Com efeito, todos estamos
em condições de fazer o Bem, nada importando que sejamos brancos, negros,
amarelos ou vermelhos; pobres, miseráveis ou ricos; investidos de poder
temporal ou não; intelectuais ou sem nenhum estudo, etc.
E fazer o Bem, ao
contrário do que à primeira vista possa parecer, não é somente doar um pedaço
de pão a quem tem fome, um par de sapatos a quem está descalço, um agasalho a
quem não tem onde se abrigar ou, como é mais comum, repassar algum dinheiro
para as necessidades mais urgentes de outrem, conquanto tudo isso seja
excelente e deveras importante, servindo também, no mínimo, de treinamento para
o desapego dos bens materiais, que ninguém levará para o outro lado da vida, a
vida espiritual, de onde todos proviemos e para onde todos retornaremos, e,
simultaneamente, valendo como exercício da caridade que, no dizer do apóstolo
Paulo de Tarso, "é o amor em ação".
Fazer o Bem é ser útil, na
medida do possível; é doar-se, doando um pouco do seu tempo, da atenção, do
carinho, da amizade, do respeito, da compreensão, do amor... E todos, sem
exceção, podemos ser úteis, doando-nos, como, por exemplo, quando ouvimos com
atenção e interesse o interlocutor aflito, desejoso de conhecer outra opinião
ou, pelo menos, de desabafar, aliviando-se da angústia ou da ansiedade. Por
igual, quando conseguimos impor silêncio à tentação de reclamar, o que
seguramente aumentaria a confusão, pacificando quanto possível o ambiente em
que nos encontramos, optando pelo entendimento, sempre.
Também podemos ser úteis
no dia-a-dia, nas mínimas coisas, prestando informação correta a quem não seja
da cidade; auxiliando um cego a atravessar a rua; visitando um doente que
esteja hospitalizado, levando-lhe uma palavra de esperança; oferecendo-nos para
a realização de trabalhos diversos, nos mais variados campos, sem esperar pela
convocação; trabalhando, enfim, com capricho em tudo o que fizermos, nas
tarefas simples ou nas complexas, cumprindo por esse modo a nossa parte e
contribuindo para a harmonia e o equilíbrio das relações sociais, uma vez que
vivemos em regime de interdependência, vale dizer, dependemos uns dos outros.
E, que não se perca de vista, "toda ocupação útil é trabalho", como
bem o define a veneranda Doutrina Espírita (questão 675 de O Livro dos Espíritos),
que, com ênfase, nos ensina: "O mérito do Bem está na dificuldade em
praticá-lo.
Nenhum merecimento há em
fazê-lo sem esforço e quando nada custe. Em melhor conta tem Deus o pobre que
divide com outro o seu único pedaço de pão, do que o rico que apenas dá do que
lhe sobra, disse-o Jesus, a propósito do óbolo da viúva" (questão 646 da
mesma obra básica), alertando-nos, igualmente, que devemos fazer o Bem no
limite de nossas forças, porquanto responderemos por todo mal que haja
resultado de não termos praticado o Bem (questão 642 de O Livro dos Espíritos),
ficando claro, assim, que não basta deixar de praticar o mal.
Não praticar o mal,
portanto, é um bom começo, mas não é por si suficiente. Não basta. É preciso, é
absolutamente indispensável, que haja a prática do Bem. E, a despeito das
aparências em contrário, só o Bem é real e permanente! Não praticar o mal,
portanto, é um bom começo, mas não é por si suficiente. Não basta.
(Jornal
Mundo Espírita de Junho de 1998)
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