SEGUNDO
A VISÃO DA UMBANDA
Certa
ocasião inquirimos ao Caboclo Araribóia sobre o significado dos nomes
simbólicos utilizados pelos Guias e Protetores Espirituais na Umbanda, e ele
nos disse: “Filho; um nome nada mais é que um amontoado de letras sem
significado algum, a não ser identificação. Cada Espírito trabalhador da
Umbanda, assume um nome simbólico que lhe é simpático, geralmente figurativo
com referência a sua especialidade, ou mesmo deveres; mas, é simplesmente um
nome e nada mais. Aliás, muitas vezes, é o próprio médium, intencionalmente ou
involuntariamente, que escolhe um nome simbólico que lhe agrada, para
identificar o Espírito manifestado ou que ainda vai se manifestar. Na maioria
das vezes o médium quer um nome; então,para satisfazê-lo, intuímos um nome que
para ele seja respeitável, simpático ou mesmo significativo. Isso, para nós
Espíritos, pouco importa. Só devem ser coibidos nomes esdrúxulos, sem
significado algum, que denotam baixeza, ou que não identifica uma Linha de
Trabalho.
“(...)
o Caboclo das 7 Encruzilhadas, criador da Umbanda em 1908, quando abriu a
primeira Tenda dentro da Federação Espírita Kardecista do Brasil, ele não se
apresentava com pacetes, nem coisa
nenhuma que representasse Caboclo; ele era um Jesuíta e tomou um nome, porque o
Espírito pode tomar o nome que quiser; então ele tomou o nome de Caboclo das 7 Encruzilhadas”.
“(...)
Novamente, essa força estranha tomou o jovem Zélio e através dele um Espírito
falou: “Por que repeliam a presença dos citados Espíritos, se nem sequer se
dignaram a ouvir suas mensagens. Seria por causa de suas origens sociais e da
cor?”. A essa admoestação da entidade, que estava com o médium Zélio, deu-se
uma grande confusão, todos querendo se explicar, debaixo de acalorados debates
doutrinários, porém a entidade “resoluta” mantinha-se firme em seus pontos de
vista. Nisso, um vidente pediu que a Entidade se identificasse, já que fora
notado que ela irradiava uma luz positiva. Ainda mediunizado, através do médium
Zélio o Espírito respondeu: “Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo
das Sete Encruzilhadas, porque, para mim, não haverá caminhos fechados” (...)
Para
maiores esclarecimentos, vamos relembrar os ensinamentos dos Espíritos
Superiores na Codificação Kardeciana, igualmente aplicados na Umbanda:
À medida que os Espíritos se purificam e se
elevam na hierarquia, as características distintivas de sua personalidade
desaparecem, de certa maneira, na uniformidade da perfeição, mas nem por isso
deixam eles de conservar a sua individualidade. É o que se verifica com os
Espíritos Superiores e os Espíritos Puros.
Nessa
posição, o nome que tiveram na Terra, numa das mil existências corporais
efêmeras por que passaram, nada mais significa. Notemos ainda que os Espíritos
se atraem mutuamente pela semelhança de suas qualidades, constituindo grupos ou
famílias simpáticas.
Se
considerarmos, por outro lado, o número imenso de Espíritos que, desde a origem
dos tempos, deve haver atingido os planos mais elevados, e se compararmos ao
número tão restrito de homens que deixaram na Terra um grande nome,
compreenderemos que entre os Espíritos Superiores que podem comunicar-se a maioria
não deve ter nomes para nós. Mas, como precisamos de nomes para fixar as nossas
idéias, eles podem tomar o de um personagem conhecido, cuja natureza mais se
identifique com a deles.
É
assim que os nossos anjos guardiões se fazem conhecer, na maioria das vezes,
pelo nome de um santo que veneramos, escolhendo geralmente o do santo de nossa
preferência. Dessa maneira, se o anjo guardião de uma pessoa dá o nome de São
Pedro, por exemplo, não há nenhuma prova material de tratar-se do apóstolo.
Tanto pode ser ele como um Espírito inteiramente desconhecido, pertencente à
família de Espíritos a que São Pedro pertence. Acontece ainda que, seja qual
for o nome pelo qual se invoque o anjo guardião, ele atenderá ao chamado porque
é atraído pelo pensamento e o nome lhe é indiferente.
O
mesmo se verifica todas as vezes que um Espírito superior se comunica usando o
nome de um personagem conhecido. Nada prova que seja precisamente o Espírito
desse personagem. Mas se ele nada diz, no seu ditado espontâneo, que desminta a
elevação espiritual do nome citado, existe a presunção de que seja ele. E em
todos esses casos se pode dizer que, se não é ele, deve ser um Espírito do
mesmo grau ou talvez mesmo um seu enviado. Em resumo: a questão do nome é
secundária, podendo-se considerar o nome como simples indício do lugar que o
Espírito ocupa na Escala Espírita. (Ver
o nº 100 de O Livros dos Espíritos)
A
situação é outra quando um Espírito de ordem inferior se enfeita com um nome
respeitável para se fazer acreditar. E esse caso é tão comum que não seria
demais manter-se em guarda contra esses embustes.
Porque
é graças a nomes emprestados, e sobretudo com a ajuda da fascinação, que certos
Espíritos sistemáticos, mais orgulhosos do que sábios, procuram impingir as
idéias mais ridículas.
Assim
a questão da identidade, como dissemos, é mais ou menos indiferente quando se
trata de instruções gerais, desde que os Espíritos mais elevados podem
substituir-se mutuamente sem que isso acarrete consequências. Os Espíritos
Superiores constituem, por assim dizer, uma coletividade, cujas
individualidades nos são, com poucas exceções, completamente desconhecidas. O
que nos interessa não são as pessoas, mas o ensino. Ora, se o ensino é bom,
pouco importa que venha de Pedro ou de Paulo. Devemos julgá-lo pela qualidade e
não pelo nome. Se um vinho é mau, não é a etiqueta que o faz melhor. Mas já é
diferente nas comunicações íntimas, porque então é o indivíduo, ou sua pessoa
mesma que nos interessa. É, pois, com razão que, nessa circunstância, se
procure assegurar de que o Espírito manifestante é realmente o que se deseja.
A identidade é muito mais fácil de constatar
quando se trata de Espíritos contemporâneos, cujos hábitos e caráter são
conhecidos. Porque são precisamente esses hábitos, de que ainda não tiveram
tempo de se livrar, que nos permitem reconhecê-los. E digamos logo que são eles
um dos sinais mais certos de identidade.
(Trecho
extraído do livro: “O Livro dos Médiuns” – Allan Kardec – Identidade dos
Espíritos)
Trecho
extraído do livro: “COLETÂNEA UMBANDA – A MANIFESTAÇÃO DO
ESPÍRITO PARA A CARIDADE – AS ORIGENS DA UMBANDA,