“Se ainda trazes,
porventura, o hábito de encolerizar-se e se já consegues reconhecer-lhe os
prejuízos,
podes claramente
erradica-lo, atendendo à própria renovação”.
(Texto extraído do livro
CALMA, autoria espiritual de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier, ed. FEB).
As seguidas desarmonias
emocionais quase sempre causam enfraquecimento e enfermidade das partes mais
sensíveis do corpo humano, cujos efeitos se estendem por sucessivas
reencarnações, se não houver por parte do protagonista decisão firme de pôr
freios em seus desatinos. Nestas circunstâncias, o corpo espiritual tem
participação efetiva, em virtude de sua formação mento-eletromagnética, que
tanto registra os impulsos dos pensamentos nobres, como os ímpetos
descontrolados, tudo sob a regência dos chacras.
Esses centros de forças
comandam e organizam o funcionamento do perispírito; conservam e ao mesmo tempo
renovam a sutileza dos tecidos desse corpo rarefeito, de conformidade com a
posição evolutiva do Espírito; firmam e garantem o mapeamento genético, as
organizações celulares e as funções dos órgãos físicos, além da assimilação do
fluído vital, enquanto o Ser estiver encarnado.
Em caso de enfermidades provocadas
pelas atitudes arbitrárias e infelizes da pessoa, logo o organismo
perispiritual se ressente, e se agrava ainda mais a doença, que, por vezes, nem
com os cuidados médicos cessa enquanto ficar esquecido o tratamento
autoterapêutico com fundamento na moral cristã.
Mas existem aqueles
pacientes que se mantêm em atitude digna e honrosa, sem se deixar levar pelo
desfalecimento e pelo desânimo, durante a travessia pela porta estreita. Por
adotarem serenidade e resignação, não será motivo de admiração se alcançarem
algum alívio de seus males ou até mesmo a cura, que aos olhos de muitos, seria
um verdadeiro “milagre”.
Deus, pois, em Sua
Infinita Bondade, sabe muito bem a quem dirigir a Sua Misericórdia no momento
certo. A maioria, porém, é inconformada, intolerante e queixosa; essas atitudes
só agravam o estado enfermiço por tempo indeterminado, até com o surgimento de
outros quadros sintomáticos; pessoas assim comparam-se a hospitais ambulantes,
em virtude de constantes cargas enfermiças que somatizam.
O benfeitor espiritual
Emmanuel, em mensagem psicografada por Chico Xavier, no livrete ATENÇÃO,
editado pelo Instituto de Difusão Espírita (IDE), afirma que a cólera é força
descontrolada e precipitação em doença.
Significativa advertência
só nos enseja oportunidade de reflexão, a fim de cuidarmos ao máximo do nosso
equilíbrio tanto o mental quanto ao emocional, o que nos proporcionará assim
razoável estado psicossomático.
O colérico obnubila sua
razão com as sequentes crises por que passa, o que lhe dificulta chegar à linha
da moderação e da prudência, motivo pelo qual suas bruscas inquietações se
transformam em descargas magnéticas destruidoras que afetam o sistema nervoso,
o sistema cardiovascular e causam outros tantos desarranjos do organismo físico.
Isso faz-nos concluir que a força destrutiva do ódio não tem limites de tempo
nem de espaço para ramificar suas raízes.
Já nos idos de 1863, Um
Espírito Protetor esclarecia categoricamente o seguinte:
“Em seu frenesi, o homem
colérico a tudo se atira: à natureza bruta, aos objetos inanimados,
quebrando-os porque não lhe obedecem. Ah! Se nesses momentos pudesse ele
observar-se a sangue-frio, ou teria medo de si, ou bem ridículo se acharia!”.
Detalha ainda com
sabedoria:
“Se ponderasse que a
cólera a nada remedia, que lhe altera a saúde e compromete até a vida,
reconheceria ser ele próprio a sua primeira vítima. Mas, outra consideração,
sobretudo, deverá conte-lo: a de que torna infelizes todos os que o cercam”.(O
Evangelho Segundo o Espiritismo).
O sentimento odioso é
tomada para a obsessão e queda em desequilíbrio, continua Emmanuel em sua
mensagem sob a cólera.
São obsessões insistentes
que levam uma porção de criaturas à loucura, ao crime e ao suicídio; e essas
infelicidades quase sempre conduzem-nas a seguidas reencarnações expiatórias e
dolorosas como recurso curativo.
O processo obsessivo se
instala pari passu no campo mental nas vezes em que a pessoa deixa encolerizar.
Repetidamente, ela se entrega sem resistência à sanha dos Espíritos
perturbadores e não percebe sequer que sua vida vem sendo monitorada a todo
momento pelas legiões espirituais infelizes. Por isso, com o decorrer do tempo,
o paciente não encontra forças para nada, ou seja, não reage, não se defende e
não distingue em tempo algum se os pensamentos são seus ou se são de outrem, o
que resulta em permanentes contradições torturantes.
A emoção colérica é
impulso à desencarnação prematura e perigo de criminalidade, prossegue o autor.
