segunda-feira, 9 de novembro de 2015

POR QUE A DISCIPLINA DAS EMOÇÕES ?




“Se ainda trazes, porventura, o hábito de encolerizar-se e se já consegues reconhecer-lhe os prejuízos,
podes claramente erradica-lo, atendendo à própria renovação”.
(Texto extraído do livro CALMA, autoria espiritual de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier, ed. FEB).


As seguidas desarmonias emocionais quase sempre causam enfraquecimento e enfermidade das partes mais sensíveis do corpo humano, cujos efeitos se estendem por sucessivas reencarnações, se não houver por parte do protagonista decisão firme de pôr freios em seus desatinos. Nestas circunstâncias, o corpo espiritual tem participação efetiva, em virtude de sua formação mento-eletromagnética, que tanto registra os impulsos dos pensamentos nobres, como os ímpetos descontrolados, tudo sob a regência dos chacras.

Esses centros de forças comandam e organizam o funcionamento do perispírito; conservam e ao mesmo tempo renovam a sutileza dos tecidos desse corpo rarefeito, de conformidade com a posição evolutiva do Espírito; firmam e garantem o mapeamento genético, as organizações celulares e as funções dos órgãos físicos, além da assimilação do fluído vital, enquanto o Ser estiver encarnado.

Em caso de enfermidades provocadas pelas atitudes arbitrárias e infelizes da pessoa, logo o organismo perispiritual se ressente, e se agrava ainda mais a doença, que, por vezes, nem com os cuidados médicos cessa enquanto ficar esquecido o tratamento autoterapêutico com fundamento na moral cristã.

Mas existem aqueles pacientes que se mantêm em atitude digna e honrosa, sem se deixar levar pelo desfalecimento e pelo desânimo, durante a travessia pela porta estreita. Por adotarem serenidade e resignação, não será motivo de admiração se alcançarem algum alívio de seus males ou até mesmo a cura, que aos olhos de muitos, seria um verdadeiro “milagre”.

Deus, pois, em Sua Infinita Bondade, sabe muito bem a quem dirigir a Sua Misericórdia no momento certo. A maioria, porém, é inconformada, intolerante e queixosa; essas atitudes só agravam o estado enfermiço por tempo indeterminado, até com o surgimento de outros quadros sintomáticos; pessoas assim comparam-se a hospitais ambulantes, em virtude de constantes cargas enfermiças que somatizam.

O benfeitor espiritual Emmanuel, em mensagem psicografada por Chico Xavier, no livrete ATENÇÃO, editado pelo Instituto de Difusão Espírita (IDE), afirma que a cólera é força descontrolada e precipitação em doença.

Significativa advertência só nos enseja oportunidade de reflexão, a fim de cuidarmos ao máximo do nosso equilíbrio tanto o mental quanto ao emocional, o que nos proporcionará assim razoável estado psicossomático.

O colérico obnubila sua razão com as sequentes crises por que passa, o que lhe dificulta chegar à linha da moderação e da prudência, motivo pelo qual suas bruscas inquietações se transformam em descargas magnéticas destruidoras que afetam o sistema nervoso, o sistema cardiovascular e causam outros tantos desarranjos do organismo físico. Isso faz-nos concluir que a força destrutiva do ódio não tem limites de tempo nem de espaço para ramificar suas raízes.

Já nos idos de 1863, Um Espírito Protetor esclarecia categoricamente o seguinte:

“Em seu frenesi, o homem colérico a tudo se atira: à natureza bruta, aos objetos inanimados, quebrando-os porque não lhe obedecem. Ah! Se nesses momentos pudesse ele observar-se a sangue-frio, ou teria medo de si, ou bem ridículo se acharia!”.

Detalha ainda com sabedoria:

“Se ponderasse que a cólera a nada remedia, que lhe altera a saúde e compromete até a vida, reconheceria ser ele próprio a sua primeira vítima. Mas, outra consideração, sobretudo, deverá conte-lo: a de que torna infelizes todos os que o cercam”.(O Evangelho Segundo o Espiritismo).

O sentimento odioso é tomada para a obsessão e queda em desequilíbrio, continua Emmanuel em sua mensagem sob a cólera.

São obsessões insistentes que levam uma porção de criaturas à loucura, ao crime e ao suicídio; e essas infelicidades quase sempre conduzem-nas a seguidas reencarnações expiatórias e dolorosas como recurso curativo.

O processo obsessivo se instala pari passu no campo mental nas vezes em que a pessoa deixa encolerizar. Repetidamente, ela se entrega sem resistência à sanha dos Espíritos perturbadores e não percebe sequer que sua vida vem sendo monitorada a todo momento pelas legiões espirituais infelizes. Por isso, com o decorrer do tempo, o paciente não encontra forças para nada, ou seja, não reage, não se defende e não distingue em tempo algum se os pensamentos são seus ou se são de outrem, o que resulta em permanentes contradições torturantes.

A emoção colérica é impulso à desencarnação prematura e perigo de criminalidade, prossegue o autor.

