidades sui generis, mas as que adquirem no meio onde se elaboram;
modificam-se pelos eflúvios desse meio, como o ar pelas exalações, a água pelos
sais das camadas que atravessa. Conforme as circunstâncias, suas qualidades
são, como as da água e do ar, temporárias ou permanentes, o que os torna muito
especialmente apropriados à produção de tais ou tais efeitos.
Também carecem de denominações
particulares. Como os odores, eles são designados pelas suas propriedades, seus
efeitos e tipos originais. Sob o ponto de vista moral, trazem o cunho dos
sentimentos de ódio, de inveja, de ciúme, de orgulho, de egoísmo, de violência,
de hipocrisia, de bondade, de benevolência, de amor, de caridade, de doçura,
etc.
Sob o aspecto físico, são
excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes,
soporíficos, narcóticos, tóxicos, reparadores, expulsivos; tornam-se força de
transmissão, de propulsão, etc. O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as
paixões, das virtudes e dos vícios da Humanidade e das propriedades da matéria,
correspondentes aos efeitos que eles produzem.
Os fluidos se combinam
pela semelhança de suas naturezas; os dessemelhantes se repelem; há
incompatibilidade entre os bons e os maus fluidos, como entre o óleo e a água.
(Manoel Lopes)