Paulatinamente, a
resistência física se esgota de tanto o corpo resistir contra as investidas
advindas das emoções e dos sentimentos grosseiros: ódio, desmedido sem iniciativa
de concórdia, crises nervosas por qualquer motivo e discussões vinagrosas com
palavras de baixo calão. Indubitavelmente, esse aparato só colabora para
resultados funestos em futuro próximo, como a decrepitude prematura e a
desencarnação fora de época. Mas as coisas não param por aí.
Existem pessoas tão
emotivas e ao mesmo tempo tão azedas com a vida, que chegam a ponto de se
aborrecerem com tudo e com todos que estão em sua volta, sem justificativa
alguma. Quando dormem, vão com frequência às regiões escuras da
Espiritualidade. Durante os momentos em que passam por lá, tornam-se marionetes
nas mãos dos Espíritos inferiores, a receberem dessas falanges minuciosas
instruções que ficam bem gravadas em suas memórias, cujo objetivo é cometer
atitudes ruinosas e até criminosas quando estão em vigília.
A lição lembra ainda que
esse lamentável impulso é introdução à culpa e descida ao remorso. Realmente, a
culpa é o embrião do remorso.
O colérico é sempre aquela
pessoa de difícil relacionamento, porque ninguém se adapta ao seu jeito de ser;
costuma ter comportamentos alterados e ações intempestivas; faz “tempestade em
copo de água”, com rara mestria; enxerga coisas que não existem e distorce tudo
o que ouve; e vive ruminando mágoas, sem fim. Porém, momentos chegam em que
tudo volta a si, pela lei da causa e efeito e pela alquimia da culpa que se
instala em sua consciência. É então onde o remorso atinge alto grau,
transformando mais tarde em psicopatias e demências várias, em futuras
reencarnações.
O assunto continua sendo
abordado com inteligência e sentimento por Emmanuel, quando diz que a cólera se
assemelha à pancadaria vibratória e desagregação de energias.
As vibrações originadas
pelos ímpetos coléricos causam mais danos do que as picadas dos répteis. Para a
anulação destas, existem os antídotos com efeitos imediatos; para a extinção
daquelas, há somente o aprimoramento e a modificação do caráter de quem as
originou, o que requer mais tempo. Porém, antes que isso aconteça, é provável
que se passe pelos dissabores, seja aqui no plano físico, seja nos recantos
sombrios da Espiritualidade, em que muitos Espíritos se encontram para purgarem
juntos os seus equívocos, cada qual com seus respectivos desequilíbrios
sentimentais e emocionais das primárias experiências físicas, a fim de
iniciarem já por lá o aprendizado da redenção, qual seja: a transformação de
suas aflições no desabrochar das sementes divinas que trazem consigo.
O instrutor espiritual
Gúbio, no livro LIBERTAÇÃO, do Espírito André Luiz, esclarece-nos com muita
propriedade sobre questão tão delicada e ao mesmo tempo complexa ao confirmar
que “nossas raízes emocionais se mergulham mais ou menos profundamente nos
círculos da animalidade primitiva. Vem à foice da morte e cega-nos os ramos dos
desejos terrenos; todavia, nossos vínculos guardam extrema vitalidade nas
camadas inferiores e renascemos entre aqueles mesmos que converteram em nossos
associados de longas eras, através de lutas vividas em comum, e aos quais nos
agrilhoamos pela comunhão de interesses da linha evolutiva em que encontramos”.
A confusão mental
decorrente da pancadaria vibratória deixa a pessoa tolhida de pensar com
clareza. A cada acesso de cólera, ela atrai somente fluídos adstringentes para
o seu perispírito e para a sua aura, o que permite assim a sintonia com
vibrações negativas que a conduzem, de queda em queda, às vias das angústias.
E quanto a nós,
profitentes do Espiritismo, estaremos imunes a tais calamidades? – Claro que
não. Ora, basta observar que o tema central discorrido por Emmanuel é dirigido
aos espíritas em primeiro lugar, como outras mensagens suas e de outros
Espíritos sérios. Não somos santos, mas trabalhadores da última hora, que
insistem por oportunidade de “emprego e salário” na seara do Senhor. Por isso,
não nos basta frequentar habitualmente as palestras públicas doutrinárias que
são realizadas nos Centros Espíritas, como se estivéssemos cumprindo obrigações
meramente sociais e rotinas igrejeiras.
Improfícuo é recebermos
passes assiduamente, se não identificarmos bem os nossos enganos, a fim de
transforma-los, enquanto é tempo, em verdades libertadoras. Ilusão nossa a
participação semanal em reuniões mediúnicas, se não brotar espontaneamente o
desejo sincero da correção dos nossos arroubos descontrolados, como costumamos
doutrinar os desencarnados necessitados. Inútil apresentarmos-nos com belas
palestras às platéias espíritas, se não houver correspondência com a nossa
reforma íntima, porque todos notarão, e isso resultará em dissabores e
frustrações. A participação em encontros, congressos e demais eventos
espíritas, tornar-se-á momentos de lazer, se não surgir o esforço da prática
cristã junto ao próximo. Escrever linhas sobre questões do Evangelho e do
Espiritismo, mas sem o mínimo de vivência prática, logo essas sementes irão ao
vento. E a construção de paredes para formarem novas agremiações espiritistas
passará a ser mero capricho e personalismo, se não houver demonstração dos
exemplos contidos na mensagem do Cristo.
Fonte: Revista Espírita
Mensal INFORMAÇÃO – no. 330
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