Paulatinamente, a resistência física se esgota de tanto o corpo resistir contra as investidas advindas das emoções e dos sentimentos grosseiros: ódio, desmedido sem iniciativa de concórdia, crises nervosas por qualquer motivo e discussões vinagrosas com palavras de baixo calão. Indubitavelmente, esse aparato só colabora para resultados funestos em futuro próximo, como a decrepitude prematura e a desencarnação fora de época. Mas as coisas não param por aí.

Existem pessoas tão emotivas e ao mesmo tempo tão azedas com a vida, que chegam a ponto de se aborrecerem com tudo e com todos que estão em sua volta, sem justificativa alguma. Quando dormem, vão com frequência às regiões escuras da Espiritualidade. Durante os momentos em que passam por lá, tornam-se marionetes nas mãos dos Espíritos inferiores, a receberem dessas falanges minuciosas instruções que ficam bem gravadas em suas memórias, cujo objetivo é cometer atitudes ruinosas e até criminosas quando estão em vigília.

A lição lembra ainda que esse lamentável impulso é introdução à culpa e descida ao remorso. Realmente, a culpa é o embrião do remorso.

O colérico é sempre aquela pessoa de difícil relacionamento, porque ninguém se adapta ao seu jeito de ser; costuma ter comportamentos alterados e ações intempestivas; faz “tempestade em copo de água”, com rara mestria; enxerga coisas que não existem e distorce tudo o que ouve; e vive ruminando mágoas, sem fim. Porém, momentos chegam em que tudo volta a si, pela lei da causa e efeito e pela alquimia da culpa que se instala em sua consciência. É então onde o remorso atinge alto grau, transformando mais tarde em psicopatias e demências várias, em futuras reencarnações.

O assunto continua sendo abordado com inteligência e sentimento por Emmanuel, quando diz que a cólera se assemelha à pancadaria vibratória e desagregação de energias.

As vibrações originadas pelos ímpetos coléricos causam mais danos do que as picadas dos répteis. Para a anulação destas, existem os antídotos com efeitos imediatos; para a extinção daquelas, há somente o aprimoramento e a modificação do caráter de quem as originou, o que requer mais tempo. Porém, antes que isso aconteça, é provável que se passe pelos dissabores, seja aqui no plano físico, seja nos recantos sombrios da Espiritualidade, em que muitos Espíritos se encontram para purgarem juntos os seus equívocos, cada qual com seus respectivos desequilíbrios sentimentais e emocionais das primárias experiências físicas, a fim de iniciarem já por lá o aprendizado da redenção, qual seja: a transformação de suas aflições no desabrochar das sementes divinas que trazem consigo.

O instrutor espiritual Gúbio, no livro LIBERTAÇÃO, do Espírito André Luiz, esclarece-nos com muita propriedade sobre questão tão delicada e ao mesmo tempo complexa ao confirmar que “nossas raízes emocionais se mergulham mais ou menos profundamente nos círculos da animalidade primitiva. Vem à foice da morte e cega-nos os ramos dos desejos terrenos; todavia, nossos vínculos guardam extrema vitalidade nas camadas inferiores e renascemos entre aqueles mesmos que converteram em nossos associados de longas eras, através de lutas vividas em comum, e aos quais nos agrilhoamos pela comunhão de interesses da linha evolutiva em que encontramos”.

A confusão mental decorrente da pancadaria vibratória deixa a pessoa tolhida de pensar com clareza. A cada acesso de cólera, ela atrai somente fluídos adstringentes para o seu perispírito e para a sua aura, o que permite assim a sintonia com vibrações negativas que a conduzem, de queda em queda, às vias das angústias.

E quanto a nós, profitentes do Espiritismo, estaremos imunes a tais calamidades? – Claro que não. Ora, basta observar que o tema central discorrido por Emmanuel é dirigido aos espíritas em primeiro lugar, como outras mensagens suas e de outros Espíritos sérios. Não somos santos, mas trabalhadores da última hora, que insistem por oportunidade de “emprego e salário” na seara do Senhor. Por isso, não nos basta frequentar habitualmente as palestras públicas doutrinárias que são realizadas nos Centros Espíritas, como se estivéssemos cumprindo obrigações meramente sociais e rotinas igrejeiras.

Improfícuo é recebermos passes assiduamente, se não identificarmos bem os nossos enganos, a fim de transforma-los, enquanto é tempo, em verdades libertadoras. Ilusão nossa a participação semanal em reuniões mediúnicas, se não brotar espontaneamente o desejo sincero da correção dos nossos arroubos descontrolados, como costumamos doutrinar os desencarnados necessitados. Inútil apresentarmos-nos com belas palestras às platéias espíritas, se não houver correspondência com a nossa reforma íntima, porque todos notarão, e isso resultará em dissabores e frustrações. A participação em encontros, congressos e demais eventos espíritas, tornar-se-á momentos de lazer, se não surgir o esforço da prática cristã junto ao próximo. Escrever linhas sobre questões do Evangelho e do Espiritismo, mas sem o mínimo de vivência prática, logo essas sementes irão ao vento. E a construção de paredes para formarem novas agremiações espiritistas passará a ser mero capricho e personalismo, se não houver demonstração dos exemplos contidos na mensagem do Cristo.

















Fonte: Revista Espírita Mensal INFORMAÇÃO – no. 330

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