O homem para viver melhor
certamente deve buscar os conhecimentos necessários que envolvem a vida como um
todo. Para se jogar bem xadrez, por exemplo, devemos primeiramente conhecer as
suas regras e em seguida aprender a jogar e com o exercício da prática ir
melhorando a cada nova jogada.
O estudo é essencial para
traçar as estratégias imediatas, raciocinando a cada nova jogada. Grandes
lances são feitos em uma jogada onde várias outras possibilidades futuras já
foram planejadas. Um deslize com uma jogada precipitada e mal planejada, pode
significar enorme esforço do jogador para corrigir o erro e colocar-se em
vantagem novamente.
Muitas vezes a partida pode ter sido definida
numa jogada não raciocinada. Evidentemente um leigo que desejasse jogar com um
profissional não teria a menor chance de vencê-lo. Mas se essa for a vontade
dele, começará a seguir as etapas iniciais e passando a praticar com
intensidade, após muito planejamento e raciocínio, ele mesmo poderá jogar de
igual para igual com aquela mesma pessoa ou mesmo vencê-la. Tudo depende da
dedicação e do esforço de cada um na arte de cumprir uma tarefa.
Conhecendo que a evolução
espiritual é eterna e perfeita como todas as Leis Divinas, nada é impossível.
Não importa se uma determinada tarefa foge da nossa capacidade de solucioná-la
no momento, pois poderemos fazê-la ainda melhor no futuro, mas outras estão
disponíveis ao nosso alcance.
Somente com o conhecimento
das regras a que estamos sujeitos é possível desenvolver uma vida mais saudável
e harmoniosa. Para isso é fundamental o desenvolvimento criterioso da razão,
sem cautelas, preconceitos e fanatismo.
O espiritismo é capaz de nos colocar no
caminho do raciocínio constante, em cada passo que damos na vida, e aprender
com os exemplos do dia a dia com base nos ensinamentos que adquirimos do plano
espiritual. O fundamental de tudo é ter confiança no futuro de que a vida é
eterna e continuamente fruto do trabalho constante através das reencarnações e
aprimoramento espiritual.
Uma das regras
fundamentais da evolução espiritual que cada um deve ter consciência é o
respeito entre as pessoas, ou melhor, respeito ao Espírito. Quando falamos
pessoas, imediatamente, distribuímos diferenças existentes entre elas, sejam
pelas classes sociais, raciais, locais de residências regionais, idades
(crianças, jovens, adultos, velhos, etc.) e outras. Mas se falarmos em
espírito, não poderemos identificar essas diferenças observadas no momento,
pois envolve várias reencarnações e outras formas de vida que ele pode ter
passado.
Hábitos de convivências em
família, sociedades, países, etc são difíceis de serem analisados, pois os
espíritos estão fortemente sujeitos às suas influências. Porém tudo isso também
faz parte do estado natural das coisas. As evoluções dos espíritos são
independentes e sempre existirão espíritos que não concordam com o tipo de vida
que levam nas sociedades. Conflitos são observados de todos os tipos e
diferentes maneiras.
A relação de respeito entre
as pessoas promove marcas duradouras no espírito. Uma das fases marcantes na
vida do espírito encarnado é a fase que chamamos de adaptação do espírito
reencarnante no planeta, ou seja, a fase da infância.
As crianças muitas vezes são tratadas com total
desrespeito pelos jovens, adultos e velhos e negligenciadas como se fossem
pessoas isentas de direitos morais na sociedade. É comum verificarmos o
desprezo da sociedade como um todo pelas crianças em qualquer atividade que ela
possa desenvolver. Quando uma criança, por exemplo, entra numa casa comercial
para comprar uma mercadoria, embora esteja com pouca idade de vida e mesmo com
o dinheiro suficiente fornecido pelos pais, via de regra, o atendente não lhe
dá atenção e é comum vermos as outras pessoas passarem na sua frente no caso de
uma fila. Muitos ainda dizem: “sai para lá garoto!”. Certamente se os pais
virem a cena não irão gostar, pois aprendem a amar seus filhos e vêem o grande
potencial que existe dentro deles.
