Depois de décadas de
trabalhos mediúnicos ininterruptos, sem paixões, sem chiliques, sem ilusões,
sem imposições, sem fanatismos, sem condicionamentos tresloucados, sem perder a
fé, como livre pensador, sei perfeitamente porque sou umbandista.
Toda semana, sei, com
consciência, com amor e ardor, porque me dirijo ao Terreiro, alegremente, ao
encontro dos meus ancestrais, e, juntamente, recebermos as bênçãos de Deus e
toda a Espiritualidade Superior, servindo ao próximo com dedicação e amor. Com
o passar dos anos, no amadurecimento abençoado, em plena força de meu
raciocínio cinquentenário, encontro as respostas abençoadas da força de viver e
servir a tão plena religião.
A Umbanda me ensinou que
a religião verdadeira é aquela que enternece aos corações; modifica o homem,
auxilia; não impõe; não julga; não aprisiona, mas, liberta; nos faz melhores,
caridosos, amorosos; nos põe de encontro com a nossa espiritualidade; nos ensina
a sermos humanos; nos mostra que todos estamos ao alcance e no merecimento das
benesses divinas; nos coloca diretamente, frente a frente, com os abnegados
irmãos da espiritualidade, sem fantasias, sem ilusões, sem imposições, como
verdadeiros filhos e irmãos.
A Umbanda me ensinou que
este mundo em que vivemos é um celeiro de bênçãos, e jamais um vale de
lágrimas. Mostrou-me as belezas e as inteirezas da Mãe Natureza, onde buscamos
o alento da irmandade com os nossos irmãos menores, preenchendo o nosso intimo
de paz, alegria, saúde e agradecimentos ao Divino Criador por nos proporcionar
tamanha bondade em repartir sua perfeita criação.
A Umbanda me ensinou que
Deus é bondade, justiça, poder, paz, serenidade, perdão. Me ensinou que Deus é
Amor; que seu alimento é amor; portanto, como seus filhos, também vivemos de
amor; e por isso, devemos, a todo instante e por tudo, amarmo-nos
infinitamente, afim de nos alimentarmos dessa força tão poderosa. Me ensinou
que Deus só deseja uma coisa: que sejamos bons em tudo o que fizermos. Me
ensinou que Deus me ama do jeito que sou; que não se importa com o que sou, mas
somente com o que eu faço. A única missão que me deu foi fazer o bem, esteja
onde estiver, sendo o que eu sou.
A Umbanda me ensinou
que: “Fora do Amor não há Salvação”, pois Deus é Amor. Por isso, serenamente,
sem imposições, sem julgamentos, sem pressão, sem condicionamentos, nos coloca frente
a frente com nossos irmãos, principalmente em atendimentos fraternos, para que
através da caridade desmedida e gratuita efetuadas não por nos médiuns, mas,
pelos abençoados Guias e Protetores Espirituais, possamos juntos fazer somente
o bem, porque é bom ser bom, e é ruim ser ruim. Afinal, a caridade é uma das
maiores expressões de amor que existe. A caridade é a linguagem pela qual as
preces das pessoas são ouvidas, quando se dirigem a Deus.
A Umbanda me mostrou,
através das manifestações mediúnicas, que nossos irmãos, os Guias e Protetores
Espirituais, em suas simplicidades, singelezas e humildade, apresentam-se em
roupagens fluídicas arquetípicas regionais, tipos sociais, ocultando suas
luzes, para que possamos entender que todos podemos, irmanados, servir a Deus e
ao próximo, sem as complicações metafísicas, linguísticas, teológicas,
teosóficas e filosóficas, mas sim, com amor, perdão, caridade, dedicação,
sutileza, firmeza, determinação, coragem, destemor, mostrando-nos que
absolutamente todos, independente de credo, cor, grau social, grau escolar,
grau evolucional, podemos ser instrumentos de Deus Pai para tudo e para todos.
A Umbanda me mostrou que
mesmo os nossos irmãos desafortunados, que fixam moradas temporárias no Reino
da Kimbanda (Vale das Sombras), estão exercendo em pleno direito, o seu livre arbítrio.
Me ensinou que estes irmãos não são ignorantes e muito menos inferiores, mas
simplesmente estão vivendo como acham melhor, acreditando no que acham certo e
optando por metas que acham serem corretas, e por isso devemos respeitá-los,
sem julgamentos, perseguições e ódios. Me ensinou que gradativamente, todos um
dia se libertarão de seus condicionamentos mentais ilusórios, deixarão de serem
malvados, voltando-se então para as verdades eternas e imutáveis. Mas, salienta
que não existe uma guerra de poder contra Deus, mas tão somente uma guerra de
poder temporal, onde somente muitos querem impor suas realidades como verdade
absoluta.
