…como se a educação de que
necessito fosse mera domesticação…
Em tempos de violência e
fúria envolvendo crianças e adolescentes, de notícias sobre rebeliões e fugas
da FEBEM, passamos a refletir sobre a infância e o que se tem feito com ela…
Meimei, no apêndice do livro A Educação segundo o Espiritismo, de Dora Incontri,
editada pela FEESP, faz um apelo aos adultos, àqueles responsáveis pelas
crianças e seu desenvolvimento, sua evolução. Tal texto ressalta a importância
do período da infância para o desenvolvimento humano, e o papel dos adultos -
tanto encarnados quanto desencarnados - no sentido de guiá-las, propiciando um
melhor aproveitamento da sua reencarnação, e o quanto tem sido difícil, aos
adultos, assumir esse papel. O texto é o seguinte:
"Chego ao mundo todos
os dias, em busca de refazimento e evolução. Carrego na alma chagas do passado,
amortizadas pela esperança do recomeço, esquecidas no envoltório de um novo
corpo. Entretanto, quando mais conto com a tua ajuda, para me erguer à altura
da tarefa que trago, da prova que planejei ou da missão a mim outorgada, eis
que te vejo de mãos vazias para me amparar!
Quantas vezes, me deixas
na companhia das ruas, me abandonas à mingua de tudo, sem que eu tenha boca
para pedir socorro, sem que eu mãos para buscar sustento, sem que eu tenha o
espírito preparado para poder vencer a mim mesmo…
Quantas outras, me
empanturras de fantasias malsãs, de ambições perniciosas, criando-me em
castelos de egoísmo e indiferença, em completo menosprezo pelo solo da minha
alma.
Pobre ou rica, tenho
sofrido a violência determinada pela lei do mais forte: punem-me antes que eu
tenha plena consciência do que seja culpa; moldam-me à força do chinelo e da
coação, como se a educação de que necessito fosse mera domesticação…
Pobre ou rica, tenho sido
explorada em minha inocência de espírito adormecido em sua maturidade, e sou
desde cedo convocada à mentira, desde cedo instigada à sensualidade sem
propósito, desde cedo acometida pelas doenças sociais de todas as camadas…
E, no entanto, caro
adulto, que pensas do futuro, se não voltas teu olhar benevolente para mim, a
criança? Que mundo transformado pretendes, se não te lanças com todo o arrojo
de tua alma à minha educação?
Somos tantas neste planeta
em transição! Estamos vindo em massa, em busca de uma oportunidade de ascensão,
demandando o privilégio de colaborar contigo na construção de um amanhã mais
sorridente!
Peço-te, não me esqueças -
pois sou teu filho, teu aluno, teu neto; sempre teu irmão, pedindo apenas a
quota de amor e paciência de que preciso para me fazer homem de bem e
companheiro do teu ideal!" - Meimei 25 /11/91.
Marlene Fagundes Carvalho
Gonçalves
(Jornal Verdade e Luz Nº
166 Novembro de 1999)
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