Outro caso é o desprezo
que ocorre com os velhos e muito embora muitas pessoas dizem respeitá-los, não
é isso que muitas vezes ocorre. No fundo o adulto se julga o auge da evolução
do espírito. A inocência da criança e a falta de agilidade do velho são
desconsideradas.
Estamos falando em vida em
sociedade e isso não ocorre com muitas pessoas, pois sabemos que isso depende
do grau de evolução de cada um. Não podemos de maneira alguma conhecer a real
idade de cada espírito encarnado, pois desconhecemos a suas várias
reencarnações anteriores e o tempo vivido no próprio plano espiritual. Podemos
sim perceber pelos indicativos de evolução espiritual o possível ponto
evolutivo da criança.
Dessa forma, a criança de agora poderá ser
muito mais velha em idade real que um velho agora e ser muito mais evoluída.
Isso é apenas uma questão da necessidade reencarnatória individual e, portanto,
de quanto tempo e quando se vai reencarnar.
A idade do indivíduo de
hoje fica assim, completamente desnecessária e inútil em se tratando da
importância para a vida real. Cada um deverá sentir o seu melhor desempenho com
o avanço de sua idade terrena. Uns gostam e relembram com saudades o seu tempo
bem vivido na infância, ou na adolescência, na fase adulta.
Muita gente tem pavor do
envelhecimento e tudo fazem para manter-se na idade que mais apreciam.
Inegavelmente todas as fases são importantes para o espírito encarnado e a cada
uma delas as dificuldades devem ser superadas da melhor maneira possível. Na
Terra é assim, em outros planetas as características da reencarnação podem ser
completamente diferentes.
Em cada fase de nossa vida
marcamos os sentimentos positivos e negativos vividos. O desrespeito é um dos
sentimentos mais marcantes. Já mesmo encarnados é possível com pequeno esforço
mental lembrar-se de fatos negativos marcantes em nossa infância e o causador
do desrespeito está em nossa mente e é um problema evolutivo a ser solucionado.
A vaidade está também ligada ao desrespeito e
a todos os outros sentimentos negativos do homem. Às vezes uma professora ou
professor, por exemplo, não trabalha com os sentimentos nobres de amor,
respeito, paciência, etc.
A criança passa por traumas e não se sente
feliz, quando por ventura torna-se famosa, a professora diz com orgulho: “Eu
fui sua professora, lembra-se?”.
É preciso definitivamente
compreender que cada ser tem suas características evolutivas marcantes que
formam a sua personalidade ao longo do tempo. Não há explicação coerente e
racional na formação de dois indivíduos nascidos e criados na mesma família,
portanto, no mesmo ambiente, obtendo dos pais os mesmos tratamentos e amor, e
serem completamente diferentes em personalidades.
A assimilação pela criança dos conceitos
oferecidos pelos pais ou por qualquer pessoa depende inexoravelmente do seu
grau evolutivo. Afinidades, antipatias ou nenhum desses são importantes na
aceitação ou na negação naturais das práticas do comportamento humano.
Aceitação ou negação naturais significam não aquelas em que são impostas pela
força e desarmonia.
Vamos burilando nosso
espírito, ou nossa personalidade, lentamente, dia após dia, encarnação após
encarnação e devemos ter isso em mente para podermos compreender as relações
humanas.
Que maravilha é a
felicidade de uma mãe ou pai ao ter uma grande afinidade com seu filho ou
filha! Há uma compaixão e compreensão mútua, crescimento, progresso e alegrias.
Mas o grande desafio se faz em desenvolver uma
vida produtiva em relações de antipatias ou baixas afinidades.
Não estamos no momento
discutindo sobre a melhor maneira de educar os filhos. Essa é uma área de
grande interesse e deve ser estudada com muita dedicação e seriedade tendo em
vista todas as características envolvidas no processo da reencarnação e da
evolução espiritual. Mas o respeito à vida individual de cada ser em todas as
suas fases do desenvolvimento deve ser o nosso objetivo primordial rumo a
felicidade eterna.
Raul Franzolin Neto
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