A Umbanda me ensinou a
respeitar todas as religiões como vias naturais de evolução, onde seus congregados
cultuam, ensinam, doutrinam àquilo que acham serem a salvação do homem. A Umbanda
me ensinou a ouvir a cada um, sem discutir, impor ou agredir. Me ensinou que
somente através do exemplo dignificante, poderemos um dia sermos respeitados.
A Umbanda me ensinou que
Deus, em Sua infinita misericórdia, nos legou toda a Natureza para que pudéssemos
nos servir dela com retidão, humildade, benevolência e respeito, para que,
através de seus infindáveis recursos, pudéssemos nos beneficiar e beneficiar a
quem nos procura.
A Umbanda me ensinou que
cada ser humano tem o sem tempo evolucional, não havendo “maior ou menor”,
“mais evoluído ou menos evoluído”, mas somente, humanos em seu tempo natural,
seguindo seu curso vivencial com seus passos, dentro das suas vivenciações, com
seus entendimentos e devemos respeitá-los incondicionalmente, não procurando
imputar-lhes nossas pretensas sabedorias por acharmos estarmos em adiantado
estado de evolução.
A Umbanda me mostrou que
não existe cor de pele, credo religioso, preferências sexuais, ou seja, qualquer
tipo de preconceito. Me mostrou que existem somente seres humanos, nossos
irmãos, todos nascidos de um só útero divino, e a eles devemos respeito, amor,
cordialidade, irmandade, perdão e paz.
A Umbanda me mostrou que
realmente – “Há mais coisas entre o Céu e a Terra, do que imagina nossa vã
filosofia” – e por isso, devemos impreterivelmente respeitar as normas, as
condutas, as doutrinas, as filosofias, os rituais, e as liturgias de qualquer credo
religioso ou filosófico existente no mundo, sem querer impor, explicar,
doutrinar, converter, a quem quer que seja. Mesmo que essas doutrinas pregam inverdades
contra nós. Nos ensina que devemos divulgar nossa religiosidade através da exemplificação
moral, santidade das intenções e mente ilibada. Afinal, como diz o Espírito de
Miranez:
“Todo aquele que combate o tipo de fé de outro, é por não estar
seguro da sua”.
A Umbanda me aproximou
de Jesus e de seus ensinamentos, fazendo-me seguir fielmente obesignado pelo
Meigo Rabino, através da exemplificação de seus Emissários da Luz, que
diariamente se fazem presentes na mediunidade redentora, nos trazendo o alento
do amor incondicional.
A Umbanda me ensinou a ver
todos como irmãos, como companheiros de jornada, sem alusões negativas e/ou
depreciativas. Me ensinou que, se eu ver uma só qualidade em cada um, esta
basta.
Emmanuel, um dia disse a
Chico Xavier: “Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com
Jesus? - Sim, se os bons Espíritos não me abandonarem; – respondeu o médium. –
Não será você desamparado – disse-lhe Emmanuel – mas para isso é preciso que
você trabalhe, estude e se esforce no bem. – E o senhor acha que eu estou em condições
de aceitar o compromisso? – tornou o Chico. – Perfeitamente, desde que você
procure respeitar os três pontos básicos para o Serviço.
Porque o protetor se
calasse, o rapaz perguntou: – Qual é o primeiro? A resposta veio firme: –
Disciplina.
– E o segundo? – Disciplina. – E o terceiro? – Disciplina”.
A Umbanda me ensinou que
não devemos trabalhar como servidores tão somente pensando estar fazendo
“Caridade”, como um ato de esmola, favor ou benefício, mas sim, trabalhar com
Espírito compassivo, a compaixão fervorosa que compreende a dor dos outros de
forma verdadeira, sem julgamentos, sem egoísmo, sem reservas, seja o que for,
material ou espiritual, procurando intervir de alguma forma, a fim de mudar o
quadro de sofrimento alheio.
A Umbanda me ensinou que
o mal não existe; que o mal é o bem mal interpretado. O mal está muito mais na
nossa impaciência, no nosso desequilíbrio quando exigimos determinadas
concessões e privilégios, sem condições de obtê-los. Se a treva aparece é
porque a luz está demorando, mas quando acendemos a luz ninguém pensa mais nas
trevas. O mal não existe em substancia. É purificação.
Enfim, se
fosse enumerar tudo o que a Umbanda me ensinou, precisaria de um livro só pra
isso.
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